sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Todos lhe batem mas ninguém avança. Quem se ri é Sócrates

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(Perguntar-me-ão: o que é que isto tem a ver com Lisboa? Têm razão em se interrogar. Mas eu respondo: a experiência diz-me que o que se passa no PSD nacional tem muito a ver com Lisboa: rapidamente se propaga. E Lisboa está mesmo aqui à porta da São Caetano... com uma nota de reforço: na Assembleia Municipal que, nos próximos tempos, vai desempenhar papel central - ao nível das finanças e do urbanismo com as propostas que estão em perspectiva -, o PSD é maioritário e Carlos Carreiras, ao que sei, menezista, é hoje o presidente da Distrital...)
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Coitado de Luís Filipe Menezes. Ninguém o apoia. Há aí um blog de malta do PSD que fa'xavor... Chama-se apropriadamente «Guerras...». Não meto link para não criar mais «guerras». Ou meto? Meto, não meto? (Vá lá, se lhe interessa: é aqui).
Mas nem era disso que ia falar.
É que fui agora ao Sol on line /Política e o que me deu logo nas vistas? Que o artigo mais lido, com mais de 4300 visitas é exactamente aquele de Menezes ter irritado Cavaco Silva e ter entrado em guerra com Santana Lopes. É este. Até Manuela Ferreira Leite há dias veio deixar no ar que em 2009 já haveria outra situação no PSD.
E há dias houve aí uma nota pequena que muito me chamou a atenção e para a qual chamei a sua atenção aqui. Tem a ver com um nome que cada vez mais se perfila: António Borges (não é a primeira vez e antes nunca avançou, mas nada me admirava que desta vez fosse mesmo avante - se houver condições para eleições directas antes de 2009).
Santana com as suas jornadas parlamentares itinerantes e Morais Sarmento por causa das taxas e da publicidade na RTP e a Ordem dos Médicos noutro plano mas não menos preocupante para Menezes serão as dores de barriga desta semana de Menezes. Ou seja: Não dão descanso ao homem. Estão a dar descanso ao Governo. Que, apesar das dores de tanta constestação na rua, tem a consolação de não haver aí uma alternativa à vista - e simula que tudo está no melhor dos mundos e até assobia para o ar. Isto é: quanto mais atacam Menezes sem encontrarem alternativa, mais descansado anda Sócrates, mesmo sem maioria absoluta nas sondagens de hoje (é esse o traço de união de todas).
Paralelamente e também noutro plano ou talvez não: soube-se esta tarde que cinco deputados municipais do PSD / Montijo renunciaram ao mandato - de uma vez. Intrigante...

Jornal de Lisboa

Trata-se um novo jornal gratuito, de periodicidade mensal - actualmente no 2º Nº, que trata de questões directamente relacionadas com Lisboa.

Ao seu Editor e proprietário Francisco Morais Barros, os meus parabéns por uma edição valiosa para esta cidade.

Já agora, seria de mais valia a colocação do mesmo online! (Posso meter uma cunha transparente? :))

O mérito: mercado vs. Estado

Se ao longo da adolescência eu soubesse o que sei hoje a minha vida teria sido diferente. Em vez de me ter inscrito num estúpido curso de Filosofia e, alguns anos mais tarde, num excêntrico doutoramento de Sociologia, teria ido para a Faculdade de Medicina. No final, afastaria a hipótese de uma especialidade menor, como oftalmologia, pediatria ou urologia, seleccionando a de cirurgia: não uma qualquer, mas a de transplantes, embora, mais uma vez, não a de um tipo qualquer, mas a de fígado, não me resignando a ser colocada num estabelecimento que não fosse o Curry Cabral, tratando de ser nomeada, em simultâneo, presidente da Autoridade para os Serviços de Sangue eTransplantação.
Há muito que me interesso pelo problema da doação de órgãos. Se bem se lembram, em Julho escrevi um artigo intitulado “O Meu Cadáver”, em que me insurgia contra a lei vigente, baseada no chamado consentimento presumido, e contra a incúria dos serviços encarregues da recolha. Eis que, nesta frente, surgem novidades. Segundo aVisão, o chefe da equipa de transplantes do Curry Cabral, além do respectivo salário-base, ganhou prémios, no ano passado, no valor de 277 mil euros. Apanhado, declarou não ser “um mercenário”para, em seguida, se demitir do cargo presidencial. Trabalhando num hospital do Estado, com as facilidades inerentes a quem tem vínculo, estes médicos olham a vida como se estivessem na privada, não lhes ocorrendo que aqui é o mercado quem determina o mérito e não os próprios. Além da promiscuidade evidente entre os postos, a brincadeira pode sair cara ao país. O Dr.Manuel Antunes, de Coimbra, o qual, desde há vários anos, faz transplantes do coração sem nunca ter recebido “incentivos”, declarou considerar a sua equipa credora de 2,6 milhões de euros do Estado pelas operações realizadas desde2003. Sabendo o que se passa, espero que doravante os pais ensinem os filhos a responder à pergunta “o que queres ser quando fores grande?” da seguinte forma: “Cirurgião de transplantes hepáticos no Curry Cabral.”

Maria Filomena Mónica

In Meia-Hora

redescobrir ou trilhar novos caminhos é que é a cena

Cool, cool é a deriva pela cidade. Diz quem sabe uma coisa ou duas do assunto...

"7 Colinas Zapping"
Público 28.02.2008, Kalaf Ângelo

Seis horas do meu sábado foram totalmente dedicadas às "compras do mês". O que me convence do facto provável de que faço as compras alimentares mais demoradas de Lisboa! Ao invés de me enfiar num super ou hipermercado, como a maioria faz, ou de me deixar convencer pelo click da mercearia on-line, percorro o eixo Cais do Sodré-Santa Apolónia-Xabregas, a pé e de transportes públicos, com o propósito de abastecer a despensa. Já cheguei a pensar que comprar os frescos num mercado popular como o da Ribeira e a seguir entrar numa loja gourmet em busca do melhor vinagre balsâmico era das coisas mais cool que podia orgulhar-me de fazer em Lisboa. Mas estava então longe de me aperceber que o acto de me movimentar pela cidade usando o cartão zapping é a próxima acção mais cool que um indivíduo pode praticar depois de deixar de fumar...
Os trendsetters - criaturas que não têm medo de ousar e tudo fazem para se distinguirem do grupo - consideram que ter "carta" de condução é cool, mas ser proprietário de um automóvel está completamente fora de moda. Claro que estes enunciados são expressões de um outro, o da Europa verdejante. Não nos podemos esquecer de que o Reino Unido instituiu leis duríssimas para os que trazem os carros mais poluentes para dentro da cidade e que há 20 anos que a Alemanha tem eficazes políticas ambientalistas em funcionamento. Mas o sujeito cool não se posiciona aí; gosta das coisas boas da vida e isso deixa pouco espaço para a exaltação. A indiferença faz parte deste estar; redescobrir ou trilhar novos caminhos é que é a cena. Portanto, adoptar um comportamento greenpeace está também fora de questão. Não combina nada com o cardigan Armani ou os Air Force customizados made in China.
Mas, afinal, perguntará o leitor, o que é ser cool? Eu arrisco-me a definir: ser cool é saber tirar o melhor de cada experiência, por mais banal que seja. É deixar que tudo à nossa volta pulse e vibre de acordo com a sua intensidade própria e, sem precisarmos de nos convertermos ao budismo, encontrarmo-nos algures dentro dessas intensidades. Para muitos, porém, o conceito cool está apenas associado a uma ideia de consumo. E talvez não estejam assim tão errados. Afinal, o comportamento cool introduziu-se num mundo obcecado com a juventude e a imagem. Um produto só vinga no mercado se for considerado cool. E quem torna esse produto cool é o consumidor, que, para ser cool, terá que consumir o produto em causa. Na tentativa de controlarem o próximo objecto ou acção cool, correm as instituições em busca dos melhores market researchers, cool hunters ou mercadores do cool. Todos em busca do consumidor do cool: os adolescentes. Jovens com menos de 18 anos, difíceis de agradar ou fidelizar, mas representativos de uma fatia de mercado que nenhuma marca pode deixar escapar, pois a seu reboque virá sempre, pelo menos, um adulto. E assim se factura. O único senão é que o que é cool hoje, amanhã poderá cair por terra. E essa é a melhor parte do movimento.

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Limpezas & Reparações

Apenas para informar, que vamos proceder a alterações

Quaisquer distúrbios que possam sentir ... apela-se à paciência.
A malta é serena, mas o cão morde!

'Espaços Verdes' (2)


Entre a Avenida da República e a Av. António Serpa jaz este terreno, este 'espaço verde', que decorre da demolição consentida, inexplicavelmente, pela CML há mais de 10 anos para o prédio em causa (magnífico e que alojava um café esplêndido, aliás) e pela 'queda acidental' da bela fachada que se manteve escorada até ao 'acidente' fatal. Está assim há anos, à espera de ver nascer, quiçá, mais um mono a juntar aos outros monos da avenida.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

UM BLOGUE

Via Combustões, descobri o Nocturno. Uma aguarela real de Lisboa. Meto uma cunha ao Paulo para o inscrever na coluna dos links. As cunhas assim transparentes são permitidas não são?

'Cunha' vira disciplina do Básico?


«cunha | s. f.,
3ª pess. sing. pres. ind. de cunhar, 2ª pess. sing. imp. de cunhar
cunha do Lat. *cunea por cuneu
s. f., instrumento de ferro ou madeira, para fender pedras, madeira, etc. ; fig., empenho, pessoa que serve de empenho. fig., à -: muito cheio de gente.»


Agora já não estamos ao nível do Sr. Presidente S que mete o Sr. Prof. A da Universidade I para tratar da zona degradada de Lisboa I, ou do aluno J que recruta colegas na Universidade A para o partido S e chega a adjunto do Sec. Estado A, sem tirar sequer curso, e que quando o mesmo deixa o governo passa para o escritório de advogados de L, e quando aquele outro volta ao poder, chega a administrador da empresa D.

Não, agora a 'cunha' mete-se entre amigos filhos de pais influentes. Tratar-se-á, porventura, da mais recente das disciplinas curriculares, talvez mesmo digna de uma 'reforma' do ensino, a qual, a par do inglês, deverá ser leccionada, febrilmente, ao jeito do 'Método Ludovico', d' A Laranja Mecânica, a todos os meninos e meninas deste nosso país: cunhe-se!


foto

Herança Gabriela Seara (6)


Na Travessa da Pena, onde antes existia a fábrica da Ramiro Leão, em edifício de tijolo, com gárgulas na fachada, cuja demolição foi aprovada em 20-3-2007 (Proc. 440/EDI/2006), está agora a ser construído um edifício novo (alvará já desta Vereação), com estacionamento subterrâneo. Como curiosidades a registar, registe-se as seguintes:

* Em tempos, para o topo daquela mesma travessa foi recusado um projecto de reabilitação do palacete da extremidade da mesma, que passava pela venda do palacete a um estrangeiro que ali queria abrir uma mini-unidade hoteleira de qualidade com 11 quartos, razão: excessivo impacte de automóveis - hoje, o mesmo palacete foi reconvertido em habitação para 21 moradores (!);

* A demolição (antecipada ... a CML alegou que o prédio estava em riscos de ruir) do prédio da Ramiro Leão foi autorizada desde que a fachada fosse mantida. Mas a mesma caiu de um dia para o outro. Ooops (!);



* Agora, a situação é grave pois começaram a escavar junto à Igreja da Pena, não se sabendo o que vai aparecer, se vestígios arqueológicos, se a garagem do prédio do canto superior direito (foto acima);



* Estranha, foi a demolição do prédio contíguo ao da Ramiro Leão (onde está agora a escavadora). Ao que dizem os homens das obras, o prédio ruiu. O que parece é que foi porque caso contrário não haveria espaço para as máquinas trabalharem;

* As rachas, os abatimentos de chão e de tecto, etc., esses são o dia-a-dia dos prédios à volta da obra, inclusive em prédios pombalinos que deviam ser salvaguardados no que resta da sua dignidade;


* Acresce que nos edifícios por detrás do buraco há uma creche e um lar, e que a travessa é tão estreita que os camiões da obra entram de marcha-atrás, como na foto. Como pode a CML dar licenças destas?

terça-feira, fevereiro 26, 2008

A soprar por Lisboa


Entre os locais onde o Vereador Sá Fernandes pretende instalar turbinas eólicas - projecto «Win Parade», a ser discutido na sessão de CML de amanhã - contam-se, entre vales e declives, o vale de Olivais (supostamente sem vento), a 2ª Circular (!) e o Jardim Amália Rodrigues - será para fornecer energia ao «Eleven», ou será para substituir a imensa bandeira nacional, orgulho de Scolari?


Foto

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Rábulas da Av. de Roma (cont.)

Sequência fotografada esta tarde. De cima para baixo:
1.º- Chega uma carrinha da EMEL e bloqueia o carro que se vê por detrás da mota.
2.º- Mesmo à frente da carrinha, uma senhora, num carro branco, parece não dar por nada e deixa-se ficar. Ao fundo, o condutor que estacionou em cima do passeio, idem.
3.º- (Vista do outro lado da rua). Chega um reboque. A senhora e o senhor atrás referidos retiram-se...
4.º- Um outro condutor chega numa carrinha preta e, completamente alheio ao que se passa à sua volta, estaciona mesmo em frente do reboque e vai à vida dele.
5.º- O reboque e a carrinha da EMEL, que, pelos vistos, já haviam dado a missão por terminada, não incomodam mais ninguém e vão-se embora. De imediato, chega um carro cinzento, estaciona atrás do preto, e todo o ciclo (ou circo?) recomeça...

Reunião Pública Descentralizada no dia 5 de Março:

Reunião pública descentralizada de dia 5 de Março, pelas 18h

Local: Voz do Operário

Inscrições para intervenções: na 2ª F, dia 3, entre as 9h-12h, presencialmente, nos Paços do Concelho, ou utilizando o email dacm@cm-lisboa.pt
Nº máximo de intervenções: 20, depois de pré-seleccionadas por ordem de chegada e por hierarquização por grau de interesse.

As freguesias a abranger: Castelo, Graça, Sé, Penha de França, São Cristóvão e S.Lourenço.
ISabel G

Multas ao abandono

"Milhares de autos arriscam-se a não ser cobrados
Governo cria equipa para analisar multas em risco de prescrição(25.02.2008-PÚBLICO)
O Ministério da Administração Interna está a criar uma equipa que ficará responsável pela análise e tratamento das multas em risco de prescrever, nomeadamente as que se referem a 2005 e ao primeiro trimestre de 2006.
O PÚBLICO avança na edição de hoje que cerca de 20 mil multas de trânsito estão acumuladas e arriscam-se a prescrever, sem que os respectivos infractores sejam punidos. Há nove meses que a reorganização da ex-Direcção-Geral de Viação (DGV) deixou ao abandono milhares de multas de trânsito nas antigas instalações regionais daquele organismo, agravando-se o risco de prescrição das contra-ordenações rodoviárias.
Hoje, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, anunciou, citado pela TSF, que está a ser criada “uma equipa de missão” para que os processos em risco de prescrição “sejam rapidamente tratados”, principalmente os que “estão a decorrer há dois anos”.
O presidente da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (ANSR), Paulo Marques, admitiu, em declarações à TSF, que milhares de multas foram deixados ao abandono durante as mudanças de instalações da DGV, e que existe o risco de “os processos que datam de 2005 e do primeiro trimestre de 2006 possam vir a prescrever”.
Paulo Marques garantiu ainda à rádio que está a ser feito “um esforço suplementar” para resolver a situação"
Isabel G.

Então e os "tetrapés"?!

Fez ontem dois meses que esta foto foi tirada; mas se o fosse ontem ou hoje, não faria muita diferença, como muito bem sabe quem passa todos os dias ao pé do Frutalmeidas da Av. de Roma.
Mas o que me leva a afixar aqui novamente a foto tem a ver com a - tão famosa quanto ridícula - licença de tripé, pois suscita o seguinte comentário:
Será que a zelosa autoridade (que, sem medo do ridículo, mais rapidamente multa tripés do que carros) vai desatar a fazer regras-de-três-simples para os tetrapés como o que aqui se vê?

É FAVOR TEREM MUITO CUIDADO COM OS TRIPÉS

Os absurdos do poder - governamental, camarário, policial, etc. - são um verdadeiro maná para o cronista com falta de inspiração ou em crise de tema. Claro que não é o caso, mas é difícil resistir a um suculento ridículo que nos cai aos pés como uma manga madura e espalha polpa por todos os lados.

A notícia mais estapafúrdia da semana passou na televisão, ouvi-a na SIC Notícias. Parece que segundo uma disposição municipal, quem quiser filmar ou fotografar em Lisboa utilizando um tripé terá de tirar uma licença, dita "de ocupação da via pública". Quem não a tiver e for apanhado, paga uma coima equivalente a entre um e 4,5 salários mínimos nacionais.

Segundo o jornal online PortugalDiário (www.portugaldiario.iol.pt), uma das primeiras pessoas a ser autuadas na capital, um formador numa escola de audiovisuais, foi interpelado por um funcionário à civil, que lhe tirou - presumo que sem usar tripé - uma fotografia do equipamento prevaricador (o dito tripé), para instrução do processo, ao mesmo tempo que um agente da Polícia Municipal, chamado por este, passava a devida multa.

Eu não sabia que o pavimento lisboeta - paralelepípedos, alcatrão, calçada à portuguesa, relva dos jardins, terra batida, etc. - era propriedade camarária, para ser abundantemente rentabilizado sob a forma de legislação de inspiração pythoniana, e aspirar um pouco mais os bolsos ao cidadão pouco inclinado ao irracional ou ao turista desprevenido.

Já agora, qual é a diferença entre fotografar ou filmar com um tripé ou sem? Não se está sempre a "ocupar a via pública"? E se for uma questão de apoio em solo municipal e não dos acessórios utilizados, então tanto se deve taxar o tripé como os pés do fotógrafo ou do operador de câmara. E não vale armarem-se em espertalhões e fotografarem ou filmarem aos saltinhos.

Resta saber ainda se há isenção de licença para os paraplégicos, usem tripé ou não. É que se uma cadeira de rodas ocupa a via pública, uma cadeira de rodas de um tipo a fotografar ou filmar com tripé ocupa ainda mais. Ou comem todos, ou há moralidade.

E se o tripé for instalado em cima de um banco, de um muro, numa árvore de jardim, na soleira de uma porta ou no parapeito de uma janela, também se paga coima? Ou as elevações extra-solo e fora da via pública já não contam? E se o fotógrafo ou o operador de câmara trouxerem de casa ou do emprego um caixote ou um escadote para se sentarem ou se empoleirarem, que critério será utilizado?

Põe-se ainda o caso de o fotógrafo e o operador de câmara, ou os seus empregadores, serem pobrezinhos e não terem dinheiro para o material, e andarem a trabalhar com um tripé coxo de uma das pernas. Pagam só metade da coima? Um terço? O fiscal da câmara à paisana e o guita condoem-se deles e dão-lhes uns trocos para irem comprar material decente, e depois os poderem autuar como deve ser?

É por estas e por outras que me farto de rir quando ouço dizer que na "ditadura" havia absurdos como a licença de isqueiro.


Eurico de Barros

In DN

domingo, fevereiro 24, 2008

Rock in Rio: quem ganha sempre é a Better World. Essa é que é essa. O resto… são conversas


A miragem miraculosa de «uma pontezinha»

Há dias, na Assembleia Municipal de Lisboa, o meu amigo Modesto Navarro, escritor de muitos talentos, saiu-se com esta verdade indesmentida e talvez até indesmentível: «Não sabemos qual será o total da isenção de taxas e quanto vamos gastar este ano, se um milhão e meio, se meio milhão, se trezentos ou quatrocentos mil euros. O que sabemos é que a empresa promotora ganha sempre. Será uma certeza no nevoeiro do Rock in Rio e da pontezinha, que nós, como portugueses e sebastianistas, muito admiraremos do lado da ignorância e da admiração bacoca».
Há quem tenha andado sempre a gritar contra o RiR e contra os malefícios do festival sobre o Parque da Bela Vista e que de repente descobriu as virtualidades da Better World. Como votaram as forças políticas? Saiba aqui. O PCP sempre votou contra e assim continua. Toda a gente já assinalou que o PS, que costumava pelo menos abster-se, agora propôs e votou a favor; que o BE, que costumava não só votar contra mas ainda barafustar imenso, agora baixou a bola e votou a favor. Tudo porque, diz-se, a Better World é «castigada» e tem de fazer uma pontezinha.
Assim vai Lisboa: de pontezinhas.

Não se sabe a quanto ascende a isenção. Mas garantem-me que devem ser várias centenas de milhares de euros e que a CML vai ainda gastar mais umas centenas de milhares para serviços e reposições. Se assim é, meus amigos, a coisa está pior do que se pensa. Então no meio desta crise financeira acontece uma coisa destas?
Quisera mas é que ou proibissem o RiR naquele local ou pelo menos que a BW tivesse de pagar a reposição verdadeira e acompanhada do Parque e que tivesse normalissimamente de pagar as taxas todas, todinhas, até ao último cêntimo. Evidentemente. O que é que a coloca noutro patamar, diferente dos operadores de câmara da RTP a quem os fiscais da CML querem multar por não terem licença para o tripé?
É a mesma Câmara, não é? Com dois pesos e duas medidas?
Lamento imenso.

Desastres alfacinhas

Foto AB
ACERCA das duas desgraças mais recentes que se abateram sobre Lisboa (as cheias e a crise financeira da CML), sugere-se a leitura da crónica "Desastres" que António Barreto publicou no «Público» de hoje e que está disponível no blogue onde as afixa - [aqui].

sábado, fevereiro 23, 2008

Obra do Ardina

A Fund. Obra do Ardina, está em dificuldades financeiras para levar a cabo a sua missão de cuidar e proteger crianças necessitadas

Morada: Rua Dr. Oliveira Ramos
n.º 7, R/C
1900-210 Lisboa
Freguesia: Graça

Tel: 218165150 / 218154046
E-mail: ardina@net.sapo.pt

Se poder, ajude
(Publicado no Eclético)

As lutas internas do PSD, o PS que temos e as razões do centrão. A provável nova lei eleitoral das autarquias e a democracia

Julgo que uma das mais sérias pechas do PSD é, de um ponto de vista meramente formalista, o seu actual funcionamento interno. Infelizmente para o País, felizmente para Sócrates. Uma das matérias em que a implosiva rivalidade Santana Menezes se tornou decisiva e quase fatal é o célebre «pacto» sobre a lei eleitoral autárquica. Infelizmente para a democracia, felizmente para o centrão. Trata-se de uma proposta de lei assassina do pluralismo. Seria útil que o pacto fosse rompido. Mas tal não deverá acontecer. E apenas por razões de luta interna pelo poder no PSD. É que o PSD profundo quer aquela lei. E Santana não quer ceder ao desejo momentâneo de Menezes de romper o «pacto» por mera «révanche» relativa ao que se passou com o «mapa judiciário». Ou seja: a nada disto corresponde nada de útil para o País e se o «pacto» for rasgado será por mera razão de mesquinhez e de guerra intestina pelo poder real. Uma tristeza invade quem quereria que as razões fossem bem mais sérias. Mas isso é puro idealismo de pés no ar: este é o PSD que temos e sempre teremos (felizmente para Sócrates, infelizmente para o País); este é o PS que sempre teremos (felizmente para o centrão, infelismente para o País).
Lamentemos mas que ninguém desista de pôr o dedo na ferida.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Olivais: labirinto sem GPS

Depois de uma deslocação aos Olivais, reafirmo tudo o que escrevi no post de Março de 2007:
Tremo sempre perante a ideia de ter que me deslocar ao simpático bairro dos Olivais. Uma pequena distração nos trajectos habituais e é clarinho como água que hei-de ser uma mulher perdida, sem encontrar qualquer orientação ou sinalética informativa. E se de dia ainda posso encontrar alguma alma caridosa que me ponha no bom caminho, à noite é o descalabro. Sem sistema de GPS ali à mão, recorre-se ao telemóvel e às abençoadas instruções esquerda, direita, viras ali, cortas acolá. Uma cegada.
Sempre me lembro de ter sido assim. E continua a ser. Sem norte, nem sul, sem placas que permitam a quem vem de fora de chegar ao ponto x sem passar desorientadamente pelos pontos y, a, b, c, w, z.
Tenho a certeza de que os habitantes se deslocam sem dificuldades (nem todos, porque conheço algumas almas que ainda vagueiam meio perdidas por ruas que desconhecem).
Mas quem vem de fora? Isto sem falar nas velocidades que se praticam em algumas avenidas e que me fazem encolher de susto. Ainda tenho na memória a tragédia vivida em Novembro em que um casal, vítima de atropelamento, morreu esmagado à frente das filhas.
Voltando à ausência de sinalética informativa, provavelmente eu sou dos que, vindos de fora, ainda se safam menos mal, pois reconheço no trajecto um ou dois pontos do bairro. Mas um incauto que resolva destemidamente procurar, naquele grande bairro, a rua a ou a avenida b com um mínimo de indicações? Exaspera de tanto procurar. E gasolina? Bom. É fazer as conta.
Já tenho tentado encontrar qualquer tipo de equipamento urbano com um mapa do bairro, mas até agora, nada. Lembro-me sempre de procurar uma rua em Lisboa e só encontrar placas com os dizeres Palácio dos Coruchéus. Nada de nomes de ruas ou outro tipo de orientação. Só Palácio dos Coruchéus.
Voltando aos Olivais, ou melhor, às voltas nos Olivais, se virem alguém perdido por lá, posso ser (também) eu.
Quando regressar (depende da hora), volto a este tema e a este lugar. E digo isto sem me rir."
ISABEL G

Gargalhada ou enjoo?


Dá vontade de rir, a nova composição do Conselho de Administração da EMEL. Além de se estranhar a permanência da 'permanente' Srª Presidente, Drª Marina Ferreira, é de estranhar que os c.v. não sejam objecto de estrita análise, já que o Sr. Pedro Policarpo não faz parte do Movimento Fórum Cidadania Lx desde Janeiro de 2007, já que foi por mim expulso nessa altura.

O Largo de São Domingos





Faz 10 anos que as obras do Rossio terminaram ... incompletas. Faltaram os quiosques para os engraxadores, faltou recuperar a Rua Barros Queirós, disciplinar o estacionamento dos táxis, nivelar o poço de ventilação do Metro, plantar laranjeiras no Largo do Regedor, etc.. enfim, faltou finalizar o excelente trabalho do então 'Gabinete do Rossio'.

O Largo de São Domingos irá ser alvo, brevemente, de uma intervenção pontual em memória das vítimas da intolerância religiosa: duas esculturas, defronte à Igreja de São Domingos e um mural no muro defronte à Ordem dos Advogados. Veremos o que sai dali.

Medidas de Autoprotecção contra Cheias



Tendo em conta que o Instituto de Meteorologia e Geofísica prevê para este fim-de-semana, novamente, fortes chuvas, deixa-se aqui as medidas sugeridas pela Protecção Civil


Habitualmente é possível prever uma cheia através dos níveis de água, das descargas das barragens e das observações meteorológicas.

No entanto, uma cheia provocada por chuvas intensas e repentinas, dificilmente permitirá que as populações sejam avisadas.

Para diminuir sofrimentos e prejuízos, cada cidadão em zona de risco de cheia deve ter conhecimento das seguintes medidas de autoprotecção e procedimentos de segurança.

SE VIVE NUMA ZONA DE CHEIA:
- Adquira o bom hábito de escutar os noticiários da Meteorologia do Outono à Primavera.
- Procure informar-se sobre o historial de cheias passadas.
- Identifique pontos altos onde se possa refugiar e que estejam o mais perto possível de casa ou do emprego.
- Elabore uma pequena lista dos objectos importantes que deve levar consigo numa possível evacuação.
- Pondere a hipótese de fazer um seguro da sua casa e do recheio.
- Arranje um anteparo de madeira ou metal para a porta da rua.
- Tenha sempre em casa uma reserva para dois ou três dias de água potável e alimentos que não se estraguem.
- Mantenha a limpeza do seu quintal, principalmente no Outono devido à queda das folhas.

JUNTE NUM ESTOJO DE EMERGÊNCIA O SEGUINTE MATERIAL:
- 1 Rádio transístor e pilhas de reserva;
- 1 Lanterna e pilhas de reserva;
- Velas e fósforos ou isqueiro;
- Medicamentos essenciais para toda a família;
- Agasalhos, reserva de roupa e objectos;
- Artigos especiais e alimentos para bebés;
- Fotocópias de um documento de identificação para cada membro da família;
- Fotocópias de outros documentos importantes.

QUANDO HOUVER UMA CHEIA
- Mantenha-se atento aos noticiários da Meteorologia e às indicações da Protecção Civil transmitidas pela rádio e televisão.
- Conserve o sangue frio. Transmita calma à sua volta.
- Acondicione num saco de plástico os objectos pessoais mais importantes e os seus documentos.
- Coloque à mão o seu estojo de emergência.
- Transfira os alimentos e os objectos de valor para pontos mais altos da casa.
- Liberte os animais domésticos e proceda à evacuação do gado para locais seguros.
- Coloque um anteparo à entrada da casa. Retire do seu quintal objectos que possam ser arrastados pelas cheias.
- Prepare-se para desligar a água, o gás e a electricidade, se for caso disso.

DURANTE UMA CHEIA
- MANTENHA A SERENIDADE.
Procure dar apoio às crianças, aos idosos e aos deficientes.
- Continue atento aos conselhos da Protecção Civil.
- Prepare-se para a necessidade de ter de abandonar a casa.
- Desligue a água, o gás e a electricidade.
- Não ocupe as linhas telefónicas. Use o telefone só em caso de emergência.
- Não caminhe descalço nem saia de casa para visitar os locais mais atingidos.
- Não utilize o carro. Pode ser arrastado para buracos no pavimento, para caixas de esgoto abertas, ou até para fora da estrada.
- Não entre em zonas caudalosas. Há o risco de não conseguir suportar a força da corrente, além de que pode ocorrer uma subida inesperada do nível da água.
- A água da cheia pode estar contaminada com substâncias indesejáveis. Não a beba.
- Procure ter sempre uma atitude prática perante os acontecimentos.

SE FOR EVACUADO
- Mantenha a calma e respeite as orientações que lhe forem transmitidas pela Protecção Civil.
- Não seja alarmista.
- Não perca tempo.
- Leve consigo uma mochila com os seus pertences indispensáveis, o estojo de emergência e uma garrafa de água e bolachas.
- Esteja atento a quem o rodeia. Podem precisar da sua ajuda.

DEPOIS DA CHEIA
- Siga os conselhos da Protecção Civil. Regresse a casa só depois de lhe ser dada essa indicação.
- Preste atenção às indicações difundidas pela comunicação social.
- Facilite o trabalho das equipas de remoção e limpeza da via pública.
- Ao entrar em casa, faça uma inspecção que lhe permita verificar se a casa ameaça ruir. Se tal for provável, NÃO ENTRE.
- Não pise nem mexa em cabos eléctricos caídos. Não se esqueça de que a água é condutora de electricidade.
- Mantenha-se sempre calçado e, se possível, use luvas de protecção.
- Opte pelo seguro. Deite fora a comida (mesmo embalada) e os medicamentos que estiveram em contacto com a água da cheia, pois podem estar contaminados.
- Verifique o estado das substâncias inflamáveis ou tóxicas que possa ter em casa.
- Comece a limpeza da casa pela dispensa e zonas mais altas.
- Beba sempre água fervida ou engarrafada.
(Publicado no Santa Isabel)

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Livros a cair?




Por favor, façam qualquer coisa. Já não peço que construam uma biblioteca central de raíz e ponham as Galveias com outra ocupação, que não a que tem, ou que abram o jardim às pessoas que lá vão ler os livros ou aceder à Net, de borla; mas que, céus, arranjem uns tostões para reparar o muro. Aquilo é uma vergonha. Não é de agora, sei, mas se essa é a desculpa, então nunca teremos nada reparado. Nem o país.

Acordo autárquico PS/PSD por um fio

O acordo entre o PS e o PSD para uma nova lei eleitoral autárquica foi ontem discutido ao fim da tarde entre as direcções dos dois grupos parlamentares, com as posições a extremarem-se.

A reunião, convocada a pedido do PSD, versou sobre as alterações que Luís Filipe Menezes agora exige e que passa pela possibilidade de os presidentes de junta de freguesia manterem o direito de voto nas Assembleias Municipais em matérias como o orçamento e o plano. Alberto Martins, sabe o DN, fez saber a Pedro Santana Lopes que "o PS honra os seus compromissos" e lembrou que o acordo foi levado à comissão nacional dos socialistas e aprovado praticamente por unanimidade (só com o voto contra do deputado Ricardo Gonçalves).

Santana Lopes levava instruções claras de Menezes para tentar renegociar o acordo naquele ponto preciso, indo ao encontro das pretensões da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) e dos pequenos partidos com representação parlamentar. Mas o líder parlamentar socialista mostrou-se pouco receptivo às mudanças, sublinhando o facto de a lei já ter sido aprovada na generalidade na Assembleia da República e de se tratar de uma matéria sufragada nos órgãos internos do PS.

O líder parlamentar do PSD foi surpreendido nos últimos dias com uma inflexão da posição de Luís Filipe Menezes, depois de um almoço com autarcas, em Leiria, no passado sábado. Na terça-feira, Luís Filipe Menezes confirmou que queria um "consenso" entre todas as partes, tentando seduzir o PS com propostas que "não foi possível contemplar de início".

Na reunião, que decorreu no grupo parlamentar do PS, Santana Lopes propôs a inclusão dos presidentes de junta com direito de voto, o que deixou a delegação socialista - composta por Alberto Martins, Ricardo Rodrigues e Mota Andrade - de pé atrás.

Apesar disto, e como também salientou Luís Filipe Menezes na terça-feira, o PSD vai insistir com a mudança em sede de especialidade, na tentativa de ainda chegar a um acordo, o que já não se afigura nada fácil. Mas no PS a lei também está a encontrar agora novas resistências.

Para além dos presidentes de junta de freguesia socialistas (que são largas centenas), António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, é contra a redução do número de vereadores nos executivos e apoiou, até, uma moção do Bloco de Esquerda repudiando a proposta de alteração à lei eleitoral autárquica, no fim de Janeiro.

António Costa, ex-número dois do Governo, disse, já este mês, que a nova lei pode produzir "uma maioria artificial na câmara e não a reproduz na Assembleia Municipal".

É com este tipo de obstáculos que a lei que vinha sendo negociada entre o PS e o PSD (já desde a liderança de Marques Mendes) se debate agora, numa altura em que entra na discussão mais apurada e de pormenor na especialidade.

Roseta recorreu a Cavaco

A vereadora da Câmara de Lisboa Helena Roseta entregou ontem na Presidência da República um documento em que suscita cinco questões sobre a "constitucionalidade duvidosa" da nova lei eleitoral autárquica. Segundo a vereadora independente, eleita pelo movimento Cidadãos por Lisboa, o documento resulta de um debate realizado na Fábrica de Braço de Prata sobre a nova lei. Entre as dúvidas apontadas, a arquitecta refere "um problema de distorção da proporcionalidade", uma vez que em autarquias mais pequenas (cinco vereadores) a oposição fica reduzida ao mínimo de um vereador - o que "não existe em nenhum país do mundo."

Outra das questões apontadas pela vereadora independente prende-se com as moções de rejeição ao executivo (que exigem três quintos dos votos), o que não se baseia em nenhum preceito legal da Constituição, argumenta Helena Roseta. A vereadora aponta ainda o paradoxo que é um presidente de junta de freguesia poder votar as contas da câmara e não poder votar o orçamento e plano dessa mesma autarquia.

- DN

Falta de...


(...)
Ora, analisado o Plano de Saneamento Financeiro remetido pelo Município de Lisboa, e, pese embora a prudência que, no caso em apreço, em algumas previsões, evidencia, o certo é que, para além de uma certa vacuidade de algumas das medidas que se propõem, a estatuição do factor risco, está desconsiderado em muitas das previsões que são efectuadas.

Nesta conformidade, é possível, desde logo, afirmar que a “substância” do mesmo levanta muitas dúvidas em matéria de concretização, caracterização e quantificação das medidas a tomar.

Nesta linha de pensamento, poderá dizer-se que, entre outras, se evidenciam, no Plano de Saneamento Financeiro, as seguintes “debilidades” :
(...)

(seguem-se várias páginas com a descrição de uma dezena das ditas “debilidades”)

Retirado do Acórdão nº 26/08 de 19 de Fevereiro de 2008 do Tribunal de Contas


É importante referir que esta solução que foi chumbada pelo Tribunal de Contas foi a que o PS e o Bloco de Esquerda quiseram. Para tal até beneficiaram da viabilização de outras forças partidárias.

A responsabilidade pelo impasse a que agora se chegou é da inteira responsabilidade do Dr. António Costa. A responsabilidade é particularmente grave pois foi o Dr. António Costa, enquanto ministro do actual governo, o responsável pela lei que, de acordo com o Tribunal de Contas, não foi respeitada neste processo.

Ainda assim, em tempo, foram apontadas alternativas bem sustentadas a este caminho e que, teimosamente, não foram acolhidas pela maioria que governa a câmara.

É importante sublinhar que o argumento utilizado (por pura conveniência partidária) de se estar perante uma situação de desequilíbrio conjuntural, foi negado pelo Tribunal de Contas, que conclui que a câmara de Lisboa se encontra perante uma situação de desequilíbrio estrutural. Quer isto dizer que a dívida acumulada não é dos últimos seis anos como tem sido conveniente afirmar, mas tem origem bastante mais atrás.

Lamento, lamento mesmo, pela cidade de Lisboa, que se tenha chegado a esta situação de impasse. Espero que, agora, o Dr. António Costa abandone a posição sobranceira com que conduziu esta questão e que esteja, mesmo tardiamente, disponível para atender as sugestões já enunciadas que possam contribuir para ultrapassar esta situação.

É que é importante que se diga que esta situação de impasse, no presente momento, serve mais ao Dr. António Costa como álibi para nada fazer, do que à oposição que tem sido apontada como responsável por toda a dívida (apesar de o Tribunal de Contas ter demonstrado que tal não corresponde à verdade).



António Prôa

Curiosidade histórica a propósito de empréstimos em Lisboa

Os empréstimos para saneamento financeiro da CML, afinal não são de agora: já há 127 anos se andou nestas andanças (passe a repetição)... Leia aqui o que um leitor foi descobrir...

Lx. empréstimo e...

Num momento de maior dificuldade há que encontrar soluções e pôr a Cidade a funcionar, para lá da politiquice reinante.


Seis meses depois da posse do executivo camarário, o Tribunal de Contas recusou o visto ao contrato celebrado com a Caixa Geral de Depósitos, invocando a insuficiência e falta de sustentabilidade do Plano de Saneamento Financeiro e apontando-lhe um conjunto de debilidades que o Município mais não terá do que concretizar.

O PSD na Assembleia Municipal absteve-se – e bem – na votação do Plano de Saneamento Financeiro. Não sendo aquele o seu caminho – o PSD defendeu solução diferente na campanha eleitoral –, a verdade é que a proposta do executivo foi apresentada ao eleitorado, discutida e sufragada. E aqui chegados há que ter humildade democrática. E não oferecer pretextos.

Mas importa primeiro pôr a Cidade e as necessidades dos Lisboetas. Aqui, como no resto, há uma hierarquia de valores e princípios em nome dos quais, há seis meses, culminou um processo espinhoso. As razões evidentes da queda do anterior executivo da Câmara Municipal de Lisboa são conhecidas: escândalos – alguns deles vindos do mandato 2001/2005, como a Bragaparques, a EPUL, Infante Santo, o Vale de S. António; a falta de liderança, o número de assessores; o deslumbramento, a muito internamente almofadada traição de Carmona Rodrigues a Marques Mendes inviabilizando solução outra; a aposta da oposição interna na campanha de Carmona Rodrigues contra a candidatura do PSD...

Quanto à coligação, mantenho a convicção de que não era precisa mas o anterior presidente quis e fê-la, como mantenho que uma vez feita era para continuar – outro entendimento teve o anterior presidente, como explicou em sala cheia (e ainda aqui a oposição interna a Marques Mendes atribuiu ao próprio Partido uma responsabilidade que sabia que não tinha; falou mais alto a estratégia de guerrilha de que “caindo Lisboa caía a liderança”, perversamente certa). Também por isto se assistiu à oposição interna à anterior direcção a pedir a queda da Assembleia Municipal de Lisboa (até sondagens a outras forças partidárias para apresentação de moções de censura foram feitas).

É simples a reflexão em torno da razão por que caiu a CML e não caiu a Assembleia Municipal, e é tempo de começar a contar para melhor compreensão.

Criaram-se novas legitimidades institucionais e políticas. Num momento de maior dificuldade para Lisboa, há que encontrar soluções e pôr a Cidade a funcionar, para lá da politiquice reinante.



Paula Teixeira da Cruz


In Correio da Manhã

PORMENORES

Quanto está a Camara Municipal de Lisboa a gastar em pareceres externos sobre a lei que é da responsabilidade do seu Presidente, quando tem juristas dentro de casa?

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Metro de Telheiras: as inaugurações deviam vir com livros de instruções



Quem frequenta o metro de Telheiras já deve ter reparado na miserável iluminação em todos os acessos.
A saída para a Rua Francisco Gentil por exemplo, é iluminada por dois focos na parte superior dos portões do metro. A restante iluminação pertence a candeeiros do jardim, o que não é exactamente a iluminação apropriada para a via pública. O resultado? Falo por mim, claro, mas não consigo evitar um enorme desconforto e sentimento de insegurança com os acessos laterais na penumbra e o pátio central tristemente iluminado.
E ao cair da noite, em passo de corrida, só ocorre perguntar se não houve ninguém que tenha reparado e acautelado a situação. As inaugurações deviam vir com livros de instruções.
(ISABEL G)

Clube dos Amigos do Peão

19 Fev 08
DEPOIS das fotos que se vêem [aqui], eis uma outra, do mesmo local...

'Espaços Verdes' (1)


Terreno deixado livre pela demolição de prédio de habitação. Logradouro ainda com ruínas. Fica defronte à entrada principal do Primeiro-Ministro, i.e., do Palácio de São Bento. Edificante para quem nos visita!

6 Meses de nova CML/ Alguma parra e ainda menos uva

Seis meses de novo executivo camarário, e descontadas as inquestionáveis restrições orçamentais, fruto da profunda crise estrutural e conjuntural em que a CML vive, o balanço a fazer, não sendo deprimente, é uma mão cheia de boas intenções, senão veja-se:

Muito se tem falado do ‘Plano Verde’, mas não tem sido ele uma mera arma de arremesso partidária quando, na realidade, o que interessa é verificar o que acontece no «terreno», por ex., ao Parque Periférico, aos logradouros de Lisboa, ao ‘Corredor Verde’?

Dito isto, não será estranho assistir-se à oferta espontânea pela CML ao novo IPO de terrenos inscritos no PDM como zona verde, i.e., o Parque da Bela Vista? Ou continuar a autorizar-se o esventramento de logradouros, aprovando-se projectos que colidem frontalmente com o espírito do ‘Plano Verde’?

Tem também a CML vindo a pugnar, e bem, pela transparência no Urbanismo. Não se entende, por isso, que - à primeira oportunidade que se lhe apresentou – a sindicância do MP -, a CML não tenha aceitado tornar públicos os resultados de tão vasta e bem desenvolvida investigação, justificando-se com o perigo de ‘agravamento do descrédito da CML’, a ‘divulgação de dados privados’, etc.

E, à segunda oportunidade - um dos raros aplausos à ‘herança’ de Gabriela Seara, o GESTURBE -, a CML tenha abdicado de dar aquele passo em frente que se impunha, ao não permitir que o público, os cidadãos, acedam, de forma simples (via Net) a coisas, simples, como ‘o que se passa com o prédio x, na rua y?’.

Também anuncia a CML, e bem, que é preciso mudar as regras referentes aos edifícios de valor arquitectónico relevante, objecto de inventário municipal, em zonas históricas ou consolidadas. Que é preciso proteger-se esses edifícios dizendo ‘não’ à especulação imobiliária e à desertificação do centro da cidade; impedindo as demolições avulsas sem projectos de construção previamente aprovados, etc. Como explicar, então, a aprovação recente (e reincidente) de edifícios de elevadíssimo valor arquitectónico na Avenida Almirante Reis, na Rua Castilho, na Rua Rosa Araújo, na Rua do Salitre, na Av. Duque de Loulé e no resto das Avenidas Novas. Argumentos da CML: ‘há precedentes’, ‘o caso vem de trás’ ou ‘as fachadas mantêm-se’!

As mesmas boas intenções quanto ao Terreiro do Paço (o fecho aos automóveis tem que ser previamente pensado, caso contrário, deriva em protesto ou, pior, folclore), na limpeza das ruas (agulheiras a trabalhar, sim, mas apenas em dia de festa), etc.

Mas os resultados até ao momento são caducos, quando não extemporâneos – veja-se o caso do Parque Mayer, ou o anúncio do acordo CML - Governo sobre a frente rio, quando o mesmo nem sequer foi aprovado na própria CML, sendo que esta agora se apressa a anunciar ter ‘um projecto’ para a zona, antes de discutir seja o que for sobre o futuro da zona com as pessoas que vivem Lisboa -, ou feitos de forma ad hoc, como na iminente intervenção no Largo de São Domingos, onde, a propósito de uma iniciativa (justa e oportuna) em memória da intolerância religiosa, se intervém no espaço público e na estética do largo, se colocam potenciais obstáculos ao espaço público e, pior, se ignora todo um trabalho de fundo que foi feito pela própria CML aquando das obras no Rossio.

Aparentemente, tudo boas intenções. Razões para se dar à nova CML o benefício da dúvida?




In Sol (16/2/2008)

Autor ...

O constitucionalista Vital Moreira, autor do parecer que fundamentou o pedido de empréstimo da Câmara Municipal de Lisboa chumbado terça-feira pelo Tribunal de Contas, considerou a decisão «errada» e criticou este órgão judicial por ultrapassar as suas competências.

(...)

- DD

O constitucionalista Vital Moreira, a um tempo autor do parecer "chumbado" e, eventual, autor ou "arquitecto" da actual Lei das Finanças Locais e dos seus empecilhos , vem agora argumentar contra aquilo que "ele" terá tentado "impôr" por via legal às autarquias.

Ou seja, a Lei em vigor deve aplicar a uns, mas não a quem Vital Moreira, constitucionalista insígne e detentor de grande retórica, queira.
Ou não fosse por isso que elaborou o dito parecer às expensas da CML.

A vida está cara, mas não poderá ser substituída pela coerência e dignidade.

(Publicado no Eclético)

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Cá se fazem, cá se pagam?

O presidente da CML, António Costa, foi tramado pelo ex-Ministro da Adm. Interna, António Costa.

É caso para dizer-se: Cá se fazem, cá se pagam!

(Publicado no Eclético)

EXPOSIÇÃO Sphaera Mundi: A Ciência na Aula da Esfera



Sphaera Mundi: A Ciência na Aula da Esfera
Manuscritos Científicos do Colégio de Santo Antão nas Colecções da BNP
"A Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão foi uma das mais marcantes instituições de ensino e de prática científica em Portugal, tendo sido, durante quase dois séculos, o principal centro de formação dos quadros técnicos e científicos (cosmógrafos, engenheiros, etc.) de que o país necessitava. Integrada na vasta rede supranacional de centros de ensino da Companhia de Jesus, foi também o local de passagem de professores das mais variadas proveniências, o foco de intercâmbio com os mais avançados centros científicos da Europa, a porta de entrada em Portugal dos mais importantes descobrimentos da nova ciência. A exposição Sphaera Mundi: A Ciência na Aula da Esfera procura dar uma imagem da vitalidade e riqueza desta singular instituição científica, em áreas tão diversas como a matemática, a astronomia, a cosmografia, a estática e a hidráulica, a óptica, a engenharia militar, a construção de instrumentos, etc., bem representadas na colecção Manuscritos da BNP. "
BIBLIOTECA NACIONAL- 21 de Fevereiro a 24 de Maio de 2008 (Galeria do piso intermédio - Entrada livre) Mais informações
(ISABEL G.)

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

BEM LEMBRADO

"Alguém que por aqui passe pode esclarecer-me sobre o sucedido hoje no Túnel do Marquês? Agradeço. Pois do que vou lendo percebo que túneis do Campo Pequeno e do Campo Grande inundaram. Do túnel do Marquês nada se diz. Ora o dito túnel foi considerado “zona húmida” na fundamentação da queixa apresentada por Sá Fernandes contra a construção do dito túnel. E uma “zona húmida” num dia como o de hoje deve ter estado reservada a botes."
Helena Matos, no Blasfémias.

E o fedor, senhores?!

É indescritível o cheiro nauseabundo, de couves podres, que tomou conta de Lisboa!

Absolutamente insuportável.

Com tanta água vertida dos céus, é agora a hora da ETAR de Alcântara fazer das suas! Águas mil, ETAR a explodir.

Notícias, bem, antigas:



Adaptação e completamento da ETAR de Alcântara

Esclarecimento - Caneiro de Alcântara

Obras no caneiro de Alcântara diminuem risco

Simtejo adjudica ampliação da ETAR de Alcântara

De novo

Túnel do Campo Grande
(Isabel G)

Catástrofes anunciadas

Inundações na Estrada de Benfica, em 1946
COMPREENDE-SE perfeitamente a incomodidade do Poder (central ou local) perante as catástrofes, pois é em circunstâncias dessas que a sua competência (ou a falta dela) fica à vista de todos: se é verdade que "governar é gerir", não é menos verdade que "gerir é prever"; e todos sabemos que a quase totalidade das catástrofes dos nossos dias são, mais do que previsíveis, praticamente anunciadas.
Um filósofo dizia que «o Ser Humano é tão estúpido que só aprende com catástrofes». Mal sabia ele que há um país onde "nem com catástrofes se aprende". Quando muito, o que vemos por aí são indivíduos a tratar das consequências - raramente das causas -, dando razão à empresa de consultoria que concluiu que «os gestores portugueses são muito bons a resolver os problemas que eles próprios criam».
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CMR/«Destak» - 20 Fev 08

CML POUPA NALGUMA COISA

Na água do célebre e entretanto desaparecido programa de limpeza de ruas. Com tanta chuva temos margem para mais uns meses de imundície disfarçada.

Absurdo lisboeta

Ouvido ontem na SIC Notícias: quem quiser filmar ou fotografar em Lisboa usando tripé, terá que obter a devida licença municipal. Se não a tiver e for apanhado, pagará uma coima equivalente ao salário mínimo nacional. Como é isto? O chão de Lisboa, seja pavimentado, alcatroado, relvado ou mero terriço, é propriedade da Câmara Municipal, para esta poder construir as mais absurdas disposições a partir dele? E se o fotógrafo ou o operador de câmara, em vez de um tripé, trouxer um caixote ou uma cadeira para apoiar o material ou para se sentar, também é multado? E se o tripé for coxo de uma das pernas, paga só metade ou um terço da coima? E pode-se usar o tripé para rachar ao meio a cabeça da bestiaga camarária que se lembrou desta nova licença, com o fim de aspirar os bolsos ao cidadão amador de tirar retratos ou fazer filmes, aos profissionais da imagem e aos turistas? Além de cada vez mais suja e esburacada, a Lisboa do presidente Costa, residente em Sintra, está cada vez mais absurda.


Eurico de Barros

In Jantar das Quartas

domingo, fevereiro 17, 2008

METER ÁGUA

Chovia intensamente. Chego à rotunda onde desemboca o túnel que passa por baixo da rotunda das Olaias e cujo nome ignoro. Na placa existe relva e não um qualquer trambolho a que é vulgar chamar arte. Do mal o menos. De repente, percebo que algo de estranho se passava. O vidro do carro foi salpicado, mas não era da chuva. Era dos repuxos da rega, que militantemente competiam com as bátegas que caíam do céu. Como diz o povo, a ordem é rica e os frades são poucos. Foi há uma hora.

Casa Fernando Pessoa: desejo-lhe melhor futuro

Primeiro foi Júdice (Manuela, claro), depois Clara, a seguir Viegas, depois (agora), Inês. Pode parecer indelicado, agora que a nova directora tomou posse, colocar aqui algo desagradável sobre o que tem acontecido. Mas se não for agora que Inês Pedrosa vai começar, quando será? Se o fizer daqui por três meses, até pode parecer uma análise prematura à sua direcção.
Portanto, vai ser agora. E de modo sucinto.
Não é famosa a análise que os conhecedores de Pessoa fazem - e não terão pulso completamente livre...
De um modo geral considera-se que Manuela Júdice, a primeira a dirigir a casa, e por muito tempo, teve a tarefa de instalar, promover e dinamizar as primeiras acções. Tratando-se de um período de ouro da gestão da CML, que duraria até se iniciar o inacreditável mandato de Santana Lopes, MJ teve toda a gente do seu lado e ao seu lado. Pelo que sei, promoveu o que se esperava dela: estudos pessoanos.
Depois, começou aquela coisa. E aceitou ir para a Casa naquele quadro político perfeitamente previsível (sabia-se da aventura da Figueira da Foz...) - aceitou ir para lá, dizia, Clara Ferreira Alves. Na altura, fiquei estupefacto. Em quatro anos não conheço nada de relevante que CFA tenha produzido. A sério. Esteve ao nível de quem a convidou. Saiu cansada, não se sabe de quê, e com necessidade de tempo para a escrita, a vociferar contra a burocracia da Casa. Incrível: ela é que dirigia essa burocracia. Preferiu o alibi que «denunciou»no final à oportunidade magnífica que desperdiçou de, em quatro longos anos, ter simplesmente mudado isso...
Nos dois anos seguintes, os últimos, esteve lá Francisco José Viegas. Umas parangonas iniciais, uma mão cheia de intenções naturais. Mas o resultado é este: a Casa desapareceu do mapa, definitivamente.
Onde a dinâmica? Onde as edições pessoanas? Mais e mais fundo: onde a promoção junto de crianças e jovens? Onde o bairro pessoano, a Cidade pessoana? Onde?
No entanto, Viegas não deixou de «atirar a primeira pedra» a Clara. Foi no Correio da Manhã: «A Casa Fernando Pessoa estava cheia de pó (...) Era uma casa sem actividades programadas. Havia vários processos em curso, para iniciativas mais ou menos institucionais, colaborações, mas não havia nada programado».
Agora, é o tempo, o desafio e a oportunidade de Inês. Desejo-lhe melhor futuro. A ela e à Casa.

sábado, fevereiro 16, 2008

Ocupação da via-pública? ' Tá legal!

VIM HOJE A SABER que existe um regulamento camarário de 1991 ao abrigo do qual podem ser multadas as pessoas que usem, na via-pública, tripés para segurar câmaras de filmar ou máquinas fotográficas.
A coima pode ir até aos 4,5 salários mínimos e, ao contrário do que sucede com as habituais leis-da-treta, já houve várias pessoas abordadas pelas autoridades por estarem a cometer essa infracção.
Tudo bem; mas, já agora, qual foi o valor da coima que, decerto, a CML aplicou aos responsáveis por estes trambolhos existentes na Av. Fontes Pereira de Melo, em pleno coração da capital?
*
NOTA: A foto de baixo, à direita, mostra uma vedação a perder de vista, e está lá há ANOS, porque caem bocados da parede do prédio na via-pública. Fica apenas uma dúvida: esses cacos, uma vez no chão, também pagam taxa?

A vermelho, tudo o que precisa saber sobre a nossa representatividade

"(...) Só sete condutores viram a carta apreendida desde 2005, revelou ontem no Parlamento o secretário de Estado da Protecção Civil, José Miguel Medeiros, considerando que o número se traduz numa "total ineficácia" do sistema. Dos sete condutores, cinco tiveram a carta cassada pelos tribunais e só dois por via administrativa, possibilidade essa introduzida pelo Código da Estrada de 2005. "A DGV [Direcção-Geral de Viação] não conseguia cassar cartas", admitiu José Miguel Medeiros, durante o debate sobre uma proposta de lei de alteração ao Código da Estrada que reduz o número de infracções previstas para a apreensão do título de condução.
A discussão parlamentar, ao final da tarde, decorreu com as bancadas semivazias e ao som da campainha que denunciava a falta de quórum. A proposta de lei do Governo prevê que a carta seja apreendida aos condutores condenados por três contra-ordenações muito graves ou cinco entre graves e muito graves. Actualmente, basta que este limite fosse ultrapassado por mais uma infracção grave ou muito grave."
PUBLICO 15.02.2008
ISABEL G

1 Comentário
Anónimo disse...
Sim, sim.....mas não se esqueçam que apanharam um tipo com um tripé a ocupar a via pública. Ora bolas, não vamos ser injustos... isso também conta.
JA
Claro :)

Chamam-lhe "tags",,,

" Vandalismo invade «Bairro Alto» : Onda assombra as paredes com pinturas que ultrapassam primeiros andares
Do mais antigo ao mais recentemente renovado, são poucas as fachadas dos prédios que não apresentam «tags» (assinaturas dos autores da «obra»), frases decorativas ou simples rabiscos realizados com tintas de spray disponíveis em qualquer loja do género.
«Se não pintar a parede por mim mesmo, também ninguém vem cá limpar. Já estou velho e cansado para tanto trabalho», desabafou à Lusa João Fernandes, morador do Bairro «há mais de 20 anos».
(...)«Todas as noites por volta das 06h00 começam a pintar e a rabiscar as paredes. Eu continuo a pintar por cima, porque eles são teimosos mas eu sou mais que eles», afirmou um comerciante que preferiu não deixar o nome com medo de represálias contra as suas paredes.
(...) «Tenho de pintar a parede e até a pedra tenho de picotar porque isto está sempre pintado, e se não limpo ainda pintam mais», explicava à Lusa o comerciante.
Segundo Belino Costa, da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, existem conversações com a Junta de Freguesia da Encarnação sobre este problema e «parece haver alguma vontade de se fazer alguma coisa», apesar de considerar que o Bairro Alto «foi nos últimos anos abandonado pela Câmara Municipal e os seus governantes».
Contactada pela Lusa, a Presidente da Junta de Freguesia da Encarnação, Maria Alexandra Dias Figueira, assegurou a existência de conversações com a autarquia lisboeta para resolver o problema: «Na reabertura do jardim de S.Pedro de Alcântara e do novo miradouro, o presidente da Câmara de Lisboa assegurou-me que foi contemplada uma verba significativa no orçamento camarário de 2008 destinada para a limpeza destes tags». "
ISABEL G

Em trabalho ou lazer, não leve o seu tripé.


"Proibido usar tripés em Lisboa:Lei de 1991 proíbe utilização de acessório para captação de imagem

Dois repórteres da RTP foram abordados, na quinta-feira de manhã, foram abordados por um fiscal municipal, que lhes perguntou se tinham licença de ocupação da via pública, pois estavam a utilizar uma câmara com tripé. O microfone tinha o símbolo da RTP, mas, mesmo assim, mostraram as respectivas carteiras profissionais e invocaram os direitos que advêm do exercício da profissão.
O fiscal informou, então, que actuava ao abrigo de «um regulamento que existe na Câmara desde 1991», ao abrigo do qual quem for apanhado sem licença de ocupação da via pública paga uma coima entre um e 4,5 salários mínimos.
Minutos antes, a poucos metros de distância, coubera a Carlos Santos, formador numa escola de audiovisuais, ser advertido que não podia usar uma câmara com tripé. «Só ao ombro», esclareceu o fiscal, escreve o jornal. Santos recusou dar a sua identificação, quando ela lhe foi pedida. O fiscal chamou então um elemento da Polícia Municipal, que o autuou. De seguida, o funcionário à civil tirou-lhe uma fotografia ao equipamento (o tripé da câmara de filmar), para instrução do processo. (...)
A coima pela contra-ordenação de «ocupação da via pública desprovida de licença» está bem explicada no «Regulamento Geral de Mobiliário Urbano e Ocupação de Via Pública», o edital 101/91. Este «aplica-se a toda a ocupação da via pública, qualquer que seja o meio de instalação utilizado, no solo ou no espaço aéreo»."
ISABEL G

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Uma inauguração à portuguesa

Vai abrir o Túnel do Rossio

Três anos e 49,5 milhões depois,os comboios voltam a circular no Túnel do Rossio. Para trás fica uma obra ainda marcada pela polémica, que servirá cerca de 100 mil utentes por dia.

Nem com a reabertura iminente, o Túnel do Rossio deixa de causar polémica.
O atraso nas obras e consequente derrapagem das contas, que levou à rescisão do contrato da REFER com o consórcio liderado pela Teixeira Duarte, está agora no Supremo Tribunal Administrativo.

Soube-se ontem que a REFER contestou em Janeiro o pedido de indemnização de 30 milhões de euros da Teixeira Duarte, defendendo a legitimidade da sua rescisão. Ontem, o Metropolitano anunciou que, a partir de dia 17, com a reabertura do túnel, os utentes da CP sem título válido no metro deixarão de poder utilizar aquele meio de transporte. Foi uma ameaça de derrocada que ditou a empreitada, que deveria ter terminado em Julho de 2006 e acabou por estender-se até 2008.

Amanhã, com festa e música reabre o túnel por onde, domingo, recomeçam a passar quase 100 mil utentes/dia.

- Destak (.pdf)

Políticos ou garotos

Em Portugal nada parece ser explicável que não seja por corrupção, tráfico (e tráfego...) de influências e favorecimentos

Quero começar por fazer um aviso aos comentadores encartados, e em regra insultuosos, que surgem nos jornais on-line e nos vários fora radiofónicos diários. Este artigo é politicamente incorrecto e pode por eles até ser usado para demonstrar que aquilo que vou estigmatizar tem no meu texto a prova cabal de que devem continuar a agir como até aqui.

Este artigo, apesar de politicamente incorrecto, procura ser pedagógico. Não se dirige especialmente ao amável leitor, que vive a sua vida com a normalidade possível e que poucas possibilidades tem de tomar decisões relevantes para a colectividade. Dirige-se a políticos, a magistrados do Ministério Público, às várias polícias de investigação e aos meios de comunicação social.

De há algum tempo a esta parte, sobre tudo e todos nascem como cogumelos (venenosos) em floresta as notícias sobre hipotéticas situações de corrupção provável, tráfico de influências possível, favorecimentos eventuais.

Durante muitos e muitos anos eram raras as referências à realidade da corrupção e desses outros defeitos sociais (recordo que já em 1988, num debate feito pela Alta-Autoridade contra a Corrupção, denunciei e alertei, sem que os media a isso dessem a menor atenção) e poder-se-ia daí concluir que em Portugal não havia corrupção.
Recentemente, passou-se de um extremo ao outro e, de repente, em Portugal nada parece ser explicável que não seja por corrupção, tráfico (e tráfego...) de influências e favorecimentos.

Para esta evolução contribuíram muitos factores. Mas posso garantir - pois vi muitas coisas e lutei contra elas - que nesses tempos, em que não se falava e não se alertava, havia muito mais disseminados esses defeitos sociais do que actualmente. Seja como for, um dos factores mais relevantes desta evolução é sem dúvida a explosão da concorrrência entre os meios de comunicação social, o incremento do jornalismo de investigação, as novas tecnologias de comunicação, as dificuldades económicas por que passam cada vez mais pessoas em Portugal e sobretudo a entrada da (pseudo) ética na luta política.

Sobre o apetite e o esforço dos media e sobre a epidérmica atitude das massas populares fica a reflexão para outro dia. Desta vez quero concentrar-me na grande novidade que é a utilização das insinuações e dos pedidos de sindicâncias como arma da luta política. Realmente, de há algum tempo a esta parte, cada grupo político que alcança o poder parte do princípio de que os seus antecessores eram desonestos e prevaricadores; e as forças políticas que estão habitualmente na oposição, essas, acham que todos o são nos sucessivos tempos em que exercem o poder político.

Esta atitude tem inevitáveis efeitos deletérios. É actualmente raro o dia em que um político no activo não afirma que vai pedir uma sindicância, que quer analisar todos os processos que foram aprovados por outros políticos, que desconfia de ilegalidades, que não encontra justificação para comportamentos. Os atingidos, quiçá compreensivelmente, avançam com outros pedidos, desta vez sobre políticos que estiveram nos cargos antes deles, e assim sucessivamente.

O que se passou recentemente a esse nível com a Câmara Municipal de Lisboa é paradigmático. Durante algumas semanas, cada força política decidiu coligir (e propagandeou de imediato para a praça pública) listas infindáveis de processos em relação aos quais - sabe-se lá porquê - considera haver razões para suspeições. A certa altura já eram dezenas ou centenas os exemplos de decisões e de processos que foram objecto de deliberação na autarquia ao longo de bem mais de dez anos (e amanhã até Duarte Pacheco ou quem sabe à última vereação monárquica de Lisboa) que foram divulgados. Como é evidente - porque politicamente ficaria condenado quem votasse contra sindicâncias, inquéritos, análise, apreciações - tudo foi votado e durante meses (ou mesmo anos) muitos políticos vão ter o seu nome enlameado e muitos cidadãos e empresas vão ser sistematicamente (ou sempre que convenha a alguém) arrastados pelas ruas e insinuadamente considerados culpados de suspeições várias. E, muito provavelmente, Lisboa vai ficar paralisada enquanto se tenta descobrir irregularidades por todo o lado.

Isto não é luta contra a corrupção e vai ter como efeito exactamente o oposto do que hipoteticamente se admita que era pretendido. Mas fica disseminada como uma epidemia a sensação difusa e difundida que tudo é feito com desonestidade e ilegalidade. E isso está a destruir os cimentos da vida social. Confrontados com este exercício público de flagelação, que colectivamente se torna num processo de autoflagelação das elites, a opinião pública vai cada vez mais descrer de que haja ainda alguém que seja sério no mundo político ou que ainda haja empresas que actuem com ética na sua relação com os poderes públicos.

E isto não vai ficar por aqui. A seguir, as forças políticas vão exigir acções de indemnização contra anteriores titulares de cargos públicos. Já se fala que Carmona Rodrigues vai ser alvo de um pedido de indemnização de 13 milhões de euros por causa da Bragaparques. O mandato de Helena Roseta em Cascais não está livre de sindicâncias. Todos os dias ouço dizer que, tendo sido a Câmara Municipal de Lisboa condenada a pagar 17 milhões de euros pela paragem da obra do túnel do Marquês de Pombal, José Sá Fernandes devia ser accionado pela CML para se ressarcir de tal custo.

Por tudo isso daqui faço um apelo: tenham juízo, tenham maturidade, tenham cautela, tenham modos, tenham lucidez. Deixem de brincar ao boxe no meio da chuva. Não chavasquem nos lamaçais que criam. Portem-se como pessoas crescidas. Advogado



José Miguel Júdice

In Público