Isto, só em Lisboa. Fora outros pelo País fora
Há dias, numa surreal conferência de imprensa, advogados e funcionários da Bragaparques fizeram ao País o favor de distribuir à comunicação social uma série de documentos inócuos para chegarem à brilhantíssima conclusão de que não sabiam o que era isso de haver um «caso Bragaparques». Um dos presentes terá mesmo afirmado aos jornalistas não perceber por que é que se fala de um «caso Bragaparques».
Estas pessoas devem ser as únicas do País a desconhecer que há mesmo um «caso Bragaparques». Melhor: dois «casos Bragaparques» – isto, só em Lisboa, porque no resto do País já há mais e eles até nascem como cogumelos, por acaso: cada vez parece haver mais «casos Bragaparques».
Em Lisboa: dois casos
Primeiro caso: permuta de um local por outro sem suporte legal de avaliação. Ou melhor e mais grave: com avaliações feitas a esmo e cada qual com seu valor, cada um mais díspar dos outros… porque calculados «sem rede» nenhuma.
Segundo caso: a atribuição de um direito de preferência que não foi aprovado por nenhum dos órgãos que podiam aprovar esse direito (CML, AML).
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ResponderEliminarA comédia de Lisboa
As boas intenções de Carmona Rodrigues serviram para demonstrar a inconsistência técnica, a incapacidade de gestão e a inabilidade política.
Carlos Marques de Almeida
O Município de Lisboa é a nova morgue da capital. Com um presidente da Câmara politicamente morto, os vereadores da cidade reunem-se para uma avaliação do grau de decomposição. As boas intenções de Carmona Rodrigues serviram para demonstrar a inconsistência técnica, a incapacidade de gestão e a inabilidade política. Aliás, politicamente o presidente da Câmara nunca chegou a existir. Cúmplices activos de um velório, os vereadores da Oposição pretendem adiar um destino mais do que evidente – a demissão de Carmona Rodrigues e a convocação de eleições antecipadas.
No entanto, o cálculo político impõe um compasso de espera. Uma espera que só tranforma a agonia em espectáculo público. A agonia de um projecto político falhado, iniciado por Santana Lopes e terminado sem cor ou glória por Carmona Rodrigues. Mas também o descalabro de uma oposição fútil e parasita, que se limita a exibir o esplendor próprio das figuras secundárias. O PS, orfão do Filósofo-Rei, divide-se numa “liderança bicéfala” enquanto aguarda por um sinal do Governo. O CDS-PP inventa a obscura intenção de constituir uma “junta de salvação municipal”. Na realidade, o novo “comité exploratório” de Paulo Portas com vista à “estabilização” do CDS-PP garante desde logo a inibição do partido. Quanto ao PCP e Bloco de Esquerda, depois das denúncias, aguardam pacientemente pela miserável recompensa dos pequenos. Passado o descalabro da Direita, a perspectiva de uma “grande coligação” das forças de Esquerda liderada pelo PS surge no estreito e medíocre horizonte da cidade. Entre as duas margens, Lisboa caminha tranquila para a ruptura.
Enquanto Lisboa apodrece politicamente, Marques Mendes recomenda “sangue-frio e determinação”. Para além da natureza piedosa dos votos, a inacção e a paralisia do PSD projectam a “mística” da derrota. E de caminho, por muitos e bons anos, entregam os destinos de Lisboa no “progressista e fraternal” regaço da Esquerda.
Em recentes declarações, Marques Mendes denunciou a falta de “ímpeto reformista” no Governo. O ‘powerpoint’ seria a grande reforma do Governo. Em repetidas declarações, ficou bem visível a ausência de “rumo” no PSD. O ‘powerpoint’ será a nova alma da Oposição.