quinta-feira, janeiro 31, 2008
NÃO FORA O 1º FEVEREIRO DE 1908?
Na minha opinião, muito pouco teria mudado! Ora vejamos:
Antes de Fevereiro de 1908, tinhamos dois partidos (normalmente o Progressista e o Regenerador, mas por vezes com intromissões de outros), que dividiam entre si o poder, rodando entre governo e oposição.
Portugal aceitava os ditames da Inglaterra. E humilhava-se por falta de firmeza na sua política, aceitando o que era imposto de fora.
Por várias vezes a bancarrota esteve à vista, por endividamento excessivo.
Existia bastante corrupção, contra a qual o Rei, pelas limitações financeiras que teve sempre ao longo do seu reinado foi incapaz de lutar.
Havia um enorme fosso entre a pretensamente culta população urbana e a população rural.
Tinhamos governos, como notava Eça, "que tomavam apenas umas meias-medidas, inspiradas por uma meia-coragem e executadas com uma meia-prontidão".
Antes de Fevereiro de 2008?
Temos regularmente dois partidos (PS e PSD) a alternar no poder, com pequenas intromissões de outros partidos.
O nível de corrupção e de compadrio é assustador e em crescendo.
O endividamento do Estado tem oscilado entre o enorme e o grande.
As reformas raramente passam do papel e de grandes parangonas, sendo rapidamente abandonada qualquer tentativa à mínima contestação.
O fosso entre a população rural e a urbana é cada vez maior, estando a segunda cada vez mais convencida de que é muito culta quando na realidade é cada vez maior o número daqueles que não sabem escrever correctamente!
Estamos completamente subjugados a uma Bruxelas onde um directório de países poderosos impõe tudo o que lhes interessa. E nós engolimos!
Se compararem as duas situações, com 100 anos de intervalo, verão que no fundo as diferenças não são muitas! O Povo é o mesmo! E daí a minha conclusão: se o Rei não tivesse sido assassinado e mesmo com a continuação da Monarquia muito pouco teria mudado!
1 de Fev. de 1908
Após o Regicídio, passou a reinar o 2º filho do Rei D. Carlos; sem qualquer preparação para governar, foi cilindrado.
Tratava-se à altura, de uma Monarquia Constitucional, que o continuou a ser até à Proclamação da República, no dia 5 de Outubro de 1910.
Se o Regicídio em 1 de Fev. de 1908 não tivesse ocorrido, era provável que Portugal ainda hoje fosse uma Monarquia Constitucional, e não uma forma Republicana de Governo.
Pessoalmente, opto pela forma republicana de governo onde, formalmente, os titulares são eleitos pelo povo, leia-se, pelos portugueses - infelizmente, nos tempos que correm, como aliás soiam correr então, na realidade nada mudou:
está tudo na mesma.
Nem sequer as moscas mudam.
A título de exemplo, um excerto das Crónicas de Eça de Queirós e, principalmente, Ramalho Ortigão, que são a ilustração intemporal deste país:
Asociedade portugueza n'este derradeiro quarteirão do seculo pode em rigor definir-se do seguinte modo:—Ajuntamento fortuito de quatro milhões d'egoismos explorando-se mutuamente e aborrecendo-se em commum.
Chamar patria á porção de territorio em que uma tal aggregação se encontra seria abusar reprehensivelmente do direito que cada um tem de ser metaphorico. O espaço circumscripto pelo cordão aduaneiro, dentro do qual sujeitos acompanhados das suas chapelleiras e dos seus embrulhos ou tomaram já assento ou furam aos cotovelões uns pelo meio dos outros para arranjar logar nas bancadas, pode-se chamar um omnibus—e é exactamente o que é—mas não se pode chamar uma patria. A patria não é o sitio em que nos colloca o acaso do nascimento, á mão direita ou á mão esquerda de um guarda da alfandega, mas sim o conjunto humano a que nos liga solidariamente a convicção de um pensamento e de um destino commum.
Já um sabio o disse: Ubi veritas ibi patria. A patria não é o solo, é a ideia.
Continuai a ler que vale a pena
Já no tempo do Império Romano diziam:
Há para o sul, um Povo que não se governa, nem se deixa governar.
Eram espertos, os Romanos.
terça-feira, janeiro 29, 2008
Sai a Ministra da Cultura ... mas fica a da Educação
E, por isso, talvez, a notícia oficiosa que dá conta do Conservatório Nacional estar em vias de deixar o Bairro Alto, e de que tudo se tudo se resolverá nos próximos dias, horas, mesmo. E tudo à margem dos cidadãos, a começar pelos alunos e professores do dito. Especulação imobiliária, sê bem-vinda! Condomínio? Não haverá remédio? E vergonha?
Câmara quer zona ribeirinha a salvo de especulações
In Jornal de Notícias (29/1/2008)
«Sócrates considera que Governo reparou 'erro estratégico' de décadas
As áreas do porto de Lisboa que passam para a administração da Câmara da capital não ficarão sujeitas à especulação imobiliária e vão permanecer no domínio público. Esta foi a garantia deixada ontem, em uníssono, pelo ministro das Obras Públicas e pelo presidente do Executivo municipal, durante a assinatura do protocolo entre a autarquia e o Estado, que determinou a passagem para o município das zonas da Ribeira das Naus, Terreiro do Paço, Cais do Sodré, Doca de Santo Amaro, Padrão dos Descobrimentos e Torre de Belém. (...)»
O pior mesmo é o Governo só ter corrigido esse «erro estratégico» de que fala, depois da APL se permitir arrecadar milhares de contos com uma renda por décadas referente à construção e implantação das sedes da Agência Europeia e Segurança Marítima e do Observatório da Toxicodependência (ambos no Cais do Sodré, ambos dois monos consideráveis e ambos por «obrigação do Governo e da AR»), e ter sido o próprio Governo a abençoar a construção do Hotel Altis na Doca do Bom Sucesso, considerando-o como PIN (???), e permitindo que o novo mono se tornasse gigantesco ao triplicar a volumetria do anterior edifício da Marinha que ali estava e, imagine-se tapando completamente a vista de quem visita o CCB, por exemplo, e procura a Torre de Belém no seu horizonte: zero!
Corrigiu a tempo? Logo se vê. Quando se souber o que vai ser de Pedrouços e da Docapesca, da zona do Museu de Arte Popular, da zona da Matinha, etc., etc.
É apenas uma boa notícia, não seja a CML a estragá-la.
Foto: Vida Imobiliária
domingo, janeiro 27, 2008
Telheiras, 22 horas de Domingo de futebol, dia 27 Jan 08
sábado, janeiro 26, 2008
Caso Bragaparques: uma boa notícia
quinta-feira, janeiro 24, 2008
E o promotor ficou-se a rir
A CML continua igual a si própria, i.e, sem coragem, sem cortar com o passado e sem se impor a quem usa de todos os subterfúgios legais para conseguir os seus objectivos. A CML, escuda-se na ausência de instrumentos legais dado o desaparecimento do «objecto».
- De que valeu a firmeza do IPPAR da altura (2004-2005)?
- De que vale decorrerem processos judiciais neste preciso momento, por causa de incêndios «espontâneos» e não cumprimento de obras coercivas?
- De que valeu a possa administrativa pela CML?
- De que valeu haver cidadãos a batalhar pela reconstrução do edifício tal como ele era, com perda de tempo, dinheiro e paciência?
Podem os promotores continuar a dormir descansados. A oeste nada de novo.
Antes de anteontem, foi na Casal Ribeiro, anteontem, na Duque de Loulé, e ontem em Pedrouços. Amanhã, no resto de Lisboa.
Por mim, estou disposto a abdicar de toda e qualquer espécie de cruzada em defesa dos poucos prédios de categoria que ainda resistem na selva de betão, pastiche e espelhos em que se transformam, ano a ano, as avenidas centrais de Lisboa.
Abençoado país!
Mistérios...
«Jel quer concorrer às eleições autárquicas»
Esta candidatura surge como uma continuidade de A Luta Continua, que "é a voz do povo", defende o humorista. O programa, que é emitido no canal de cabo às quartas-feiras pelas 23.00, mostra os "homens da luta", Neto e Falâncio, que se manifestam contra "o grande capital como se vivessem o PREC". São conhecidos os seus protestos num treino da selecção nacional, durante um discurso do presidente da República, Cavaco Silva, ou durante a campanha de Fernando Negrão por Lisboa. (...)»
In Diário de Notícias.
quarta-feira, janeiro 23, 2008
INSTANTES DA CIDADE PERDIDA
Será verdade que 'Não há fome que não dê em fartura'?
Água, água escorrendo pela Av.E.U.A.!
Chegado por email:
Sou Tomás Alves, um cidadão que nasceu em Lisboa e que continua a viver por cá.
Esta minha mensagem tem por objectivo dar-lhe a conhecer mais a fundo a situação muito preocupante que, no meu entender e no entender de milhares de Lisboetas, a nossa cidade vive actualmente, no que toca à proliferação descontrolada do graffiti (na sua variante de "tags" e "bombing") nas paredes dos prédios de habitação, monumentos, etc.
Não tenho nada contra o graffiti em si, desde que o mesmo seja feito em locais apropriados para o efeito. Contudo, muitas dezenas de jovens não pensam da mesma maneira que eu e outros tantos habitantes de Lisboa, e é precisamente as acções de vandalismo praticados por tais que me movem a escrever-vos.
Como certamente deve ser do seu conhecimento, Lisboa vive hoje uma inundação de graffiti por praticamente tudo quanto é local, com especial incidência nas zonas da Baixa, Bairro Alto, Bica e outros bairros centrais e históricos. O estado de degradação patrimonial devido à contaminação pelo graffiti salta à vista de todos. É triste constatar o estado a que chegou sobretudo o Bairro Alto e zonas envolventes. Praticamente não há um prédio que não esteja coberto (e muitos estão pesadamente cobertos) de graffiti. É uma autêntica vergonha e um descrédito enorme para uma das zonas mais visitadas em Lisboa pelos turistas.
É confrangedor observar que uma zona tão emblemática da capital esteja neste estado lastimoso. Há ruas inteiras onde não se vê um único prédio em condições – dou como exemplos a Rua da Barroca, a Rua da Rosa, a Rua Diário de Notícias, a Rua da Atalaia, entre outras. Estão todas completamente 'graffitadas', de um extremo ao outro. Para quem, pelos mais diversos motivos, utiliza diariamente o Bairro Alto como meio de passagem, é com amargura que constata a constante destruição de um património que, devidamente limpo, teria todas as condições para acrescentar ainda mais beleza a Lisboa.
Mas não é apenas este bairro que é vandalizado. Senão repare:
Bica – Grande parte das ruas deste típico bairro lisboeta estão, igualmente, muito danificadas com graffiti, nomeadamente a Rua Bica de Duarte Belo (a do elevador) bem como algumas outras ruas transversais a esta.
Zona entre Conde Barão e Cais do Sodré – A esmagadora maioria das ruas que se encontram entre estas duas zonas estão muito danificadas com graffiti e pouco ou nada têm sido intervencionadas nos últimos anos.
Baixa/Chiado – Também aqui se nota uma aglomeração de graffiti fora do normal em certos locais. Nesta situação encontram-se, por exemplo, a Rua Garret, a Rua do Carmo (frequentadas diariamente por habitantes e milhares de turistas) e a zona do Largo do Carmo, que ultimamente tem vindo a ser atacada com cada vez mais frequência. Também na Baixa se notam alguma áreas com focos de muito graffiti, como a Rua da Madalena e as Escadinhas que ligam a Rua da Madalena à Rua dos Fanqueiros.
Igualmente, os elevadores da Carris (sobretudo o da Bica e o da Calçada da Glória) também tem sido alvos constantes de vandalismo, não admirando por isso que muito recentemente a Carris tenha vindo a público dizer que vai colocar câmaras de vigilância nestes espaços, a fim de tentar evitar estes constantes actos de sabotagem. Uma acção sensata mas que peca por tardia, tantas foram as vezes que estes meios de transporte já foram vandalizados!
Muitos exemplos de outros locais no centro de Lisboa poderiam ser aqui indicados. E por favor tome nota que estamos a falar de algumas das zonas mais visitadas pelos turistas na capital, que são precisamente aquelas que são mais atacadas e, paradoxalmente, as que menos recebem acções de limpeza no seu conjunto!
Com tudo o que já mencionei, não se compreende como é que esta situação não se inverte, mas antes, agrava-se de dia para dia. Locais que hoje são limpos voltam a ser graffitados passados 2 ou 3 dias. Para comprovar o que digo dou um exemplo recente.
Em Novembro de 2007 a Divisão de Limpeza Urbana da CML promoveu (e muito bem) uma limpeza de grafitis no troço Rato – Principe Real - Cais do Sodré. Foi feito um bom trabalho e a zona, na sua grande maioria, ainda se mantém limpa. Contudo, constatei pessoalmente que 2 dias depois dessa grande limpeza, uma parte da fachada do Convento na Rua de São Pedro de Alcântara que tinha sido limpa voltou a ser graffitada! Segundo soube, foi preciso pedir um reforço de policiamento à Polícia Municipal para evitar que vândalos estragassem mais do trabalho que tinha sido efectuado neste troço. Portanto, isto ilustra bem aquilo que se tem passado sistematicamente desde há alguns anos para cá.
A vigilância efectuada por parte da Polícia Municipal tem sido claramente insuficiente para lidar com estes casos e atenuar o aparecimento de novos graffitis. A ineficácia policial sobretudo no triângulo Bica – Bairro Alto - Chiado é por demais evidente. A divisão de Limpeza Urbana da CML tem feito algum trabalho nesta área mas, como já referido, qualquer limpeza em geral não dura mais do que alguns dias, pois o local volta a ser manchado e algumas vezes com pior incidência do que anteriormente.
Tendo em vista esta situação e visto que a mesma já se arrasta há vários anos, deixo aqui algumas perguntas para reflexão:
- Por que razão tem Lisboa o centro histórico mais graffitado das capitais europeias, quando em outros países ditos civilizados, pelo contrário, nota-se um cuidado extremo na limpeza e preservação das zonas históricas?
- Por que motivo se deixou o Bairro Alto chegar ao triste estado actual e não se agiu já de uma forma decisiva e visível, dando assim um péssimo cartão de visita às centenas de pessoas que por ali passam diariamente?
- Por que não cria a CML equipas de vigilância que patrulhem os bairros históricos de Lisboa com regularidade, se há muito tempo que se sabe que são precisamente estas as zonas preferidas dos graffiters para efectuar o seu 'trabalho'?
- Por que motivo a CML não cria piquetes de intervenção rápida, do género dos que existem em outros organismos (EPAL, por exemplo), para que, logo que haja uma denúncia, num prazo de 24h a 48h, procedam à remoção do graffiti existente nas zonas históricas e/ou mais frequentadas pelos habitantes/turistas, ao invés de apenas deixarem esse trabalho a cargo de firmas contratadas, que por vezes levam 2 a 3 meses para efectuar uma simples limpeza?
- Para quando a criação de leis que punam de forma eficaz os graffiters, à semelhança do que foi feito em Inglaterra e no estado de New York, se a PSP e a PM sabem, na sua grande maioria, quem são os graffiters que actuam nestas zonas e se os mesmos podem ser facilmente identificáveis pois usam certas assinaturas que os distinguem uns dos outros?
- Em matéria de direito penal, por que motivo os tribunais não aplicam mais vezes a pena de serviço comunitário no caso dos graffiters, sabendo de antemão que o pior castigo que se pode dar nestes casos é obrigar alguém a limpar aquilo que conscientemente danificou?
- Afinal de contas, com todo este desleixo e falta de limpeza, que tipo de impressão desejamos passar aos turistas e aos habitantes da nossa cidade?
Tenho a consciência de que é praticamente impossível remover todo o graffiti existente, mas poderia haver um controle muito maior do que aquele que vemos e caso houvesse o empenho e os meios necessários, Lisboa não teria nem metade do graffiti que tem.
Acredito que somente uma maior visibilidade noticiosa deste assunto poderá levar quem de direito a tomar acção decisiva contra este praga que não só destrói o património urbano de Lisboa, como também dá um ar de 3º mundo a quem cá vive e a quem nos visita.
Muito obrigado pela sua atenção a este e-mail.
Com os melhores cumprimentos,
Tomás Alves
lisboalimpa@gmail.com
terça-feira, janeiro 22, 2008
Quase uma crónica (1)
Urbanismo amigo do peão...
segunda-feira, janeiro 21, 2008
Na antiga residência do Governador do Forte do Bom Sucesso, o crime compensa?!
Há tempos foi neste post, hoje, porque o assunto vai ser debatido em sessão de CML, esta 4ª Feira, aqui fica o memento:
Depois de anos ao abandono, a CML tomou posse administrativa do edifício - histórico, em vias de classificação pelo IPPAR, inserido numa zona turística e alvo da maior das especulações imobiliárias, etc. - houve 3 incêndios «espontâneos» e a derrocada dos interiores, sem apelo nem agravo. Agora, a CML prepara-se para «recompensar» o «espírito empreendedor do promotor». Não pode ser! Há que começar por algum lado. Que se comece por este caso, POR FAVOR!
Desculpe lá, António Costa, mas só encontro uma palavra para isto: CHIÇA!!!!
Obras em casa
Apesar de ser a gestora do condomínio, armei-me em esperta, fingindo que nada se passava. Igualmente preguiçosos, os outros fizeramo mesmo. Estava eu a meditar no que conviria reparar – uma fachada de onde faltam bocados parece uma boca desdentada – quando uma vizinha da frente me bateu à porta, queixando-se de que um azulejo do 3º andar do meu prédio aterrara sobre a sua cabeça (por sorte horizontalmente). Chamei os bombeiros e a polícia, os quais selaram a rua. Em dois dias, uns alpinistas brasileiros detectaram os azulejos em vias de se descolarem e recolocaramos que estavamem falta.
Desconfiei logo que isto bastasse. Um mestre-de-obras confirmou as minhas piores suspeitas. Por muito que considerasse belas as casas decadentes, o meu prédio estava emvias de ruir. Eis o motivo por que estou a redigir esta crónica diante de uns matulões colocando andaimes em frente da minha secretária. O seu bom humor contrasta coma minha tristeza. Porque sei que por muito seguro que o meu prédio fique, adquirirá um arzinho novo-rico. Sem rachas, uma casa não tem personalidade.
Maria Filomena Mónica
In Meia-Hora
«Mudar Portugal»?
"O caos na Rua das Janelas Verdes "
«A Rua das Janelas Verdes, em Lisboa, estando inserida numa zona de grande qualidade urbana e paisagística, pelo seu rico património arquitectónico, o qual contempla, para além do Museu Nacional de Arte Antiga, algumas embaixadas e unidades hoteleiras de charme, constitui-se como uma artéria de prestígio, ainda mais com a reabilitação e construção de imóveis de grande qualidade arquitectónica, ocorrida nestes últimos anos.
No entanto nada disto impediu que, por aquelas bandas fossem proliferando e prosperando uma quantidade apreciável de bares e discotecas nos pisos térreos de edifícios de habitação, os quais atraem no início da noite centenas de adolescentes, mobilizados pela dinâmica gregária de shots, cervejas e afins a preços baixos, transformando aquela artéria, até altas horas, num espaço concentracionário, praticamente intransitável por veículos e peões, nomeadamente nas noites de quinta, sexta e sábado.
São incontáveis as vezes que os moradores têm chamado as autoridades para repor a normalidade da ordem pública, limitando-se os respectivos agentes a tomar conta das ocorrências, remetendo as responsabilidades para outras instâncias administrativas. Acresce o problema do ruído das aparelhagens sonoras e dos próprios utentes quer no interior quer no exterior daqueles espaços, impedindo o descanso dos moradores, que, perante a não actuação das autoridades, têm vindo a apresentar há seis anos a esta parte, sucessivas queixas e denúncias aos serviços competentes da câmara e ultimamente à ASAE.
Sabe-se que alguns daqueles estabelecimentos nem sequer estão licenciados para o exercício da actividade. Todos estes factos foram já transmitidos há vários anos às autoridades e nada foi feito, nem sequer qualquer resposta às petições apresentadas, como manda o código do procedimento administrativo.
Conclui-se, assim, que a inércia e inépcia dos serviços e das autoridades, o laisser faire laisser passer e a indiferença, para não dizer desrespeito pela legalidade, pelos direitos, deveres e práticas da cidadania, fazem com que, também pelos motivos aqui apresentados (à margem dos grandes escândalos políticos e financeiros do momento), Portugal cada vez pareça mais uma república de bananas do que um Estado de Direito.
João Saltão, Lisboa»
(Isabel G)
domingo, janeiro 20, 2008
Paradigmático...
sexta-feira, janeiro 18, 2008
Quanto não vale ter primos no Governo...
Em todo o caso, regozijo-me pela rapidez com que, no que toca a Lisboa, o Governo dá corda aos sapatinhos, correndo e saltando.
Que Terceira Travessia do Tejo?
Aquela que o Governo apresentou como sendo um facto consumado? Que implicará a invasão do centro de Lisboa com dezenas de milhar de automóveis ... e que dará carta branca ao esventramento da cidade com mega-túneis e viadutos?
Que implicará a impossibilidade de os barcos atracarem a montante de Santa Apolónia? o fundeamento de navios no Mar da Palha? Aumentará o assoreamento no estuário? Terá fraca resistência às intempéries? Terá elevadíssimos custos de manutenção?
Ou outra?
quinta-feira, janeiro 17, 2008
As três promessas - Ponto em 14 Jan 08
Filosofia de taxista (1)
(no trajecto entre a Avenida do Brasil e a Duque de Loulé)
E agora, Paris?
Afinal, este post sobre o antigo Cinema Paris deixou de fazer qualquer sentido, pois, mais uma vez, PSL andou a fazer-nos de parvos, uma vez que a CML não chegou a comprar o Paris, coisíssima nenhuma.
Mais, o pobre do antigo cinema da Estrela aparece, segundo me dizem, por portas travessas, no relatório da já famosa sindicância ao urbanismo da CML. Veremos no que a coisa dá, mas, como as trafulhices relativamente ao Paris vêm já do tempo do segundo mandato de João Soares, a coisa só pode dar em nova novela, de final previsível: a queda do Paris.
Quando é que se põe nos eixos o Bairro Alto?
Este é o muro de Mardel, ou o que resta dele. Faz parte do Convento dos Inglesinhos, no Bairro Alto. Segundo o projecto aprovado pela CML (já de si um projecto que nunca devia ter sido aprovado por nenhmua CML de nenhuma capital civilizada, com apego à sua história e à cultura de bairro), este muro seria "intocável". Junto ao hospital foi demolido e "reconstruído" e na Rua Nova do Loureiro é o que se vê. Como é posível este fechar de olhos por parte da CML?
Factos:
1. O Bairro Alto tem um Plano de Pormenor, de antanho, que, nunca foi aplicado.
2. O Bairro Alto está em vias de classificação no IGESPAR, mas é como se não estivesse tantas são as violações à mais elementar protecção do património do Bairro.
3. O Bairro Alto está desde há anos sujeito à mais pura especulação imobiliária, à construção desenfreada, etc., sendo o seu território objecto de um loteamento gigantesco, dividido em talhões pelos diversos promotores, que entre si convivem como se numa espécie de pacto de não agressão (tu atacas o quarteirão do Café Luso para construção de um condomínio; tu, mais ao lado, fazes o mesmo ao antigo Palácio dos Andrades; e tu, com a Rua do Século, a Rua Nova do Loureiro, etc.
HÁ QUE PÔR TRAVÃO AO QUE SE PASSA NO BAIRRO ALTO.
Há vida no B.A. para além do graffiti!
Ainda o gás
quarta-feira, janeiro 16, 2008
Esse perigo: gás canalizado
- DD
Metro encerra duas estações por «cheiro intenso a gás»
Mais um edifício evacuado devido a cheiro a gás
Ainda a Bragaparques
O antigo presidente da Câmara de Lisboa Carmona Rodrigues e os ex-vereadores Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão foram hoje acusados no processo Bragaparques, relacionado com uma permuta de terrenos, disse hoje à Lusa fonte ligada ao processo.
Segundo a mesma fonte, Carmona Rodrigues, Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão foram acusados pelo Ministério Público do crime de prevaricação de titular de cargo político.
Foram arquivados os processos relativamente a dois funcionários e à ex-vereadora do Urbanismo e antiga chefe de gabinete de Carmona Rodrigues, Gabriela Seara.
- Diário Digital / Lusa
MP acusou 6 arguidos, incluindo Carmona, Fontão e Napoleão
OUTROS TEMPOS COM OUTROS AEROPORTOS
Os aeroportos foram inaugurados no princípio dos anos 40, e para os ligar com rapidez construiu- -se a então baptizada Avenida Entre-Aeroportos, hoje Avenida de Berlim. Quem vinha do continente americano de hidroavião num voo transatlântico, amarava em Cabo Ruivo. Se seguisse para um destino na Europa, era levado de carro para a Portela pela Avenida Entre-Aeroportos, e lá apanhava o respectivo avião. As pessoas que rumassem à América, faziam o percurso contrário. Lisboa ainda recebeu várias estrelas de cinema e artistas vindas das américas naqueles hidroaviões que hoje só se vêem nos filmes e nas actualidades desse tempo. E tinham um glamour enorme.
Em 1945, caiu um nevão enorme em Lisboa e arredores, tão intenso que as fontes e bicas da cidade gelaram e houve quem conseguisse fazer ski em certas zonas. Os aeroportos de Cabo Ruivo e da Portela ficaram praticamente paralisados. Há fotos desse tempo que mostram os hidroaviões estacionados no Tejo, cobertos de branco, sob um céu de chumbo, e a pista da Portela completamente nevada, com muitos aviões parados e uma cortina de nevoeiro que não deixa ver nada a alguns metros de distância. (Se fosse hoje, de certeza que punham a culpa no aquecimento global.)
Quando eu nasci, estava o Aeroporto de Cabo Ruivo a ser fechado , e por isso nunca o cheguei a ver, com grande pena minha. Ah, aqueles hidroaviões que os aviões a jacto e as carreiras intercontinentais mandaram para o museu! Mas ainda sou do tempo em que não se ia ao Aeroporto da Portela só para viajar, mas também para passear.
Ir "até ao aeroporto" era, na minha infância do início dos anos 60, uma das alternativas ao chamado "passeio dos tristes" lisboeta. A Portela fazia as vezes de café, passeio público e observatório informal de aviões. Era "fino" vê-los partir e chegar de sítios que pouca gente podia visitar nessa altura.
Recordo-me de estar num carro com os meus avós e os meus pais, atravessar uma Lisboa ainda com pouco trânsito, estacionar na Portela, subir ao terraço onde havia uma esplanada e estar lá com a família, a beber Sumol e a olhar para os aviões que descolavam e aterravam. Havia gente que ficava tempos infinitos a conversar e beber bicas e águas, e a pasmar para o movimento aéreo. E como os preços da esplanada não eram brincadeira, as pessoas sentiam-se num lugar exclusivo.
Mais tarde, tive um colega de escola cujo pai desenhava muito bem, e era louco por aviões. Nos dias bonitos dos fins-de-semana, o senhor costumava apanhar um táxi, rumar à Portela e passar horas perdidas no terraço, a esboçar e desenhar aparelhos num grande bloco de folhas brancas. Um antecessor artístico dos planespotters.
Um aeroporto novo em folha e todo modernaço em Alcochete terá sem dúvida muitas vantagens, mas já não dá para ir para lá flanar, tomar café e águas, mirar os aviões e desenhá-los nas calmas
Eurico de Barros
(in DN)
Legisladores honestos
segunda-feira, janeiro 14, 2008
Nápoles? Não; Roma e Berna (avenidas de)
14 Jan08
Ao contrário do que possa pensar-se, estas fotos não têm em vista apontar qualquer eventual incúria dos serviços de limpeza da CML. Nada disso! Com grande profissionalismo, e por vezes mais do que uma vez por dia, o pessoal respectivo faz o que pode. O pior... Bem, o pior é a incivilidade militante e a absoluta ausência de amor pela cidade que caracteriza uma população para quem ela pouco ou nada diz.
*
Ainda hoje protagonizei uma cena desagradável:
Uma senhorita, com o carro estacionado numa finíssima zona das "avenidas novas", entretinha-se a atirar, pela janela, folhas de papel A4 para o passeio - depois de devidamente amarfanhadas.
Passei por ela e limitei-me a olhar para o que se estava a passar, deitando-lhe um olhar de censura. Fechou o vidro do carro e arrancou, olhando para mim, de sobrolho franzido e em ar de desafio, grunhindo qualquer coisa como «O que é que foi?!».
*
Eu, dantes, saía de Lisboa para "arejar". Hoje, quando o faço, o verbo associado é "fugir".
Na CML, abriu a caça aos «arquitectos pinguins»!
sábado, janeiro 12, 2008
«Pourquoi?»
2- Já depois de tomada a decisão de Alcochete, ouvimo-lo a explicar como é que se tinha processado a escolha (cito de memória, mas sem falhar muito):
- A nossa opinião era que fosse na Ota. Mas também sempre dissemos que quem tivesse outras sugestões, as apresentasse. Foi isso que sucedeu; considerou-se que essa era melhor, e pronto!
3- Segundo declarou ao «Expresso», não leu o estudo do LNEC:
Reunião extraordinária da Câmara para discutir sindicância
(...)As responsabilidades da administração central nas alegadas ilegalidades praticadas pela Câmara de Lisboa em matéria de urbanismo foram ontem postas em evidência por vereadores da autarquia, no dia em que a autarquia aprovou por unanimidade uma proposta do seu presidente, António Costa, que permite iniciar o processo para tornar nulas várias autorizações do município relacionadas com grandes empreendimentos imobiliários.
A câmara decidiu voltar atrás nestas aprovações depois de a magistrada do Ministério Público que conduziu uma sindicância aos serviços de urbanismo da autarquia ter posto em causa a sua legalidade, entre outras coisas por elas terem sido feitas ao abrigo de um regime, o das alterações simplificadas do Plano Director Municipal, que no seu entender não era aplicável às situações em causa."A câmara agiu com base num parecer da Direcção-Geral do Ordenamento do Território", apontou a vereadora social-democrata Margarida Saavedra. Para a autarca, "o Governo terá por isso de ser chamado à colação". Tese idêntica foi defendida pelo ex-presidente da câmara e actual vereador independente Carmona Rodrigues: "Houve um órgão da administração central que suportou a decisão da Câmara de Lisboa."
A proposta ontem aprovada prevê, de resto, que os serviços camarários solicitem à Direcção-Geral do Ordenamento do Território a reapreciação da questão, "tendo em conta as revisões propostas no relatório de sindicância quanto às alterações simplificadas". Deverá ainda ser feito um levantamento de todos os restantes processos aprovados pela autarquia ao abrigo deste regime, e que não foram alvo da atenção da magistrada.(...)
A reorganização dos serviços de urbanismo foi outra decisão tomada ontem, juntamente com a realização de uma auditoria ao departamento do património imobiliário. Os funcionários que quiserem acumular funções no sector privado serão alvo de maior vigilância. Decidida ficou ainda a criação de uma comissão na assembleia municipal para prevenir a corrupção.
JORNAL PÚBLICO "
quinta-feira, janeiro 10, 2008
Acabámos, hoje, de tomar conhecimento de uma das decisões mais importantes dos últimos anos relativamente a Lisboa. Ninguém, por aqui, quer abordar o assunto?
Act.: A página já foi actualizada, mas o erro de ortografia (o inconcebível Bem Vindo, logo a abrir) mantém-se. Estamos bem entregues...
O ponto 7 da cláusula 5 do Protocolo CML-Rock in Rio
Não sei se é para rir se é para chorar. De entre as várias curiosidades do protocolo, como seja, a porta deixada aberta a mais RinR no Pq. Bela Vista para além de 2010; a primeira tranche do total a pagar pelo organizador a ser paga em ... 31/12/2007 (!) - semelhanças com os contratos dos clubes com futebolistas, por ex. -; e a isenção de taxas mediante construção de pontes (pelo que se aconselha aos vendedores ambulantes a renunciarem ao pagamento de taxas à CML, desde que construam pontes para um outra margem...); é na cláusula 7 que reside o mistério. Porquê?
(obrigado, JPS)
Texto editado
E obrigado ao anónimo do SNI.
APL vai ser osso duro de roer...
'É fantástico como de um boneco se fez tanta manobra política'.
'O terminal em Alfama é para ir avante'.
'Tenho vergonha quando os passageiros de cruzeiros deluxo chegam a Lisboa e ficam horas no SEF dos terminais de Alcântara e Cde. Óbidos'.
'Os contentores são a nossa maior preocupação'.
'Faço mea culpa do estado calamitoso dos ancoradouros de barcos tradicionais, em Alcochete, etc.'.
'A APL gere uma ínfima parte da frente ribeirinha, descontado o território de pura actividade portuária'
e, na assistência, ainda houve tempo para ouvir um ex-funcionário da APL dizer que 'ninguém espera que nos locais de actividade portuária haja pessoas a passear o seu cãozinho'.
Muito mais interessante foi, isso sim, ouvir um senhor de idade avançada comentar que 'a hora era de low cost e que também o era para os navios de cruzeiro' pelo que não percebia como era possível que se quisesse inflaccionar em muitos milhares de contos a presença de navios de cruzeiro em Alfama, onde será gasta mais de 1h em manobras de atracagem; quando o que os turistas o que visitam em Lisboa é a zona a ocidente - Museu Arte Antiga-Coches-Belém-etc. e ... além do mais, havia o perigo iminente de acidentes entre cacilheiros e cruzeiros ... recordou, até, que o único acidente que ocorreu até hoje foi exactamente com um cacilheiro, por causa das constantes idas e vindas de cacilheiros.
Enfim... até ao fim do ano haverá mais batalhas, pois já se percebeu que não só vai haver mais episódios da novela 'terminal de cruzeiros', como se prepara já uma novela para o terminal fluvial Sul Sudeste.
Não cheguei a perceber foi porque tem direito a APL a arrendar terrenos para a construção dos edifícios da AESM ou o OET, no Cais do Sodré; ou porque patrocina a construção de hotéis e centros comerciais. A APL tem que se metida nos eixos, e isso vai custar MUITO, pois está mal habituada ... está habituada a legislação do séc.XIX.
Ainda a propósito de "zonas 30"
Do blog Menos 1 carro (a quem agradeço), alguns exemplos de medidas "físicas" de acalmia no trânsito
Andar a 30km/h? Quem me dera!!
quarta-feira, janeiro 09, 2008
"Estes holandeses devem estar loucos"
Zonas urbanas com limite de 30 quilómetros por hora
Está prevista a introdução de dois conceitos, um deles totalmente inovador "Zonas 30 km/h" e "Zona residencial multifuncional". A redução de velocidade será, promete o documento estratégico, acompanhado de medidas de acalmia de tráfego - ou seja, alterações físicas como a introdução de lombas ou semaforização.
Precisamente o que defendem parceiros da sociedade civil como a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) e o Observatório de Segurança de Estradas e Cidades, lembrando que limitações de velocidade, por si só, não asseguram a redução efectiva das velocidades praticadas.(...)
Entre os 28 objectivos (ver ficha), há mais dois que visam especificamente a segurança de peões. Promete-se a definição de um programa de requalificação de percursos pedonais e a fiscalização do estacionamento e do comportamento dos peões.
Já para este ano, é anunciada a criação do primeiro Plano Nacional de Fiscalização - algo que a Comissão Europeia recomendou em 2004, mas Portugal nunca cumpriu. Ou seja, um programa que defina estradas, horários e dias da semana em que deve ser intensificada a fiscalização de velocidades, consumo de álcool e uso de cinto.
Inventário de infracções
Sete acções dedicadas a educação e formação
Rede de radares instalada este ano
Programa para melhorar assistência às vítimas"
OPERAÇÃO LIMPEZA
Vandalismo
Todos os sonsos
Pois é. Acabei o ano de 2007 convencido de que eles sabiam do que estavam a falar. E depois chegou 2008.
Num site de literatura científica chamado Edge pergunta-se a umas dezenas de pensadores e autores sobre o que mudaram de ideias recentemente. Uns trocaram de teorias, outros abandonaram opiniões sobre a forma do universo, outros sobre as possibilidades de vida fora da Terra ou os limites da inteligência artificial.
Mais modestamente, eu acabei o ano de 2007 convencido de que dois historiadores portugueses com obra publicada sobre o século XX— José Pacheco Pereira e Vasco Pulido Valente — sabiam alguma coisa sobre o fascismo. No caso de Vasco Pulido Valente, essa certeza era reforçada pelo facto de o próprio ter reiteradamente polemizado daquela forma que só ele sabe polemizar — chamando ignorantes e analfabetos a todos os outros — sobre o que se pode ou não chamar de fascismo.
Mais precisamente, Vasco Pulido Valente ameaçava aniquilar com o verbo quem se permitisse chamar “fascismo” à ditadura de Salazar — uma ditadura que censurava, prendia e torturava os seus opositores. Pacheco Pereira indignou-se por ter havido quem chamasse “fascista” a George W. Bush, — isto por causa de Guantánamo, do Patriot Act e da Guerra do Iraque. E eu levei-os a sério.
E agora descubro que estes mesmos historiadores não tiveram dúvidas em classificar como “fascista” a nova lei do tabaco. Não lhe chamaram exagerada, mal concebida ou uma série de coisas que, concebivelmente, se poderiam dizer acerca de uma lei que transforma espaços que eram por regra de fumadores em espaços de não-fumadores. Não: fascista é que é. E podemos ir mais longe. Helena Matos ou António Ribeiro Ferreira acham que “fascista” não chega: a nova lei é “totalitária”. Totalitária! Como os regimes de Hitler, Staline e Pol Pot. Viva a exactidão.
Pois é. Acabei o ano de 2007 convencido de que eles sabiam do que estavam a falar. E depois chegou 2008.
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Mas não é só o fascismo. É também a perseguição aos católicos. Segundo Vasco Pulido Valente, a igreja é capaz de ter de viver novos tempos de clandestinidade, isto porque em Espanha o primeiro-ministro Zapatero acabou com a obrigatoriedade da disciplina de Religião e Moral (em Portugal já é opcional há décadas), permitiu o casamento homossexual ou facilitou o divórcio. Pelo escândalo, dá para perceber que Pulido Valente acha (justamente) legítimo que a igreja organize uma manifestação contra o governo. Mas se um porta-voz do governo lhe responder isso já prenuncia uma vontade de silenciar a igreja católica espanhola, no seu próprio país. Ora, toda a gente perdoa a Vasco Pulido Valente desconhecer o Portugal actual. Mas podia ao menos conhecer a Espanha.
Já agora: também por aqui, no nosso Portugal, a Igreja pode ter de se preparar para regressar às catacumbas. Segundo o Correio da Manhã, o governo até vai tirar os nomes dos santos às escolas. Verdade?! Não: Correio da Manhã. Para as escolas que ainda não têm nome, o governo propõe às suas assembleias que escolham nomes de “uma personalidade de reconhecido valor, que se tenha distinguido no âmbito da cultura, da ciência ou educação”. Não se percebe para que é preciso tanta sugestão. Mas faltava de facto uma linha dizendo que “nomes de santos católicos também valem!”, isto para toda a gente perceber que Santo António de Lisboa, São Tomás de Aquino ou São Bartolomé de las Casas cabem nas propostas. Bem como São Remígio e Santa Radegunda, que protegem contra as febres altas.
Valha-nos que para provar que vivemos numa era anti-cristã o governo aproveitou o Natal para anunciar a localização do novo hospital de Lisboa. Que se vai chamar: de Todos-os-Santos. Verdade? Verdade.
Rui Tavares
terça-feira, janeiro 08, 2008
O «1-2-3» da impunidade
Depois da sindicância ao Urbanismo ...
Para quando uma sindicância aos Espaços Verdes?
É que os cotos espalhados pela cidade, ano após ano; as caldeiras vazias, rua a seguir a rua; as «árvores-palito» que substituem de um dia para outro árvores de grande porte em bom estado fitossanitário (veja-se, por exemplo, o caso recente de magníficos pinheiros mansos, ao alto do Parque Eduardo VII - junto ao semáforo da Rua Castilho -, abatidos sem qualquer explicação!); o desleixo sistemático em jardins emblemáticos como o do Campo Grande; a remodelação pacóvia de jardins, com a desculpa da "modernização", etc., etc. tudo isso tem uma explicação clara, ou não tem?
segunda-feira, janeiro 07, 2008
LUSOMUNDO
O que aconteceu? Antigamente, os filmes aguentavam-se três semanas em cartaz, sem esforço. Hoje parece ser uma angústia a distribuidora mantê-los em exibição por mais três dias. Talvez hajam filmes a mais e cinema a menos no mundo, mas esse mundo não tem a ver com a situação portuguesa. A situação portuguesa é a Lusomundo. Não a Lusomundo como monopólio aglutinador de distribuição nacional (embora também), mas a Lusomundo como detentora da quase totalidade das salas de cinema em Portugal: os chamados multiplexes, cinemas de centros comerciais, representam provavelmente 95 por cento do mercado português de exibição e quase todos eles pertencem à Lusomundo. Excepções: as salas de Paulo Branco, da Castello Lopes, e alguns pequenos cineclubes ou cinemas de bairro. O Quarteto continua fechado? Alguém se interessa? É aqui que eu quero chegar.
Recapitulemos. Anos 70, cinema americano de autor atinge seu último esplendor. Anos 80, Spielberg descobre o target infantil e o cinema adulto morre. Como contrapartida, surge o videogravador, que permite aos pais ver, em família, os filmes com Tom Hanks e Sally Field. Em Lisboa, as grandes salas de cinema esvaziam-se, fecham as portas. Morre o grande espectáculo social que é a ida ao cinema. Quando, nos anos 90, os centros comerciais aparecem a vender o argumento de que “os grandes filmes devem ser vistos em grandes salas”, o público já é outro – e bem pequenino. Hoje, o comportamento do espectador na sala de cinema é a extensão do espectador na sala de estar – ruidoso, conversador, distante. Se a Lusomundo não tivesse instalado fabulosos sistemas de som nas salas, a única coisa que ouviríamos nas sessões seria o sensurround da pipoca, o dolby dos telemóveis e o THX da risota na fila da frente.
Devemos culpar a Lusomundo pela imbecilização da sociedade portuguesa? Não, mas podemos alertá-la (a Lusomundo, não os imbecis): “Meus caros: a excelência e diversidade do vosso catálogo não são compatíveis com a política de distribuição formatada, dependente da arbitrariedade e dormência do público de multiplex. Por isso, proponho que V.Exas criem um circuito de exibição alternativo que garanta longevidade aos vossos clássicos, como outrora aconteceu quando O Carteiro de Pablo Neruda esteve um ano em exibição no cinema Mundial”. Talvez assim possamos evitar textos como os da crítica de cinema do New York Times, Manohla Dargis, sobre um dos vinte filmes que a Lusomundo vai estrear em Janeiro – o romeno 4 Meses 3 Semanas e 2 Dias (vencedor de Cannes): “Este é um daqueles filmes difíceis que os produtores gostam de usar como prova do desfazamento entre a crítica e o público, quando afinal é o público que está desfazado do grande cinema. Os americanos consomem imenso lixo, mas a principal razão está no facto de não lhes serem oferecidas alternativas”.
Miguel Somsen
In Metro
domingo, janeiro 06, 2008
Mas as fotografias TOP + de 2006, 2007, 2008 são estas:
Jardim com vistas para pilaretes
O panorama dos pilaretes é uma tristeza, é verdade. Infelizmente foi a única solução para manter o jardim resguardado dos carros e a ciclovia protegida. Mas não foi fácil consegui-los, isso posso garantir. E só a persistência dos moradores tornou possível a instalação destas protecções, depois de várias plantas derrubadas.