terça-feira, setembro 11, 2007

Ainda a polémica à volta das lojas chinesas ...


Que veio para ficar, e que presumo versar sobre as lojas chinesas dos produtos baratuchos e não sobre as lojas de loiças e artigos de decoração, etc., que sempre houve em Lisboa, e de que nunca ninguém falou ou quis 'guetizar' ... até aí o conceito de Chinatown de MJNP é esquisito, pois seria só para a gama baixa. Adiante e pegue-se no caso da loja chinesa da Rua Garrett, tão da preferência de MJNP:

É bom lembrar que defronte a essa loja chinesa, no R/C do prédio em frente, existiu um belo dia uma loja Versace, que ali passou tormentos até que, por falta de clientela, faliu e fechou a porta. Lembro ainda o caso da loja da Louis Vuiton (eu sei que não compete com a Zara ...), na Rua Augusta, que foi recentemente fechada por falta de clientes, concentrando-se a casa mãe em juntar esforços na loja da Avenida, mais perto dos hotéis onde estão os seus potenciais clientes, que se recusavam a ir até à Rua Augusta.

Mais, não é com a criação de guetos que se eleva a fasquia, mas tão somente com a melhoria do nível da bolsa do português médio. Também é inadimissível que alguém com responsabilidades acene com guetos do séc.XIX, em pleno séc.XXI (por discutir estará mesmo a ilegalidade da coisa), assim a modos que meio imoral de resolver uma crise.

Prefiro não levar este episódio a sério, não só porque talvez seja apenas um resquício da silly season, como acho que MJNP ao querer reencontrar alguma chama de protagonismo, não hesitou em recorrer mais uma vez à banda desenhada. Como fã de BD que sou, admito que tem veia...

4 comentários:

Carlos Medina Ribeiro disse...

Paulo,

Será interessante dizer aos leitores que este interessante assunto está a ser discutido noutros blogues, como o CIDADANIA LX, o BLASFÉMIAS, o SORUMBÁTICO, etc.

Neste último (http://sorumbatico.blogspot.com/2007/09/pensando-e-des-pensando.html) há uma boa vintena de comentários, a maioria dos quais cabiam bem aqui, n' "O Carmo e a Trindade".

Anónimo disse...

...talvez também uma "Spanishtown"....assim podia-se lá meter as Zaras todas.....


JA

Anónimo disse...

Para mim, uma vergonha são as lojas de galos de barcelos, colchas fanadas, t-shirts a dizer "Eu amo Portugal" e outras preciosidades "típicas", do mais saloio possível"!

lorenzetti disse...

Sinceramente não vou à baixa. Adorava, mas não vou. É um pouco como África: tenho medo e calor.

A Baixa -- não confundir com o Chiado, bem mais elegante, embora ainda pouco sofisticado [e foi daí que veio a foto] -- resume-se a lojas decadentes, ruas estreitas e sujas, com carros e sem espaço para pessoas -- e também sem espaço para parar os carros.

Estou-me nas tintas para a ideia de tirar as lojas chinesas da Baixa. Se não fosse pelos acordos da OMC e a Constituição Portuguesa, bem como as boas relações diplomáticas com a China, era e é, sobretudo, porque as restantes não são muito piores.

Tem de agir-se na Baixa.

Mas essa acção não se resume -- nem pode incluir -- a retirada de lojas chinesas da Baixa. Sobretudo para as colocar numa duvidosa 'Chinatown', que seria ainda pior, arriscando-nos a ter um ghetto povoado ou pelo menos dominado por máfias asiáticas sinistras e perigosas, se não para quem lá fosse, para quem lá vivesse ou trabalhasse.

O que é preciso na Baixa -- como de resto no resto de Lisboa e no resto do país -- é limpeza e qualidade.

Limpar ruas e paredes, pintá-las, ter espaço para carros e pessoas, ter transportes públicos decentes, ter segurança nas ruas, e ter lojas limpas, com boa apresentação, produtos de qualidade, atendimento profissional.

Fim às lojas sujas, mal-cheirosas, mal amanhadas, com tudo amontoado, empregados antipáticos e ignorantes e que muitas vezes nem falam português e muito raramente inglês, fim aos preçários feitos à mão em papel de rascunho com canetas de feltro, colocados na rua mesmo para se tropeçar ou ser atropelado ao usar a estrada, fim às montras de mau gosto, à falta de ar condicionado, aos produtos de plástico ranhoso ou que não interessam para nada, às lojas sem multibanco ou que não aceitam cheques, ou que têm sempre tudo esgotado, ou que fecham aos fins de semana ou nas férias, ou à tarde, ou ao almoço, fim às lojas que não fazem embrulhos de presente ou os fazem mal, e aos empregados que nos atendem como se fosse uma deferência ou favor da parte deles...

Parece que só se consegue algo de jeito indo à Carolina Herrera, à Zegna ou à Vuitton na Avenida da Liberdade [e mesmo assim...].

É isto que é preciso mudar, e isto abrange tanto lojas chinesas, como portuguesas, como indianas. Todas. Em Lisboa e fora dela. E nem vamos falar de cafés, bares ou restaurantes... para não perder a sede ou o apetite.

Não pode ser.

Se conseguirmos isto, podemos considerar-nos civilizados. Para já, vou aos saldos de Londres. É que nem sai mais caro...