terça-feira, abril 10, 2007

Irreconhecível e indizível

Saldanha, Lisboa, c. 1960.

Fotografia

Nota:
Sobre esta praça existe um estudo, da responsabilidade da Associação de Cidadãos Auto-mobilizados: "UMA PRAÇA ADIADA- ESTUDO DE FLUXOS PEDONAIS NA PRAÇA DO DUQUE DE SALDANHA "

(Maria Isabel Goulão)

7 comentários:

  1. É assim que se tem melhorado a nossa qualidade de vida.
    Outras capitais da Europa nunca teriam sacrificado uma praça como esta.

    JA

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  2. O edifício do Atrium Saldanha é bem bonito, e bem melhor que o que lá estava. Contudo, está bastante desaproveitado, com lojas sem grande interesse, que abrem e fecham quase cada 6 em 6 meses, os andares destinados a escritórios quase às moscas, etc.

    A foto antiga diz respeito ao lado oposto, onde já não existe o prédio dos toldos, que foi recentemente demolido sem apelo nem agravo. A curiosidade reside no facto do tratamento completamente diferente dado ao prédio imediatamente a seu lado, que em poucos dias teve recuperação integral, telhado novo, enfim...

    No lado junto à Tomás Ribeiro a coisa apresenta-se feia para os 3 prédios que a compõem, especialmente os 2 que já estão emparedados, e a que a especulação há muito deitou mão.

    O pior da praça é o edifício Monumental, cuja "modernidade" pretendeu fazer esquecer o verdadeiro crime urbanístico que Krus Abecasis cometeu ao demolir (sim, pois só lhe faltou pegar na picareta...) o saudoso cinema Monumental. Hoje, o que o substituiu é um mono que não serve para nada ... ah, já me esquecia, é da Amorim Imobiliária.

    Sobre a Praça ainda paira uma ameaça, actualmente em banho maria: um túnel "directed by JMV", que, sob o manto bondoso de "libertar a zona à superfície para peões", mais não é do que a peça central da construção Lego da "circular das colinas", essa coisa que, se o bom senso prevalecer, nunca chegará a ver a luz do dia.

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  3. (...) vejo que o 'post' promete!

    1. a 'praça' não o é...nem nunca o terá sido (mesmo originalmente) pois aparece sempre (como a foto mostra) como um nó viário, fosse como rotunda ou 'esquartilhos' de ilhas de tráfego.

    2. como a 'esquizofrenia'(esta pertence a Nuno Portas ;) contemporânea atinje a maioria dos condutores, qualquer tentativa de outra forma de apropriação, revela-se impossível, senão perigosa.

    3. É de facto confrangedor, observar que um espaço notável da cidade, com estudos de conjunto especiais (que definia elementos formais e cromáticos de referência...)acabam por não resultar, veja-se o novo Monumental (que até 'cumpriu' as indicações!)apesar de existirem algumas excepções, como a do Atrium.

    4. Mais uma vez, se verifica que não bastam 'os estudos' ou 'os regulamentos' é necessário implementar uma outra cultura de negociação (feita com transparência), de acompanhamento (feita por técnicos competentes) e de debate (representando todos os interessados e feito de uma forma responsável, mais propositivo do que destrutivo).

    5. E, é verdade, não esqueçamos, há que ser minimanente coerente, e, como diz o ditado, não pretender ter, ao mesmo tempo, 'sol na eira e chuva no nabal'...

    AB

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  4. Quando estava a colocar este post não pude deixar de sorrir:
    - afinal nem foram necessários muitos anos para destruir a cidade;

    - depois do programa do António Barreto "Retrato Social" ocorreu-me que se os portugueses tivessem uma Place des Voges ou uma Place Vendome, o que fariam? Deixavam o repuxo e o obelisco, punham vasos À volta, deitavam tudo abaixo e construiam as nossas especialidades: shoppings e edificios de escritórios.
    Os arquitectos dos vários regimes chamariam um figo a essa "intervenção"!!
    .
    Esta é a cidade que deixamos. Um lindo serviço.

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  5. (...) a "cidade que deixamos" é um novelo emaranhado, com sinais de muito usos e muitas mãos (a dos arquitectos é, infelizmente pontual e...tardia), donde, talvez por isso, com várias e inesperadas pontas a aparecer, a complicar ainda mais o problema, não se sabe muito bem de onde, ou porquê!?

    A primeiríssima responsabilidade, começa em 'nós', estranho conceito que teima em nunca se materializar (isto é, responsabilizar-se, passar de 'eles' a 'nós' ;) continua nesse 'gostinho' pelo consumismo desenfreado (daí os shoppings e as outras tentações públicas) seguindo-se com mais 'culpas no cartório' os políticos e decisores, que encontram o seu 'álibi' na elevada rotatividade dos lugares, nessa espécie de amnésia colectiva...à volta de outros vasos, ou das urnas do seu/nosso descrédito!

    AB

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  6. Alguém já reparou como a estátua se dilui nas vidraças do Atrium? O progresso conjugará tudo em redor até abafar completamente a estátua do duque. No fim, com a estátua bem visível no eixo da autovia, haverá quem pergunte:
    - Purquec aqui se chama Saldanha?

    Será assim o horizonte da memória...

    Cumpts.

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  7. (...) o município deveria começar a pensar em substituir estas estátuas obsoletas, oitocentistas/novecentistas, profusas de detalhes, mas que ninguém repara, por uma nova geração de marcos cibernéticos, incorporando iluminação e écrans de cor e geometria variáveis, quiçá, associados a jogos (caprichosos) de água (género jactos das chaminés do Parque das Nações) e uns súbitos, inesperados 'flashes' publicitários, sincronizados c/ as pausas dos semáforos...

    (all) Learning from the (tube) underground!

    AB

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