quarta-feira, outubro 29, 2008

Sobre esta publicidade

Ficam aqui os comentários dos comerciantes das Docas:

«Caros amigos,

Se quiserem ver o link da apresentação do Governo e a partir dai fazerem uma impressão da apresentação; é uma verdadeira caixa de surpresas em termos de dados e contradições!

Comentários:

1. Pretende embrulhar transporte de pessoas da linha de Cascais com transporte de mercadorias, numa manobra que já conhecemos e não deveremos alimentar. Em todo o caso como referência cabe destacar a incongruência do slide 9 em que se vê que em 8 anos (de 2000 a 2007) o número de passageiros do comboio de cascais desce cerca de 20% e agora, por artes mágicas prevêem que nos próximos 10 anos suba 39%!


2. Em termos de transporte de contentores ensaiam a cartada da redução do trafego rodoviario. No entanto basta fazer contas com base nos dados de slide 11 para ver que o TRANSPORTE RODOVIARIO AUMENTA 62% (actual: 78% x 340.000 TEU/ano=265.000 TEU ano por rodovia. Futura: 43% x 1.000.000 TEU/ano = 430.000 TEU ano por rodovia), TUDO A SAIR DE ALCÂNTARA!!!!
Para nós este ponto é crucial e digno de artigos em imprensa por si só.


3. Em termos de investimento só nesta apresentação fica logo claro que só relativamente a parte de Contentores o encargo do Estado/APL/Refer é de €121,7 milhões Slide 10: investimento total 348,4 milhões Slide 12: investimento concessionario 226,7 milhões


4. No comunicado de Liscont refere que não pagarão taxas de actividade portuaria nas zonas onde haje intervenção. Segundo o slide 10 parece haver intervenção em pelo menos 50% da area. Quer isto dizer que metade da movimentação estará isenta de taxas???

5. Fica também claro desta apresentação que o objectivo principal logístico não a cidade de Lisboa (beneficiando assim dum encurtamento das distâncias como refere comunicado Liscont) mas sim a ligação às plataformas logísticas de Poceirão (margem SUL!!!), Bobadela e Castanheira do Ribatejo. Vamos descarregar contentores no centro de Lisboa, para os transportar para a periferia!!!
Mais uma incongruência com comunicado Liscont.

Outras notas:

A)Comunicado Liscont refere no ponto 1 que actividade portuaria é responsável por 140.000 empregos. No slide 2 "só" são 38.000. Mesmo assim um exagero que seria necessario fundamentar sobretudo à luz da pregunta: se não se fizer alargamento quantos desses 38.000 empregos se perderão ou quantos novos serão criados?

B) Assim de repente esta apresentação refere investimentos de 420 milhões para além dos do terminal!!! (slides 4+9)
...»

4 comentários:

Dias disse...

Tem havido uma tentativa para desvirtuar o propósito desta iniciativa, como se os seus subscritores fossem “anti-indústria”. Independentemente da questão técnica, os procedimentos seguidos mostram várias coisas:
- Mais um exemplo do não envolvimento prévio dos cidadãos/munícipes em projectos que lhes dizem também respeito, pois a fruição do espaço físico em questão não é exclusiva ao porto;
- A falta de transparência neste processo. Caso se confirme a inexistência de concurso público, é caso para reflectirmos sobre o estado a que chegou o Estado…

Por fim, pergunto: porque não se estende o porto para a Trafaria (margem sul)?

Anónimo disse...

Meu caro amigo um terminal na margem sul (Trafaria) implicaria um custo de mais de 400 milhoes de euros (veja que o "pequeno" prolongamento da Liscont custará 200 milhoes). Existe o problema adicional de actualmente não existirem acessos rodoviários e ferroviários a essa zona. A propria travassia das mercadorias da margem sul para a margem norte (70% da carga)é uma questão de dificil resolução antes da construção da Terceira Travessia Tejo.

Dias disse...

Não tenho dados; faço fé nos valores que apresenta relativamente à alternativa sugerida (como poderia haver outras). No entanto, a avaliação de qualquer projecto, hoje, inclui outros itens que não podem ser valorados estritamente sob o prisma dos custos de execução. Entre eles, os impactos potenciais sobre o ambiente e/ou a sociedade.
E nesse aspecto, parece-me que o processo não foi bem conduzido: aos munícipes foi apresentado o caso consumado!

Anónimo disse...

Nesse ponto concordo consigo. Apesar de não estar ligado ao projecto compreendo a sua urgência, considerando a saturação do terminal (que é real ao contrário do que se tem defendido). Contudo concordo consigo quando refere que o projecto foi mal conduzido.