sexta-feira, dezembro 30, 2016

Hoje no Público mais um exemplo das razões porque deixei de comprar jornais. Uma senhora, que até devia saber escrever e investigar, publica um texto sem qualquer verificação nem utilização de contraditório.
Enviei este esclarecimento:

Um ministro mal informado

Há dois meses que o Movimento Ibérico Antinuclear solicitou uma audiência ao Ministro do Ambiente, com vista a informá-lo, como informámos o Parlamento e autarquias, do problemas e de toda a situação relacionada com Almaraz.
Ter-lhe-íamos dado as informações que o Conselho de Segurança Nuclear e em consequência o Estado espanhol omite e referido a situação em relação ao Armazém Temporal em avaliação nessa altura e as razões porque a avaliação de impacto poderia ser contestada, o armazém não é neste momento necessário, há espaço para armazenamento dos resíduos até ao fim de vida, dos 40 anos da central.

Mas o ministro continuou a assobiar para o ar e a dar palmadinhas nas costas do seu colega espanhol.
Agora vem o ministro lembrar-se de chorar sobre o leite derramado e dizer que vai solicitar uma avaliação de impacto transfronteiriça. Mas a quê?

O ATI é um armazenamento de resíduos de alta actividade que existe em inúmeras centrais e que será necessário para Almaraz para o processo de desmantelamento, e o estudo de impacto só deve ser local. Um ATI não tem impacto transfronteiriço!
A questão que se liga com o ATI, neste momento, é que ele está a ser construído com argumentação falsa e com o objectivo de prolongar a vida desta central mais 10 ou 20 anos, e não como referi por quaisquer razões de necessidade.

O que o Ministro deveria exigir, já deveria com base no historial que continua a ignorar, desta central era o seu encerramento, ou no quadro da construção deste ATI a garantia do seu final de vida aos 40 anos.
Mas o Ministro, ao contrário do que aconteceu com muitos dos seus antecessores, não ouve os grupos e entidades que conhecem esta situação a e está, manifestamente, mal assessorado e desinformado.

O que já devia ter feito, desde logo quando o Parlamento por unanimidade lhe solicitou que agisse com vista ao encerramento desta central, com peças defeituosas, acidentes registados no índice de graves e inúmeras paragens por questões de segurança, essas sim um problema transfronteiriço que já levou à iminência do corte de água a Lisboa, era ao abrigo dos acordos internacionais sobre a nuclear, dar seguimento ao voto do parlamento, e desde logo utilizar também a pressão económica junto das empresas que são titulares da central, e ao governo espanhol dizer aquilo que nas Cortes espanholas está a ser exigência: Só ATI com decisão, interligado com o fim de vida da central.
Mas continua a soprar para o ar, o nosso ministro.

António Eloy


Mas conhecendo o corporativismo não lhe dou grandes hipóteses. E o mais curioso é que ainda ontem estive quase uma hora ao telefone com uma colega da senhora que hoje se desplanta sobre Almaraz a explicar-lhe isto tudo, mas os jornais também são capelinhas fechadas.

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