quinta-feira, setembro 30, 2010
Acto digno de ópera-bufa
Da opera-buffa em que vivemos, foi o de ontem, pelas 17h, era hasteada esta bandeira portuguesa (foto VB), do cimo do arco da Rua Augusta, com a presença de sec. estado e fanfarra da GNR. Hoje, os cabos rebentaram e a bandeira foi-se. Quantos € deitados à rua?
Truz, truz, Arquivo Histórico?
Mas, na verdade, também não é brilhante o estado dos dois arquivos que com o Histórico formam o todo do Arquivo Municipal de Lisboa, por sinal inexplicavelmente desagregado:
O Arquivo Intermédio encontra-se “temporariamente” nas caves de um edifício de habitação social no Bairro da Liberdade, destinadas originalmente a garagens e na periferia da cidade, de acesso difícil (apenas há duas carreiras de autocarro desde o centro de Lisboa: 702 e 713) e em que até há pouco tempo chovia na sala de leitura. O Arquivo do Arco Cego, esse é ridiculamente minúsculo e está claramente obsoleto.
Ora, há muito que a CML devia ter como prioridade das suas opções do plano e do orçamento dignificar, unificar e, essencial, instalar o Arquivo Municipal de Lisboa num local central, de fácil acesso e que as pessoas identifiquem e fixem de forma fácil. Contudo, tal não acontece nem parece que venha a acontecer. As “soluções” continuam a passar pelo provisório, quando não por um tonta babel até já projectada para o Vale de Chelas. É pena que seja assim.
Sobretudo quando assistimos à venda de imóveis do Estado que poderiam acolher perfeitamente o Arquivo, ainda que, naturalmente, para tal fossem precisas obras. Lisboa passar a dispor de um Arquivo em edifício digno e central, funcional e apetrechado ao “estado da arte”; não será esse argumento bastante para semelhante investimento, mais a mais no Centenário da República?
Até porque património valioso ao abandono, a precisar de recuperação e sem bom destino à vista é coisa que não falta em Lisboa, desde logo os antigos hospitais civis em processo de venda pelo Estado (Desterro, Miguel Bombarda) ou o privado ao antigo e escavacado Convento de Arroios, cujo promotor se vê impedido pelo PDM, e bem, de projectos megalómanos com caves para estacionamento, alterações e ampliações a seu bel-prazer. Aos primeiros, a CML teria que dialogar com o Governo. Ao terceiro haveria que negociar com o proprietário. E daí? Haverá melhor local para um Arquivo Municipal? Duvido que haja.
In Jornal de Notícias (30 Set.)
Recer debate reabilitação urbana em Lisboa
Chegado por e-mail:
«A Recer vai promover no próximo dia 26 de Outubro, terça-feira, um seminário dedicado ao tema da reabilitação e renovação urbana e do património edificado. O seminário vai decorrer no Centro Cultural de Belém e visa contribuir para “uma reflexão abrangente sobre a temática da reabilitação urbana nas suas diferentes perspectivas – económica, técnica e política”.»
domingo, setembro 26, 2010
AMOREIRAS
A polémica passou de moda, o shopping subiu de estatuto
Faz amanhã 25 anos que foi inaugurado o primeiro grande shopping center digno desse nome em Portugal. Odiado por uns, admirado por outros, sobreviveu à polémica e à concorrência. Valeu a pena? Por Ana Henriques e Marisa Soares (texto) e Enric Vives-Rubio (foto
concorrência. Valeu a pena? Por Ana Henriques e Marisa Soares (texto) e Enric Vives-Rubio (foto)
Datas marcantes
Curiosidades
A vista é do melhor mas as torres já acusam o peso dos anos
Centro comercial reinventou-se para fazer frente à concorrência
Naquele final de tarde do Outono de 1985, Nuno Krus Abecasis andava em campanha para renovar mandato à frente da Câmara de
Lisboa. Uma mulher abordou-o quando distribuía propaganda no interior do recém-inaugurado centro comercial. Nunca mais votaria nele depois das Amoreiras, disse ela em tom acusador. Farto da polémica em torno do projecto de Tomás Taveira, que havia defendido com unhas e dentes contra tudo e todos, e que servia agora de arma de arremesso eleitoral, o presidente da Câmara de Lisboa soltou um impropério: "Meta o voto no..."
Um "par de bandarilhas"
O culto das marcas pelos consumidores era um fenómeno incipiente, até porque muitas delas não tinham sequer entrado em Portugal. Foi neste cenário que surgiram as grandes torres espelhadas de topos e base coloridas, simbolizando, segundo o seu autor, dois guerreiros defendendo a sua dama, numa alusão à Lisboa medieval.
Houve logo quem preferisse metáforas tauromáquicas: pareciam "um par de bandarilhas cravadas no dorso da cidade", observou o arquitecto Nuno Portas. O assunto "pôs os portugueses a falar de arquitectura como nunca tinha acontecido", lembra Varela Gomes quando fala desta "importação directa da típica arquitectura americana". Quer pela dimensão do empreendimento, considerada excessiva, quer pelo seu aspecto pouco convencional.
Entre as vozes críticas estava ainda a de Marcelo Rebelo de Sousa, que não era tanto contra o aspecto da obra, mas sim contra a "falta de planeamento urbanístico" durante os mandatos de Abecasis. E hoje? "O problema principal continua lá. Mantêm-se o congestionamento de trânsito e a entrada caótica em Lisboa", responde. Do lado oposto da barricada, dos que defendiam a liberdade criativa que inspirou as Amoreiras, estava o arquitecto Manuel Graça Dias, que ainda hoje continua a achar saudável que as cidades construam marcas de época como esta, neste caso "a marca de um movimento pop (popular) filiado no pós-modernismo".
Por outras palavras, é o que recorda também outro crítico de arquitectura, Jorge Figueira: "Os anos 80 não se podem pensar sem a movida do Bairro Alto, o Tal Canal do Herman, as músicas do Variações e o Amoreiras."
Data desta época o termo "taveirada", sinónimo não só dos trabalhos característicos deste autor como também de mamarracho. Graça Dias analisa o termo: "Surge num período em que ficam prontas não só esta como também outras obras de Taveira que o homem da rua considerava excessivas: o edifício do Banco Nacional Ultramarino, na Av. 5 de Outubro (Lisboa), o do Totobola, na Av. D. Carlos..."
Contestadas, as Amoreiras acabaram por fazer escola. "Hoje não há cidade de província que não tenha um pequeno edifício manhoso que não tente copiar alguns destes detalhes", observa. Um frontão aqui, uma coluna acolá... Para Graça Dias, ao serem amadas por uns e odiadas por outros, as Amoreiras "abriram uma brecha" que, mesmo muitos anos depois, permitiu maior tolerância para com edifícios considerados estranhos, como a Casa da Música, no Porto. Excessiva a meio dos anos 80 - o próprio Tomás Taveira sempre sublinhou não ser seu o plano que permitiu tamanha volumetria naquele local -, a escala veio, afinal, a revelar-se adequada, no entender deste arquitecto: "Não há a sensação de andarmos perdidos, existe um equilíbrio entre a escala e a decoração."
Uma teimosia
"As Amoreiras marcam uma ruptura na vida de Lisboa", diz Teresa Barata Salgueiro, investigadora do Centro de Estudos Geográficos da Faculdade de Letras de Lisboa. "E do país." O complexo beneficia da adesão à União Europeia, quer por via do dinheiro que ela traz, aumentando o nível de vida dos portugueses, quer por via da entrada de empresas estrangeiras em Portugal, várias das quais se instalam nas torres de escritórios. "À qualidade do espaço, maior do que nas galerias comerciais até aí existentes, junta-se a oferta de serviços e de lazer", nota Teresa Barata Salgueiro. "O centro comercial tem uma gestão profissional, já preocupada com o mix", a localização e a mistura de lojas. "Por outro lado, o complexo inclui, além do comércio, escritórios e habitação", algo também inovador para a época. Apesar das excursões ao shopping de gente vinda de todo o país, o sucesso do modelo não foi imediato, nota a investigadora. É então, três anos depois da abertura das Amoreiras, que as chamas devoram o Chiado. "As pessoas deixaram de ir à Baixa e precisavam de uma alternativa", recorda.
Antigo adjunto de Abecasis, Luís Duque lembra-se bem da teimosia do homem que ficava na câmara a despachar processos até às quatro ou cinco da matina. "Sem ele as Amoreiras não tinham sido feitas", garante, recordando a sua teimosia nas causas em que se empenhava. "Se fosse hoje, surgiriam contra o projecto 40 petições e 30 abaixo-assinados..." E há cinco anos, o próprio Taveira admitiu que é "um pouco surpreendente" que o tenham deixado construir "semelhante objecto".
Nem a Mundicenter nem o arquitecto Tomás Taveira quiseram prestar declarações sobre as Amoreiras. Paulo Varela Gomes, historiador
sábado, setembro 25, 2010
sexta-feira, setembro 24, 2010
quinta-feira, setembro 23, 2010
O meu "Barómetro da Mobilidade"
O CENTRO de Tratamentos existente na Av. dos EUA (junto à REN), tem um espaço reservado para estacionamento de ambulâncias que está sistematicamente ocupado por carros particulares, como já aqui se referiu por mais do que uma vez. A quem as conduz, resta entrar pelo passeio adentro ou estacionar numa faixa de rodagem.
Como passo no local com frequência, tenho falado com quem lá vai levar e buscar doentes, e o que me dizem é o que já se sabe: de nada adianta queixarem-se.
Uma casa portuguesa com certeza
Excepção à regra, contudo, no caso da casa onde morreu o filho de Feliciano de Castilho, a qual, recorde-se, é propriedade da CML, fica à porta do que resta do antigo Paço do Lumiar, em pleno largo fronteiro ao Museu do Traje, e está emparedada há muitos anos, houve quem tivesse tido uma boa ideia há um ano, que se traduziu no seguinte:
A CML, por proposta do Pelouro do Património Imobiliário, aprovou em Setembro do ano passado a cedência do imóvel, em regime de direito de superfície, a favor do Grupo de Amigos de Lisboa, emérita instituição fundada em 1936, que ficaria assim incumbida de recuperar a casa. Acontece, porém, que os Amigos de Lisboa não terão capacidade financeira para, por si sós, assegurarem tal incumbência. Daí a situação porventura caricata de serem agora os Amigos a solicitar à CML que revogue a aprovação da ingrata proposta.
Compreendo que umas obras de reabilitação, mesmo que as de uma pequena e singela casa como esta onde Castilho faleceu, custem muito para lá das receitas de uma instituição como os Amigos de Lisboa, assentes no pagamento de quotas pelos sócios e em eventuais subsídios que lhe atribuam aqui e ali. Mais compreendo a irritação de que terão padecido no momento, perante a hipocrisia da CML ao “passar a bola” e demitir-se da responsabilidade em reabilitar um edifício emblemático, sua propriedade. Simplesmente, não haverá aqui hipocrisia de ambos?
Não será, porventura, esta proposta uma oportunidade para os Amigos de Lisboa “meterem mãos à obra”? Se a CML não tem capacidade para ela própria efectuar as obras, encontrar parceiros ou mecenas para as mesmas, muito menos imaginação para encontrar soluções viáveis para a casa, lucrativas inclusive sob vários pontos de vista, não será obrigação dos Amigos assumirem a tarefa de se substituírem à CML e, por força da sua paixão por Lisboa, conseguirem que a casa seja reabilitada e honrada a memória de Castilho? Parece-me que sim.
In Jornal de Notícias (23.09.2010)
Ameaças
As gerações que nos seguem vão ser as grandes prejudicadas com a situação a que chegámos. Será porventura a primeira vez, de há muito, que uma geração legará à seguinte uma brutal hipoteca geracional.
O despesismo, a impreparação, a partidarização, a falta de ética conduziram-nos onde estamos. Não é mesmo tempo para continuar a virar as costas à realidade; não é tempo para contemporizar com o irrealismo dos que apenas pretendem manter o poder seja ele de que natureza for. Portugal está cheio de pequenos e grandes poderes que apenas servem para delapidar o País. O fenómeno não é de hoje, a sua dimensão é que nunca foi tão monstruosa e imoral.
À nossa volta, por toda a Europa, perpassa um movimento em que o racismo, a xenofobia, a intolerância para com a diferença crescem (14 países europeus têm já movimentos e/ou partidos que o assumem claramente), com inegável expressão eleitoral. Sabemos que as crises agravam estes fenómenos e há que ter coragem para lhes dar combate, por muito impopular que a atitude se venha a revelar. Mas nos princípios não pode haver transigência. Também esses princípios podem vir a ser testados entre nós. Teremos de recuperar a grandeza dos que estão prontos a sacrifícios em nome de um futuro melhor, mas também há que recuperar a verdade e o exemplo de quem nos governa.
Teremos de recuperar a cultura da exigência e da solidariedade. Em suma, teremos de recuperar Valores, pois sem eles nenhuma sociedade se reestrutura, seja qual for o sector em causa. É isso, valores, a base de toda a actividade humana justa.
Ponhamos de parte o nosso tradicional individualismo e exerçamos o nosso direito de cidadania que é mais necessário do que nunca. Com as ameaças que pairam sobre Portugal, temos que começar por exigir a verdade, já no próximo Orçamento de Estado, sob pena de o Governo se transformar no mais imediato carrasco do País. Não vale a pena acusar as oposições de não viabilizarem instrumentos que só servirão para nos precipitar mais depressa no abismo. Mal andaríamos se, sob a ameaça de uma crise, corrêssemos para uma crise maior. Se fizer mal o seu trabalho, só ao Governo pode ser imputada a culpa de o ver reprovado.
In Correio da Manhã
Anos e anos de maus tratos
Por Victor Ferreira
Instituto de Ciências Sociais questionou 1504 residentes na capital sobre aspectos positivos e negativos da cidade. Diagnóstico está nas mãos da autarquia desde Dezembro de 2009
Uma cidade presa no trânsito, mas que não larga o carro próprio porque entende que o transporte público é mau. Uma cidade preocupada com as ruas sujas, a insegurança e com a oferta de habitação. Elites insatisfeitas com quase tudo menos no que toca à actividade cultural. Uma cidade cara, com construção a mais e sem condições para as pessoas com mobilidade reduzida. Bem-vindos à Lisboa do século XXI.
A fazer fé nos 1504 lisboetas ouvidos num inquérito realizado pelo Instituto de Ciências Sociais de Lisboa, esta é a percepção que os residentes da capital têm sobre a sua cidade. Os resultados desse inquérito sugerem que, globalmente, a qualidade de vida de Lisboa é razoável, apesar das inúmeras preocupações e aspectos negativos que tiram brilho à percepção da realidade urbana.
Todos ou só os inquiridos?
Um dos problemas dos inquéritos é a extrapolação dos dados, só possível quando a amostra é representativa. A equipa que realizou o estudo sustenta que "houve evidentemente a preocupação de garantir" a representatividade da amostra e, como tal, alegam que há uma "considerável confiança" na extrapolação dos resultados para toda a cidade.
Ao avaliarem o grau de satisfação relativamente a aspectos da qualidade de vida em Lisboa, os inquiridos manifestaram a sua percepção face a 17 aspectos. Em nove dessas categorias, as opiniões negativas superam as positivas: preço e disponibilidade de habitação; estado do trânsito; oportunidades de emprego; estacionamento; qualidade do ar; ruído; segurança e policiamento; e, finalmente, a limpeza urbana. Pelo contrário, a existência de cafés/restaurantes/esplanadas, comércio e serviços são os únicos itens em que há uma maioria de gente satisfeita ou muito satisfeita.
Portagens para a cidade
Outros aspectos como transportes públicos, serviços de saúde, espaços verdes e locais para a prática desportiva acumularam mais respostas neutras, isto é, pessoas que disseram estar nem muito nem pouco satisfeitas, ou respostas de "não sabe/não responde".
O que fariam os lisboetas se houvesse uma taxa de cinco euros para andar na cidade? Mais de metade (52,9 por cento) dos 1504 residentes inquiridos respondeu que passaria a usar o transporte público. Porém, são poucos os que acreditam que a solução do tráfego passa por uma portagem urbana: apenas um em cada três acredita que uma taxa seja uma medida eficaz. A maioria defende, antes, três medidas: estacionamento gratuito na periferia; investimento nos transportes públicos na cidade e nos dos subúrbios. Contudo, 39,2 por cento destes residentes continuam a deslocar-se em viatura própria e boa parte destes até trabalham em Lisboa. A razão para apostar no carro é a má articulação da rede e os horários dos transportes públicos, resposta dada por 40,2 por cento. Além disso, consideram o transporte público lento (13,1 por cento) e sem conforto (12,5 por cento).
Este diagnóstico também tenta avaliar a cultura política e o envolvimento cívico. Do relatório emerge uma população alheada do associativismo, que se informa sobretudo pela televisão, pouco interessada em partidos e uma participação residual nas reuniões de órgãos autárquicos.
Micro versus macro
Bairros merecem melhor nota que a cidade
A maioria dos inquiridos faz uma avaliação mais positiva do seu bairro do que da cidade como um todo. Porém, quando se questiona a percepção sobre a evolução da qualidade de vida, tudo se torna mais negativo. Cerca de 25 por cento dos inquiridos consideram que a qualidade de vida no bairro piorou nos últimos anos e "para uma grande parte dos residentes" essa qualidade manteve-se (40 por cento), o que, segundo os responsáveis do inquérito do Instituto de Ciências Sociais, "indicia uma certa negatividade". "A sensação de que [a qualidade de vida] piorou supera assim a de que melhorou", concluem. Em relação à cidade, "a evolução da qualidade de vida nos últimos anos recolhe uma avaliação essencialmente negativa", lê-se no relatório, que está nas mãos da autarquia desde Dezembro do ano passado. A maioria (40 por cento) dos que responderam entende que a situação piorou, cerca de 30 por cento entendem que a qualidade se manteve e menos de 20 por cento dizem que Lisboa melhorou. V.F.
quarta-feira, setembro 22, 2010
Preocupação
PSP não pode danificar pavimento
Governo Civil de Lisboa alerta sindicato para a concentração de polícias não afectar piso do Terreiro do Paço - Artigo no Diário de Notícias
"Aquilo que me pareceu é que há mais preocupação com o pavimento da Praça do Comércio, criado para receber o Papa, do que com os polícias." Foi assim que Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), reagiu após o Governo Civil de Lisboa ter manifestado preocupação com a danificação do pavimento do local onde será feita amanhã a concentração dos agentes da PSP. Ontem, a GNR fez saber que pondera juntar-se à PSP, em frente ao Ministério da Administração Interna (MAI).
(...)
No que respeita à preocupação revelada com uma possível destruição do pavimento da Praça do Comércio - colocado para a recepção do Papa, quando este visitou Portugal -, o presidente da ASPP diz ter descansado o Governo Civil de Lisboa, garantindo que nada será feito contra a requalificação que fora levada a cabo no local. No despacho do Governo Civil salienta-se "o esforço de requalificação da Praça do Comércio (...), concluída por ocasião da visita oficial do Papa Bento XVI a Lisboa, com colocação de um novo piso nesse território nobre da capital do País", para justificar que "a utilização desse espaço com estruturas invasivas" se torna "preocupante e lesiva."
No entanto, o dirigente disse não estar à espera de que esse ponto fosse um problema. "Bem sei que o pavimento foi muito caro. Mas aquilo que me deixou espantado foi o facto de, num momento de descontentamento da minha classe, haver tanta preocupação com o chão de uma praça", disse.
(...)
A minha "semana da mobilidade"
Há dias, apareceu um operário a fazer o que se vê na 3ª imagem. Interpelei-o, para saber se, dessa vez, ia colocar mais 2 ou 3 pilaretes, e respondeu-me que tinha ordem para só pôr dois... O resultado viu-se de imediato - está na foto de baixo.
NOTA: o facto de a camioneta e a carrinha amarela estarem em contra-mão (a rua é de sentido único...) acaba por ser apenas um pormenor no meio do caos que parece não preocupar ninguém (a começar por aqueles cujos ordenados pagamos para o combater).
terça-feira, setembro 21, 2010
Entrecampos, infracções sem remédio
Confirmo: só vi aquilo sem carros no dia em que o Papa esteve na cidade. É possível cumprir a lei, não me lixem! Mas deve ser tudo normal. Já não digo nada.
"Venho pela presente expor uma situação irregular de trânsito rodoviário que se prolonga no tempo desde há largos anos sem que nenhuma entidade competente ponha cobro à mesma (CMLx/Polícia de Trânsito/Polícia Municipal /EMEL?)
O caso do portão lateral da Sé
O atentado foi presenciado por acaso por pessoas interessadas nesta coisa da defesa do património, e logo denunciado publicamente, anexando-se várias fotografias dando conta do corte da pedra antiga que suportava o ancião e maciço portão, e da sua substituição por “material de 2ª”. Tal foi denunciado às entidades que tutelam os Monumentos Nacionais, categoria que, só por si, devia obrigar a que sempre que haja que fazer obras na Sé, por mais simples e necessária que elas sejam, devem as mesmas ser previamente caucionadas pelo Ministério da Cultura, nas pessoas do IGESPAR, que é quem tem a seu cargo os M.N., e da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, por razões territoriais. Caucionada e acompanhada por técnicos especializados, para que sejam usadas técnicas e materiais apropriados. Como nada disso aconteceu, o acto haveria de ser imediatamente repreendido pelas instâncias agora alerta.
Mas, ao invés do que seria de esperar (em causa está a preservação da genuinidade da Sé) essa repreensão não haveria de ter efeito prático imediato diferente ao que teria um raspanete dado a meninos que se comportaram mal e a quem se avisa para que não voltarem a fazer das suas sob pena de não comerem guloseimas tão cedo. Foi então prometido pelo MC que a situação seria provisória e que o atentado à Sé seria corrigido mal houvesse oportunidade, engenho e verba para tal. Só que, passados quase 12 meses, ainda não o foi, o que é não menos grave.
Convenhamos: não estamos a falar dos viadutos para automóveis como o do sopé da Av. Infante Santo, o junto à estação de Alcântara-Mar ou aquele de frente a Pedrouços, feitos como “provisórios”, mas que, em bom rigor, já aí estão há dezenas de anos, e outras mais hão-de estar. Quem diz viadutos diz outra coisa qualquer, pois não faltam por aí exemplos de provisórios que viram definitivos. Mas a Sé é a Sé!
É óbvio que face ao estado deprimente do claustro e ao risco físico dos torreões da Sé, cuja recuperação exige milhões e “cheques obra” com fartura, uma acção correctiva ao portão lateral passará por secundária em termos mediáticos. Mas será sempre um acto pedagógico e um exemplo de boas práticas. E do “lado de cá” será tido como digno e de aplaudir. Aguardemos.
In Jornal de Notícias (16.09.2010)
quinta-feira, setembro 16, 2010
O Princípio
A nenhum cidadão será retirado o que já tem. O Sistema continuará a ser universal, geral e, ao contrário do que sucede hoje, tendencialmente gratuito. Recorde-se que 40% dos cuidados são prestados por privados e 20% da população já recorre aos seguros de saúde, dada a falta de resposta dos serviços públicos. Há, assim, que reconhecer no projecto uma forte inovação: a previsão de um Sistema no qual cada cidadão poderá escolher o médico e a instituição de saúde nos quais tiver mais confiança!
No fundo, trata-se de impedir, como hoje sucede de forma manifesta, que haja cidadãos de primeira e cidadãos de segunda. Trata-se da evolução para um sistema de liberdade de escolha.
É permitir que o cidadão seja o centro e o decisor do Sistema.
É permitir que um milhão de Portugueses que hoje não têm médico de família possam recorrer a qualquer médico em quem confiem. É permitir que em situações de doença o cidadão possa ser visto por esse médico que escolheu, sem ter de recorrer a Serviços de Urgência superlotados e onde espera horas.
É, no futuro, permitir que haja mais apoio médico e de enfermeiros no domicílio, contrariamente à desertificação que hoje se está a aprofundar no País, com o encerramento de centros de saúde e serviços de urgência e por contraponto com concentração de megaparcerias.
Trata-se, em suma, de uma maior aproximação dos profissionais às populações que deles necessitam.
O cidadão escolhe. Por exemplo, paga a taxa moderadora (como hoje já a paga) e o Estado o remanescente, acordado com as organizações profissionais respectivas.
Se isto não é o Estado Social, o que é o Estado Social?
Como e quem pode não aceitar os princípios descritos e em nome de que interesses? De resto, o sistema proposto é o sistema em vigor nos Serviços de Saúde mais qualificados na Europa. E não, não é menos sustentável financeiramente, o que aliás não seria possível no nosso contexto económico. É comparar dados e sistemas.
Como poderão agora os dirigentes partidários ou as corporações negar aos outros o que já escolhem para si e para os seus?
In Correio de Manhã
Fotografia, Projecto e Arte Contemporânea / Pós-Graduação 1ª Edição 2010/11
Chegado por e-mail:
«Vimos por este meio solicitar apoio na divulgação da Pós-Graduação: Fotografia, Projecto e Arte Contemporânea.
Desde já agradecemos a sua colaboração.
Inscrições abertas – até 20 de Setembro
Docentes: Ana Janeiro, Bruno Pelletier Sequeira, Bruno Santos, Cláudia Fisher, Daniel Blaufuks, Delfim Sardo, Filipa Oliveira, Filipa Valladares, João Paulo Serafim, João Seguro, José Luís Neto, José Pedro Cortes, Luís Serpa, Luísa Costa Dias, Márcio Vilela, Mariana Viegas, Mário Teixeira da Silva, Paulo Mendes,
Rui Prata, Sandra Vieira Jürgens e Sérgio Gomes .
Datas de Início e conclusão do curso: 8 Outubro 2010 a 18 Junho 2011
Informações sobre inscrições, matriculas e propinas: Serviços Académicos IPA – Mário Carvalho – 218610360
Organização: Atelier de Lisboa e IPA – Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos
Mais informações em: www.atelierdelisboa.pt www.ipa.univ.pt»
terça-feira, setembro 14, 2010
CONVITE para o Lançamento do livro The Walker and the City
The Walker and the City
Coordenação de Manuel João Ramos e Mário J. Alves
16 de Setembro, 17h30, CES Lisboa
(Picoas Plaza, Rua Tomás Ribeiro, n.º 65, 1º andar, Lisboa – Estação de metro: Picoas)
Assinalando a Semana Europeia da Mobilidade (16 a 22 de Setembro de 2010), a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) e o Centro de Estudos Sociais (CES Lisboa) têm o prazer de convidar V. EXa. para o lançamento da mais recente publicação da ACA-M - The Walker and the City(actas do Colóquio Internacional O Peão e a Cidade – The Walker and the City, 12 de Novembro de 2008).
Este livro propõe uma reflexão colectiva sobre a importância crescente dos direitos dos peões e a necessidade de atender às suas necessidades qualitativas no interior dos sistemas urbanos europeus. Conta com a colaboração de importantes especialistas internacionais na área dos estudos da pedonalidade, e constitui um contributo português para a Acção 358 do Conselho de Ciência e Tecnologia da Fundação Europeia de Ciência e para as actividades do Walk21.
The Walker and the City é o 3º volume da colecção de Estudos Pedonais da ACA-M.
Com a presença de Reinhard Naumann (FES Portugal), Mário Alves e Manuel João Ramos (ACA-M) e Isabel Seabra (IMTT).
Publicado com o apoio da Fundação Friedrich Ebbert e do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres.
Membro da FEVR - European Federation of Road Victims
Membro da ">ICART-International Coalition Against Road Trauma
Membro da IFP - International Federation of Pedestrians
Na sequência da apresentação à imprensa do projecto, a Quercus, o Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico (GECoRPA) e a Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) disponibilizam mais informação sobre o "Encontro Património Natural e Cultural: Construção e Sustentabilidade", que se realizará a 18 de Outubro de 2010, na Fundação Calouste Gulbenkian.
segunda-feira, setembro 13, 2010
Todos os radares em Lisboa estão a funcionar, mas com falhas nos painéis - Vereador da mobilidade
"Os radares estão todos a funcionar, mas há ainda algumas falhas em alguns painéis avisadores", ou seja não são disparadas as informações quando os condutores circulam em excesso de velocidade naquelas zonas.
SERÁ MESMO?
O radar colocado na Segunda Circular ao pé do Fonte Nova (sentido contrário) tem uns belos e frondosos arbustos à frente! Funciona mesmo?
CRISE? QUAL CRISE?
Qual será a explicação para passado apenas cerca de um ano sobre a construção da ciclovia de Telheiras ao pé do Parque dos Príncipes, esta já estar a ser alvo de obras? Não há coisas mais prioritárias?
domingo, setembro 12, 2010
O meu "barómetro da mobilidade"
sábado, setembro 11, 2010
CONVITE
The Walker and the City
Coordenação de Manuel João Ramos e Mário J. Alves
(Picoas Plaza, Rua Tomás Ribeiro, n.º 65, Lisboa – Estação de metro: Picoas)
A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) e o Centro de Estudos Sociais (CES Lisboa) têm o prazer de o/a convidar para o lançamento da mais recente publicação da ACA-M - The Walker and the City (actas do Colóquio Internacional O Peão e a Cidade – The Walker and the City, 12 de Novembro de 2008).
Este livro propõe uma reflexão colectiva sobre a importância crescente dos direitos dos peões e a necessidade de atender às suas necessidades qualitativas no interior dos sistemas urbanos europeus. Conta com a colaboração de importantes especialistas internacionais na área dos estudos da pedonalidade, e constitui um contributo português para a Acção 358 do Conselho de Ciência e Tecnologia da Fundação Europeia de Ciência e para as actividades do Walk21.
The Walker and the City é o 3º volume da colecção de Estudos Pedonais da ACA-M.
Com a presença de Reinhard Naumann (FES Portugal), Mário Alves e Manuel João Ramos (ACA-M).
Publicado com o apoio da Fundação Friedrich Ebbert e do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres.
sexta-feira, setembro 10, 2010
Criativos, somos todos!
Infelizmente, contudo, não houve ainda meio de as fazer passar do “powerpoint” das parangonas de conferências, palestras e seminários mais diversos (propagadas por gurus e políticos, e absorvidas pela retina de plateias deslumbradas com os bonecos e as cores projectadas), à realidade. Infelizmente, também, não faltam criativos incapazes de enxergar para além do que o computador lhes providencia e permite manietar, esquecendo-se do essencial: sempre tivemos indústrias criativas e todos somos criativos, só falta o resto.
Ora, não serão exemplos criativos maiores e de cadeia de valor, económica, social e cultural, a actividade de encadernar e dourar livros, com tudo o que ela acarreta de produção de ferros de douramento, ouro fino, fornecedor de pele de muitas coisas a começar da borracha dos pneus deitados ao lixo; papéis e telas de várias cores e usos? Ou a ilustre profissão de alfaiate que vai desaparecendo à medida que vai encarecendo compreensivelmente o produto final, porque não há onde procurar tecidos, botões, pesos para a abertura de trás de um “blazer”, ou giz para provas, porque já não há fabricantes em Portugal?
Indústrias criativas podem ser, entre outras: arquitectura, turismo, publicidade, design, “multimédia”, mas também gastronomia, joalharia, marcenaria, relojoaria, encadernação, carpintaria, etc. Artes e ofícios do antigamente, actualizadas aos tempos modernos. Se com elas se potenciar a criatividade individual de cada qual, a propriedade intelectual, contributos decisivos para o desenvolvimento económico, social e cultural de todos. Universidade e escola são vitais para o “input”. Só que a realidade é bem diferente, mais uma vez. Num tempo em que relógios da moda, coleccionáveis, quando avariam são para deitar para o lixo pois não se pode “violar o seu invólucro”, e os altares das igrejas são pintados a Robbialac (passe a publicidade), lá virá guru dizer, com razão, “impossible to make omeletes without eggs”.
In Jornall de Notícias (9/9/2010)
Drogaria Oliveirense, R.I.P.
De que serviu ter andado meia-dúzia de entusiastas a tirar fotos e a escrever sugestões, dar alertas, etc., para que de ontem à tarde para a manhã de hoje o proprietário do prédio sito na Rua da Lapa, Nº 14-18, ter começado a destruir o interior da mais bonita drogaria de Lisboa, de seu nome "Oliveirense"?
Com efeito, de que serviu a esta loja ter sido objecto de abertura de processo de classificação como IIM, em consequência da aprovação em reunião de CML da Proposta Cidadãos por Lisboa (Prop. 815/2008)? De nada.
Não só o processo de classificação, que se saiba, nunca chegou sequer ao fim, nem a ela valeu o interesse dos media e dos moradores da Lapa.
Neste momento, estão polícias municipais no local, porque a obra é totalmente ILEGAL, uma vez que não deu entrada na CML nenhum projecto seja do que for. Como ilegal é a presença do contentor junto à loja (pelos vistos, também já desapareceu). O proprietário está em parte incerta. Os operários fecharam a porta e fugiram. Há quem garanta que parte do recheio já foi vendido a antiquários. Pessoalmente, creio que apenas o tecto ainda se manterá.
Trata-se de uma ilegalidade que devia ser punida severamente e de forma exemplar. Proprietário, empresa que colocou o contentor, empresa que faz a obra. Será?
Estava-se a ver que uma vez desaparecido o senhor de idade, que até há poucos meses era o anfitrião daquela drogaria que existe desde 1895, logo haveria quem despachasse a actividade e quem estropiasse o interior para arrecadar uns patacos. Assim foi e assim vai a cidade.
Fotos: FJ
quinta-feira, setembro 09, 2010
Quem não se governa
Como se sobre nós, não só a economia mas grande parte das instituições tivessem iniciado um processo diabólico de desconstrução, com o seu cortejo de desemprego e um futuro carregado.
O risco da dívida soberana portuguesa bateu terça-feira passada todos os recordes e foi considerado o maior do mundo e por isso as emissões de dívida saíram ontem muito mais caras, ou seja, se o País quer mais dinheiro, paga-o mais caro.
A condução da política portuguesa está a suscitar as maiores dúvidas nos mercados e nas instituições internacionais.
É que, ao contrário da nossa vizinha Espanha, Portugal não reduziu a despesa pública, e quanto mais cobra mais gasta, como ficou claro no primeiro semestre deste ano. Merece, pois, pouca confiança dos credores.
É sabido que quem muito gasta e muito pede emprestado acaba às mãos dos seus credores. É o que sucede a quem não se sabe governar. Mais, quem não se governa acaba quase sempre a ser governado por outros.
No que respeita a Portugal, também é o que se aplica.
No contexto descrito, a União Europeia acaba de instituir um mecanismo de coordenação e de vigilância mútua dos orçamentos nacionais (esperemos que seja apenas isso, pois os recortes dessa decisão não são ainda conhecidos em toda a sua extensão, o que para já me permite suscitar reservas) e tomou a decisão de que as novas autoridades europeias de regulação financeira sobre a banca, valores mobiliários e seguros possam intervir directamente junto das empresas dos Estados--membros, sobrepondo-se às nacionais.
É óbvio que estes anúncios não deixam de preocupar aqueles que pensam que a própria União Europeia está a precisar de reformas profundas, a começar pela legitimação democrática e o combate à eurocracia.
É manifesto que a União também não goza de boa saúde e decisões sobre instrumentos e instituições dos Estados-membros têm de ser muito claras, fundamentadas e transparentes, mas sobretudo justas, para que não se instale sequer a dúvida de que se institui um Governo europeu e, para mais, dos mais fortes sobre os mais fracos.
Certo é que aos poucos vamos perdendo autonomia enquanto País.
In Correio de Manhã
quarta-feira, setembro 08, 2010
Barómetro ACA-M da Mobilidade em Lisboa-SETEMBRO
POSITIVO
Menos Poluição
O vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, citado pelo Dn, informou que serão introduzidas na Baixa medidas para reduzir os níveis de poluição do ar e do ruído, nomeadamente, novos autocarros menos poluidores, pavimentação que absorve o ruído e um sistema de semaforização que permita uma condução mais ecológica, impondo uma velocidade constante até aos 40 qulómetros/hora.
NEGATIVO
Esplanadas sem regulamentação
A falta de fiscalização e de regulamentos adequados obre esplanadas tem vindo a criar mais dificuldades aos peões. A acrescentar aos buracos na calçada, à publicidade desnorteada, às viaturas nos passeios e aos diversos obstáculos que vai encontrando na passagem, o caos no ordenamento das esplanadas tornou-se outro empecilho para quem anda a pé. E os mais frágeis, senhores?
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Parceria Jornal de Lisboa e ACA-M (Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados)
.JORNAL DE LISBOA SETEMBRO AQUI:
JdL#32.pdf |
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terça-feira, setembro 07, 2010
Como disse?
A Câmara Municipal de Lisboa informa que, a partir do dia 6 do corrente, vai intensificar as acções de deservagem (!?) nos passeios e arruamentos de toda a cidade, sendo as primeiras áreas abrangidas as respeitantes às freguesias da Ajuda, Beato e Charneca.
Este controlo químico será realizado através de aplicação de herbicida, produto que não oferece perigosidade nem para a saúde pública nem para os animais e não tem, também, qualquer impacto ambiental por se tratar de um produto sistémico.
Com a realização destas acções, que estarão a cargo de uma empresa especializada, prevê-se que mensalmente sejam deservados cerca de 43 hectares de passeios.
Até ao final do ano, o objectivo destas intervenções será a regularização do controlo de infestantes nos passeios de toda a cidade de Lisboa de modo a que, em 2011, se realizem, principalmente, os procedimentos de manutenção.
In sítio da CML [2010-09-06]
segunda-feira, setembro 06, 2010
Brincando às multas
Repare-se, também, que enquanto a SPARK (empresa privada ao serviço da EMEL) permite pagamentos por ATM (ver imagem de baixo), a EMEL obriga os infractores a deslocarem-se à sua sede, onde faz o favor de receber o valor da multa - mas apenas no horário de expediente, claro (imagem do meio). Não é genial?
sábado, setembro 04, 2010
No rápido do Cais do Sodré (2)
Não é muro nem muralha mas uma zona de bonitas moradias que se estende até à Marginal, e em que o ar cheira a iodo e é impossível não o querer inalar. Do comboio não se consegue avistar, por mais que se queira, a Casa da Pedra, muito menos as rochas espalmadas ou os ouriços traiçoeiros da pacata Praia das Avencas. Dá apenas para ver algumas casas “à antiga portuguesa”, inventadas, ou não, por Arq. Lino, pouco importa. Muitas (surpresa!) em bom estado. Outras noutros estilos e em estilo nenhum. Quase todas com jardim incólume, sem anexos por cima ou por baixo. É de facto uma zona habitacional consolidada. Que assim se mantenha, que vem aí a barbárie do lado direito, o betão e o asfalto da “aldeia A. Santo”, na Bafureira, e a escandalosa “reconstrução” do Chalé da Condessa, por quem não deve saber quem foi Fernando de Saxe-Coburgo, quanto mais Elise Ensler. Zás! Vire-se a cara para o mar. Azar, atenção, em vez do mar uma rotunda, uma gasolineira, o entulho nas traseiras da Colónia Balnear d’ O Século. «É favor fechar os olhos até S. Pedro», parece dizer o maquinista, via intercomunicador. Tarde demais.
O mar volta rumo a São João, à amalfitana Azarujinha e aos magníficos chalés e palacetes, os que restam, claro: vai da casa assombrada junto à Marginal, segue pelos fortes de Santo António (o da “mãe de todas as quedas”, e que devia abrir ao público), da Cadaveira e o Velho, agora discoteca. A Poça. De olhos para o mar, sempre, até que finalmente a recompensa pelas mazelas nos músculos do pescoço, quiçá numa cervical: o Estoril!
Da janela do lado direito o minimalista jardim do casino, as elegantes Arcadas, ansiando por outra oferta. Os Salesianos. Os espiões do Palácio e do Atlântico. O bucólico apeadeiro do Monte, esse refúgio revivalista cuja beleza resiste estoicamente à firma “Demolições, Construções e Loteamentos, Lda.”. Fileiras de vivendas nobres, do lado de cá e de lá do carril. Mas daqui até ao fim da linha só dá mar. Parece uma tela de Edward Hopper, até porque entrando em Cascais, a depressão está do lado direito: Miragem, novel Estoril-Sol, Jumbo, C.C. e, à saída da estação, um imenso “esqueleto” que é preciso demolir. «Rume ao Paredão, S.F.F!».
In Jornal de Notícias (3.9.2010)
sexta-feira, setembro 03, 2010
Pode ser que melhore alguma coisa:
«Pode ser que melhore alguma coisa e a partir de agora não há desculpa
Lei n.º 41/2010 - de 3 de Setembro -, relativa a crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos ou de altos cargos públicos cometam no exercício das suas funções, bemcomo as sanções que lhes são aplicáveis e os respectivosefeitos Recebimento indevido de vantagem, Corrupção passiva, Violação de regras urbanísticas
Lei n.º 41/2010 - de 3 de Setembro - Procede à terceira alteração à Lei n.º 34/87, de 16 de Julho, relativa a crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos
A presente lei determina os crimes da responsabilidade que titulares de cargos políticos ou de altos cargos públicos cometam no exercício das suas funções, bem como as sanções que lhes são aplicáveis e os respectivos efeitos
Corrupção passiva, Violação de regras urbanísticas.
quinta-feira, setembro 02, 2010
No rápido do Cais do Sodré
A partida deve rondar as 8h da manhã, altura em que ainda não há cheiro a frango assado e engarrafamento na bilheteira da casa da partida, nem ruído ou axila nas composições, e no destino as esplanadas ainda estão por montar, a venda ambulante dorme e ainda se inspira iodo. E o passageiro deve sentar-se do lado esquerdo, virado de frente para o mar, até porque assim evitará torcicolos.
Arrancado o trem à plataforma, até Alcântara não há quase vislumbre do Tejo por causa dos pavilhões e dos contentores que o esmagam. É altura de cerrar os olhos, reabrindo-os apenas aquando da passagem pelo lindo ecossistema que ainda é o Jardim de Santos, para os voltar a fechar até que estejam passadas as ruínas industriais das demolições extemporâneas de certo edil lisboeta; isso já só entre um pilar e outro da ponte, por baixo daquela ridícula pala que ninguém percebe o que ainda faz ali. Agora, sim, só dá margem e rio, com uma frente ribeirinha, toda ela espaço público reconfortante, com boas áreas de serviços, árvores e passeios pedonais. Museu da Electricidade, estação fluvial de Belém, mastros a abarrotar nas sucessivas docas, o Padrão, e aquela luminosidade matinal, monopolizam o olhar do viajante até à Torre de Belém, mau grado aqueles 100m em que Praça do Império, Jerónimos, CCB e Capela de S. Jerónimo o podem transformar num espectador de ténis, cabeça oscilando entre cá e lá.
Depois disso o sistema de vistas é violentamente interrompido pelo novo “paquete” fundeado à Docapesca e até Algés o melhor, mesmo, é fechar a vista, até porque o comboio costuma ir a 9. Entrados e/ou saídos os passageiros, já se não volta a apitar senão junto às memórias da antiga Fundição de Oeiras. Em Caxias o ainda estuário volta a ser tudo: o horizonte assume cada vez mais um não sei quê de idílico, o mar, chão. Mas o verde de terra também começa a ganhar força, tentando contrariar o omnipresente Bugio que, em semi-derrocada, lá vai comandando a linha de magníficos faróis e venerandas fortalezas, que só acaba no Cabo da Roca, para lá das cascas de marisco. Avistáveis da janela, são o esguio farol da Gibalta e os fortes em miniatura da Restauração: São Bruno e Giribita. Aproveite-se a vista que volta a ser altura de cerrar olhos: vem aí a selva de betão em que transformaram Paço d’Arcos! Passou rápido, tal qual entre Sto. Amaro e Oeiras, por teleférico, melhor, por viaduto sobre um dos vales mais bonitos do país, sobre copas de árvores gigantescas e telhados de moradias antigas, gizados a partir do palácio do Conde de Oeiras. (cont.)
In Jornal de Notícias (2/9/2010)
Lisboa, la capital del vacío
La degradación de los edificios y el elevado coste del suelo expulsan a los habitantes jóvenes y convierten la capital portuguesa en una ciudad cada vez más despoblada
FRANCESC RELEA 01/08/2010 EL PAIS
Lisboa y Oporto encabezan las ciudades de la UE con el mayor índice (24%) de habitantes mayores de 65 años
El corazón de Lisboa está envejecido. Este es el diagnóstico de Helena Roseta, concejal de vivienda, al describir el despoblamiento de la capital portuguesa y el abandono de muchos edificios. Las casas desocupadas abundan en el centro histórico, en barrios tan conocidos como Chiado, Baixa, Alfama, Graça o Alcántara. Es una imagen que se repite hasta en las zonas más cotizadas. Entre tiendas de lujo, hoteles, bancos y empresas multinacionales asoman edificios en avanzado estado de degradación. El Ayuntamiento contabiliza una quincena en la Avenida da Liberdade, la principal arteria lisboeta, comparable con el paseo de la Castellana de Madrid o el paseo de Gracia barcelonés. Lisboa y Oporto se encuentran a la cabeza de las ciudades de la UE que más se han vaciado desde 1999 y con el mayor índice (24%) de habitantes de más de 65 años.
Helena Roseta, arquitecta de profesión, trabaja desde hace años a favor de una política de vivienda decente y fue reelegida en octubre pasado como concejal independiente en la lista del Partido Socialista. Roseta menciona tres elementos comunes del panorama urbanístico de ciudades como Lisboa, Oporto y Braga: el elevado número de pisos desocupados, el declive demográfico y el envejecimiento de la población.
Según un recuento de 2008, en Lisboa hay 4.000 edificios abandonados, de un total de 55.000. "Una parte ya tienen programas de rehabilitación aprobados por el Ayuntamiento, otros no pueden ser recuperados y tendrán que ser demolidos", explica el también arquitecto Manuel Salgado, teniente de alcalde y responsable de Urbanismo. De su estudio salieron proyectos urbanísticos como el Centro Cultural de Belem, los espacios públicos de la Expo de Lisboa, el estadio de Oporto y el paseo marítimo de San Miguel (Azores). En 2007 cambió la arquitectura por la política activa, y de momento no parece desencantado en su papel de brazo derecho del alcalde socialista António Costa.
En los últimos 30 años, Lisboa perdió unos 100.000 habitantes por década, y pasó de 800.000 habitantes al medio millón actual. Salgado dice tener "perfectamente identificadas" las causas del despoblamiento: "La mala calidad de los equipamientos de proximidad: guarderías, escuelas, centros de salud; la búsqueda de viviendas unifamiliares; y, la más importante, el coste del metro cuadrado, que en Lisboa es dos o tres veces más caro que en los municipios limítrofes".
Una cuarta parte de la población de la ciudad vive en el umbral de pobreza, según cálculos del Ayuntamiento. Jubilados, desempleados, gente que vive del subsidio mínimo, en un extremo. En el otro, quienes tienen más recursos y pueden acceder sin problemas al mercado de la vivienda en Lisboa. En muchos casos tienen casa en las zonas más exclusivas de los alrededores, como Estoril y Cascais. "Queremos acabar con la brecha enorme que existe en Lisboa entre los muy ricos y los muy pobres, y para ello es muy importante que la clase media y los jóvenes sean parte importante de la población de la ciudad", señala Manuel Salgado.
La ciudad tiene 650.000 puestos de trabajo, pero solo 500.000 residentes, de los que una cuarta parte son activos, explica el teniente de alcalde. "Esto significa que cada día entra y sale de Lisboa más de medio millón de personas. Es una situación prácticamente única en Europa, solo comparable con Oslo, que tiene más puntos en común con las ciudades estadounidenses". El geógrafo João Seixas, profesor de la Universidad de Lisboa, define el fenómeno como "una enorme fragmentación de residencia".
Las consecuencias de este trasiego diario son dramáticas para una ciudad que se llena y vacía como un pulmón. Desequilibrio, congestión de la vía pública, contaminación y ruido. "Hay 162.000 vehículos registrados en Lisboa y entran cada día unos 400.000, que suponen un gran desgaste para la ciudad y no aportan ingreso alguno a las arcas del Ayuntamiento porque pagan sus impuestos en otros municipios", explica Salgado.
Las noches y los fines de semana, Lisboa se vacía y hay zonas que adquieren un aire fantasmagórico. Algunos barrios más céntricos, donde abundan edificios abandonados, tienen notables carencias de servicios. Ante la falta de demanda hay poca oferta de tiendas, bares o taxis, lo que ahuyenta a los moradores jóvenes, que optan por vivir en barrios más lejanos pero con más vida.
Propietarios, inquilinos y autoridades municipales se acusan mutuamente del deterioro del parque inmobiliario. Los primeros se quejan de la ley de arrendamientos urbanos, que se remonta a los años cincuenta, en plena dictadura salazarista, y mantiene congelados alquileres irrisorios que no permiten afrontar obras de rehabilitación. "La propiedad se ha convertido en Portugal en una asistencia social privada al inquilino", dice Monteiro de Barros, de la Asociación Lisboeta de Propietarios.
Los contratos firmados desde 1990 son libres y el nuevo régimen de arrendamiento de 2006 permite aumentar los alquileres si la casa está en condiciones de habitabilidad, lo que no ocurre en bastantes barrios. Pero no se han tocado las rentas antiguas porque, según Manuel Salgado, "provocaría un choque social muy serio". Romão Lavadinho, presidente de la Asociación de Inquilinos Lisboetas, reconoce que "hay muchos pisos en mal estado, por los que el inquilino paga unos 70 euros al mes". "Pero no es menos cierto", añade, "que muchos propietarios dejan que las casas estén al borde de la ruina, para lograr su demolición y construir un inmueble con más pisos y más rentable". Lavadinho también acusa a los ayuntamientos de ciudades como Lisboa y Oporto: "Son los mayores propietarios y los que tienen el patrimonio más deteriorado".
A pesar de la decadencia de la Lisboa antigua y señorial, la belleza de la ciudad, con sus siete colinas y el río Tajo omnipresente, sigue siendo un poderoso imán para el visitante extranjero. Consciente de ello, el Ayuntamiento ha encontrado un instrumento para recuperar la vitalidad de la ciudad: el programa Erasmus, que facilita la movilidad académica de los estudiantes dentro de la Unión Europea. "Nuestro objetivo es transformar Lisboa en una ciudad Erasmus", asegura Manuel Salgado. Según los indicadores municipales, los 3.000 estudiantes extranjeros que llegan por año están contribuyendo a dinamizar el mercado de vivienda de alquiler.