quinta-feira, março 29, 2007

Olivais : labirinto sem GPS

Tremo sempre perante a ideia de ter que me deslocar ao simpático bairro dos Olivais. Uma pequena distração nos trajectos habituais e é clarinho como água que hei-de ser uma mulher perdida, sem encontrar qualquer orientação ou sinalética informativa. E se de dia ainda posso encontrar alguma alma caridosa que me ponha no bom caminho, à noite é o descalabro. Sem sistema de GPS ali à mão, recorre-se ao telemóvel e às abençoadas instruções esquerda, direita, viras ali, cortas acolá. Uma cegada.
Sempre me lembro de ter sido assim. E continua a ser. Sem norte, nem sul, sem placas que permitam a quem vem de fora de chegar ao ponto x sem passar desorientadamente pelos pontos y, a, b, c, w, z.
Tenho a certeza de que os habitantes se deslocam sem dificuldades (nem todos, porque conheço algumas almas que ainda vagueiam meio perdidas por ruas que desconhecem).
Mas quem vem de fora? Isto sem falar nas velocidades que se praticam em algumas avenidas e que me fazem encolher de susto. Ainda tenho na memória a tragédia vivida em Novembro em que um casal, vítima de atropelamento, morreu esmagado à frente das filhas.
Voltando à ausência de sinalética informativa, provavelmente eu sou dos que, vindo de fora, ainda se safam melhor pois reconheço o trajecto para um ou dois pontos do bairro. Mas um incauto que resolva destemidamente procurar, naquele grande bairro, a rua a ou a avenida b com um mínimo de indicações? Exaspera de tanto procurar. E gasolina? Bom. É fazer as conta.
Já tenho tentado encontrar qualquer tipo de equipamento urbano com um mapa do bairro, mas até agora, nada. Lembro-me sempre de procurar uma rua em Lisboa e só encontrar placas com os dizeres Palácio dos Coruchéus. Nada de nomes de ruas ou outro tipo de orientação. Só Palácio dos Coruchéus.
Voltando aos Olivais, ou melhor, às voltas nos Olivais, se virem alguém perdido por lá, posso ser (também) eu.
Quando regressar (depende da hora), volto a este tema e a este lugar. E digo isto sem me rir.
.
(Maria Isabel Goulão)

2 comentários:

Anónimo disse...

Esta é uma das caracteríssticas e uma das belezas dos Olivais, onde vivi mais de 20 anos.
A rede de caminhos, viários e pedonais, quebra a monotonia. O traçado da rede viária dificulta quem pretenda circular no bairro só de passagem.

Anónimo disse...

"O traçado da rede viária dificulta quem pretenda circular no bairro só de passagem. "

Isso é a sério? Desculpe caro anónimo, mas disto, nunca ouvi.