quinta-feira, janeiro 31, 2008

NÃO FORA O 1º FEVEREIRO DE 1908?

E como seria Portugal em 1 de Fevereiro de 2008?

Na minha opinião, muito pouco teria mudado! Ora vejamos:

Antes de Fevereiro de 1908, tinhamos dois partidos (normalmente o Progressista e o Regenerador, mas por vezes com intromissões de outros), que dividiam entre si o poder, rodando entre governo e oposição.

Portugal aceitava os ditames da Inglaterra. E humilhava-se por falta de firmeza na sua política, aceitando o que era imposto de fora.

Por várias vezes a bancarrota esteve à vista, por endividamento excessivo.

Existia bastante corrupção, contra a qual o Rei, pelas limitações financeiras que teve sempre ao longo do seu reinado foi incapaz de lutar.

Havia um enorme fosso entre a pretensamente culta população urbana e a população rural.

Tinhamos governos, como notava Eça, "que tomavam apenas umas meias-medidas, inspiradas por uma meia-coragem e executadas com uma meia-prontidão".


Antes de Fevereiro de 2008?

Temos regularmente dois partidos (PS e PSD) a alternar no poder, com pequenas intromissões de outros partidos.

O nível de corrupção e de compadrio é assustador e em crescendo.

O endividamento do Estado tem oscilado entre o enorme e o grande.

As reformas raramente passam do papel e de grandes parangonas, sendo rapidamente abandonada qualquer tentativa à mínima contestação.

O fosso entre a população rural e a urbana é cada vez maior, estando a segunda cada vez mais convencida de que é muito culta quando na realidade é cada vez maior o número daqueles que não sabem escrever correctamente!

Estamos completamente subjugados a uma Bruxelas onde um directório de países poderosos impõe tudo o que lhes interessa. E nós engolimos!


Se compararem as duas situações, com 100 anos de intervalo, verão que no fundo as diferenças não são muitas! O Povo é o mesmo! E daí a minha conclusão: se o Rei não tivesse sido assassinado e mesmo com a continuação da Monarquia muito pouco teria mudado!

1 de Fev. de 1908

No dia 1 de Fev. de 1908 teve lugar o Regicídio; foram mortos o Rei D. Carlos e o herdeiro da Coroa, no Terreiro do Paço ou Praça do Comércio.


Após o Regicídio, passou a reinar o 2º filho do Rei D. Carlos; sem qualquer preparação para governar, foi cilindrado.

Tratava-se à altura, de uma Monarquia Constitucional, que o continuou a ser até à Proclamação da República, no dia 5 de Outubro de 1910.

Se o Regicídio em 1 de Fev. de 1908 não tivesse ocorrido, era provável que Portugal ainda hoje fosse uma Monarquia Constitucional, e não uma forma Republicana de Governo.

Pessoalmente, opto pela forma republicana de governo onde, formalmente, os titulares são eleitos pelo povo, leia-se, pelos portugueses - infelizmente, nos tempos que correm, como aliás soiam correr então, na realidade nada mudou:
está tudo na mesma.
Nem sequer as moscas mudam.

A título de exemplo, um excerto das Crónicas de Eça de Queirós e, principalmente, Ramalho Ortigão, que são a ilustração intemporal deste país:

Asociedade portugueza n'este derradeiro quarteirão do seculo pode em rigor definir-se do seguinte modo:—Ajuntamento fortuito de quatro milhões d'egoismos explorando-se mutuamente e aborrecendo-se em commum.

Chamar patria á porção de territorio em que uma tal aggregação se encontra seria abusar reprehensivelmente do direito que cada um tem de ser metaphorico. O espaço circumscripto pelo cordão aduaneiro, dentro do qual sujeitos acompanhados das suas chapelleiras e dos seus embrulhos ou tomaram já assento ou furam aos cotovelões uns pelo meio dos outros para arranjar logar nas bancadas, pode-se chamar um omnibus—e é exactamente o que é—mas não se pode chamar uma patria. A patria não é o sitio em que nos colloca o acaso do nascimento, á mão direita ou á mão esquerda de um guarda da alfandega, mas sim o conjunto humano a que nos liga solidariamente a convicção de um pensamento e de um destino commum.

Já um sabio o disse: Ubi veritas ibi patria. A patria não é o solo, é a ideia.


Continuai a ler que vale a pena

Já no tempo do Império Romano diziam:

Há para o sul, um Povo que não se governa, nem se deixa governar.

Eram espertos, os Romanos.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Sai a Ministra da Cultura ... mas fica a da Educação


E, por isso, talvez, a notícia oficiosa que dá conta do Conservatório Nacional estar em vias de deixar o Bairro Alto, e de que tudo se tudo se resolverá nos próximos dias, horas, mesmo. E tudo à margem dos cidadãos, a começar pelos alunos e professores do dito. Especulação imobiliária, sê bem-vinda! Condomínio? Não haverá remédio? E vergonha?

Câmara quer zona ribeirinha a salvo de especulações

In Jornal de Notícias (29/1/2008)


«Sócrates considera que Governo reparou 'erro estratégico' de décadas


As áreas do porto de Lisboa que passam para a administração da Câmara da capital não ficarão sujeitas à especulação imobiliária e vão permanecer no domínio público. Esta foi a garantia deixada ontem, em uníssono, pelo ministro das Obras Públicas e pelo presidente do Executivo municipal, durante a assinatura do protocolo entre a autarquia e o Estado, que determinou a passagem para o município das zonas da Ribeira das Naus, Terreiro do Paço, Cais do Sodré, Doca de Santo Amaro, Padrão dos Descobrimentos e Torre de Belém.
(...)»

O pior mesmo é o Governo só ter corrigido esse «erro estratégico» de que fala, depois da APL se permitir arrecadar milhares de contos com uma renda por décadas referente à construção e implantação das sedes da Agência Europeia e Segurança Marítima e do Observatório da Toxicodependência (ambos no Cais do Sodré, ambos dois monos consideráveis e ambos por «obrigação do Governo e da AR»), e ter sido o próprio Governo a abençoar a construção do Hotel Altis na Doca do Bom Sucesso, considerando-o como PIN (???), e permitindo que o novo mono se tornasse gigantesco ao triplicar a volumetria do anterior edifício da Marinha que ali estava e, imagine-se tapando completamente a vista de quem visita o CCB, por exemplo, e procura a Torre de Belém no seu horizonte: zero!

Corrigiu a tempo? Logo se vê. Quando se souber o que vai ser de Pedrouços e da Docapesca, da zona do Museu de Arte Popular, da zona da Matinha, etc., etc.

É apenas uma boa notícia, não seja a CML a estragá-la.


Foto: Vida Imobiliária

domingo, janeiro 27, 2008

Telheiras, 22 horas de Domingo de futebol, dia 27 Jan 08

As poucas zonas ajardinadas existentes (flores, relva, arbustos) encontram-se soterradas barra destruídas debaixo de centenas de pneus. A cena é indescrítivel.
Passadeiras, passeios, curvas e via pública acomodam, com destreza e a custo zero, milhares de viaturas. Entretanto, os residentes reféns da situação, barricam-se nas suas habitações ou, condicionados pela mesma, aguardam condições para regressar.
Para quem tem fé, só lhe resta rezar para que não haja nenhum incêndio e/ou necessidade de alguma ambulância.
Oremos irmãos.
Isabel G.
(Fica prometida reportagem fotográfica para breve)

sábado, janeiro 26, 2008

Caso Bragaparques: uma boa notícia

Uma boa notícia da frente ocidental... digamos assim, já que a CML fica a ocidente de toda a Cidade (acho que é assim): em tribunal, a CML vai argumentar pela nulidade das trocas de terrenos com a Bragaparques (Parque Mayer-Feira Popular). Foi ontem à noite. Veja.
Nas fotos de baixo: lixo deixado na berma da rua, junto à Av. de Roma.
Durante mais de 24horas, os carros foram-lhe passando por cima...
*
Acerca da total falta de amor pela cidade (que faz com que cenas destas possam causar revolta mas não espanto), ver o que, há mais de um século, dizia Trindade Coelho - [aqui]

quinta-feira, janeiro 24, 2008

E o promotor ficou-se a rir


A CML continua igual a si própria, i.e, sem coragem, sem cortar com o passado e sem se impor a quem usa de todos os subterfúgios legais para conseguir os seus objectivos. A CML, escuda-se na ausência de instrumentos legais dado o desaparecimento do «objecto».

- De que valeu a firmeza do IPPAR da altura (2004-2005)?
- De que vale decorrerem processos judiciais neste preciso momento, por causa de incêndios «espontâneos» e não cumprimento de obras coercivas?
- De que valeu a possa administrativa pela CML?
- De que valeu haver cidadãos a batalhar pela reconstrução do edifício tal como ele era, com perda de tempo, dinheiro e paciência?

Podem os promotores continuar a dormir descansados. A oeste nada de novo.

Antes de anteontem, foi na Casal Ribeiro, anteontem, na Duque de Loulé, e ontem em Pedrouços. Amanhã, no resto de Lisboa.

Por mim, estou disposto a abdicar de toda e qualquer espécie de cruzada em defesa dos poucos prédios de categoria que ainda resistem na selva de betão, pastiche e espelhos em que se transformam, ano a ano, as avenidas centrais de Lisboa.

Abençoado país!

Mistérios...

ESTAS FOTOGRAFIAS, tiradas com pouco tempo de intervalo, mostram uma realidade bem nossa conhecida. Pois bem; uma delas é em Lagos, as outras são em Lisboa. E pergunta-se: a menos que se conheça os locais, quem saberia adivinhar qual é onde?
*
Mas, para sermos justos, há que acrescentar o seguinte:
As fotos de Lisboa foram tiradas nas avenidas Almirante Reis e João XXI; são de ontem à tarde, e a poucos metros dali a EMEL e a Polícia andavam a bloquear carros - o que, reconheça-se, tem sido, nos últimos tempos, relativamente frequente (embora só de segunda a sexta-feira...).
Fica, então, a questão (*): o que é que pode levar estes condutores a arriscarem-se a pagar €30 (acrescidos do reboque, se vier a ser o caso), quando têm ali ao lado lugares vagos a partir de 25 cêntimos (para já não falar dos parques subterrâneos às moscas)?!
*
Ah! E o estacionamento numa passadeira de peões não é considerado infracção grave, segundo aquela Lei-da-Treta que, entre nós, dá pela divertida alcunha de Código da Estrada?
*
(*) Esta questão só se coloca para Lisboa pois, em Lagos, o total desrespeito pelos direitos dos peões é uma espécie de imagem de marca da cidade - o que, no entanto, não preocupa ninguém, a começar pelos principais interessados que, com frequência, interpelo sobre o assunto.

«Jel quer concorrer às eleições autárquicas»

«Jel, o Neto de A Luta Continua, programa emitido na SIC Radical, quer concorrer às eleições autárquicas de 2009. Segundo revelou o humorista ao DN, a candidatura à Câmara de Lisboa será feita através de "um movimento de cidadãos" e "é para ganhar". "Vamos agora começar a reunir as assinaturas, é o mais difícil. Este processo tem muita burocracia", diz Jel. Segundo a lei em vigor, são necessárias quatro mil assinaturas para uma candidatura independente às eleições autárquicas.

Esta candidatura surge como uma continuidade de A Luta Continua, que "é a voz do povo", defende o humorista. O programa, que é emitido no canal de cabo às quartas-feiras pelas 23.00, mostra os "homens da luta", Neto e Falâncio, que se manifestam contra "o grande capital como se vivessem o PREC". São conhecidos os seus protestos num treino da selecção nacional, durante um discurso do presidente da República, Cavaco Silva, ou durante a campanha de Fernando Negrão por Lisboa. (...)»

In Diário de Notícias.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

INSTANTES DA CIDADE PERDIDA

Sempre ouvi dizer que traziam chuva. Quando o amolador se anunciava nas ruas, para chamar facas e tesouras para afiar, diziam que vinha chuva. Não sei a causa desta fama meteorológica. Sei que o tempo foi também implacável com os amoladores, como foi com as varinas, com os ardinas, com os marçanos. Hoje, manhã cedo, envolto no tempo moderno, ao chegar de carro à Av. Visconde Valmor, onde a Camara persiste em nos fazer recuar ao tempo em que a cidade era conhecida na Europa por ser uma enxovia, não limpando o lixo que decora a rua e os passeios, tive uma visão. Num instante, breve instante, ao dirigir-me à garagem onde armazeno o carro, eis que me deparo com um amolador. Devia ter para aí uns dignos setenta anos de história (os velhos não têm idade, mas história). Não se anunciava. Não vem chuva, portanto. Trabalhava, pacatamente, qual cromo perdido da colecção dos antigos cromos de Lisboa. Junto ao passeio. Foi um instante. Da cidade perdida, do tempo que não volta. Mas que faz sempre bem lembrar.

Será verdade que 'Não há fome que não dê em fartura'?

MUITO ME TENHO EU QUEIXADO da insuficiência da actuação das autoridades em relação ao estacionamento selvagem, nomeadamente quando ele é claramente gravoso para peões ou para o escoamento do trânsito em horas de ponta.
Nesse seguimento, desafiam-se os leitores a adivinhar o que é que esta cena (passada anteontem, na Av. de Roma) documenta.
Ah!, e não é o que parece...
-oOo-
Actualização importante: ver o comentário-16, das 17h52m de 24 Jan 07:
Foi escrito no seguimento de um outro, e ambos colocam o assunto sob outra perspectiva, não menos interessante. Nesse seguimento, ver também [aqui], onde um bom comentário pode dar direito a um livro.

Água, água escorrendo pela Av.E.U.A.!

O último episódio tinha sido há dias, e a mini-cascata mais famosa da zona aí estava de novo, ontem, escorrendo passeio abaixo até quase à Pastelaria Granfina. Sugiro que se cobre bilhetes e crie passeios turísticos;-)

Chegado por email:

Boa tarde,

Sou Tomás Alves, um cidadão que nasceu em Lisboa e que continua a viver por cá.

Esta minha mensagem tem por objectivo dar-lhe a conhecer mais a fundo a situação muito preocupante que, no meu entender e no entender de milhares de Lisboetas, a nossa cidade vive actualmente, no que toca à proliferação descontrolada do graffiti (na sua variante de "tags" e "bombing") nas paredes dos prédios de habitação, monumentos, etc.

Não tenho nada contra o graffiti em si, desde que o mesmo seja feito em locais apropriados para o efeito. Contudo, muitas dezenas de jovens não pensam da mesma maneira que eu e outros tantos habitantes de Lisboa, e é precisamente as acções de vandalismo praticados por tais que me movem a escrever-vos.

Como certamente deve ser do seu conhecimento, Lisboa vive hoje uma inundação de graffiti por praticamente tudo quanto é local, com especial incidência nas zonas da Baixa, Bairro Alto, Bica e outros bairros centrais e históricos. O estado de degradação patrimonial devido à contaminação pelo graffiti salta à vista de todos. É triste constatar o estado a que chegou sobretudo o Bairro Alto e zonas envolventes. Praticamente não há um prédio que não esteja coberto (e muitos estão pesadamente cobertos) de graffiti. É uma autêntica vergonha e um descrédito enorme para uma das zonas mais visitadas em Lisboa pelos turistas.

É confrangedor observar que uma zona tão emblemática da capital esteja neste estado lastimoso. Há ruas inteiras onde não se vê um único prédio em condições – dou como exemplos a Rua da Barroca, a Rua da Rosa, a Rua Diário de Notícias, a Rua da Atalaia, entre outras. Estão todas completamente 'graffitadas', de um extremo ao outro. Para quem, pelos mais diversos motivos, utiliza diariamente o Bairro Alto como meio de passagem, é com amargura que constata a constante destruição de um património que, devidamente limpo, teria todas as condições para acrescentar ainda mais beleza a Lisboa.

Mas não é apenas este bairro que é vandalizado. Senão repare:

Bica – Grande parte das ruas deste típico bairro lisboeta estão, igualmente, muito danificadas com graffiti, nomeadamente a Rua Bica de Duarte Belo (a do elevador) bem como algumas outras ruas transversais a esta.

Zona entre Conde Barão e Cais do Sodré – A esmagadora maioria das ruas que se encontram entre estas duas zonas estão muito danificadas com graffiti e pouco ou nada têm sido intervencionadas nos últimos anos.

Baixa/Chiado – Também aqui se nota uma aglomeração de graffiti fora do normal em certos locais. Nesta situação encontram-se, por exemplo, a Rua Garret, a Rua do Carmo (frequentadas diariamente por habitantes e milhares de turistas) e a zona do Largo do Carmo, que ultimamente tem vindo a ser atacada com cada vez mais frequência. Também na Baixa se notam alguma áreas com focos de muito graffiti, como a Rua da Madalena e as Escadinhas que ligam a Rua da Madalena à Rua dos Fanqueiros.

Igualmente, os elevadores da Carris (sobretudo o da Bica e o da Calçada da Glória) também tem sido alvos constantes de vandalismo, não admirando por isso que muito recentemente a Carris tenha vindo a público dizer que vai colocar câmaras de vigilância nestes espaços, a fim de tentar evitar estes constantes actos de sabotagem. Uma acção sensata mas que peca por tardia, tantas foram as vezes que estes meios de transporte já foram vandalizados!

Muitos exemplos de outros locais no centro de Lisboa poderiam ser aqui indicados. E por favor tome nota que estamos a falar de algumas das zonas mais visitadas pelos turistas na capital, que são precisamente aquelas que são mais atacadas e, paradoxalmente, as que menos recebem acções de limpeza no seu conjunto!

Com tudo o que já mencionei, não se compreende como é que esta situação não se inverte, mas antes, agrava-se de dia para dia. Locais que hoje são limpos voltam a ser graffitados passados 2 ou 3 dias. Para comprovar o que digo dou um exemplo recente.

Em Novembro de 2007 a Divisão de Limpeza Urbana da CML promoveu (e muito bem) uma limpeza de grafitis no troço Rato – Principe Real - Cais do Sodré. Foi feito um bom trabalho e a zona, na sua grande maioria, ainda se mantém limpa. Contudo, constatei pessoalmente que 2 dias depois dessa grande limpeza, uma parte da fachada do Convento na Rua de São Pedro de Alcântara que tinha sido limpa voltou a ser graffitada! Segundo soube, foi preciso pedir um reforço de policiamento à Polícia Municipal para evitar que vândalos estragassem mais do trabalho que tinha sido efectuado neste troço. Portanto, isto ilustra bem aquilo que se tem passado sistematicamente desde há alguns anos para cá.

A vigilância efectuada por parte da Polícia Municipal tem sido claramente insuficiente para lidar com estes casos e atenuar o aparecimento de novos graffitis. A ineficácia policial sobretudo no triângulo Bica – Bairro Alto - Chiado é por demais evidente. A divisão de Limpeza Urbana da CML tem feito algum trabalho nesta área mas, como já referido, qualquer limpeza em geral não dura mais do que alguns dias, pois o local volta a ser manchado e algumas vezes com pior incidência do que anteriormente.

Tendo em vista esta situação e visto que a mesma já se arrasta há vários anos, deixo aqui algumas perguntas para reflexão:

- Por que razão tem Lisboa o centro histórico mais graffitado das capitais europeias, quando em outros países ditos civilizados, pelo contrário, nota-se um cuidado extremo na limpeza e preservação das zonas históricas?

- Por que motivo se deixou o Bairro Alto chegar ao triste estado actual e não se agiu já de uma forma decisiva e visível, dando assim um péssimo cartão de visita às centenas de pessoas que por ali passam diariamente?

- Por que não cria a CML equipas de vigilância que patrulhem os bairros históricos de Lisboa com regularidade, se há muito tempo que se sabe que são precisamente estas as zonas preferidas dos graffiters para efectuar o seu 'trabalho'?

- Por que motivo a CML não cria piquetes de intervenção rápida, do género dos que existem em outros organismos (EPAL, por exemplo), para que, logo que haja uma denúncia, num prazo de 24h a 48h, procedam à remoção do graffiti existente nas zonas históricas e/ou mais frequentadas pelos habitantes/turistas, ao invés de apenas deixarem esse trabalho a cargo de firmas contratadas, que por vezes levam 2 a 3 meses para efectuar uma simples limpeza?

- Para quando a criação de leis que punam de forma eficaz os graffiters, à semelhança do que foi feito em Inglaterra e no estado de New York, se a PSP e a PM sabem, na sua grande maioria, quem são os graffiters que actuam nestas zonas e se os mesmos podem ser facilmente identificáveis pois usam certas assinaturas que os distinguem uns dos outros?

- Em matéria de direito penal, por que motivo os tribunais não aplicam mais vezes a pena de serviço comunitário no caso dos graffiters, sabendo de antemão que o pior castigo que se pode dar nestes casos é obrigar alguém a limpar aquilo que conscientemente danificou?

- Afinal de contas, com todo este desleixo e falta de limpeza, que tipo de impressão desejamos passar aos turistas e aos habitantes da nossa cidade?

Tenho a consciência de que é praticamente impossível remover todo o graffiti existente, mas poderia haver um controle muito maior do que aquele que vemos e caso houvesse o empenho e os meios necessários, Lisboa não teria nem metade do graffiti que tem.

Acredito que somente uma maior visibilidade noticiosa deste assunto poderá levar quem de direito a tomar acção decisiva contra este praga que não só destrói o património urbano de Lisboa, como também dá um ar de 3º mundo a quem cá vive e a quem nos visita.

Muito obrigado pela sua atenção a este e-mail.

Com os melhores cumprimentos,

Tomás Alves
lisboalimpa@gmail.com

Já fez dois anos, e convém não esquecer:



Foto: Cartoon de Rui Pimentel, Visão, Março de 2006

terça-feira, janeiro 22, 2008

Quase uma crónica (1)

É um casal de velhos, já de bastante idade. Caminham a meio da manhã pela Alameda da Cidade Universitária, na direcção do Campo Grande. Cruzam-se comigo, interpelam-me como náufragos em busca de bóia. "O senhor sabe dizer-nos onde é a Rua Helena Félix?" Gostaria de ajudá-los, mas desconheço onde fica a rua. Tenho no entanto a convicção de que circulam na direcção errada. "Vamos lá fazer umas análises. Disseram-nos que era perto do Hospital Santa Maria..." Há ali perto uma estação de metropolitano: apetece-me recomendar-lhes que desçam à procura da informação correcta. Mas era domingo: e se lá não encontrassem nenhum funcionário do Metro? E se tivessem de descer e subir a escadaria em vão? Sugiro-lhes que invertam a marcha e caminhem em direcção à Avenida das Forças Armadas, rumo a Entre Campos - não deve ser longe dali. Agradecem-me e prosseguem no seu passo desamparado. À nossa volta galopam carros acelerados, num ritmo frenético. Na bela manhã de sol, mais ninguém caminha pela alameda verdejante. Olho ainda os velhos no seu andar trôpego em busca de um laboratório de análises clínicas. São da província, não conhecem ninguém na capital. Nem encontram ninguém que lhes possa valer. Um perfeito contraste com a radiosa manhã de sol. Um amargo postal, como tantos outros, desta enigmática Lisboa.

Urbanismo amigo do peão...

ESTA PARAGEM de autocarro situa-se na Av. de Berna, mas há outras, semelhantes, pela cidade fora.
Repare-se: não é preciso andar de guarda-chuva aberto para que seja impossível duas pessoas cruzarem-se no passeio. Mas não faz mal. Em caso de sobreposição, há sempre alguém que cede... e vai pela faixa de rodagem.
Há coisas fantásticas, não há?

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Na antiga residência do Governador do Forte do Bom Sucesso, o crime compensa?!


Há tempos foi neste post, hoje, porque o assunto vai ser debatido em sessão de CML, esta 4ª Feira, aqui fica o memento:

Depois de anos ao abandono, a CML tomou posse administrativa do edifício - histórico, em vias de classificação pelo IPPAR, inserido numa zona turística e alvo da maior das especulações imobiliárias, etc. - houve 3 incêndios «espontâneos» e a derrocada dos interiores, sem apelo nem agravo. Agora, a CML prepara-se para «recompensar» o «espírito empreendedor do promotor». Não pode ser! Há que começar por algum lado. Que se comece por este caso, POR FAVOR!

Desculpe lá, António Costa, mas só encontro uma palavra para isto: CHIÇA!!!!

AS FOTOS QUE AQUI SE VÊEM, tiradas junto ao FRUTALMEIDAS da Av. de Roma, mostram aquilo com que me deparo todos os dias; mas cada uma tem uma particularidade diferente:
A de cima foi tirada no dia 1 de Dezembro de 2007. Explicaram-me que, por ser feriado, a polícia e a EMEL não actuavam (pelo menos ao ritmo normal).
A do meio foi tirada no dia 24 de Dezembro de 2007. Explicaram-me que, por ser altura de compras de Natal (e a zona ser muito comercial), era natural...
A de baixo foi tirada no passado dia 19. A explicação, evidentemente, tem a ver com o facto de ter sido sábado.
*
Temos, pelos vistos, a lei em part-time. Então e em full-time, o que é que temos - além de uma verdadeira orgia de incivilidade (de quem assim procede) e de incúria (de quem é pago para que isto não suceda)?!

Obras em casa

Sou contra obras em casa pelo mesmo motivo que sou contra a utilização da cirurgia plástica: as rachas das paredes são tão bonitas quanto as rugas na cara. Sei que não é uma posição popular, mas é aquela que adoptei. Em1974, quando aluguei a casa pombalina onde vivo, já não estaria nas melhores condições, mas pareceu-me lindíssima: apreciei os desvios do soalho, as portadas que rangiam, a assimetria das janelas. Em 1981, o senhorio obrigou-me a comprá-la. Durante 12 anos, não mexi uma palha. Até que, em 1993, o esgoto de grés rebentou. Não havia alternativa se não substituí-lo. De um dia para o outro, o andar foi inundado por engenheiros, arquitectos, pedreiros, carpinteiros, electricistas e até fiscais da Câmara. O pesadelo durou dois anos. Para me consolar, convenci-me de que nunca mais teria de me maçar com problemas de construção civil. Eis que, depois das recentes chuvadas, os azulejos da fachada começarama cair: não todos de uma vez, mas um aqui, outro acolá.

Apesar de ser a gestora do condomínio, armei-me em esperta, fingindo que nada se passava. Igualmente preguiçosos, os outros fizeramo mesmo. Estava eu a meditar no que conviria reparar – uma fachada de onde faltam bocados parece uma boca desdentada – quando uma vizinha da frente me bateu à porta, queixando-se de que um azulejo do 3º andar do meu prédio aterrara sobre a sua cabeça (por sorte horizontalmente). Chamei os bombeiros e a polícia, os quais selaram a rua. Em dois dias, uns alpinistas brasileiros detectaram os azulejos em vias de se descolarem e recolocaramos que estavamem falta.

Desconfiei logo que isto bastasse. Um mestre-de-obras confirmou as minhas piores suspeitas. Por muito que considerasse belas as casas decadentes, o meu prédio estava emvias de ruir. Eis o motivo por que estou a redigir esta crónica diante de uns matulões colocando andaimes em frente da minha secretária. O seu bom humor contrasta coma minha tristeza. Porque sei que por muito seguro que o meu prédio fique, adquirirá um arzinho novo-rico. Sem rachas, uma casa não tem personalidade.


Maria Filomena Mónica

In Meia-Hora

EU VI UNS SAPOS...

A CML e uma bizarra despesa de Natal, por Eduardo Pitta, no Da Literatura.

«Mudar Portugal»?

Diz-se Movimento Mérito e Sociedade e está em campanha de rua com vista a angariar as assinaturas necessárias a tornar-se um partido político. Pelo menos foi isso que me disse a menina da banca colocada na Avenida de Roma, do lado de lá do passeio do Frutalmeidas. Coisa estranha. Ainda fiquei desconfiado que fosse um sketch da SIC-Radical, mas a coisa era mesmo verdade. Estranho...

"O caos na Rua das Janelas Verdes "

O caos na Rua das Janelas Verdes - In Público (21/1/2008)

«A Rua das Janelas Verdes, em Lisboa, estando inserida numa zona de grande qualidade urbana e paisagística, pelo seu rico património arquitectónico, o qual contempla, para além do Museu Nacional de Arte Antiga, algumas embaixadas e unidades hoteleiras de charme, constitui-se como uma artéria de prestígio, ainda mais com a reabilitação e construção de imóveis de grande qualidade arquitectónica, ocorrida nestes últimos anos.
No entanto nada disto impediu que, por aquelas bandas fossem proliferando e prosperando uma quantidade apreciável de bares e discotecas nos pisos térreos de edifícios de habitação, os quais atraem no início da noite centenas de adolescentes, mobilizados pela dinâmica gregária de shots, cervejas e afins a preços baixos, transformando aquela artéria, até altas horas, num espaço concentracionário, praticamente intransitável por veículos e peões, nomeadamente nas noites de quinta, sexta e sábado.
São incontáveis as vezes que os moradores têm chamado as autoridades para repor a normalidade da ordem pública, limitando-se os respectivos agentes a tomar conta das ocorrências, remetendo as responsabilidades para outras instâncias administrativas. Acresce o problema do ruído das aparelhagens sonoras e dos próprios utentes quer no interior quer no exterior daqueles espaços, impedindo o descanso dos moradores, que, perante a não actuação das autoridades, têm vindo a apresentar há seis anos a esta parte, sucessivas queixas e denúncias aos serviços competentes da câmara e ultimamente à ASAE.
Sabe-se que alguns daqueles estabelecimentos nem sequer estão licenciados para o exercício da actividade. Todos estes factos foram já transmitidos há vários anos às autoridades e nada foi feito, nem sequer qualquer resposta às petições apresentadas, como manda o código do procedimento administrativo.
Conclui-se, assim, que a inércia e inépcia dos serviços e das autoridades, o laisser faire laisser passer e a indiferença, para não dizer desrespeito pela legalidade, pelos direitos, deveres e práticas da cidadania, fazem com que, também pelos motivos aqui apresentados (à margem dos grandes escândalos políticos e financeiros do momento), Portugal cada vez pareça mais uma república de bananas do que um Estado de Direito.
João Saltão, Lisboa»
(Isabel G)

domingo, janeiro 20, 2008

Paradigmático...

COMO A IMAGEM NÃO É GRANDE COISA, tenho evitado a colocação deste post. Porém, como tanto se fala, agora, do Banco de Portugal, resolvi não protelar mais o assunto que, como adiante se verá, é bem ilustrativo daquilo que nós sabemos.
*
Há dias, ao passar em frente destas instalações do B.P., fiquei seduzido pelo que anunciavam os cartazes que aqui se vêem. Resolvi entrar, dirigi-me ao funcionário que estava mais à mão, e perguntei-lhe onde era o museu.
- Museu?! Qual museu?! - foi a resposta que me atirou.
Respondi-lhe que me referia ao anunciado no cartaz que tínhamos ambos debaixo do nariz, e um colega explicou-me que era «lá em baixo, descendo as escadas», uma informação que acompanhou com a sugestão «veja se lá está alguém».
E estava, sim senhor. Não visitantes, mas um senhor sentado a uma secretária, que me perguntou o que é que eu desejava.
Depois de lhe explicar que me encontrava ali porque, precisamente, desejava visitar a sala onde estávamos, deu-me, à laia de boas-vindas, um magnífico catálogo de 24 páginas, impresso a cores e em bom papel.
*
Resumindo e concluindo: a exposição recomenda-se, pois é interessante, muito bem apresentada e, além do mais, de entrada gratuita.
Ah!, e não vale a pena perguntar na portaria: a escada que lhe dá acesso fica logo ali, à esquerda de quem entra...

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Quanto não vale ter primos no Governo...

A notícia trazida hoje para a actualidade por Inês Boaventura, 'Público', suscita-me reflexões simples mas julgo que pertinentes. É este o caso: terrenos de uso portuário passam para a propriedade das câmaras. Traduzido para Lisboa: terrenos da APL para a Câmara de Lisboa. Será mesmo assim? Todos? Ou só os de uso não portuário?
Em todo o caso, regozijo-me pela rapidez com que, no que toca a Lisboa, o Governo dá corda aos sapatinhos, correndo e saltando.
É esta caso, mas não só: foi assim com o IPO e foi assim com o pagamento do terreno do Hospital de Todos-os-Santos, na Zona Oriental. Quer isto dizer que acho mal que o Governo resolva os assuntos de Lisboa depressa e bem e a contento da capital? Não. De modo nenhum. Pelo contrário: aprovo a 100%. Mas... e o resto do País? Sabem há quantos anos aguardam solução noutros pontos do País situações como centros de saúde criados pelas autarquias e que até hoje não abriram - quanto mais o Estado pagar as despesas!!! Quantas instalações para esquadras da Polícia ou da GNR criadas pelas câmaras e a aguardar abertura? Note: o Governo nem sequer as abre - quanto mais pensar em pagar as despesas...
Mais: em geral, as câmaras é que têm de procurar terrenos para escolas, pagá-los, e depois logo se vê. Na maior parte dos casos, ficam anos e anos em défice.
Mas congratulo-me porque no caso de Lisboa as coisas andam depressa e bem.
É o que vale ter primos no Governo. É a tradução política de um aforisma popular que me apetece adaptar: «Quanto mais primo, mais me arrimo»...

Que Terceira Travessia do Tejo?


Aquela que o Governo apresentou como sendo um facto consumado? Que implicará a invasão do centro de Lisboa com dezenas de milhar de automóveis ... e que dará carta branca ao esventramento da cidade com mega-túneis e viadutos?
Que implicará a impossibilidade de os barcos atracarem a montante de Santa Apolónia? o fundeamento de navios no Mar da Palha? Aumentará o assoreamento no estuário? Terá fraca resistência às intempéries? Terá elevadíssimos custos de manutenção?
Ou outra?

quinta-feira, janeiro 17, 2008

As três promessas - Ponto em 14 Jan 08

Limpar as ruas

Acabar com o estacionamento em 2ª fila
Repintar as passadeiras, especialmente junto às escolas
Eu sei que me estou a repetir. Mas a minha ideia é pegar nestes três assuntos e, periodicamente, ir a estes três locais (que me parecem ser uma boa amostra) e actualizar as fotos. Bem... mas só se forem diferentes, é claro!

Filosofia de taxista (1)

"Se a estupidez pagasse imposto não havia inflação."
(no trajecto entre a Avenida do Brasil e a Duque de Loulé)

E agora, Paris?


Afinal, este post sobre o antigo Cinema Paris deixou de fazer qualquer sentido, pois, mais uma vez, PSL andou a fazer-nos de parvos, uma vez que a CML não chegou a comprar o Paris, coisíssima nenhuma.

Mais, o pobre do antigo cinema da Estrela aparece, segundo me dizem, por portas travessas, no relatório da já famosa sindicância ao urbanismo da CML. Veremos no que a coisa dá, mas, como as trafulhices relativamente ao Paris vêm já do tempo do segundo mandato de João Soares, a coisa só pode dar em nova novela, de final previsível: a queda do Paris.

Quando é que se põe nos eixos o Bairro Alto?



Este é o muro de Mardel, ou o que resta dele. Faz parte do Convento dos Inglesinhos, no Bairro Alto. Segundo o projecto aprovado pela CML (já de si um projecto que nunca devia ter sido aprovado por nenhmua CML de nenhuma capital civilizada, com apego à sua história e à cultura de bairro), este muro seria "intocável". Junto ao hospital foi demolido e "reconstruído" e na Rua Nova do Loureiro é o que se vê. Como é posível este fechar de olhos por parte da CML?

Factos:

1. O Bairro Alto tem um Plano de Pormenor, de antanho, que, nunca foi aplicado.

2. O Bairro Alto está em vias de classificação no IGESPAR, mas é como se não estivesse tantas são as violações à mais elementar protecção do património do Bairro.

3. O Bairro Alto está desde há anos sujeito à mais pura especulação imobiliária, à construção desenfreada, etc., sendo o seu território objecto de um loteamento gigantesco, dividido em talhões pelos diversos promotores, que entre si convivem como se numa espécie de pacto de não agressão (tu atacas o quarteirão do Café Luso para construção de um condomínio; tu, mais ao lado, fazes o mesmo ao antigo Palácio dos Andrades; e tu, com a Rua do Século, a Rua Nova do Loureiro, etc.

HÁ QUE PÔR TRAVÃO AO QUE SE PASSA NO BAIRRO ALTO.

Há vida no B.A. para além do graffiti!

Ainda o gás

Terá sido coincidência o alerta de gás com o anúncio dos arguidos que afinal vão a julgamento por causa não de uma «caneta», como referiu CR em entrevista a Judite de Sousa, aqui há meses, mas de algo mais?

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Esse perigo: gás canalizado

Campo Grande, Saldanha, Praça de Espanha e Avenida João XXI são as zonas definidas pelos Bombeiros como o perímetro das averiguações para determinar a origem do cheiro a gás que se tem sentido nas últimas horas em Lisboa. Segundo disse à agência Lusa o chefe Lourenço, dos Bombeiros Sapadores de Lisboa, este é o perímetro definido pelas 15:30, mas que deverá ainda ser alargado.

- DD

Metro encerra duas estações por «cheiro intenso a gás»

Mais um edifício evacuado devido a cheiro a gás

Ainda a Bragaparques

Carmona, Fontão e Napoleão acusados de crime de prevaricação

O antigo presidente da Câmara de Lisboa Carmona Rodrigues e os ex-vereadores Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão foram hoje acusados no processo Bragaparques, relacionado com uma permuta de terrenos, disse hoje à Lusa fonte ligada ao processo.

Segundo a mesma fonte, Carmona Rodrigues, Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão foram acusados pelo Ministério Público do crime de prevaricação de titular de cargo político.

Foram arquivados os processos relativamente a dois funcionários e à ex-vereadora do Urbanismo e antiga chefe de gabinete de Carmona Rodrigues, Gabriela Seara.

- Diário Digital / Lusa

MP acusou 6 arguidos, incluindo Carmona, Fontão e Napoleão

O REGRESSO

A Ginginha reabre amanhã.

OUTROS TEMPOS COM OUTROS AEROPORTOS

Os meus pais são do tempo em que ainda havia dois aeroportos em Lisboa: o da Portela, terrestre, e o de Cabo Ruivo, marítimo (actual Doca dos Olivais, está lá hoje instalado o Oceanário), para receber os hidroaviões que viajavam da América e para lá.

Os aeroportos foram inaugurados no princípio dos anos 40, e para os ligar com rapidez construiu- -se a então baptizada Avenida Entre-Aeroportos, hoje Avenida de Berlim. Quem vinha do continente americano de hidroavião num voo transatlântico, amarava em Cabo Ruivo. Se seguisse para um destino na Europa, era levado de carro para a Portela pela Avenida Entre-Aeroportos, e lá apanhava o respectivo avião. As pessoas que rumassem à América, faziam o percurso contrário. Lisboa ainda recebeu várias estrelas de cinema e artistas vindas das américas naqueles hidroaviões que hoje só se vêem nos filmes e nas actualidades desse tempo. E tinham um glamour enorme.

Em 1945, caiu um nevão enorme em Lisboa e arredores, tão intenso que as fontes e bicas da cidade gelaram e houve quem conseguisse fazer ski em certas zonas. Os aeroportos de Cabo Ruivo e da Portela ficaram praticamente paralisados. Há fotos desse tempo que mostram os hidroaviões estacionados no Tejo, cobertos de branco, sob um céu de chumbo, e a pista da Portela completamente nevada, com muitos aviões parados e uma cortina de nevoeiro que não deixa ver nada a alguns metros de distância. (Se fosse hoje, de certeza que punham a culpa no aquecimento global.)

Quando eu nasci, estava o Aeroporto de Cabo Ruivo a ser fechado , e por isso nunca o cheguei a ver, com grande pena minha. Ah, aqueles hidroaviões que os aviões a jacto e as carreiras intercontinentais mandaram para o museu! Mas ainda sou do tempo em que não se ia ao Aeroporto da Portela só para viajar, mas também para passear.

Ir "até ao aeroporto" era, na minha infância do início dos anos 60, uma das alternativas ao chamado "passeio dos tristes" lisboeta. A Portela fazia as vezes de café, passeio público e observatório informal de aviões. Era "fino" vê-los partir e chegar de sítios que pouca gente podia visitar nessa altura.

Recordo-me de estar num carro com os meus avós e os meus pais, atravessar uma Lisboa ainda com pouco trânsito, estacionar na Portela, subir ao terraço onde havia uma esplanada e estar lá com a família, a beber Sumol e a olhar para os aviões que descolavam e aterravam. Havia gente que ficava tempos infinitos a conversar e beber bicas e águas, e a pasmar para o movimento aéreo. E como os preços da esplanada não eram brincadeira, as pessoas sentiam-se num lugar exclusivo.

Mais tarde, tive um colega de escola cujo pai desenhava muito bem, e era louco por aviões. Nos dias bonitos dos fins-de-semana, o senhor costumava apanhar um táxi, rumar à Portela e passar horas perdidas no terraço, a esboçar e desenhar aparelhos num grande bloco de folhas brancas. Um antecessor artístico dos planespotters.

Um aeroporto novo em folha e todo modernaço em Alcochete terá sem dúvida muitas vantagens, mas já não dá para ir para lá flanar, tomar café e águas, mirar os aviões e desenhá-los nas calmas

Eurico de Barros

(in DN)

Legisladores honestos

Vejam só como o legislador foi honesto na forma como escreveu a proibição de fumar:

Como se pode ver, os locais da alínea a ) obviamente não são locais de trabalho ...!

Luís Coimbra

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Nápoles? Não; Roma e Berna (avenidas de)

14 Jan08

Ao contrário do que possa pensar-se, estas fotos não têm em vista apontar qualquer eventual incúria dos serviços de limpeza da CML. Nada disso! Com grande profissionalismo, e por vezes mais do que uma vez por dia, o pessoal respectivo faz o que pode. O pior... Bem, o pior é a incivilidade militante e a absoluta ausência de amor pela cidade que caracteriza uma população para quem ela pouco ou nada diz.

*

Ainda hoje protagonizei uma cena desagradável:

Uma senhorita, com o carro estacionado numa finíssima zona das "avenidas novas", entretinha-se a atirar, pela janela, folhas de papel A4 para o passeio - depois de devidamente amarfanhadas.

Passei por ela e limitei-me a olhar para o que se estava a passar, deitando-lhe um olhar de censura. Fechou o vidro do carro e arrancou, olhando para mim, de sobrolho franzido e em ar de desafio, grunhindo qualquer coisa como «O que é que foi?!».

*

Eu, dantes, saía de Lisboa para "arejar". Hoje, quando o faço, o verbo associado é "fugir".

Na CML, abriu a caça aos «arquitectos pinguins»!


A definição da sub-espécie não é minha mas de amigo de outras bandas, com muito sentido de humor. Porquê pinguim? Porque tem sempre as mãozinhas viradas para fora à espera de contribuições.

sábado, janeiro 12, 2008

«Pourquoi?»

1- Quando lhe apresentaram o estudo da CIP, Mário Lino, displicente, disse que lhe ia "dar uma vista-de-olhos" (sic).

2- Já depois de tomada a decisão de Alcochete, ouvimo-lo a explicar como é que se tinha processado a escolha (cito de memória, mas sem falhar muito):

- A nossa opinião era que fosse na Ota. Mas também sempre dissemos que quem tivesse outras sugestões, as apresentasse. Foi isso que sucedeu; considerou-se que essa era melhor, e pronto!

3- Segundo declarou ao «Expresso», não leu o estudo do LNEC:
- Só tive de ler o sumário...
*
Ora, depois de tudo o que já se havia passado, fica a perplexidade:
Que interesse pode ter Mário Lino em dar, de si, uma imagem, decerto falsa, mas tão negligente que roça o anedótico - a de alguém que toma uma decisão dessa gravidade como quem resolve onde vai jantar dando uma vista de olhos na página de gastronomia de um jornal que, por acaso, encontrou no chão do autocarro?!

Reunião extraordinária da Câmara para discutir sindicância

"Ilegalidades em Lisboa tiveram aval da administração central, dizem vereadores
(...)As responsabilidades da administração central nas alegadas ilegalidades praticadas pela Câmara de Lisboa em matéria de urbanismo foram ontem postas em evidência por vereadores da autarquia, no dia em que a autarquia aprovou por unanimidade uma proposta do seu presidente, António Costa, que permite iniciar o processo para tornar nulas várias autorizações do município relacionadas com grandes empreendimentos imobiliários.
A câmara decidiu voltar atrás nestas aprovações depois de a magistrada do Ministério Público que conduziu uma sindicância aos serviços de urbanismo da autarquia ter posto em causa a sua legalidade, entre outras coisas por elas terem sido feitas ao abrigo de um regime, o das alterações simplificadas do Plano Director Municipal, que no seu entender não era aplicável às situações em causa."A câmara agiu com base num parecer da Direcção-Geral do Ordenamento do Território", apontou a vereadora social-democrata Margarida Saavedra. Para a autarca, "o Governo terá por isso de ser chamado à colação". Tese idêntica foi defendida pelo ex-presidente da câmara e actual vereador independente Carmona Rodrigues: "Houve um órgão da administração central que suportou a decisão da Câmara de Lisboa."
A proposta ontem aprovada prevê, de resto, que os serviços camarários solicitem à Direcção-Geral do Ordenamento do Território a reapreciação da questão, "tendo em conta as revisões propostas no relatório de sindicância quanto às alterações simplificadas". Deverá ainda ser feito um levantamento de todos os restantes processos aprovados pela autarquia ao abrigo deste regime, e que não foram alvo da atenção da magistrada.(...)
A reorganização dos serviços de urbanismo foi outra decisão tomada ontem, juntamente com a realização de uma auditoria ao departamento do património imobiliário. Os funcionários que quiserem acumular funções no sector privado serão alvo de maior vigilância. Decidida ficou ainda a criação de uma comissão na assembleia municipal para prevenir a corrupção.
JORNAL PÚBLICO "
(Isabel G)

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Página da Naer (neste momento "em actualização") onde, até há pouco, éramos recebidos com um erro de ortografia e com a afirmação de que o aeroporto seria na Ota.

Acabámos, hoje, de tomar conhecimento de uma das decisões mais importantes dos últimos anos relativamente a Lisboa. Ninguém, por aqui, quer abordar o assunto?

Act.: A página já foi actualizada, mas o erro de ortografia (o inconcebível Bem Vindo, logo a abrir) mantém-se. Estamos bem entregues...

O ponto 7 da cláusula 5 do Protocolo CML-Rock in Rio


Não sei se é para rir se é para chorar. De entre as várias curiosidades do protocolo, como seja, a porta deixada aberta a mais RinR no Pq. Bela Vista para além de 2010; a primeira tranche do total a pagar pelo organizador a ser paga em ... 31/12/2007 (!) - semelhanças com os contratos dos clubes com futebolistas, por ex. -; e a isenção de taxas mediante construção de pontes (pelo que se aconselha aos vendedores ambulantes a renunciarem ao pagamento de taxas à CML, desde que construam pontes para um outra margem...); é na cláusula 7 que reside o mistério. Porquê?


(obrigado, JPS)


Texto editado

E obrigado ao anónimo do SNI.

APL vai ser osso duro de roer...

Essa é a conclusão do que ouvi ontem na conferência que a Sociedade de Geografia de Lisboa organizou em torno do presente e futuro do Porto de Lisboa, leia-se APL, que é disso que se trata. Pelo seu representante máximo, ouviram-se coisas curiosas como:

'É fantástico como de um boneco se fez tanta manobra política'.
'O terminal em Alfama é para ir avante'.
'Tenho vergonha quando os passageiros de cruzeiros deluxo chegam a Lisboa e ficam horas no SEF dos terminais de Alcântara e Cde. Óbidos'.
'Os contentores são a nossa maior preocupação'.
'Faço mea culpa do estado calamitoso dos ancoradouros de barcos tradicionais, em Alcochete, etc.'.
'A APL gere uma ínfima parte da frente ribeirinha, descontado o território de pura actividade portuária'

e, na assistência, ainda houve tempo para ouvir um ex-funcionário da APL dizer que 'ninguém espera que nos locais de actividade portuária haja pessoas a passear o seu cãozinho'.

Muito mais interessante foi, isso sim, ouvir um senhor de idade avançada comentar que 'a hora era de low cost e que também o era para os navios de cruzeiro' pelo que não percebia como era possível que se quisesse inflaccionar em muitos milhares de contos a presença de navios de cruzeiro em Alfama, onde será gasta mais de 1h em manobras de atracagem; quando o que os turistas o que visitam em Lisboa é a zona a ocidente - Museu Arte Antiga-Coches-Belém-etc. e ... além do mais, havia o perigo iminente de acidentes entre cacilheiros e cruzeiros ... recordou, até, que o único acidente que ocorreu até hoje foi exactamente com um cacilheiro, por causa das constantes idas e vindas de cacilheiros.

Enfim... até ao fim do ano haverá mais batalhas, pois já se percebeu que não só vai haver mais episódios da novela 'terminal de cruzeiros', como se prepara já uma novela para o terminal fluvial Sul Sudeste.

Não cheguei a perceber foi porque tem direito a APL a arrendar terrenos para a construção dos edifícios da AESM ou o OET, no Cais do Sodré; ou porque patrocina a construção de hotéis e centros comerciais. A APL tem que se metida nos eixos, e isso vai custar MUITO, pois está mal habituada ... está habituada a legislação do séc.XIX.

Ainda a propósito de "zonas 30"




Do blog Menos 1 carro (a quem agradeço), alguns exemplos de medidas "físicas" de acalmia no trânsito
(ISABEL G.)

Andar a 30km/h? Quem me dera!!

Esta fotografia, tirada recentemente, mostra o caos e a impunidade reinantes na Av. de Roma, junto ao Centro Comercial Roma.
Como já aqui se referiu por várias vezes (em relação a outras paragens na mesma avenida), os autocarros, forçados a ocupar uma das faixas de rodagem, provocam, em seguida, o que se sabe...
Dizer que, aqui, não se poderão ultrapassar os 30km/h, será como dizer a um beduíno, no meio do deserto, que está proibido de tomar banhos de mar...
-
Act.: na realidade, há que reconhecer que, ultimamente, tem sido feito algum esforço para melhorar as coisas. Neste preciso momento, a Polícia Municipal anda activa nesta mesma rua. Simplesmente, todos estes anos de impunidade fazem com que os esforços sejam quase vãos: acabo de assistir à cena habitual do carro bloqueado que, uma vez retirado, dá lugar a outro, e esse a outro, e esse a outro...
Quando, há uns anos, o caos começou, podia-se atalhá-lo e não se quis; agora, quer-se e não se pode.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

"Estes holandeses devem estar loucos"

Amsterdão: Final de zona trinta à saída de uma rua residencial
Fotografia minha, Novembro 2007
(Isabel G.)

Zonas urbanas com limite de 30 quilómetros por hora

"Ordem para carregar no travão dentro das localidades. O limite máximo de circulação vai ser reduzido para 30 quilómetros por hora em centros urbanos, zonas residenciais e espaços com "forte presença de tráfego pedonal". O objectivo, expresso na Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária (ENSR), vai agora ser aprofundado por um grupo de trabalho em que participam estruturas como a Estradas de Portugal, governos civis e Associação Nacional de Municípios Portugueses.(...)
Está prevista a introdução de dois conceitos, um deles totalmente inovador "Zonas 30 km/h" e "Zona residencial multifuncional". A redução de velocidade será, promete o documento estratégico, acompanhado de medidas de acalmia de tráfego - ou seja, alterações físicas como a introdução de lombas ou semaforização.
Precisamente o que defendem parceiros da sociedade civil como a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) e o Observatório de Segurança de Estradas e Cidades, lembrando que limitações de velocidade, por si só, não asseguram a redução efectiva das velocidades praticadas.(...)
Entre os 28 objectivos (ver ficha), há mais dois que visam especificamente a segurança de peões. Promete-se a definição de um programa de requalificação de percursos pedonais e a fiscalização do estacionamento e do comportamento dos peões.
Já para este ano, é anunciada a criação do primeiro Plano Nacional de Fiscalização - algo que a Comissão Europeia recomendou em 2004, mas Portugal nunca cumpriu. Ou seja, um programa que defina estradas, horários e dias da semana em que deve ser intensificada a fiscalização de velocidades, consumo de álcool e uso de cinto.
Inventário de infracções
Sete acções dedicadas a educação e formação
Rede de radares instalada este ano
Programa para melhorar assistência às vítimas"
(Isabel G.)

OPERAÇÃO LIMPEZA

As Avenidas Novas ainda não foram tocadas pela Graça das agulhetas municipais. Parece que a "operação limpeza" está retida nas torneiras municipais. Ou continua a CML a confiar na chuva?

Vandalismo

Av. de Roma, hoje, de manhã cedo
A completa ausência de amor pela cidade, juntamente com o sentimento (certeza) de impunidade, fazem coisas destas...

Todos os sonsos

[Público 08 janeiro 2008]

Pois é. Acabei o ano de 2007 convencido de que eles sabiam do que estavam a falar. E depois chegou 2008.

Num site de literatura científica chamado Edge pergunta-se a umas dezenas de pensadores e autores sobre o que mudaram de ideias recentemente. Uns trocaram de teorias, outros abandonaram opiniões sobre a forma do universo, outros sobre as possibilidades de vida fora da Terra ou os limites da inteligência artificial.

Mais modestamente, eu acabei o ano de 2007 convencido de que dois historiadores portugueses com obra publicada sobre o século XX— José Pacheco Pereira e Vasco Pulido Valente — sabiam alguma coisa sobre o fascismo. No caso de Vasco Pulido Valente, essa certeza era reforçada pelo facto de o próprio ter reiteradamente polemizado daquela forma que só ele sabe polemizar — chamando ignorantes e analfabetos a todos os outros — sobre o que se pode ou não chamar de fascismo.

Mais precisamente, Vasco Pulido Valente ameaçava aniquilar com o verbo quem se permitisse chamar “fascismo” à ditadura de Salazar — uma ditadura que censurava, prendia e torturava os seus opositores. Pacheco Pereira indignou-se por ter havido quem chamasse “fascista” a George W. Bush, — isto por causa de Guantánamo, do Patriot Act e da Guerra do Iraque. E eu levei-os a sério.

E agora descubro que estes mesmos historiadores não tiveram dúvidas em classificar como “fascista” a nova lei do tabaco. Não lhe chamaram exagerada, mal concebida ou uma série de coisas que, concebivelmente, se poderiam dizer acerca de uma lei que transforma espaços que eram por regra de fumadores em espaços de não-fumadores. Não: fascista é que é. E podemos ir mais longe. Helena Matos ou António Ribeiro Ferreira acham que “fascista” não chega: a nova lei é “totalitária”. Totalitária! Como os regimes de Hitler, Staline e Pol Pot. Viva a exactidão.

Pois é. Acabei o ano de 2007 convencido de que eles sabiam do que estavam a falar. E depois chegou 2008.

***

Mas não é só o fascismo. É também a perseguição aos católicos. Segundo Vasco Pulido Valente, a igreja é capaz de ter de viver novos tempos de clandestinidade, isto porque em Espanha o primeiro-ministro Zapatero acabou com a obrigatoriedade da disciplina de Religião e Moral (em Portugal já é opcional há décadas), permitiu o casamento homossexual ou facilitou o divórcio. Pelo escândalo, dá para perceber que Pulido Valente acha (justamente) legítimo que a igreja organize uma manifestação contra o governo. Mas se um porta-voz do governo lhe responder isso já prenuncia uma vontade de silenciar a igreja católica espanhola, no seu próprio país. Ora, toda a gente perdoa a Vasco Pulido Valente desconhecer o Portugal actual. Mas podia ao menos conhecer a Espanha.

Já agora: também por aqui, no nosso Portugal, a Igreja pode ter de se preparar para regressar às catacumbas. Segundo o Correio da Manhã, o governo até vai tirar os nomes dos santos às escolas. Verdade?! Não: Correio da Manhã. Para as escolas que ainda não têm nome, o governo propõe às suas assembleias que escolham nomes de “uma personalidade de reconhecido valor, que se tenha distinguido no âmbito da cultura, da ciência ou educação”. Não se percebe para que é preciso tanta sugestão. Mas faltava de facto uma linha dizendo que “nomes de santos católicos também valem!”, isto para toda a gente perceber que Santo António de Lisboa, São Tomás de Aquino ou São Bartolomé de las Casas cabem nas propostas. Bem como São Remígio e Santa Radegunda, que protegem contra as febres altas.

Valha-nos que para provar que vivemos numa era anti-cristã o governo aproveitou o Natal para anunciar a localização do novo hospital de Lisboa. Que se vai chamar: de Todos-os-Santos. Verdade? Verdade.

Rui Tavares

terça-feira, janeiro 08, 2008

O «1-2-3» da impunidade

1 - Hoje, de manhã cedo

2 - Ao início da tarde

3 - A meio da tarde

Por necessidade, por esperteza-saloia, ou por qualquer outro motivo, um automobilista resolveu deixar a maquineta a meio desta martirizada paragem de autocarros da Av. de Roma. Meteu o "triângulo" no banco de trás (com indicação de "avariado"), e foi à vidinha dele.
Como o carro se manteve por ali o resto do dia (e ainda lá está, à hora que isto escrevo!), o resultado está à vista.

Depois da sindicância ao Urbanismo ...


Para quando uma sindicância aos Espaços Verdes?

É que os cotos espalhados pela cidade, ano após ano; as caldeiras vazias, rua a seguir a rua; as «árvores-palito» que substituem de um dia para outro árvores de grande porte em bom estado fitossanitário (veja-se, por exemplo, o caso recente de magníficos pinheiros mansos, ao alto do Parque Eduardo VII - junto ao semáforo da Rua Castilho -, abatidos sem qualquer explicação!); o desleixo sistemático em jardins emblemáticos como o do Campo Grande; a remodelação pacóvia de jardins, com a desculpa da "modernização", etc., etc. tudo isso tem uma explicação clara, ou não tem?

segunda-feira, janeiro 07, 2008

LUSOMUNDO

Por razões profissionais e pessoais, prés e pós-natais, fiquei dois meses sem ir ao cinema. Resultado? Quando arranjei um tempito, já não havia filmes de jeito em cartaz. Telefonei ao meu dealer a solicitar cópias piratas em DVD dos filmes perdidos, mas a chegada do Natal deixou-o de mãos atadas (antes isso que algemado). Desespero: não consegui ver Sicko, Hot Fuzz, Across The Universe, Control, A Morte do Sr Lazarescu, Elizabeth – a Idade de Ouro e um pequeno filme de terror que parece resumir o meu desígnio actual – 30 Dias de Escuridão.

O que aconteceu? Antigamente, os filmes aguentavam-se três semanas em cartaz, sem esforço. Hoje parece ser uma angústia a distribuidora mantê-los em exibição por mais três dias. Talvez hajam filmes a mais e cinema a menos no mundo, mas esse mundo não tem a ver com a situação portuguesa. A situação portuguesa é a Lusomundo. Não a Lusomundo como monopólio aglutinador de distribuição nacional (embora também), mas a Lusomundo como detentora da quase totalidade das salas de cinema em Portugal: os chamados multiplexes, cinemas de centros comerciais, representam provavelmente 95 por cento do mercado português de exibição e quase todos eles pertencem à Lusomundo. Excepções: as salas de Paulo Branco, da Castello Lopes, e alguns pequenos cineclubes ou cinemas de bairro. O Quarteto continua fechado? Alguém se interessa? É aqui que eu quero chegar.

Recapitulemos. Anos 70, cinema americano de autor atinge seu último esplendor. Anos 80, Spielberg descobre o target infantil e o cinema adulto morre. Como contrapartida, surge o videogravador, que permite aos pais ver, em família, os filmes com Tom Hanks e Sally Field. Em Lisboa, as grandes salas de cinema esvaziam-se, fecham as portas. Morre o grande espectáculo social que é a ida ao cinema. Quando, nos anos 90, os centros comerciais aparecem a vender o argumento de que “os grandes filmes devem ser vistos em grandes salas”, o público já é outro – e bem pequenino. Hoje, o comportamento do espectador na sala de cinema é a extensão do espectador na sala de estar – ruidoso, conversador, distante. Se a Lusomundo não tivesse instalado fabulosos sistemas de som nas salas, a única coisa que ouviríamos nas sessões seria o sensurround da pipoca, o dolby dos telemóveis e o THX da risota na fila da frente.

Devemos culpar a Lusomundo pela imbecilização da sociedade portuguesa? Não, mas podemos alertá-la (a Lusomundo, não os imbecis): “Meus caros: a excelência e diversidade do vosso catálogo não são compatíveis com a política de distribuição formatada, dependente da arbitrariedade e dormência do público de multiplex. Por isso, proponho que V.Exas criem um circuito de exibição alternativo que garanta longevidade aos vossos clássicos, como outrora aconteceu quando O Carteiro de Pablo Neruda esteve um ano em exibição no cinema Mundial”. Talvez assim possamos evitar textos como os da crítica de cinema do New York Times, Manohla Dargis, sobre um dos vinte filmes que a Lusomundo vai estrear em Janeiro – o romeno 4 Meses 3 Semanas e 2 Dias (vencedor de Cannes): “Este é um daqueles filmes difíceis que os produtores gostam de usar como prova do desfazamento entre a crítica e o público, quando afinal é o público que está desfazado do grande cinema. Os americanos consomem imenso lixo, mas a principal razão está no facto de não lhes serem oferecidas alternativas”.

Miguel Somsen


In Metro

O mundo fantástico das leis-da-treta

Esta foto foi tirada na semana passada. Ofereço um exemplar do livro «Viagem a um Mundo Fantástico» (de J. Gaarder) ao primeiro leitor que, até ao próximo dia 15, for capaz de dizer o nome das duas ruas que aqui se cruzam (ou, pelo menos, da principal - que é a que se vê do lado direito).

domingo, janeiro 06, 2008

Mas as fotografias TOP + de 2006, 2007, 2008 são estas:



Estas são junto ao Centro Comercial Colombo.

E também junto aos parques de estacionamento do Corte Inglês, do Campo Pequeno, da Loja do Cidadão nas Laranjeiras, etc. , etc..

Pilaretes (réplica)

Praça de Espanha - 22 de Dezembro de 2007
Alguém sabe há quantos ANOS estão assim?

Jardim com vistas para pilaretes

O panorama dos pilaretes é uma tristeza, é verdade. Infelizmente foi a única solução para manter o jardim resguardado dos carros e a ciclovia protegida. Mas não foi fácil consegui-los, isso posso garantir. E só a persistência dos moradores tornou possível a instalação destas protecções, depois de várias plantas derrubadas.

Na época A.P. (Antes dos Pilaretes) o cenário era lamentável, principalmente em dias de jogos de futebol, dada a proximidade do estádio do Sporting.
Não temos emenda.
(Isabel G.)