sábado, março 17, 2007

Suécia: notas de uma viagem


Os leitores do Carmo e da Trindade desculpar-me-ão, mas não resisto a colocar aqui algumas Notas de viagem à Suécia que o Pedro Correia (a quem agradeço) tem vindo editar no Corta-Fitas.
Eu sei que as duas cidades não são comparáveis. Enquanto (ainda) andamos a discutir a instalação de radares na cidade...:
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Carros. Param assim que cai o sinal vermelho. Nem um só estacionado em cima do passeio. Apenas uma vez ouvi uma buzina. Os taxistas dominam perfeitamente o inglês e têm um porte civilizado. Que diferença em relação a Portugal!
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Transportes. O imposto sobre combustíveis é caríssimo. Aliás, a Suécia deve ser recordista mundial em taxas fiscais. "Há hoje apenas três países comunistas no mundo: a China, Cuba e a Suécia", ironiza um português que vive em Estocolmo. O certo é que os transportes públicos funcionam com uma eficiência irrepreensível. E garantem-me que em domínios tão diversos como a saúde, a educação e a habitação o Estado satisfaz as expectativas dos contribuintes. Pudéssemos nós dizer o mesmo em Portugal...
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Ciclovias. Só na China vi mais bicicletas. Os suecos pedalam imenso, o que ajudará a explicar o facto de serem tão elegantes. Há ciclovias por toda a parte. Em Lisboa, vergonhosamente, apenas existe uma - e incompleta.
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Animais. Nos museus, nos centros comerciais, no metro, vejo cães com trela, acompanhados pelo dono. Como vi em Viena ou Budapeste. Algo impensável em Portugal, onde as restrições à circulação de animais - mesmo com trela e açaimo - são a regra dominante. Tudo se explica por uma considerável diferença de civismo. Desde logo porque os suecos - tal como vi no Japão, por exemplo - são incapazes de levar o cão à rua sem o respectivo saco de plástico. Em Portugal os donos ainda assobiam para o lado e fingem que não vêem os "presentes" dos bichinhos de estimação. Não há saco...
Pedro Correia Sábado, Março 10
(Maria Isabel Goulão)

1 comentário:

Anónimo disse...

Só uma pequena nota em relação a: "a habitação o Estado satisfaz as expectativas dos contribuintes."

Foi verdade até finais dos anos 80, mas a crise financeira de 1991 foi o início de uma nova era. Quando da instalação do célebre "Miljonprogrammet" entre 1965 e 1974, que teve como objectivo a construção de um milhão de fogos, vivia-se no paraíso, no que respeita a habitação. Ainda na década de 80, qualquer jovem que quisesse sair da casa dos pais, conseguia um contrato de aluguer ....em horas. Na mesma década, muitas cidades tiveram que optar por a demolição de edifícios, por os mesmos estarem às moscas.

Aos poucos as subvenções estatais para a construção de casas foram desaparecendo, a construção nova foi diminuindo, e as coisas mudaram. Entretanto os senhorios das maiores cidades foram fazendo lucros chorudos, vendendo os apartamentos aos inquilinos. A situação de hoje, é que as casas para arrendar vão sendo cada vez mais escassas, os preços das de compra continuam a aumentar, e hoje, qualquer jovem já não sai de casa de um dia para o outro.

Claro está que a Suécia ainda vai longe da situação portuguesa, mas a marcha atrás, continua. E pena, pois a Suécia foi provavelmente o único país que durante um período de algumas décadas, conseguiu resolver o problema da habitação.

JA