terça-feira, maio 15, 2007

DOS CHOCOLATES DE LISBOA OU UM POST À MISS PEARLS

(Favorita Chocolateira, fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa)

O último post do Paulo, ao qual aproveito para perguntar, com incontida e oportunista esperança, confesso, se é da família dos proprietários da Ferrero Rocher, inspirou-me para um post à Miss Pearls. No Alto de Sapadores, com frentes para a rua da Penha de França e para a rua António Maria Baptista, existiu, noutros tempos, a Fábrica de Chocolates Favorita. Uma memória da cidade que perdura no meu olfacto, na minha memória, assim à laia de cheiro de luxo que me estimulava a imaginação chocolateira no tempo em que não tinha autonomia para decidir onde, quando, como e, sobretudo, quanto, consumir chocolates. Sim, cresci e fiz-me alguém embalado pelo intenso odor chocolateiro exalado da antiga fábrica de chocolates da Favorita. Nas traseiras da minha casa esse odor chegava aromático, enleante, provocador, tentador. Já que não podia comer os que queria ia cheirá-los. A caminho do Liceu, a pé, preferia calcorrear o Caminho de Baixo da Penha para passar nas cercanias da Fábrica do que seguir em linha recta pela Av. General Roçadas, direitinho a Sapadores. Esse cheiro está ainda presente na memória do meu olfacto, talvez assunto para o especialista de emoções António Damásio. Certo, certo é que a Fábrica hoje já não existe. No seu lugar existe, adivinhem lá, adivinhem lá..., um condomínio privado, a que os respectivos promotores tiveram a esperteza comercial, mas o mau gosto histórico de chamar "Fábrica Favorita Condomínio". Desculpem lá, mas não faço o link porque não me pagam para isso. O que sei é que não são só os cafés de outrora que padecem do extermínio implacável pelos bancos. Há outros sofrimentos na cidade. Um dos que não perdoo é a usurpação do nome de um dos meus cheiros favoritos por um promotor imobiliário.

4 comentários:

  1. Muito melhor que os meus, Jorge.
    Muito bem mesmo.
    Bem haja Jorge
    :)

    Paulo,
    O Ferrero ROcher é por parte da sua mãe ou do seu pai?:)

    ISABEL GOULÃO
    Muito melhor que os meus, Jorge.
    Muito bem mesmo.
    Bem haja Jorge
    :)

    Paulo,
    O Ferrero ROcher é por parte da sua mãe ou do seu pai?:)

    ISABEL GOULÃO
    http://www.carmoeatrindade.blogspot.com/

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  2. Caro Jorge,

    A Favorita virou condomínio, destruindo-se inclusive a fachada, que era protegida, aliás até o edifício todo estava, por outro lado, no inventário municipal. Uma vergonha, mais uma, de planeamento urbano, de maus tratos ao património, de desrespeito pela velha Lisboa. Uma vergonha!

    Agora que me acalmei, já posso esclarecer o Jorge e a Isabel: NÃO, não tenho nada a ver com os Ferrero de Alba e arredores. O Ferrero cá do vosso amigo veio de algumas centenas de km a sudeste, de Ferrara. Alguns emigraram para Espanha, e foram andando até Salamanca, deixando aqui e acolá prole. A mim calhou-me ser a minha avó paterna.

    E pronto, satisfeitos? Queriam chocolates, era? Mas olhem que os de Alba nem por isso são bons, quero dizer, muito bombons, he, he.

    Vá lá, pensem melhor, então se eu tivesse quota que fosse na fundação que alimenta (e de que se alimenta) dos Rocher, Rafael, etc, não estaria já nas ruas, imitando o bom do Major, oferencendo kg de chocolates em vez de frigoríficos???;-))

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  3. A proopósito da fachada:

    O ano passado fui ao stand de vendas para ver bisbilhotar. Questionei o vendedor sobre a fachada, e a resposta foi "o mau tempo deu cabo disso, mas até nem foi mau porque vamos reconstruir e ganhar mais espaço...sintomático"

    :(

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  4. Também eu cresci com esse aroma, ali mesmo no fim da rua com os frangos ao virar da esquina!
    Quando o vento virava de sul/norte chegava lá a casa.

    E aqueles chocolates ás riscas azuis, brancas e vermelhas!

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