quinta-feira, julho 15, 2010

O ataque

O Governo, cada vez mais alheado da governação, entrou em pré-campanha eleitoral. Sem projecto e desorientado com a situação económico-financeira do País, cerrou fileiras partidárias e lançou-se num ataque sem limites ao principal partido da Oposição, num discurso tão obsessivo/compulsivo, quanto falso. Em suma, embora falso, o discurso é, porém, potencialmente eficaz. O Governo não faz mas fala e, para se defender, ataca. Aí está algo que faz bem.

O Governo tenta incutir na sociedade portuguesa a ideia de que o PSD é um partido liberal, que pretende retirar garantias e desmantelar o Estado Social. É um discurso que pode assustar, sobretudo num momento como aquele que atravessamos e, todavia, sem nenhum fundamento.

Mais liberais do que os Governos de Sócrates é, convenhamos, algo difícil de conceber (ontem mesmo a Oposição em bloco se pronunciou contra a liberalização total dos centros de inspecção automóvel, o que agrava a incapacidade de fiscalização do Estado). Quanto ao desmantelar do Estado Social, desmantelado está ele, com o agravamento das desigualdades e a impossibilidade de acesso, por tantos, à Saúde e Educação.

Mais do que chavões, o que é preciso é garantir direitos fundamentais, económicos e sociais e, para isso, é preciso produzir para redistribuir, como o Primeiro-Ministro bem sabe.

O que o PSD pretende inscrever no texto constitucional é justamente que a ninguém possa ser negado um conjunto de direitos por insuficiência de meios económicos. E isto, como é evidente, não só nada tem de liberal, como é muito mais garantístico. O PSD pretende ainda consagrar na Lei Fundamental mecanismos de qualificação da Democracia que impeçam o descrédito generalizado das instituições, descrédito que Sócrates tão bem capitaneou.

A este propósito, as jornadas parlamentares do PS foram elucidativas: vimos um Partido fechado, cerrado em torno dos interesses de tantos dos seus participantes, sem uma preocupação para com o País, obcecado com o principal partido da Oposição. O contraste com as jornadas do PSD não podia ser maior: abertas a independentes, questionando os bloqueios da sociedade portuguesa e estudando soluções. Pois é. Assim se mantenha. E, como é óbvio, o que importa é menos conversa e seguir o avisado conselho do Presidente da República: fazer o nosso trabalho para depender menos do financiamento externo.




In Correio da Manhã

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