segunda-feira, março 31, 2008

O caso do elevador (do Terreiro do Paço) que funcionou só durante a manhã da inauguração

"O elevador do Terreiro do Paço
Em 19 de Dezembro de 2007 foi inaugurada, com pompa e circunstância, a estação de metro Terreiro do Paço, prolongando-se deste modo a linha azul até Santa Apolónia. Terrenos consolidados, impermeabilizações sem reparo, segurança totalmente garantida. Tudo em ordem, inclusivamente o elevador destinado a transportar pssageiros do cais à superfíciee e vice-versa. A importância deste ascensor era manifesta, dada a possibilidade de encurtar caminho pelas escadas a todos os passageiros e essencialmente a pessoas com menor mobilidade. Só que o dito elevador funcionou apenas durante meio dia, precisamente enquanto decorria a inauguração. Que anomalia ou incúria andará a administração do Metropolitano a esconder? Ou será que o elevador é um meio de transporte que faz concorrência ao metropolitano? "
Jornal GLOBAL de 26-3-2008
Comentário de J. Leitão Baptista- Revista "Evasões" e "Volta ao Mundo"
(Isabel G)

Para a próxima, Drª. Marina Ferreira,


Cumpra o código que preside à EMEL, e respeite o sinal de proibição de estacionar para veículos automóveis, excepto Carris. Obrigado.

Inaugura-se amanhã escultura de Rui Chafes doada a Lisboa


"Obra em ferro forjado tem seis metros de altura e pesa quase uma tonelada
Tem seis metros de altura e pesa perto de uma tonelada. Quase 60 anos depois da última estátua ali ter sido colocada, uma décima escultura será acrescentada ao mobiliário urbano da Avenida da Liberdade. Chama-se Eu Sou como Tu, foi encomendada ao escultor Rui Chafes pela Fundação PLMJ - instituída pela sociedade de advogados de José Miguel Júdice - e doada à cidade de Lisboa. A obra, em ferro forjado, é inaugurada amanhã frente ao número 224 (morada da sede da sociedade) e representa um acontecimento que é uma novidade a diversos títulos.
Desde logo porque promove a participação da sociedade civil na vida cultural da comunidade; depois, porque dá um primeiro passo na requalificação do espaço público. Em Portugal, só se ouve falar de arte pública para nomear as rotundas que inundam as cidades, algumas estátuas avulsas ou os monumentos, muitos deles duvidosos. Excepção feita à Expo'98 que é exemplar neste contexto.
Fazer arte para ocupar lugares que têm história, por oposição à neutralidade branca dos museus e galerias, obriga a "respeitar a dignidade de um espaço humano que é, por natureza, especial e único", afirma o próprio Rui Chafes em entrevista publicada no catálogo agora editado sobre a sua obra. Para este trabalho, continua o artista, "o que me importou foi desenvolver um trabalho para um lugar tão simbolicamente carregado".
Eu Sou como Tu vai ser a primeira escultura a, definitivamente, ter lugar na Avenida da Liberdade e a ocupar um lugar entre as estátuas e monumentos (a última, busto de Alexandre Herculano, da autoria de Salvador Barata Feyo, foi erguida em 1950). (...)
Existem motivos de comemoração, por se tratar de um artista reconhecido internacionalmente, e um dos nomes fundamentais da escultura portuguesa contemporânea. "
Isabel G

Dos leitores do jornal Público, sobre assuntos já aqui abordados

O jornal Público inclui na secção LOCAL de 31.03.2008, algumas queixas de leitores, cujos assuntos já foram abordados neste blog.
Um dos exemplos apresentados foi o grave problema das corridas nocturnas de carros nos Olivais, envolvendo grandes velocidades e a barulheira habitual de tanta potência em escapes rotos. A áreas mais "procuradas" são as bombas da Galp (ao Ralis) e Av. Dr. Alfredo Bensaúde.
Retomando o assunto tratado já neste blog em 22 de Maio de 2007, lê mais uma queixa relativamente a autocaravanas em Belém, nomedamente em frente ao Espelho d'Água e ao lado do Padrão dos Descobrimentos, onde o espectáculo é desolador naquela importante zona turística, cheia de lixo.
(ISabel G)

Milhares de multas podem prescrever hoje - Equipa de juristas criada pelo MAI não apreciou contra-ordenações

Milhares de multas podem prescrever hoje - Equipa de juristas criada pelo MAI não apreciou contra-ordenações
Milhares de multas de trânsito poderão prescrever esta segunda-feira, data em que termina o prazo de processamento das contra-ordenações praticadas em 2005 e no primeiro trimestre de 2006.
A equipa de juristas contratada para tramitar os processos, na sequência de um protocolo entre o Ministério da Administração Interna e a Ordem dos Advogados, não terá conseguido resolver os milhares de processos pendentes, refere o Correio da Manhã. (...)
O protocolo prevê que cada jurista avance com proposta de solução administrativa de 30 autos por dia. O número de advogados deverá ser reforçado nas próximas semanas.
Refira-se que o processamento das autos de contra-ordenação de trânsito exige que o jurista tenha acesso a várias informações sobre o condutor infractor, designadamente se tem outras contra-ordenações ou carta apreendida, mas tal ainda não acontece com a actual equipa de juristas da ANSR porque ainda não foi criado um ficheiro comum entre esta entidade e ao Instituto de Mobilidade de Transportes Terrestres.
O universo de multas que ficarão prescritas pode rondar as vinte mil.
A hipótese de prescrição já tinha sido equacionada em Fevereiro pelo presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.

A reacção da Autoridade
(...) «Não se verifica assim hoje, dia 31 de Março, como as notícias publicadas sugerem, a prescrição de autos levantados em 2005 e no primeiro trimestre de 2006», acrescenta.
A Autoridade refere ainda que foi «exactamente para permitir a decisão em tempo dos processos iniciados antes da criação da ANSR e ainda em curso», que foi celebrado o protocolo com a Ordem dos Advogados, por via do qual cerca de 20 advogados indicados pela Ordem estão a prestar a sua colaboração e decidir autos de contra-ordenação.
(Isabel G)

Sabem que mais, meus senhores? CHIÇA!!!

Hoje, segunda-feira, 11h30m, Avenida de Roma (junto ao Frutalmeidas, como sempre)

O FACTO de um par de pilaretes poder resolver este problema que já se arrasta há dezenas (!) de anos, é coisa que não passa pela cabeça de ninguém, nem sequer daqueles a quem pagamos o ordenado para que estes casos não existam.
E nem sequer se diga que isto é fonte de rendimento (devido a multas), pois é raríssimo serem aplicadas. No momento da primeira foto, ia até a passar um reboque da Polícia Municipal, que nem abrandou - decerto ia a caminho de casos piores.
Ah! E não ficou nas imagens uma patusca tabuleta de um talho (que ainda ocupa o pouco do passeio que resta) .
Repare-se, como sempre nestes casos, no ar conformado dos peões, que parecem já ter interiorizado que não há nada a fazer - nem com estes condutores, nem com estas 'autoridades'.

VIVA PORTUGAL!

Nas duas semanas em que eu não escrevi para este jornal, parece que aconteceu tudo e mais alguma coisa. Uma professora do Porto foi agredida por uma aluna por causa de um telemóvel e um colega da aluna filmou tudo com outro telemóvel, a PT Multimédia passou a chamar-se Zon, o Engº Sousa Veloso voltou à televisão numa excelente campanha da Compal, Sá Fernandes apareceu num programa da Al-Jazeera, a TVI estreou “outra” novela com recordes de audiências, um taxista atropelou quatro crianças numa passadeira para peões no Porto e abandonou o local do acidente, mas depois apresentou-se às autoridades que o deixaram em “liberdade condicional”, Miguel Esteves Cardoso foi operado à anca, o vice-presidente da Câmara de Gaia ficou “chocado” com a actuação da brigada de trânsito que o apanhou a conduzir a 183 km/hora na A1, porque todos nós sabemos que a brigada poderia ser muito mais útil noutro sítio, como por exemplo nas passadeiras do Porto com mais de três crianças.

O jornalista Pedro Mexia foi convidado para ser sub-director da Cinemateca, Paulo Teixeira Pinto, ex-CEO do BCP, continuou a escrever crónicas sobre cultura e retábulos no Diário de Notícias, o grego Karagounis, ex-Benfica, marcou dois golos a Portugal, o PSD substituiu o laranja pelo azul no seu símbolo, o Governo anunciou a descida de um por cento no imposto de IVA, o teatro Villaret reabriu as suas portas, o Quarteto fechou definitivamente as suas, o Teatro Aberto estreou finalmente uma peça de Tom Stoppard, mas com Paulo Pires, a ASAE encerrou cinco hipermercados que se mantinham em actividade no feriado de sexta feira santa e um homem foi apanhado com uma série de cabritos roubados, já esfolados, e prontos para re-venda.

15 deputados do PS sugeriram a proibição de piercings na língua, na boca e em outras zonas sensíveis ou impronunciáveis, o governo anunciou que vai restringir a publicidade aos alimentos para crianças,
o crítico de gastronomia do Diário de Notícias, Duarte Calvão, arrasou o restaurante D. Tonho no Porto, o Governo português proibiu a criação de cinco raças de cães perigosos em Portugal mas depois pediu para ouvir as respectivas associações perigosas, o Governo continuou sem reconhecer a independência de Kosovo, a SIC fez uma reportagem intimista com José Sócrates e o Presidente Cavaco Silva viajou até Moçambique.

Américo Amorim foi considerado o homem mais rico de Portugal, as famílias portuguesas continuam sobreendividadas, os Tokio Hotel cancelaram o concerto em Lisboa, Manuel Alegre lançou um livro chamado Nuambuangongo Meu Amor, Tony Carreira revelou numa autobiografia que havia Natais em que só recebia bolachas Maria, Maria de Medeiros foi nomeada Artista UNESCO para a paz, Figo fez um anúncio para uma água mineral húngara Szentkirályi, o Diário de Notícias anunciou o nome da nova namorada de Cristiano Ronaldo, Solange F da SIC Radical confessou a sua homossexualidade à revista Única do Expresso, e a jornalista da RTP, Ana Ribeiro, irmã de Alexandra Lencastre, garantiu em tribunal que levou vinte bofetadas do pintor João Murillo, com quem teve uma relação. O Sporting perdeu a Taça da Liga para o Vitória de Setúbal mas agora já é possível casar-se no relvado de Alvalade.

Miguel Somsen



In Metro

A 'coisa' da estação do Areeiro




A coisa que a CP deixou como prenda a quem mora, trabalha e passa (que não se pode dizer que alguém a visite) pelos patamares do cruzamento da Avenida de Roma com a linha de comboio do Areeiro, é ... chocante.

Não tanto o lado nascente, em que a 'coisa' passa despercebida, apesar da 'arte pública' que lá colocaram, tipo Gehry, versão pimba.

Já no lado poente, a 'coisa' choca, porque tem passeios com pedra de calçada pontiaguda; 'árvores palito' plantadas a despropósito; rampas feitas de pedra de sanitário a imitar mármore, lado a lado com calçada; um pseudo-recinto desportivo a pensar em Brooklyn, totalmente descontextualizado; canteirinhos do Portugal dos Pequeninos; etc., etc. Tudo aquilo mete dó e quem o autorizou devia ser responsabilidado.

sábado, março 29, 2008

Está o mundo do avesso?

  1. Isto anda tudo virado do avesso. O que brilha é o que se quer ver. O que se elogia é o que está ali à mão. A foto que se pagina é a que primeiro aparece na busca. O PS para elogiar Sócrates nem se importa de achincalhar Mário Soares e Guterres, anteriores primeiros-ministros do mesmo PS... Eh, pá. Que baralhação.
  2. O Bloco fica vidrado com esta coisa de a Al Jazeera, parece, ter achincalhado o País mas tudo bem porque elogia Sá Fernandes. Também... só se for a Al Jazeera a elogiar aquelas coisas. Se é que aquilo são elogios. Eh, pá. Que falta de bom senso. Aqui.
  3. José Miguel Júdice faz uma operação de marketing descarado e diz que se vai embora se Sócrates não avançar com a sociedade da zona ribeirinha de Lisboa. Sócrates fica de gatas porque quer esquartejar o PSD em 2009 e Júdice é uma peça dessa operação. Júdice afinal fica (claro), mesmo que a CML diga que não tem dinheiro para folclores. Júdice chega ao descaramento de avançar que Cavaco Silva não se vai opôr... Eh, pá. Que pedestal. Maior a queda. Aqui.
  4. O PS de Palmela vem elogiar tanto Sócrates que pelo meio deixa Guterres e Mário Soares no tapete: «Nunca o País se empenhou no desenvolvimento da região». Eh, pá. Não precisam de exagerar tanto. Aqui.
  5. E, não satisfeitos com isso, os editores do 'Público' têm agora como mascote da CML uma foto de José Sá Fernandes... Sempre que se fala da CML - seja qual for o assunto -, sai a mascote. Ontem o Público-Local, não sei se repararam, parecia o que começa a parecer já demasiadas vezes: o boletim de junta de freguesia do BE/Sá Fernandes. Eh, pá. O que é demais também enjoa. Um pouco de pudor fazia bem.
Freguesias:Governo vai criar novo quadro legal para alargar competências
Funchal, 28 Mar (Lusa) - O ministro da Presidência anunciou hoje que o Governo da República pretende criar um novo quadro legal que permita o alargamento e diferenciação das competências das freguesias. (RTP)
Pedro Silva Pereira falava na sessão de abertura do XI congresso da Associação Nacional de Freguesias que reúne no Funchal cerca de 1500 autarcas.

"O Governo iniciará uma mesa de diálogo e reflexão em parceria com a ANAFRE que visa a criação de um novo quadro legal que permita o alargamento e diferenciação de competências das freguesias em função da respectiva dimensão e capacidade de resposta", disse o governante.
Silva Pereira considerou que "pelos resultados alcançados, as freguesias merecem sem dúvida um reforço de competências ao nível de gestão e conservação de várias infra-estruturas na sua área de intervenção".
Acrescentou ser "tempo de reconhecer que o tratamento igualitário das freguesias representa um prejuízo objectivo para o processo de reforço da transferência de competências".
Sustentou que "o caminho não é promover uma reforma assente em critérios cegos e rígidos de reorganização territorial".
Para o ministro da Presidência "é importante que quaisquer alterações legislativas futuras no quadro de competências das freguesias seja capaz de introduzir factores de maior estabilidade e equidade".
"Não é possível falar de mais competências e responsabilidades sem falar do quadro de recursos disponíveis num contexto de descentralização, solidariedade nacional e intra-municipal", argumentou.
Silva Pereira defendeu que o debate sobre a descentralização das competências das freguesias "não deve paralisar a acção e os avanços concretos".
Admitiu que "os recursos serão sempre insuficientes", realçando que "mesmo num quadro de dificuldades orçamentais foi possível manter um aumento das transferências do Orçamento de Estado para as freguesias, ainda para 2008".
Alguma contestação por parte dos autarcas foi evidente quando Silva Pereira declarou que "as freguesias puderam pela primeira vez, graças à nova lei das Finanças Locais obter uma participação directa nas receitas fiscais de metade do valor do IMI sobre prédios rústicos, o que se materializa num reforço estimado em 3,5 milhões de euros".
Reconheceu "o papel das freguesias na valorização e fortalecimento da democracia local".
"O facto é que as 4.259 freguesias são já hoje base importante da formação política democrática em Portugal, mesmo sem luz de holofotes, sem honras de especial atenção mediática, nas freguesias é possível notar experiência única de participação política e cívica de muitas dezenas de milhares de portugueses que se dedicam desinteressadamente à promoção do interesse público", argumentou.
Mencionou que "nos últimos três anos o Governo tem procurado trilhar o caminho da transformação das relações entre o Estado e as freguesias de modo a acentuar com avanços concretos o papel das freguesias na prestação de serviços às populações".
Acrescentou que estas autarquias conseguiram "reforçar a sua função como prestadores de serviços e contribuíram para uma melhoria efectiva na prestação de serviços públicos tanto locais como de âmbito central. Este é o caminho que devemos explorar no futuro".
Defendeu que as freguesias, sobretudo as mais distantes dos centros urbanos, "se devem constituir cada vez mais em verdadeiras mini-lojas do cidadão "
(ISABEL G)

sexta-feira, março 28, 2008

PT: a poção mágica

Há momentos em que odeio o mundo moderno. Isto é particularmente evidente de cada vez que sou forçada a lidar com empresas de telecomunicações. A PT tem agora um novo manda-chuva, ou, em linguagem moderna, um CEO, de seu nome Zeinal Bava. De acordo com as entrevistas que, ao longo das últimas semanas, deu aos jornais, este senhor estaria a repensar a forma como a empresa se relaciona com os clientes.

Na madrugada de 17 deFevereiro, depois das cheias, o meu telefone deixou de funcionar. Quando o constatei, liguei para as avarias: apareceu uma voz gravada, ordenando-me que ligasse o 1 se…, o 2 se…, o 3 se… e o 4 se...

Depois de ter feito o que me mandavam, apareceu uma menina, a quem participei a avaria: que tomaria nota. Foi tudo o que aconteceu. Ao fim de três dias, voltei a ligar para a empresa, mas já não me foi possível falar com um ser humano, pois, de cada vez que discava o meu número, era remetida para uma gravação, na qual a PT me comunicava já ter registado o estrago.

Como tenho uma central em casa, com três números diferentes, fui-os discando sucessivamente, o que me permitiu o privilégio de falar com alguém vivo por mais duas vezes. Esgotada esta artimanha, deixei de ser capaz de ultrapassar a barragem da gravação. Pelos vistos, as prestáveis “assistentes”da velha companhia de telefones haviam desaparecido.

Por mero acaso, soube de um truque que permite furar o muro de silêncio que a PT montou à sua volta. Depois da gravação 4, deixa-se tocar o telefone uns 5 ou 6 minutos, após o que aparece um senhor que nos informa termos passado a fazer parte dos clientes VIP, o que significa que, no máximo dentro de 24 horas, virá alguém a nossa casa a fim de reparar a avaria. Efectivamente, pouco depois, dois rapazes tocaram à minha porta a fim de testar os sete aparelhos que possuo. Foi através de uma poção mágica que subi na hierarquia dos clientes da PT. Zeinal Bava vai ter muito que fazer: se há empresa que despreza os clientes é a PT.


Maria Filomena Mónica


In Meia Hora

E não podia governar?

Atrás do espelho de Alice, o Senhor Primeiro-Ministro não governa, gere uma grande produção

O Primeiro-Ministro afirmou na terça-feira que a crise orçamental portuguesa está ultrapassada e os factores que a motivaram resolvidos, tudo sem comprometer o crescimento económico... A afirmação é deveras extraordinária, num contexto de reconhecida crise externa e interna.

Aparentemente, o Senhor Primeiro-Ministro não se deu conta de que vivemos uma crise económica tão grave que levou destacados economistas a falar da pior crise do pós-guerra e, como é óbvio, Portugal não é a ilha da Utopia. Longe disso.

Isolado no mundo virtual e marketizado a que se remeteu, o Primeiro-Ministro não vê a situação dos pensionistas e reformados; a brutal taxa de desemprego; as famílias endividadas; os jovens sem futuro profissional; o ensino desqualificado e desadequado; a queda do investimento estrangeiro, os juros que sobem, o sistema judicial em desmantelamento; a saúde adiada; ou a burocracia que leva à perda de fundos comunitários. Também não vê a rigidez da despesa pública nem o súbito zelo dos pequenos poderes que entram em sindicatos ou fecham indústrias tradicionais, apelam à delação ou simplesmente acham plausível que um cidadão guarde todos os recibos de tudo quanto adquire durante cinco anos... (em que assoalhadas, Senhor Primeiro-Ministro, nas do Palácio de S. Bento?)

E há também a nova tentação de controlar os costumes de cada um, de qualquer forma, seja piercing ou casamento e a concentração policial. De vez em quando somos brindados com grandes produções: quem não se lembra e não se comoveu com a imagem de lindas crianças curvadas sobre excelentes computadores? Pena que não passasse tudo de uma produção (boa, diga-se).

Qual a realidade vivida pelo Primeiro-Ministro, que não vê a desqualificação da democracia com a funcionalização das autonomias, a politização da Administração Pública? Por onde anda o Senhor Primeiro-Ministro que não vê essa gelatinosa cultura da arrogância pública a espalhar-se na vertical?

Não há fio condutor para um projecto de caminho.

Atrás do espelho de Alice, o Senhor Primeiro-Ministro não governa, gere uma grande produção.

No fundo, talvez nem fosse assim tão mau que o Primeiro-Ministro não governasse... se não desgovernasse.

Descendo à Terra, o Senhor Primeiro-Ministro teria muito com que se preocupar nas duas casas que é suposto governar enquanto o Poder (mal) as une.


Paula Teixeira da Cruz

In Correio da Manhã

As eólicas da polémica

Vem um homem da ciência e diz: «Não há vento suficiente. As turbinas vão estar paradas a maior parte do tempo». (Li aqui o seguinte, para ser mais preciso: «Segundo Delgado Domingos, a velocidade média do vento em Lisboa é de quatro metros por segundo, valor baseado em observações feitas na zona do aeroporto, não existindo estudos rigorosos para avaliar com mais exactidão o potencial da cidade».) Mas ninguém lhe ligou nenhuma, claro.
A coisa promete. Você vai ver.
Leia mais aqui.

quinta-feira, março 27, 2008

A impunidade, a excepção e a regra

QUANDO ALGUÉM se prepara para cometer uma infracção, compara as vantagens expectáveis com a penalidade correspondente.
Em seguida, associa (mesmo que inconscientemente) o valor da penalização à probabilidade de ela ocorrer e faz uma espécie de multiplicação de cabeça. No entanto, é bem sabido que, se a probabilidade for muito baixa, o facto de a penalidade ser elevada pouco adianta.
*
Hoje vi, da minha janela, a Polícia Municipal a bloquear carros. De manhã, era a EMEL que o fazia. Isso sucede todos os dias, de 2ª a 6ª feira. Então porque é que as pessoas continuam a estacionar assim (sujeitando-se a multas de €30, pelo menos), quando - ainda por cima - há parques de estacionamento às moscas e lugares vagos, em volta, a partir de 0,25€?
É porque, apesar de tudo, ainda acham que a probabilidade de serem multadas é baixa, pelo que a infracção vale a pena.
*
E é por isso que, a propósito do caso da aluna do telemóvel, a garantia de que terá uma punição exemplar me deixa muito frio. Alguém acredita que, mesmo que tal suceda, isso seja algo mais do que a excepção que confirmará a regra?
*
Actualização

O QUE SUCEDE tem uma explicação matemática, para a qual vou arbitrar alguns valores que não devem andar muito longe da realidade:
Imagine-se que, antes da actual vaga repressiva, as pessoas tinham a sensação de que a probabilidade de serem multadas era de - digamos - 1%.
Vamos supor que as autoridades aumentaram a sua acção para o dobro ou mesmo para o triplo.
O que sucedeu foi que a sensação de impunidade baixou de 99% para 97% - o que, em termos psicológicos, é rigorosamente o mesmo. E mesmo que os números não sejam esses, não andam muito longe.
De facto, ainda hoje vi as carrinhas bloqueadoras passarem por muitos carros em infracção sem fazerem nada. Multam dois aqui, bloqueiam três mais à frente, rebocam quem não está a incomodar ninguém (como a carrinha que se vê na foto)... criando uma ideia (aliás, verdadeira!) de que só é penalizado quem tem azar.

Acrescem ainda outras realidades:
Muitos condutores vêm de outras zonas da cidade (ou do país) onde sabem que a probabilidade de serem multados é ZERO.
Outros, sabem que, se não pagarem as multas, não lhe acontece nada (30% das multas da EMEL ficam por pagar, e as da PSP prescrevem regular e oportunamente...).
A lei não é aplicada aos fins-de-semana, pelo que se podem ver carros a atafulhar passeios, passadeiras de peões, estacionamentos para deficientes e paragens de autocarro, mesmo quando o estacionamento é gratuito e abundante.

O pior é que, nestes casos (como nos outros de que agora tanto se fala), a sensação de impunidade tem consequências, a prazo mais ou menos curto, muito para além do que está directamente em causa.

Nasceu o Observatório da Baixa!


AQUI!

Proposta sobre "Wind Parade"

Proposta não foi votada na reunião de câmara (Público)
Sá Fernandes força Wind Parade Lisboa 2008 contra vontade da maioria dos vereadores
O vereador eleito pelo Bloco de Esquerda José Sá Fernandes e os socialistas que com a sua ajuda governam a Câmara de Lisboa foram ontem alvo de violentos ataques verbais na reunião da autarquia, depois de terem forçado a implantação de 15 ventoinhas de produção de energia eólica em vários pontos da cidade, contra a vontade da maioria dos vereadores.
Os autarcas do PSD abandonaram a sala em protesto, não sem antes se terem manifestado contra esta “ausência de regras democráticas” e este “enxovalho”. E não descartam a possibilidade de recorrerem a “outras instâncias”, embora não especifiquem quais, para se queixarem do sucedido.
Apesar de as suas competências lhe permitirem levar o projecto por diante sem o submeter à votação dos restantes vereadores, Sá Fernandes optou por apresentar uma proposta nesse sentido na reunião de câmara. Quando percebeu que tudo se encaminhava para o chumbo do projecto, que só o PS aprova, optou, por sugestão do presidente da autarquia, António Costa, por retirar a proposta. Mas anunciou ao mesmo tempo que levará o projecto por diante, mesmo sem a concordância da maioria dos vereadores, uma vez que as suas competências lho permitem.
O ruído e o impacto visual das microturbinas são as principais objecções à sua instalação, que será temporária, apenas entre Julho e Dezembro - e que servirá mais como campanha de sensibilização para as energias alternativas do que como real fonte de produção de energia eólica, uma vez que Lisboa não tem muitos locais onde a força do vento seja suficientemente elevada.
O vereador Pedro Feist, do grupo Lisboa com Carmona, declarou que nos 32 anos que leva da autarquia lisboeta nunca viu “uma situação destas”, em que um vereador tenha passado por cima da vontade dos seus pares. Já Helena Roseta falou em “baixa democracia”. Sá Fernandes e os socialistas foram acusados de autoritarismo por toda a oposição. “Foi um episódio que pensei que jamais pudesse acontecer na Câmara de Lisboa”, observou o comunista Ruben de Carvalho, que vê a situação como “um claro desrespeito pela democracia”. O PCP ameaça desenvolver sobre o assunto “o mais enérgico protesto político, com todos os recursos” que tiver “à mão”.
(ISABEL G)

Desporto amador em Lisboa: o caso da patinagem


No site da Câmara Municipal de Lisboa há pavilhões gimnodesportivos onde se pode praticar desporto. Dever-se-ia fomentar as modalidades amadoras, que nos últimos anos eclodiram na cidade. Mas não. Continua a investir-se no futebol e no futsal. Lisboa só tem um clube de patinagem - o Clube de Patinagem Lisbonense - que tem uma actividade muito meritória. Criou o clube, fomenta a actividade, gere o com muita dedicação e competência. Há em Cascais e em Oeiras muitos clubes, que permitem aos atletas treinar nos pavilhões municipais com as dimensões e condições adequadas. Nestes dois municípios, os departamentos de desporto estimulam esta modalidade.
Mas em Lisboa, o que devia ser uma história feliz, não o é. O CPL bem tenta arranjar um espaço para as 50 atletas treinarem. Até agora treinaram num pavilhão alugado de um antigo liceu três vezes por semana, mas que não tem vestiários, W.C., o espaço não tem as dimensões adequadas e o piso apropriado para a prática da patinagem. Além de que tem os vidros partidos. Os pais que assistem sentam-se nas escadas, em bancos duros e levam mantas por causa do frio. As atletas do CPL treinam num velho pavilhão e não tendo as dimensões adequadas, quando entram em competições estão sempre em desvantagem porque as atletas dos outros clubes fazem os seus treinos em espaços adequados.
O CPL insiste com a CML para lhe arranjar espaço e para que as nossas atletas tenham condições. Mas de novo é o labirinto... Actualmente, e passadas muitas diligências, a CM já cedeu segunda feira e sábado. Mas continua ainda o trabalho do CPL para arranjar um outro dia e hora disponível nos pavilhões municipais para as atletas treinarem.
É isto que queremos que seja o desporto em Lisboa? Bem diferente dos casos dos clubes Cascais e Oeiras, nos quais os municípios apoiam esta modalidade, e os clubes podem organizam treinos e festivais de patinagem.
As atletas de Lisboa, esta semana não treinam. Já não têm o velho pavilhão SEM condições E que faz a CML? Não sei. A minha atleta, sei o que faz: fica muito triste e pergunta "porque é que a CM não nos apoia e anda sempre a apoiar o futebol?" . O CPL continua, felizmente com energia a tentar encontrar uma solução.
(TEXTO ENVIADO POR LEITORA DO C&T)
(Isabel G)

quarta-feira, março 26, 2008

VALORES DE IMPORTAÇÃO

Parece que o vídeo da zaragata ocorrida entre uma aluna e uma professora do Liceu Carolina Michaëlis de Vasconcelos, no Porto, sobressaltou as serenas consciências e permitiu uma resoluta série de opiniões. Putativos culpados: a aluna, a professora, a escola, a ministra - e os pais. Não me atrevo a juízos definitivos. A vigilância hierarquizada, assim como a punição pelo método da pirâmide, correspondem, em última análise, a insidiosas extensões dos mecanismos de poder. O que está em causa, modestamente o creio, é a questão do "sistema", não as debilidades do "regime". Este possui os desvios e as turbulências comuns às suas estruturas e instituições. Aquele nunca cedeu ao seu radical objectivo.

A verdade é que, um pouco por todo o mundo, a violência nos estabelecimentos de ensino é um dado adquirido. Os estudantes do Maio de 68 exigiam "Tudo, já!", e invocavam ser a última das gerações marcadas pela injustiça. Sacolejaram a velha doutrina. O festim durou um instante. E os seus líderes deram no que deram, com especial relevo para a teatralidade pungente de Cohn-Bendit. O mal-estar persiste porque se alterou alguma coisa a fim de tudo ficar na mesma. A fórmula de Lampedusa aplica-se, também, às situações a que temos assistido. Não há ausência de valores. Há, isso sim, outros valores de rápida importação, sobre os quais nenhuma reflexão tem sido feita. A nova ordem económica mundial modificou, substancialmente, o articulado no qual se estatuiu, durante décadas, a nossa existência comum. Tudo se tornou precário, instável e inquietante. Destruiu-se comportamentos consolidados, disposições familiares de séculos, mecanismos que garantiam equilíbrios sociais. No fundo, a "organização" não passava de uma dissimulada sanção normalizadora ou, se o quiserem, punitiva, por opressora. Acusam-se os pais e os professores de desatenção, negligência, falta de zelo; os alunos, de desobediência, insolência, má educação. E reclama-se a velha "autoridade". As fracções mais ténues de conduta não são analisadas à luz das novas regras - nas quais o "mercado" e a inobservância dos laços solidários desempenham poderosos papéis.

Em todos os sectores funcionam aparelhos penais, num espaço que as sociedades deixaram vazio, por não esclarecerem a dimensão das novas regras. E estas foram estabelecidas pelo capitalismo moderno, rude e desenfreado por inexistência de alternativa credível.

Vivemos num tempo evolutivo. A escola, a Igreja, a justiça, o amor, o conceito de família, a noção de comunidade, tal como no-lo foram inculcados, são sacudidos porque emergiram outras modalidades de poder. O caso do liceu do Porto é um dos sinais do tempo. Nem mais nem menos graves do que outros.

Baptista-Bastos


In DN

CRIL: Moradores concentrados em protesto

CRIL: Moradores concentrados em protesto
Os moradores concentraram-se junto ao corredor da CRIL para protestar contra o projecto de conclusão daquela via.

A Comissão de Moradores de Santa Cruz de Benfica e da Damaia concentrou-se hoje junto ao corredor da CRIL para protestar contra o projecto de conclusão daquela via que ligará a Buraca a Benfica.
O protesto, que reuniu cerca de duas centenas de moradores de Santa Cruz de Benfica e da Damaia, empenhando velas e cruzes, serviu para demonstrar o desagrado face a uma obra que consideram "ilegal e de uma gravidade extrema", segundo Jorge Alves, presidente da Comissão de Moradores de Santa Cruz de Benfica
Em declarações à Lusa, Jorge Alves, explicou que os moradores estão preocupados com "os graves impactos ambientais que aquela obra acarreta", acusando o Governo de estar "a faltar ao respeito às populações daquelas duas localidades".
O responsável citou um estudo técnico do Observatório de Estadas que "aponta graves problemas" de segurança rodoviária que obrigam a que a circulação seja feita a 60km/hora e controlada por radar e pareceres do Instituto do Ambiente que atestam que a construção de 310 metros a céu aberto propostos no projecto violam a Declaração de Impacte Ambiental
"O Governo adjudicou uma obra que contraria aquilo que estava previsto para esta zona e tinha ficado decidido em consulta pública. Desta forma comete uma clara violação à Declaração de Impacte Ambiental",referiu
Segundo explicou Jorge Alves, o último troço da CRIL passou de um projecto de 3+3 vias em túnel, a opção que esteve em consulta pública em 2004, para 4+4 vias a céu aberto numa extensão de mais de 300 metros.
"O Governo decidiu construir uma estrada aos "esses", em cima das populações, que põe em causa a segurança rodoviária e viola a declaração de impacto ambiental, quando havia condições para construir uma via em linha recta em terrenos do Estado", denunciou.
Jorge Alves considerou ainda a atitude do Governo como "incompreensível, pois sempre que é instado a pronunciar-se acerca da obra diz que não existe qualquer projecto".
Presente na manifestação esteve também a QUERCUS que, na voz de Aline Delgado, presidente do Núcleo de Lisboa, manifestou a sua "solidariedade" com os moradores.
"Consideramos que esta declaração (Impacto Ambiental) não está na ser respeitada, reflectindo-se na poluição e no ruído a que estas pessoas estarão sujeitas no futuro", afirmou.
A ambientalista lamentou que "grande parte dos processos de avaliação ambientais não passam de um proforma", sendo este mais um desses casos.
João Moura, morador na Damaia de Baixo há cerca de 30 anos, vê esta obra com "desconfiança" porque segundo ele irá criar "um Muro de Berlim" que isolará as duas freguesias.
Entretanto, as expropriações necessárias para a conclusão da obra já começaram e, de acordo com Ana Paula, uma das expropriadas, "o processo tem sido tudo menos amigável"
"A Estradas de Portugal (EP) veio-me apresentar-me uma proposta irrisória. Um valor que não me é suficiente para pagar outra casa", referiu, acusando a EP de estar a "ameaçar as pessoas".
O troço final da Cintura Regional Interna de Lisboa (CRIL) ligará o nó da Buraca ao da Pontinha e este à rotunda de Benfica, numa extensão aproximada de 4,5 quilómetros.
A obra, que deverá estar concluída até final de 2009, foi adjudicada no passado dia 16 de Novembro por cerca de 110 milhões de euros.
Notícia TVNET
(ISABEL G)

terça-feira, março 25, 2008

Avenida Ventura Terra, Nº 18


Por detrás desta pequena vivenda de Telheiras há um mar profundo de coisas a investigar, mas que parece ninguém estar interessado em meter o escafandro na cabeça e ir até aos fundos dos fundos. Por 3 vezes foi chumbado o projecto de ampliação, com despachos dos próprios serviços, aliás, a exigirem que o mal fosse cortado cerce. Nada foi feito. De novo volta o mesmo, agora para a sessão de CML de amanhã, como se nada tivesse havido antes, na esperança, talvez, que passe despercebido. Há que colocar os pontos nos is.

segunda-feira, março 24, 2008

É fartar, vilanagem!

Venda do património do Estado em questão. Aqui. Coisa muito séria.

Sistema mais moderno custa 500 mil euros: Câmara de Lisboa planeia mudar dez mil semáforos (Correio da Manhã)
A Câmara de Lisboa prepara-se para substituir as lâmpadas dos cerca de dez mil semáforos existentes na cidade por outras mais económicas e seguras. A iniciativa consta do plano de actividades da Agência Municipal de Energia e Ambiente Lisboa E-Nova e implica um investimento de 500 mil euros.

O projecto, denominado Eficiência Energética nos Semáforos de Lisboa, prevê a substituição das lâmpadas incandescentes tradicionais por díodos emissores de luz – Light Emitting Diodes (LED) –, alimentáveis através de painéis solares.
É uma tecnologia que, segundo Delgado Domingos, presidente do conselho de administração da Lisboa E-Nova, tem inúmeras vantagens na redução do consumo energético e na segurança rodoviária. "É o casamento perfeito", comenta.
Entre as vantagens destaca-se uma baixa de consumo na ordem dos 85 a 90 por cento, dado que os LED podem ser alimentados por painéis que transformam a energia solar em energia eléctrica, além de uma redução na manutenção pois funcionam com temperaturas mais baixas.
Por outro lado, ainda segundo o responsável pela agência municipal, aumenta a segurança rodoviária, dado que o índice de reflexão da luz solar é 50 por cento mais baixo neste sistema do que no tradicional, acabando com a impressão de que as lâmpadas estão ligadas quando efectivamente não estão. Outra vantagem dos LED é o facto de terem uma duração superior às lâmpadas convencionais e funcionarem bem com 80 por cento do equipamento operacional.
A nova tecnologia implicará um investimento de 500 mil euros, financiados através de patrocínios que estão a ser negociados. (continua)

(Na fotografia, os Ampelmännchen de Berlim - Isabel G)

sábado, março 22, 2008

Não à Baixa do Botox *

É evidente o contraste entre o sentimento de urgência que autarcas, urbanistas, comerciantes e promotores imobiliários têm em relação aos grandes projectos de “revitalização” da Baixa-Chiado e o desinteresse da grande maioria da população lisboeta em relação àquela zona da cidade.
“Reabilitar”, “revitalizar” e “requalificar” são termos recorrentes que se conjugam, num discurso tornado hegemónico, com fórmulas como “criar espaço comercial”, “promover o produto”, “fazer uma montra”. Os munícipes observam em silêncio submisso, despreocupado ou descrente, o património edificado da Baixa Pombalina ser invocado para justificar complexas operações financeiras e administrativas que o seu horizonte cognitivo não alcança.
Os prometidos planos de investimento no território urbano que o presidente da Câmara designou recentemente como a pérola da cidade têm como fundamento primordial o desígnio turístico da Baixa. “Recuperar” (ou seja, reconstruir) aquele conjunto pombalino e pós-pombalino, injectar habitantes em edifícios modernizados e gentrificados, salpicar o terreno com templos museológicos são passos de uma rotina planificadora já muito bem oleada noutras grandes cidades europeias, e que passa sobretudo pela necessidade imperiosa dos municípios de gerar receita através do imobiliário e da promoção turística, e pela ânsia do grande capital em investir na aquisição de pérolas.
O processo legitima-se por si mesmo, isto é, pelo facto de ter de ser assim porque se tem feito assim noutras cidades europeias. O modelo é este e não há que o questionar.
Mas não podemos mesmo questionar o modelo?
Durante dois séculos, todos aqueles que deixaram algo escrito sobre a Baixa coincidiram na opinião de que os edifícios pombalinos eram feios, monótonos, aborrecidos, sem qualquer monumentalidade. Fruto da mente e engenho de militares, os quarteirões da Baixa foi sempre vistos como peças de um aquartelamento. No meio século seguinte, o discurso mudou no sentido da sua patrimonialização. Mas, em simultâneo, o património arquitectónico e urbanístico da Baixa começou a ser intensamente vandalizado. Primeiro pela banca, depois pela fuga dos habitantes, pela ausência de manutenção e por esventramentos dos interiores, e finalmente pela decadência do comércio tradicional e pela construção de parques de estacionamento, de caves e de um túnel à boca do Terreiro do Paço que afectaram profundamente os fluxos hídricos subterrâneos e consequentemente as fundações dos imóveis.
O Património arquitectónico pombalino é hoje praticamente irrecuperável. O espaço é dificilmente revitalizável como espaço urbano orgânico. Mas é ainda cenarizável. Tratando-se de um casco moribundo e ainda por cima deserto, é mesmo particularmente apetitoso como brinquedo para urbanistas e promotores imobiliários.
Algo de semelhante aconteceu em Barcelona, a cidade que está hoje nas bocas do mundo como a nova Meca turística europeia. Barcelona é o modelo inquestionável e universalmente invejado de cidade de sucesso, de cidade-espectáculo, de cidade-fashion. Tanto mais que o Ayuntamiento tem fechado os seus balanços anuais de contas com superavit. Mas pergunte-se a qualquer barcelonês sobre o que é viver constantemente assaltado por turbas de turistas, chocado por dislates arquitectónicos e aborrecido por aventuras museológicas, e a resposta será sempre a mesma. Barcelona é uma cidade infernal. Boa para “unas copas” mas insuportável para viver.
Mas, se perguntarmos ao catalão (e ao castelhano e ao andaluz e aos outros) onde gostaria mesmo de passear, ele dirá que, sem sombra de dúvida, na Baixa de Lisboa. Como se prova todos os anos, por altura da Páscoa.
Porquê matar então, a golpes de “revitalização”, a galinha dos ovos de ouro? E, já agora, que conta a CML fazer à pequeníssima minoria de lisboetas que têm a sina e o privilégio de viver na Baixa? Dar-lhes um subsídio mensal e um trajo de gala para serem mostrados como seres exóticos a turistas low-cost e a condóminos high-brow?
*
Manuel João Ramos, "24 Horas" de 21-3-08
(Isabel G)

Uma lei iníqua que aí vem contra a estabilidade no Poder Local

Parece que PS e PSD acabaram para já por se entender em torno de mais uma iniquidade. Desta vez, o alvo é a estabilidade do Poder Local, designadamente dos municípios. A coisa é simples de entender mas, quando explico o que penso a alguém, tenho sempre a ideia de que a malta está pouco disponível para dedicar ao assunto o minuto e meio que o assunto requere.
Talvez também seja o seu caso.
Mas de qualquer modo vou escrever o que está na cara.
De tão óbvia, a situação até incomoda.
Explicar isto, é como explicar que 2 e 2 são 4.
.
Suponho que sabe do que falo: da lei que aí vem, ao que parece, que prevê que só haja eleições para a assemnbleia municipal e que atribuirá a uma força política que tenha maioria na assembleia, qualquer que seja a percentagem dessa maioria, a maioria absoluta mais um eleito na câmara municipal. Ou seja: concretamente no caso de Lisboa, com 20 ou 30%, um partido pode ter 10 eleitos em 17 na CML (ou 8 em 13, como parece que a lei vai determinar).
Isso vai criar a maior instabilidade de que há memória.
Mas não só em Lisboa: em todo o País. Hoje há 30 casos de discrepância de maiorias câmara-assembleia em todo o País, segundo me dizem.
A regra, hoje é a instabilidade. A excepção são as situações de instabilidade derivada de maiorias diferentes - como é o caso de Lisboa, hoje.
E isso pode ser muito mau para as populações.
Veja um exemplo concreto: o plano da Baixa-Chiado.
Aparentemente, depois de aprovado nma CML, não vai passar na AML (Costa diz que espera para ver, mas pode acontecer: o PSD tem maioria absoluta na AML).
Mas há pior: imagine que em 70 ou 80% das câmaras do País, a partir das próximas eleições, as assembleias se recusam a aprovar os planos e orçamentos.
Imagine mesmo que me 20 ou 30% delas essa recusa acontece segunda vez.
Sabe qual é a consequência?
Eleições antecipadas.
Já imaginou a catástrofe?
E se uma coisa dessas acontecer mesmo - quem vai pagar por isso? Acham que o PS e o PSD têm um passado de quem assume? E o que é esse «assumir»? Uma brejeirice qualquer e está feita a coisa...
Isto raia o inconcebível.

sexta-feira, março 21, 2008

Gilbert Bécaud - "Les marchés de Provence"
Para os leitores deste blog, clientes habituais de mercados. Na fotografia, o Mercado de Alvalade.
(ISABEL G)

quinta-feira, março 20, 2008

PÁSCOA


Circunstâncias várias têm-me mantido ausente deste blogue. Mas quero desejar a todos uma Páscoa feliz!

(Fotografia de Reynaldo Monteiro)

Boa Páscoa

Um poema, Senhor!
Um nenúfar aberto neste lodo!
Ou então desça todo
O teu silêncio
Sobre o charco tranquilo.
- Um silêncio tão largo e tão pesado,
Que nenhum condenado
Possa ouvi-lo.

Alguns versos de limpa transparência
À tona da maciça podridão!
Branca e alta emoção
De purezas eternas reflectidas.
Ou então
Que o teu silêncio inteiro
Aquiete de todo o coração
Dos poetas - os sapos do atoleiro.


- Miguel Torga, Imploração

O Lx-Dacar 2009 vai começar aqui?






Peço desculpas ao Fernando Correia de Oliveira, que sugerira, em tempos, a inclusão da Rua das Taipas no circuito oficial do famoso rally. Parece-me que qualquer dos dois poderá ser aceite pela organização, ou mesmo, o da Rua da Prata. Garantia absoluta de semi-eixo partido.

terça-feira, março 18, 2008

EU BEM SEI que este blogue é essencialmente dedicado a assuntos de Lisboa mas, numa altura em que no PSD tanto se discute o papel dos barões e das setas (do logótipo), não resisto a compartilhar convosco esta capa - e, já agora, uma pequena crónica que afixei em comentário.

segunda-feira, março 17, 2008

Sim, Sr. Vereador, o Observatório do Parque da Bela Vista existe!

O comunicado que se impunha, face à desfaçatez do Sr. Vereador do Pelouro dos Espaços Verdes. Para ler AQUI

domingo, março 16, 2008

Zona ribeirinha

Devolução ao Governo é “prática normal”: Presidência afirma que não houve veto político do diploma sobre zona ribeirinha de Lisboa (PUBLICO)
A Presidência da República esclareceu hoje que Cavaco Silva não exerceu o direito de veto político relativamente ao diploma que previa a transferência para a Câmara de Lisboa da zona ribeirinha da cidade, considerando a devolução de diplomas ao Governo "uma prática normal".

"A Presidência da República desmente que tenha sido exercido o direito de veto político relativamente ao projecto de decreto-lei que define o regime jurídico de definição do destino a dar às áreas sem utilização portuária reconhecida", explicou à Lusa fonte oficial de Belém. "A devolução do diploma que ocorreu corresponde a uma prática normal de diálogo entre a Casa Civil da Presidência da República e o Governo", reforça a mesma fonte.
A mesma fonte indicou que "não faz sentido" divulgar as razões que levaram Cavaco Silva a vetar o diploma.
O semanário “Sol” noticia hoje que o Presidente da República vetou o diploma do Governo que previa a transferência da administração da zona ribeirinha do Porto de Lisboa para a autarquia local.(...)
(Isabel G)

sábado, março 15, 2008

Esta Lisboa que eu amo

Estimar as árvores

Árvores em falta na nossa cidade:
No Cidadania LX faz-se um apelo ao "levantamento das caldeiras com árvores mortas, com cepos, ou simplesmente vazias, que aguardam a plantação de novos exemplares.Atenção ao que se passa na sua rua ou jardim de bairro."
Alerte a sua Junta de Freguesia e/ou a Divisão de Jardins do Departamento de Ambiente e Espaços Verdes da CML: dj.daev@cm-lisboa.pt
(Isabel G)
PS - O Paulo Ferrero também já tem colocado aqui essa questão, com o levantamento de diversos exemplos de "árvores-palito", como lhes chama.

Câmara discute plano para a Baixa-Chiado

LOCAL LISBOA Público - 15.03.2008 - Câmara discute plano para a Baixa-Chiado

"O plano de revitalização da Baixa de Lisboa dá o mote à próxima reunião do executivo camarário, que decorrerá quarta-feira a partir das 9h30 nos Paços do Concelho. Em discussão estará o novo projecto, proposto pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, e pelo presidente da câmara, António Costa, bem como a possibilidade de se avançar para a elaboração de um plano de pormenor para a zona da Baixa, que norteará os usos a dar ao solo.
Em cima da mesa estará também a suspensão das normas do Plano Director que proíbem construção nova na Baixa (agora apenas são permitidas a conservação e recuperação dos edifícios) em zonas onde deverão surgir quatro infra-estruturas: o Museu da Moeda (na Igreja de São Julião), o Museu da Moda e do Design (no antigo BNU), a ligação mecânica Baixa-Castelo e uma esplanada no Carmo com vista sobre a cidade, onde estão instalados anexos do quartel da GNR. É precisamente esta última pretensão que desencadeia maiores críticas por parte de especialistas, como o ex-director municipal da Reabilitação Urbana Filipe Lopes, e políticos, que temem desmandos urbanísticos. O PSD é um dos opositores e, mesmo que a proposta passe na câmara, a maioria social-democrata na assembleia poderá inviabilizá-la. C.P."
(Isabel G)

sexta-feira, março 14, 2008

A ministra e os professores

Alguns comentadores que respeito têm defendido a avaliação proposta por Maria de Lurdes Rodrigues com base em que é preciso acabar coma bandalheira que se vive nas escolas, a qual teria contribuído para que o país apareça num lugar vergonhoso nas estatísticas internacionais.
Para eles, alguém que diz, com ar firme, ser necessário avaliar os professores tem necessariamente razão.
Mas avaliar professores é diferente de emitir juízos sobre empregados de empresa, funcionários públicos ou gestores de topo. Nestes casos, há objectivos definidos – vender cadeiras, carimbar papéis ou arrecadar lucros – o que não se passa no caso das escolas. Estas servem para transmitir conhecimentos e, numa perspectiva optimista, contribuir para a formação de homens e mulheres mais cultos, o que não é mensurável. A visão mecanicista da escola – como se de um conjunto de peças de Lego se tratasse – é errónea.
Há ainda – e isto é crucial – o problema da competência pedagógica. É fácil conferir se os docentes faltam, se chegam atrasados ou se corrigem os testes. O mesmo se não sode dizer dessa qualidade, mais ou menos mística, a capacidade para ensinar, que as faculdades de Ciência da Educação – uma das pragas dos tempos modernos – são supostas transmitir. Não é através da observação directa, nem, muito menos, de grelhas imbecis que lá se chegará.
Depois de ter assistido à manifestação de sábado – sim, fui lá, embora na qualidade de repórter – discuti a questão com algumas pessoas. A maioria estava atónita que eu, desde há muito vista como uma meritocrata a outrance, defendesse aquela cambada de preguiçosos manipulados pelos sindicatos. Além de isto ser uma caricatura, é irrelevante.
O que está em discussão não é a existência de maus professores, mas se é possível detectá-los com a engenharia que a ministra montou.
Não, não é.


Maria Filomena Mónica



In Meia Hora

Para fora

Esta semana o PSD contribuiu para a mexicanização do regime: enfraqueceu-se como partido de alternância e reforçou o 1.º ministro .


Numa semana em que a Rua se levantou ao Governo e se impunha o balanço (negativo) de três anos de governação socialista, a Direcção Nacional do PSD agendou a discussão e votação de novos regulamentos internos e anunciou uma nova imagem para o Partido. A escolha do conteúdo, do momento e da forma foi da Direcção Nacional.
Quanto ao conteúdo, os regulamentos são importantes na medida em que são as regras de vivência de um partido político e essas regras só podem querer-se qualitativamente democráticas e transparentes, desde logo porque influenciam a qualidade da democracia do País. A meu ver, os actuais regulamentos põem em causa a transparência e a democracia interna do Partido, são um retrocesso no que respeita às boas práticas, beneficiando quem já controla as estruturas (será o regresso ao pagamento em dinheiro; votará quem os presidentes de mesa habilitam que vote; os cadernos eleitorais não serão verdadeiramente conhecidos e nem é difícil imaginar a constituição de uma brigada móvel eleitoral...)
Quanto à forma, uma aprovação sem discussão é sempre presunção de falta de qualidade democrática (não se perdia nada em proporcionar uma discussão alargada, ponderar os alertas que se ouviu e os que não se ouviu e todos ganharíamos).
Acresce que a discussão dos regulamentos foi acompanhada dos habituais discursos violentos contra quem se atreveu a pedir mais tempo ou simplesmente não esteve de acordo com o conteúdo dos mesmos.
Espantosamente, neste contexto e no mesmo momento em que se desconsidera militantes que mais não fazem do que exercer o direito de opinião, é anunciada uma nova campanha para angariação de militantes. Também aqui não se pode ignorar que a ameaça de purga dos que se permitem discordar não é do mais entusiasmante e estimulante que há pa-ra cativar quem quer que seja.
Anuncia-se ainda a nova imagem do PSD com alteração de símbolos, mas a alteração de símbolos não pode (não deve) fazer-se por razões conjunturais.
O partido virou-se para dentro e esqueceu que é um meio de representação política dos cidadãos.
Tudo numa semana em que havia que pôr o País à frente, confrontar o Governo com os seus erros e omissões e falar para fora. Isto é fechar um partido ao exterior.
Infelizmente, o PSD deu, nesta semana, um forte contributo para a mexicanização do regime: enfraqueceu-se como partido de alternância e reforçou o primeiro-ministro.



Paula Teixeira da Cruz


In Correio da Manhã

quarta-feira, março 12, 2008

Por falar em ruído

Ruído do Eixo Norte Sul: do site da Associação de Residentes de Telheiras

"É uma luta antiga que os moradores de Telheiras e áreas limítrofes travam com a CML e Estradas de Portugal.
Desde que esta via irrompeu pelo bairro, atravessando a cidade, concebida e estruturada como uma auto-estrada, os piores receios viriam a concretizar-se, convertendo em inferno a vida dos muitos moradores que habitam os prédios situados ao longo da mesma.(...)
Inúmeras cartas e abaixo-assinados têm sido encaminhados para a Câmara Municipal de Lisboa e Estradas de Portugal mas, até ao momento, as poucas respostas obtidas têm sido evasivas e sem o mínimo sinal de compreensão objectiva pelos interesses dos moradores.
Há ainda a registar diversos ofícios enviados pela Junta de Freguesia à CML, dirigidas designadamente às Direcções Municipais do Ambiente Urbano e Projectos e Obras em Janeiro de 2004, uma das quais inclui uma carta de ruído que se transcreve na parte final deste texto e que faz igualmente referência ao Decreto-Lei n.º 292/2000 de 14 de Novembro (também designado por Regulamento Geral do Ruído).(...)
Os últimos protestos, na sequência de reunião havida em 18 de Outubro, consistiram no envio de faxes e e-mails em quantidade massiva ao Presidente da Estradas de Portugal. (...)
Vale a pena ainda referir a existência de uma carta do Instituto de Estradas de Portugal (IEP), recebida na sede da ART em meados de Junho de 2006, em resposta a um abaixo-assinado dos moradores de Telheiras, e zonas do Parque dos Príncipes e Feira Nova. Nessa carta, assinada pelo vice-presidente, a Estradas de Portugal informa que o Eixo Norte Sul vai ser concessionado a uma empresa ainda não designada, e cujo concurso estará concluído em 2007. Ainda nessa carta, a Estradas de Portugal admite a colocação de algumas barreiras acústicas, sem especificar onde, mas que, face a informações cruzadas com a Junta de Freguesia do Lumiar, se depreende seja apenas na zona que está actualmente em construção (desde a Padre Cruz em diante ao longo do prolongamento). "(Foi isso mesmo)
Protestem para o IEP pelo fax 212 951 997, 808 210 0000 ou ep@estradasdeportugal.pt
(...)
Rua e Nível de ruído:
Al. Linhas de Torres Av. Mª Helena Vieira da Silva 75,9
Al. Linhas de Torres Hospital Pulido valente 75,9
Eixo Norte-Sul Eixo Norte-Sul 75,9
Av. Padre Cruz Rua André Gouveia 78,0
Av. Padre Cruz Av. Rainha D. Amélia 79,1
Fonte: Junta de Freguesia do Lumiar - 2004
(Isabel G)

Chamar a polícia?

Leio no jornal que faltam aparelhos para medir ruído: " GNR e a PSP estão há mais de um ano sem sonómetros. E têm de pedir «emprestado».
Excesso de barulho provocado por vizinhos lidera lista de queixas apresentadas à PSP e GNR. E o leitor, tem razões de queixa? Já chamou a polícia?" continua
*
Já agora: "Ruído mata 50 mil pessoas por ano"
(ISabel G)

Marina Ferreira chumbada para presidência da EMEL

A recondução da social-democrata Marina Ferreira na presidência da empresa de estacionamento de Lisboa (EMEL) proposta pelo presidente da Câmara, António Costa (PS), foi hoje chumbada na reunião do executivo municipal.

O nome de Marina Ferreira foi chumbado, em votação secreta, com sete votos a favor e oito contra.


Entre os 17 vereadores que integram a Câmara, sete pertencem à maioria PS/BE.

Marina Ferreira foi vereadora da Mobilidade durante o executivo de Carmona Rodrigues e chegou a assumir a vice-presidência da autarquia depois da suspensão dos mandatos de Fontão de Carvalho e Gabriela Seara.

O presidente da Câmara, António Costa (PS), propôs a recondução de Marina Ferreira na presidência do conselho de administração da EMEL, bem como a nomeação dos vogais Pedro Policarpo e Mário Reis Lourenço, que foram aprovados.

Fonte do gabinete do presidente da autarquia disse à Lusa que António Costa já falou com Marina Ferreira, pedindo-lhe autorização para voltar a apresentar o seu nome na próxima reunião do executivo municipal.

- Diário Digital / Lusa

As 'energias renováveis' de Lisboa


Defronte à 'marquise' do Palácio da Independência. Para inglês ver, enquanto saboreia a inimitável e insuperável ginginha do Eduardino, a 'Ginginha sem Rival' (apoiado!).

Gama(dos)


Hoje é de dia de festa e fanfarra lá para as bandas dos apreciadores de enguias (há que distinguir entre os comensais inconscientes, os voluntários e os forçados, diga-se), paredes-meias com a Avenida de Berna. O bicho tem destas coisas. Pessoalmente, detesto este tipo de manjar, cheio de espinhas e oleoso, mesmo sabendo-o em vias de extinção, muito por força, diga-se, do tipo de charco em que os rios se tansformaram. Como alguém, que muito prezo, disse, são 'coisas da vida'. Bem-hajam!

O PODER DA 'RUA'

As impressionantes manifestações registadas nas últimas semanas, e continuadas um pouco por toda a parte, assumem a forma e o conteúdo de um severo depoimento contra o Governo. Não se trata de turbulências comunistas, como já o disse José Sócrates e, iradamente, o repetiu Augusto Santos Silva, cujas "verdades" surgem cada vez mais avariadas. A "rua" foi a demonstração categórica do desequilíbrio entre quem pensa em termos estatísticos e quem é vítima desse equívoco. E uma vigorosa afirmação de civismo. Há dias, conversei com Raul Solnado sobre a natureza do Estado e o domínio pelo domínio exercido, repetidamente, pelo Governo, esquecido de que a força da República é a virtude, e a sua fraqueza a soberba. Sobre ser um amigo de há mais de 40 anos, Solnado é homem sábio, de frase pensada e advertida inteligência, com quem apetece discretear. Disse: "Gostaríamos de sentir que este Governo tem vontade de transformar e de modernizar o País. Por outro lado, a sua arrogância e autismo quer arrastá-lo para uma democracia musculada, o que é assustador. Eles distanciaram-se de nós."

A tentação de se construir contra o outro destrói o laço social, fonte e apoio do tecido colectivo, assinalado por Solnado como silogismo. E essas regras perturbadoras têm por objectivo limitar a interferência cívica e proteger o autoritarismo governamental. O facto de este Governo dispor de maioria absoluta não significa que actue em absolutismo. Há, manifestamente, ausência de diálogo e um poderoso dispositivo autoritário que liquidam a coexistência de duas sinalizações fundamentais em democracia: a dos governantes e a dos governados.

Perdeu-se de vista o reconhecimento da igualdade, do direito de protesto e do dever de memória. Este Governo criou uma tensão dramática de tal ordem e um destempero de tal jaez que levaram o primeiro-ministro a afirmar-se indiferente para com a imponente manifestação dos professores, invocando uma "razão" cuja natureza só poderá ser explicada através da nebulosa em que ele parece viver.

A arrogância é uma deformação moral; o preconceito, uma doença de educação; o desdém, uma chaga de quem se presume superior. Sócrates criou uma criatura que escapou ao seu controlo. Não pode mudar: de contrário, deixa de ser quem julga ser. E, sendo-o, na obstinação de quem não tem dúvidas, perde o respeito daqueles para os quais a democracia não existe sem comunicação.

Ao contrário de alguns preopinantes, suponho que, se a ministra da Educação fosse embora, abrir-se-iam as portas ao diálogo. Porque (é inevitável) irão aparecer novas regras de jogo e outras instâncias de organização que terão em conta as específicas oscilações históricas. Nascidas, não o esqueçamos, da "rua".

Baptista-Bastos

In DN

terça-feira, março 11, 2008

A cidade de Lisboa e o Mercado do Bolhão

As recentes notícias em torno da hipotética transformação do Mercado do Bolhão, no Porto, num banal centro comercial desprovido de identidade própria, gerido por uma empresa privada de promoção imobiliária, colocam em cima da mesa reflexões vitais em torno das cidades portuguesas, e da extrema falta de atenção e de respeito que temos tido por elas.

O país sofre de um mal-estar difuso, a confiança nacional encontra-se minada, diz a Sedes. O PIB não arranca desde 2000. Abrem-se os jornais, vamos ao café, e as queixas e os azedumes do costume. Que se passa? Há, decerto, razões de conjuntura (nossas e globais) e há razões de estrutura (bem mais portuguesas). Mas entre todas as razões, a forma como temos tão menosprezado - política e socialmente - as nossas cidades é razão de primeira linha da nossa doença. E esta razão é cem por cento nossa. Diz-me que cidades tens, dir-te-ei quem és.

Qual tem sido o estado-da-arte das duas grandes cidades de Portugal? Numa palavra: fragmentação. Territorial, social, económica e política. Lisboa-concelho terá hoje cerca de 500 mil residentes, Porto-concelho à volta de 250 mil. Ou seja, apenas 19 e 17 por cento do total das respectivas metrópoles. A capital perdeu mais de 30 por cento da sua população em 25 anos, e 70 por cento das suas crianças - saindo, em média, 30 residentes por dia para ir morar nos concelhos limítrofes. Entretanto, e nos últimos 15 anos, o ritmo de construção na metrópole resultava numa média de 2,3 casas novas por hora! No Porto a situação não é melhor: parece que o número de residentes na Rua 31 de Janeiro, no seu centro burguês, é de... zero! A incrível desvitalização que se tem sucedido nas nossas duas maiores cidades não tem paralelo em toda a Europa urbana.

Eis assim o retrato do Portugal urbano, hoje: muita urbanização e pouca cidade. A desvitalização das cidades é resultado das nossas distracções, dos nossos corporativismos, do nosso eterno fechamento e falta de cosmopolitismo. E de uma classe política que, na sua grande maioria, não percebe os grandes desafios da contemporaneidade, envolta que anda nos seus interesses e reciprocidades próprias. No entanto, basta observar os vizinhos espanhóis: tanta força, tanta produtividade, e... cidades vivas, mercados vivos e cheios, uma cidadania activa e cosmopolita.
Nós cá andamos de alma inquieta. Muito Portugal vive entre um 5.º esq. tardoz, o jogo de cintura dos empregos precários, e uma vida automóvel entre a gasolineira e o hiper mais barato, a apenas 9,99 euros o quilo. É a economia, estúpido! E esquecemos a vital importância de ter espaços urbanos que permitam um bom ritmar dos nossos entornos sociais, dos nossos encontros amicais, das nossas relações de quotidiano e, afinal, do verdadeiro relançamento da nossa economia! E agora, estaremos igualmente prestes a desligar os nossos próprios corações? O que se passa com o Mercado do Bolhão, o mítico e rijo Bolhão, coração rítmico de uma cidade alma portuguesa, e que agora falece... num banal centro comercial? Tudo isto soa demasiado a nevoeiro, a ignorância, e soa sobretudo a demissão e a não arregaçarmos as mangas como devemos.


"A cidade impõe-nos o terrível dever da esperança", escreveu um dia Jorge Luís Borges. Talvez seja, finalmente, tempo de tratarmos a sério de qualificar as nossas vidas nas nossas cidades. E não somente de as reabilitar, mas sim de as revitalizar. É diferente. Pode a vida, em Lisboa e no Porto e em todas as nossas cidades, afinal ser mais viva, mais diversa e mais criativa, mais próxima e mais curiosa? Claro que pode! É a qualidade de vida que temos, que define a nossa capacidade de sermos mais felizes, mais eficazes, mais competitivos, mais criativos, mais justos e mais humanos. Falo de qualidade de vida urbana. A cidade deverá ser, finalmente, uma das grandes razões e objectos da política.

Voltemos, assim, ao Bolhão: a vitalidade das cidades revela-se de forma plena nos seus mercados - espaços-espelho que são, por excelência, da sua identidade. Afinal, as primeiras cidades surgiram, há quase dez mil anos, como espaços de mercado, de troca e de intercâmbio. Daí que vermos mercados moribundos nos entristeça de particular forma. Ou que, pelo contrário, se constate que um bairro vivo, qualificado e acarinhado tenha sempre o seu mercado bem dinâmico - como acontece em Lisboa, em Campo de Ourique ou em Alvalade. O comércio com identidade é, seguramente, uma das componentes-chave da esperança na cidade.

Ora no Porto, pretende-se concessionar alguns dos seus mais excelentes espaços de dinâmica e identidade pública, passando-os para os arautos da mais-valia para o dia seguinte. Ao Bolhão, velho e doente, nem sequer pensam enviá-lo para um lar. É bem mais tragicómico que isso: querem deixá-lo na sala principal - reabilitada, evidentemente - "aquele é o avô", mas morto por dentro e de olhos taxidérmicos, azuis de vidro.

Na capital, e até recentemente, a coisa não foi mais fácil. Em tempo de ditadura tiraram-nos o Mercado da Praça da Figueira, símbolo vivo do nosso centro diverso e mercantil. Em tempo de democracia, foi agonizando o Mercado da Ribeira. A Praça da Figueira foi palco, entretanto, de novas ideias de reabilitação - mas de zero ideias de revitalização. O património de uma cidade continuou a ser visto apenas pelos espaços da pedra - e não pelos espaços das trocas, das relações, das ficções e dos abraços. Veja-se como se reabilitou o Mercado de Santa Clara, tirando-lhe os feirantes e deixando-o oco por dentro. Revelando bem a diferença abissal - inclusive no saber governar - entre reabilitar e revitalizar.

Lisboa e Porto, Ribeira e Bolhão, centros-coração de um país distraído, pulsam todavia. Alguma coisa mudará, estou certo. A pouco e pouco, parecem finalmente desenvolver-se, nas nossas cidades, novas formas de cidadania e mesmo de atenção social e política. As notícias vindas do Norte também nos mostram como a cidade, apesar de cansada, e perante os riscos de lhe plastificarem a alma, está a reagir.


Caro Bolhão, coração central de uma cidade histórica, tens todas as condições para renascer - e para te tornares no centro de uma verdadeira onda de revitalização urbana. Como mostra da identidade e dos produtos frescos de uma magnífica região como é o Norte. E como âncora central de vibração urbana. Basta a tua cidade querer. Até podes ser exemplo para, a médio prazo, se conseguir colocar nas agendas políticas, definitivamente, a cidade. Assim, e daqui do Sul, vai um forte abraço. Não desistas, luta para que não te plastifiquem, e regenera-te finalmente, como deves e como podes: com a gente da tua cidade, e para a gente da tua cidade. As tuas esperanças são as nossas esperanças. Investigador e professor universitário


João Seixas



In Público

domingo, março 09, 2008

Frases lisboetas (1)

"Só se está bem ao sol."
Uma senhora de idade para outra, hoje, no metro do Campo Grande

sábado, março 08, 2008

Casca... grossa

OS AMANTES DE FOTOGRAFIA costumam apreciar muito as imagens que contam (ou sugerem) uma história, mesmo pequena, do género «O que se passou - ou vai passar - aqui?».
Ora, no caso deste banco da Alameda Afonso Henriques, a resposta é fácil:
Uma pessoa, daquelas muitas para quem o amor pela cidade não tem qualquer significado, sentou-se nele, descascou uma laranja calmamente, e atirou as cascas para o chão.
Depois, compreendendo a censura muda de um passante (cujo olhar alternou entre o lixo espalhado em derredor e o caixote vazio), teve um ligeiro rebate de consciência: agrupou então os dejectos com a biqueira do sapato, empurrou-os para um cantinho, levantou-se, e foi-se embora - mordiscando, satisfeito, o derradeiro gomo...

sexta-feira, março 07, 2008

Debate: "O que vai mudar na Baixa Pombalina? "


Segunda-feira, dia 10 de Março, às 21h00, no Ateneu Comercial de Lisboa (Rua Portas de Santo Antão, 110 - 2°) , um debate com:

António Manuel
Presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau

Carlos Consiglieri
Presidente do Ateneu Comercial de Lisboa

Fernando Nunes da Silva
Professor Universitário, IST

Filipe Lopes
Presidente da OPRURB

Margarida Pereira
Ex-Directora da Unidade de Projecto da Baixa-Chiado

Maria José Nogueira Pinto
Ex-Vereadora CML

Paulo Pais
Director do DPU, CML

Vasco Mello
Presidente da UACS

moderado por:
Helena Roseta
*
(Isabel G.)

DE MANHÃ INVERNO, À TARDE PETIÇÃO

Sábado, 1 de Março. Sobe o sol e os portugueses descem à capital. Milhares deles vêm do condado portucalense participar numa manifestação organizada pelo PCP na baixa lisboeta. Prontamente as autoridades decidem cortar o trânsito a quem aqui mora. Não se pode chegar à Praça do Comércio. Não se pode transitar pela Rua da Prata. Não se pode descer para o Rossio. Não se pode tirar macacos do nariz.

Toca a fazer inversão, meus amigos. Sim, a cidade está novamente entupida, mas o que se há-de fazer? É dia de manifestação, é proibido proibi-los, por isso mais fácil será cortar o trânsito pela raiz. A raiz da cidade? Praça do Comércio e Rossio. Alternativas, senhor guarda? A segunda circular, sei lá. Mais tarde, quando o trânsito se espreguiça e os manifestantes enrolam as bandeiras, é vê-los a encher as dezenas de autocarros estacionados no corredor bus da avenida Infante D. Henrique. Foi uma espécie de piquenicão, mas com mais CO2.

É um milagre chegar ao Chiado na cidade condicionada, mas a Primavera chama. Serei recompensado? Primeiro sinal divino: descubro que “o painel” está recuperado. O painel vandalizado da Antiga Casa José Alexandre, na esquina da Rua Garrett com a Calçada Sacramento, ao qual dediquei uma crónica em Novembro 2007 (edição online: www.metropoint.metro.lu/20071123_NationalPortugal.pdf) foi recuperado pelo município. Envaidece-me pensar que poderá ter sido por minha iniciativa, mas sei que alguém de honra e verticalidade na autarquia se terá antecipado à minha angústia. Apesar de tudo, acredito que o único local seguro para o painel será na esquina da minha sala de estar. Um dia ele lá estará, e serei eu o meliante.

“Quer assinar a petição?”, alguém pergunta. “Qual delas?”, riposto. É uma competição de petições. Só na Rua Garrett são três, e nenhuma contra o “trânsito condicionado” na baixa. A JSD subscreve uma petição contra os recibos verdes. Transcrevo: “Propomos possibilitar o acesso ao subsidio [sem acento na sílaba tónica grave, o que é grave] de emprego aqueles [sem acento gráfico na contracção] que se encontram à [aqui o acento da contracção é correcto, mas trata-se da forma do verbo haver] um ano em situação contratual de prestação de serviços” blá blá blá. Não subscrevi. Mais abaixo, uma petição contra as touradas: www.cidadeantitouradas.org. Finalmente, um tema sério que merece reflexão cuidada (algo que infelizmente eu ainda não aprendi a fazer).

O que sei: este país está dividido entre pessoas que são a favor de touradas e pessoas que são contra as touradas mas engasgam-se quando têm de apresentar uma argumentação lúcida para suportar a sua causa. As pessoas contra-dizem: “Não façam mal aos animais”. As a favor contra-atacam: “Mas tu comes carne”. E pior: “Tens de ver ao vivo, vais adorar”. Qual deles mais básico? Eu sou contra as touradas porque sou contra um espectáculo centrado no sofrimento e na morte Entre matar a vaca para comer (hipocrisia) e matar o touro para o espectáculo (sadismo) prefiro o primeiro. Até porque para o segundo já temos os massacres dos telejornais.

Miguel Somsen


In Metro

Resolvido!

RECENTEMENTE, afixei aqui um foto deste toco de árvore, pejado de cogumelos, num post em cujo título brilhava a palavra desleixo.
O que eu pretendia destacar, ao recorrer a esse termo, era o facto de a cidade estar cheia de aleijões desses, sendo particularmente caricato o facto de, neste caso, se tratar de uma árvore defunta situada a poucos metros da AML.
Pois bem; reparei, hoje, que os serviços camarários arrancaram... - não o toco (que é horroroso), mas os cogumelos (que até eram bonitos).

Ideia 'luminosa'...

NO CIMO DA CHAMADA "subida dos Cabos Ávila", pouco antes de se chegar à Amadora, existe uma geringonça que - supõe-se - foi lá colocada para alertar e moderar os condutores que circulam depressa demais.
Até aí, tudo bem. O problema é que, por excesso de zelo (passe o eufemismo...), o aviso de «ESTÁ EM EXCESSO DE VELOCIDADE» acende sempre - independentemente da velocidade a que se vá.
Esta foto foi tirada quando não havia nenhum carro por perto, e depois de me ter aproximado a 40 ou 50km/h e de, por fim, ter abrandado até quase parar...

O candeeiro Visabeira


São estes candeeiros de grande 'valia' estética, funcional e de chapa galvanizada (daqueles que iluminam as auto-estradas e as vias rápidas) que a Visabeira começou a colocar nas ruas e travessas de Alvalade, durante a anterior vereação da CML.

A situação, sendo grave (numa primeira fase, a mesma 'mega-empreitada' implicara o abate de candeeiros e consolas históricos, de ferro forjado, em zonas nobres da cidade como as Avenidas Novas, substituindo-se as iluminárias por objectos inqualificáveis, e sem dar cavaco a ninguém), porque representa um total desrespeito pelo património e história da cidade, tem sido deveras caricata, com ordens para prosseguir a obra e ordens para a suspender, consecutivas, três vezes, pelo menos, desde que diversos cidadãos alertaram a CML de então para a situação que estava a acontecer em Alvalade (ver aqui, por ex.):

Candeeiros em marmorite, construídos e mantidos pela empresa CAVAN, que datam dos anos em que o bairro de Alvalade foi concebido; candeeiros com modelos vários, designados consoante o seu destino de implantação, etc.; candeeiros em bom estado de conservação (e não estão/estavam em melhor estado porque a CML não solicitava à CAVAN que procedesse à sua reparação!), foram desmantelados e substituídos pelos 'fuínhas' da foto acima, com a desculpa esfarrapada dos serviços, de que 'amaeçavam cair sobre as pessoas', 'tinham os quadros eléctricos à mostra', etc.

Alertadas várias pessoas com responsabilidades, a resposta foi quase sempre a mesma: 'não me tinha dado conta da substituição'.

A novela cheou ao rubro em pleno Verão de 2007, com a empreitada, que por esses dias estava em plena Av. Madrid (onde o caricato assumiu galonas de ópera bufa, com a plantação dos candeeiros de fancaria frente-a-frente com os antigos...), a ser suspensa definitivamente e a promessa dos responsáveis de que a situação seria revista e feita uma revaliação interna da empreitada.

Durante todo este tempo, para onde foram os candeeiros e as consolas abatidos? Simples: foram estropiados pelos serviços, uns; outros, inteiros, jazem nos armazéns da CML, outros, sabe-se lá quantos, ornamentam os quintais de outros tantos 'amigos do alheio'.

Toda esta empreitada é uma vergonha, do princípio ao fim e, por muito menos terão outras situações sido objecto de investigação durante a sindicância.

Pena que ninguém ligue ao mobiliário urbano.
Pena que ninguém levante os olhos do passeio.
Pena que ninguém ligue ao património da cidade.


E agora? Agora que a CML parece ter vontade em reiniciar a 'digníssima' empreitada, só resta aos cidadãos uma coisa: emigrar.


Foto: Candeeiro de fancaria, defronte à AML, que, abalroado por uma carripana de 'catering' aquando da sessão comemorativa dos 50 anos do Cinema Roma, assim ficou, mostrando a todos a sua 'elevadíssima' capacidade de resistência. Bem hajam!