Em busca de um secretário de Estado perfeito
Que não há e se houvesse não seria certamente
Alberto Souto de Miranda.
Como é habitual no burocratês cinzento que
caracteriza os membros do governo no artigo em que procura desmentir, não só o
manifesto Poupem o Montijo, como muitas outras críticas que a generalidade da
comunidade ambiental, mas também uma grande parte dos políticos independentes
do nosso país, ou seja daqueles que não estão na fila para as benesses, muitos
pilotos e trabalhadores do sector aeroportuário, além de cidadãos de várias
áreas a que muitas vezes os políticos vem pedir palmadinhas tem feito a mais
um, mais um insensato projecto de aeroporto para continuar e alargar a Portela.
Mas nesse só semeia frases feitas, inverdades,
manipulações e conversa da banha da cobra.
Era vereador na Câmara Municipal de Lisboa
quando nos tentaram também vender, com argumentos parecidos aos actuais, em
2007 que esta estaria esgotada em 2012, que a Ota, um aeroporto entre duas
serras (uma teria que ser demolida) sobre um paúl ( que teria que ser atolado)
e águas subterrâneas (com essas não havia nada a fazer) era a solução para os
nossos males, e na margem Sul ( onde andará esse personagem?) jamais,
jamais....
Pois temos que recuar aos últimos tempos da
ditadura, que já anunciava o esgotamento da Portela e fez um estudo, sobre 18
localizações.... a pior de todas... já adivinharam... era a que queremos poupar.
Por causa do estuário (hoje Rede Natura), por
causa dos milhões de aves (protegidas por legislação comunitária), por causa,
dos acessos ( já viram 20 minutos de shutle mais meia hora de barco, no mínimo),
por causa até dos comunistas.... pois eles continuam todos por aí, mais agora o
ruído (que como ouvi numa das sessões públicas de discussão do Estudo de AIA,
só é minimizado no papel, é que não há verbas para a insonorização que o sr.
Secretário, imperfeito, anuncia) e claro o aumento e dinâmica das águas que vai
transformar este espaço em fora de qualquer, mas mesmo qualquer, uso
aeronáutico, e nem preciso de falar em tsunamis...
Mas é claro que o tal secretário de Estado só
pretendeu ocupar espaço público, o processo de Avaliação Impacte Ambiental não
está a correr a gosto do governo e já se vê claramente, que não há consenso
nenhum, mas mesmo nenhum.
Mais, muito mais de 1000 documentos,
contestações, nalguns casos substanciosos foram entregues a contestar este
estudo (A.I.A.), que além de partir de premissas erradas é inquinado por opções
políticas de que deveria estar expurgado.
E pago, como sempre!, pela empresa promotora!
E já percebemos que a última coisa que todos
querem, todos até o eng. Pompeu, é uma
avaliação global, estratégica e ambiental, que coloque tudo em cima da mesa,
que analise com seriedade e sem números especulativos a evolução do trafego
aéreo, também no quadro, (e agora que andam todos com o clima na boca, mas onde é que ele está ?, se continuam a
projectar mais, muitos mais low cost e turistas), também no quadro das alterações climáticas que consumem o nosso bem estar e emitem toneladas, muitas, muitas de CO2.
Mas onde é que vão buscar o incremento do
trafego aéreo, se anunciam um nova, e outra, e outra crise económica, se as
companhias de transporte em lata estão a dar o berro, se a aviação vai ter que
mudar de paradigma e dirigir-se, talvez noutro tipo de modelo,, noutro tipo de
transporte aéreo, para outros horizontes.
Este aeroporto no Montijo será chumbado pela
A.P.A. se por milagre não o for, será chumbado pela U.E. (União Europeia) ou
pela I.A.T.A. (Associação Internacional de Transportes
Aéreos ) e teremos que voltar a discutir projectos e até outros insensatos, como o de um aeroporto inútil no
meio do Alentejo, mas para onde com adequadas e necessárias infraestruturas
podiam ser transferidas as low cost mas também voos de longa distância e assim
sim aliviar a Portela.
E não me venham com a distância, numa hora e
meia é possível estar em Lisboa e em meia em Faro. De Lutton leva-se quase duas
até Londres.
Temos os políticos que temos, infelizmente não
temos pozinhos mágicos para lhes dar perfeição.
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