quinta-feira, dezembro 04, 2008

A fiscalização

Em meia execução das linhas anunciadas pela Comissão Europeia (que é da baixa de impostos?), o Governo já veio anunciar medidas de apoio ao sector automóvel (basicamente a flexibilização das condições de trabalho, apoio financeiro, a antecipação de pagamentos e o abate de frotas de carros usados). Para o sector chegará? E de que sector estamos a falar? Inclui ou não inclui as "oficinas"? Não estamos a falar, parece-me, do sector inteiro. E devíamos. E por outro lado este seria o segundo sector de actividade a merecer preocupação depois do financeiro? Talvez. Mas há que explicá-lo.

Tem-se levantado um coro de vozes em torno das medidas de apoio ao sector financeiro, mas essas vozes esquecem – ou aproveitam apenas politicamente, levianamente – que se este não for apoiado infecta os outros sectores da economia (sim, mesmo no caso do BPP onde pelos vistos milhares de agricultores têm as suas poupanças e depósitos a prazo, que é preciso garantir).
O problema económico, tal como o vejo, não é de sectores isolados, é sistémico, é global e é enquanto tal que deve ser encarado, de outra forma, insisto, parte substancial dos apoios vai perder-se porque não se estão a atacar as raízes do problema.

Ao mesmo tempo anuncia-se que as operações contra a crise – fica por saber quantas, quais e como, pois que do concreto plano integral continua a nem se ouvir falar – serão fiscalizadas em 2009. É evidente que os apoios devem, têm de ser fiscalizados. E não só em 2009.

Acredito até que exista vontade de fiscalizar, mas o ponto é com, uma vez mais, que concreto plano de fiscalização para as ditas medidas (paliativas) de apoio à crise e com que concretos meios e, sobretudo, a partir de quando. Já. Entre nós, infelizmente, a regra tem sido a de fiscalizar pequenas coisas – muitas vezes que não interessam nada – e fazer de conta que não se dá pelas grandes. Dito de outra forma, por vezes instituições de fiscalização "conseguem" fiscalizar o que nem nunca ocorreu, enquanto grandes, gigantescas questões lhes passam à margem. E não é de agora. Lembram-se todos, seguramente, do Fundo Social Europeu e do que para aí foi. Mas plantar um pé de vinha sem direito dá direito ao arranque da dita e uns pozinhos mais.

É uma boa altura para acabar com os pequeninos poderes que esmagam o cidadão e ir às grandes questões que fragilizam a cidadania.


In Correio da Manhã

1 comentário:

QC disse...

A Paulinha é que devia estar no Comando. Aquele pessoal n alcança ...