quinta-feira, maio 03, 2007

Rei morto, Rei posto!


- We Have Kaos ...

Que má língua! El-rei, coitado! uma criança,
Nem leve culpa tem nos encargos da herança...
Não se aprende num dia a governar um povo...
E em casos tais, em tal momento, um homem novo,
Habituado á lisonja, habituado ao prazer...
Maravilhas ninguêm as faz... não pode ser!...
El-rei é bom! El-rei é um espírito culto,
Ilustrado... Não digo, emfim, que seja um vulto,
Um talento, uma coisa grande de espantar;
Mostra, porêm, cordura, o que não é vulgar...
Cordura e senso... Eu falo e falo com razão...
Não minto... sou cortês, nunca fui cortesão!
Duque e plebeu... vim do trabalho honrado que magôa...
Não lisonjeio o povo e não adulo a C'roa.
Os defeitos d'el-rei?... Não me custa o dizê-lo:
Eu quisera maior int'resse... maior zêlo...
Mais idade, afinal... Deixem correr os anos,
E hão-de ver o arquetipo exemplar dos sob'ranos.


- Guerra Junqueiro, A Pátria (fala de Magnus)

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