terça-feira, junho 30, 2020

Uma leitura leve, um livro com um processo de produção curioso, que se lê de ápice, e onde encontramos as pegadas de Boris Vian:
com expectativa de ter na mão várias encomendas......
Saí hoje no Público (pelo menos no online!):

CARTA ABERTA AO PRIMEIRO-MINISTRO, ANTÓNIO COSTA
E ÀS CIDADÃS E CIDADÃOS

Os  subscritores desta Carta, na sua já longa vida, têm-se dedicado à defesa do Ambiente, da Conservação da Natureza e da Qualidade de Vida para os portugueses; independentemente de partidos políticos, somos cidadãos activos que acreditam que a gestão da polis compete aos seus habitantes, esses os verdadeiros políticos. Acreditamos que os Partidos são fundamentais à democracia mas que esta não se esgota neles, por isso a cidadania activa é também um factor estruturante da mesma democracia.

Neste período difícil da nossa vida colectiva, em que a pandemia nos atacou subtilmente e tentou alterar os nossos hábitos quotidianos, também pudemos aprender que é necessário na verdade alterar muitos dos comportamentos e dos critérios economicistas que têm presidido à vida dos povos  em todo o mundo, para nós com especial ênfase na Europa e no nosso Portugal. Nenhum país estava na verdade preparado para enfrentar de súbito uma situação de tão grave pandemia e temos humildemente que louvar e homenagear o esforço de todos os profissionais que têm contribuído para tornar menos difícil aquilo que já é de si muito difícil.

O que a pandemia revelou
Como cidadãos, temos verificado que  os poderes e autoridades responsáveis, quer no plano central quer no local,  não se  têm revelado capazes de entender o que esta crise veio ensinar nem capazes de alterar os procedimentos e a política  falaciosa em termos ambientais que esteve sempre a ser promovida com beneplácito geral.

O que globalmente foi exposto pela situação criada pela pandemia, a nível  mundial, foi a gravidade dos problemas ambientais, a perda acelerada de biodiversidade, a falta de preparação para enfrentar as inevitáveis alterações climáticas, tudo consequências da globalização e do tipo de economia que esta tem promovido e que se tem implantado em todo o mundo onde as regras são ditadas pelo mercado e os Governos se pautam pela subserviência aos grandes grupos económico-financeiros que actuam  sem rosto nem alma. E em Portugal não se fugiu à regra.

A despoluição trazida ao Planeta com a diminuição de certas formas de produção  e com a redução dos transportes poluentes veio também provar que, se houver vontade política mundial, é possível salvar a Vida na Terra. E cada um de nós, por si e como povo, pode e deve fazer o que for capaz para atingir esse objectivo. Com o confinamento e a enorme redução de actividade humana, ficou patente que é preciso redefinir a economia, transformando-a de força cega ao serviço de minorias poderosas e sem escrúpulos perante a situação humanitária e a pilhagem desenfreada de recursos da Terra, em uma economia assente nos princípios ecológicos e a estes subordinada, e não o contrário.

A Política de Ambiente como matriz
Entendemos que um Governo democrático, nesta época de alterações climáticas, perda de biodiversidade e extinção em massa de espécies causadas pelos seres humanos e de degradação geral do ambiente, deve essencialmente eleger a Política de Ambiente como a matriz de todas as demais políticas sectoriais, um Ministério do Ambiente deve ser o primeiro a zelar por que os outros Ministérios assumam políticas de respeito pelo território e pela natureza, e a «incomodar» o bastante para que as directivas ambientais sejam consideradas prioritárias, por muito que isso desagrade a grupos e a lobbies  de interesses.

Para isso defendemos uma lógica de governação e uma prática quotidiana de efectivo respeito pelos ditames da defesa do Ambiente.

Avaliação de Impacte Ambiental deve ser independente
- NÃO podemos continuar a pactuar  com simulações de decisões que afectam o Ambiente e a qualidade de vida bem como o fundo de fertilidade do território, com usos e abusos de Estudos de Impacte Ambiental que são repetidos até que um dê a decisão que convém aos interesses económicos em causa. Esses estudos, quase sempre, e as decisões neles baseadas, têm revelado desprezo pelos valores ecológicos, naturais e paisagísticos em vez de os defenderem, sujeitos que estão aos interesses dos promotores dos empreendimentos a que se referem; as avaliações de impacte ambiental a que dão origem não têm de modo geral revelado nem independência nem imparcialidade, e já ninguém pode seriamente acreditar que respeitam e defendem aqueles valores.

- É necessário assumir compromissos éticos e fazer chegar à população uma certeza permanente de actuação conforme à salvaguarda da qualidade de vida.

Almaraz: posição firme de Portugal
- É preciso assumir uma posição firme face a Espanha e obter sem mais adiamentos o encerramento da central nuclear de Almaraz a qual, a 100 km da nossa fronteira, constitui uma autêntica bomba atómica pronta a rebentar sem aviso. Quando ocorrer o previsível acidente – não se trata de se mas de quando – as lágrimas depois serão derramadas em vão. A Espanha não tem o direito de ignorar Portugal no caso de uma central nuclear que já ultrapassou em muito o seu tempo de vida e o Governo português não pode limitar-se a esperar silenciosamente que os espanhóis decidam como entendem.

Aeroporto no Montijo um erro crasso?
- É preciso ter a coragem de mandar executar uma Avaliação Estratégica Ambiental para definir a mais correcta localização para um aeroporto definitivo de que Lisboa precisa. O tráfego aéreo não voltará a ser o mesmo, irá em decrescendo; no Japão já rolam comboios a 600 km/hora, sem poluição alguma, o futuro vem aí sem muitos aviões. A urgência de um novo aeroporto afigura-se menos premente agora – continuar a insistir na opção Montijo é um erro crasso. Acresce que a zona em questão é um local de grande presença da avifauna. Ora já várias vezes se registou a entrada de aves para os motores de aviões e em caso de aproximação à pista podem acontecer situações fatais.

- O Governo e os demais Poderes instituídos estão a assumir uma tremenda responsabilidade pelos acidentes que venham a ocorrer no Montijo se esta opção de aeroporto for por diante. E perante a  Europa, que cada vez mais se preocupa com o Ambiente e a Conservação da Natureza, a construção dum aeroporto internacional no Estuário do Tejo dará de Portugal uma péssima imagem. Haja a coragem – porque sabemos que é necessária  coragem – para romper com possíveis compromissos que amarram o Governo a uma opção por motivos meramente comerciais e dos  interesses de uma empresa hegemónica.

Da ignissilva à floresta nativa
- A situação da gestão florestal complica-se de ano para ano, e são investidos milhões e milhões de euros todos os anos para tentar reparar os estragos que resultaram, pura e simplesmente, de terem sido desmantelados os Serviços Florestais e a estrutura implantada no território, como existe em praticamente todo o mundo, com administrações florestais e postos e casas de guardas florestais. Reconhecer que foi errado é honroso, pois além de ter sido uma sujeição à indústria da celulose e aos promotores da eucaliptação, com base numa espécie exótica inibidora de qualquer forma de vida ao nível do solo, foi uma decisão profundamente lesiva do interesse nacional – reconhecer isso seria um passo de grande dignidade que o Governo poderia dar para preparar de vez uma solução para futuro, face ao desastre que está a ser a gestão e a defesa das áreas florestais.

- Agora que as autoridades lançam um Programa de Transformação da Paisagem, chegou a hora de reconhecer o papel nefasto da «ignissilva», uma «floresta» assente em duas espécies grandemente vulneráveis ao fogo e amontoadas em territórios extensíssimos e em realidade quase sempre ao abandono. É necessário caminhar para a reconstituição gradual e faseada de largos trechos de floresta autóctone, assente em espécies nativas, com destaque para o sobreiro e para diversos tipos de carvalho, com rendimentos que podem ser superiores aos de outras espécies mais inflamáveis. Esse ressurgimento florestal nativo terá consequências positivas também no domínio da água, da resistência à desertificação, da qualidade de vida, do turismo equilibrado, que são monetariamente incalculáveis mas reais. Essa  orientação deverá constituir um dos eixos de qualquer política destinada ao interior, juntamente e em simbiose com o renascimento da actividade agrícola de qualidade e ambientalmente não agressiva, o que lamentavelmente é quase sempre silenciado e marginalizado face a programas que não conseguem conceber o interior senão como uma réplica envergonhada das zonas mais urbanizadas e industrializadas.

- Grande parte do abandono do interior português e, de modo geral, do mundo rural, deve-se a não ter sido implementado o devido apoio à pequena e média agricultura, tendo sido extintos os serviços de Extensão Rural que poderiam ter criado o incentivo para a chegada de novos agricultores; ninguém mais se interessou de forma empenhada pela valorização da investigação e da experimentação agrícolas que são indispensáveis à revitalização do sector agroflorestal ameaçado pelas alterações climáticas, como  temos esperado em vão de  um Governo que se quer democrático e progressista.

Os signatários propõem às autoridades e à sociedade portuguesas estas pistas e orientações, como um contributo para tornar Portugal um país mais universalista, ambientalmente mais equilibrado e saudável, no qual seja possível atenuar e superar as circunstâncias que levaram às fragilidades e incapacidades reveladas pela actual crise sanitária.

 Sou um dos subscritores com notáveis do ambiente português!


Manter o pensamento à temperatura da sua própria destruição, qual fénix para renascer e recriar-se.
Confrontar ideias, ou saber confrontá-las com outras ideias requer leituras e elaboração de pensamento.
Li hoje este simpático livro, leitura em jeito pergunta, bem elaboradas e cultas e resposta, igualmente mas com um buraco no pensamento.
Não perceber o totalitarismo ligado a lógicas religiosas, fundamentalistas ou livrescas, e a destruição do humano nessas, não perceber o direito e a cidadania para todos e tergivesar sobre o as realidades por detrás de conceitos como o sionismo ou o islamismo ( poderia ser, embora esses tenham perdido, de momento o poder, sobre os cristianismos ou até, casos reais o budismo ou o hinduismo) é não analisar no contexto o papel das religiões no amaldiçoamento do nosso mundo (e até o Trumpismo pode ser enquadrado como uma lógica cristã de regresso à política).
Os novos rostos do fascismo é um texto interessante mas que não é capaz de compreender adequadamente o que se passa hoje no mundo (ver o caso da Polónia ou as questões dirimidas no Supremo dos U.S.A. ou o Black Lives Matter).
O tempo passa muito depressa, e este livro, além de ser impossível saber, conhecer tudo e o estudo das lógicas sociais das religiões é é falha neste, que já tem 3 anos....

domingo, junho 28, 2020


sexta-feira, junho 26, 2020

É inesquecível a emissão dos três estarrolas de Belém para apresentar uma iniciativa privada que iria, iria, decorrer em espaços privados do nosso país, com dinheiros públicos, muito dinheiro público, a serem deitados ao poço, em nome de de uma ilusão de massas, massas de adeptos a não encherem os estádios porque esses dificilmente não serão interditos ao público, mas as cercá-los e embebedarem-se pelos bares ou pelas ruas, em magodes, como se viu mais uma vez, agora em Liverpool.
Infelizmente, ou não, a realidade mostrou que
1- não há, não há nenhum consenso nacional sobre o tema, antes pelo contrário ou há repulsa e grande ou absoluta indiferença.
2- dado o estado da calamidade por cá, de que não se vê no horizonte próximo varinha mágica para lhe pôr termo, já as instâncias que gerem o tema estão a pensar levá-lo para outros ares.
é triste,. muito triste que tenhamos este desgoverno e um chefe de Estado manifestamente doente que vai aparando golpes, golpinhos e golpaças.
Neste caso com a conivência da Câmara Municipal de Lisboa, onde o desatino é cada vez mais manifesto, onde não há oposição e a maioria é composta por uns boys sem crédito, sem passado e sem futuro.
Não ouvimos, e se foi por estar cada vez mais desatento à informação peço desculpas, ninguém nessa instituição que levanta-se a voz contra mais esta pirataria que investia Lisboa.
Felizmente que não houve festejos (festejos de quê?) senão esse suposto vírus estaria por aí a proliferar.
Tudo isto é triste.....

quinta-feira, junho 25, 2020

Esta sairá no Observatório de amanhã:
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Vejam esta corja, estes aldrabilhas que está a tomar conta das associações ambientalistas:
https://www.rtp.pt/play/p6596/e457794/sexta-as-9?fbclid=IwAR1O19MKQSpk9K041wZmyZcgjtOnTXB4ljV0rPi4A1izi7_yDL2EJRTxas0

ontem a Quercus, amanhã.....
A história, em Portugal este caso e outros com ele relacionados (os mesmos personagens) e outros com energumenos deste gabarito tem sido não mato mas eucaliptos que vão medrando e destruindo o património. Houve a nível mundial muitos outros casos ( que atingiram até a Greenpeace) mas felizmente a capacidade social e as iniciativas de gente capaz e séria (veja-se o caso da Zero e a recuperação ou a tentativa de recuperação de outras organizações que por vezes mesmo debilitadas conseguem expulsar o vírus) mostra a necessidade de transparência e verticalidade.
Este, e outros casos (FAPAS*, CPADA, LIGA) passados, presentes ou futuros mostram que os vendilhões ou são expulsos ou os templos passam a ser estruturas que são só nome, memória e irrelevância, embora os média ainda lhes continuem a dar antigas credibilidades.
Na base continuam o movimento social, as lutas locais, onde estamos, aqui ali e acolá....com desde há 40 e tal anos, como desde sempre.
*Quando o FAPAS de que sou um dos primeiros sócios, de que já fui vice-presidente, e do qual sou doador  abandonou a luta contra o aeroporto do Montijo (além de ter deixado morrer os morcegos!) achei que algo estava mal. Agora os fundadores são "expulsos", eu já nem sequer estou na lista de sócios, e aparece o facínora do filme acima a "mandar", está tudo dito. Outra coisa surgirá.
E para confirmar o que digo:
https://www.theguardian.com/commentisfree/2020/jun/24/how-did-wildlife-groups-start-collaborating-in-the-destruction-of-nature-
não é só por cá....
Nota:
O mesmo acontece noutras estruturas, veja-se o triste, muito triste caso do MPT, que nem vale a pena comentar. Fui do grupo fundador e afastei-me num congresso com 18 pessoas em que a minha proposta teve 7 votos a outra, que ganhou, teve 9!, em 1998, há que dizé-lo.
As pessoas passam, as montanhas continuam a caminhar.
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Inscrevam-se!!!
https://obseribericoenergia.pt/

segunda-feira, junho 22, 2020

O mundo rural vai desaparecendo.
As suas manifestações socio-culturais vão se degradando, algumas pela evolução dos hábitos e costumes próprios, outras por lógicas políticas de adversários das ligações entre as terras e os homens e logicamente os animais, o seu uso e integração, as chamadas políticas animalistas.
Esses são inimigos do ambiente, da ruralidade e da sustentabilidade. Estão em linha com os piores ditadores, sendo que curiosamente nessa linha encontram apoios em muitos muitos aficionados, adeptos da extrema direita, que ideologicamente bebe da mesma água. Hitler era vegetariano e Goering um opositor radical das touradas.
É um erro, que se pagará caro, deixar a aficion nas mãos dos trogloditas da extrema direita e da fachalhada!
As touradas, as tauromaquias populares não têm nada a ver com o culto da raça, os valores da família ou da pátria. São momento de consagração de uma relação da terra, dos animais desta, com o homem (hoje também, e bem a mulher!), seja a cavalo seja a pé. São momentos de convívio e de escape de situações que eram, ainda são, parte da vida e da ruralidade.
Mas infelizmente, e essa é a melhor ajuda que animalistas podem ter, muita facha vai abundando pelos toiros, muita falta de senso ou senso nenhum.
Vamos mudar, também este paradigma. Houve algumas tentativas de parte dos que querem preservar a ruralidade e os seus referentes de criar  pensamento, recordo a extinta Confraria do Toiro Bravo, onde se produziu pensamento e ligações fundamentais e hoje, com altos e baixos e não afrontando alguns problemas com instinto, a Pró-Toiro vai tentando, com alguns tiros nos pés levar água ao charco, que é fundamental para manter o bravo.
Vamos estar juntos:

P.S:
Certamente, também, devida a essa saí uma orientação para a retoma das corridas(não das tauromaquias populares!, desde logo).
Aqui:https://www.igac.gov.pt/noticias/-/asset_publisher/RWbO65AlQM8r/content/orientacao-conjunta-para-a-realizacao-de-espetaculos-tauromaquicos
manifestamente, infelizmente, e lamentávelmente, mas que esperar? nenhum dos intervenientes neste processo alguma vez, a mínima vez, foi assistir a uma, 1, corrida senão não haveria tantos, tantos disparates neste documento.
Mais valia entrar a matar! As corridas, este ano, acabaram!
e
P.S.2
No seguimento desta armadilha acima, foi desconvocada a marcha. Talvez assim seja pelo melhor, imaginem que aparecia gente do tal....


domingo, junho 21, 2020

Acabo a leitura deste, que tem muitas e interessantes referências a Lisboa.
Não gostei do estilo da escrita, preconceituosa e muito ideológica da autora, as referências, muitas delas são reescrituras do que os autores escreveram, as biografias dos autores são pequenas e ilusas, e nalguns casos ou omissas ou falsas.
O livro tem demasiados erros, e/ou inúmeras gralhas, não teve uma revisão com um mínimo de seriedade, julgo mesmo que essa é inexistente.
Ficou muito abaixo da minha expectativa, mas mesmo assim devia ser enviado aos três estarrolas, para amenizar o seu sentimento de orgulho pátrio.
É que fazer Portugal grande, outra vez, ainda que ninguém parece ter reparado, é o novo desígnio nacional.
Seja de que forma for, à cotovelada ou de pontapé, na bola.

quinta-feira, junho 18, 2020

Embora já se suspeita-se ontem foi anunciado, com pompa e circunstância que iremos durante 15 dias receber uns 800 ou 1000 trogloditas  das equipas de futebol (8 x 100 por equipa), para as finais de um torneio.
Tal foi apresentado como se fora a maior vitória da pátria desde a mítica e mitológica Aljubarrota.
Tenho as maiores dúvidas e penso que teremos muito covid com esses ditos, vindos de países onde o vírus continua e continuará imperante.
Mas poderá ser que com os péssimos dados que vamos tendo ainda desistam, com receio de escaparem de uma para se meterem noutra.
Acho ridículo que se tenha parado o país para os cromos do costume dizerem os disparates do costume, sendo que não nos vai adiantar nada para o nosso ego, mas vai beneficiar as multinacionais hoteleiras e quejandos.
Em vez de se pensar e estruturar um plano que dê vida ao território, invista na recuperação das riquezas do nosso país e da península, que se tem que articular, voltamos a mais do mesmo, turismo à pato bravo, e, ou em massa (até um dos charters chegar cheio de contaminação).
Parar para pensar, alterar o paradigma e criar bases de sustentabilidade para o futuro não passa pelas cabeças que continuam a funcionar com moedas quais slots.
Não, não é bom para Portugal hospedar esta treta. Não, nem todos os portugueses, aliás poucos estão satisfeitos.
Mas os partidos desapareceram, a oposição não existe, o governo é a nova situação e
temos todos os dias recordações do cabeça de abóbora. Que mudou de nome, mas continua a morar em Cascais.
Que tristeza.
Nota P.S.:
No dia seguinte a ter escrito esta ouço Paulo Baldaia numa crónica magistral:
https://www.tsf.pt/programa/a-opiniao-de-paulo-baldaia.html
só faltou falar nos três estarrolas!

segunda-feira, junho 15, 2020

Gary Snider é uma referência.
e este é um livro fundamental para entender o seu pensamento.

domingo, junho 14, 2020

Numas mais, noutras menos em todas as 9 ilhas habitadas de Cabo Verde tenho um pouco de coração, nalgumas paixões e em todas muitas estórias.
No deserto, nos vulcões, nos dragoeiros, nas mulheres, na música, nas comidas, nas gentes, na morna sublime, na Brava, nas outras todas.
Recordo na diáspora o Monte Cara, o Bana, e outra vez o Bana no B.Leza, e o filho, do Bana e o do B.Leza.
Não é desse Vladimir, mas de outro que leio, no Convento, um livro erudito (com algumas repetições desnecessária) sobre a música e também alguma história articulada com essa.
Transportado nos sons ou na sua memória, revistando momentos únicos quando essa parou e ficou nesses suspensa.

sexta-feira, junho 12, 2020

Festa Aniversário da Fábrica Braço de Prata

Libertem os artistas

No dia 13 de Junho cumprem-se 90 dias de  catástrofe provocada pela pandemia. Um número monstruoso de músicos, actores, bailarinos, artistas de circo, técnicos de som e luz, curadores, programadores, encenadores, realizadores, ficaram aprisionados nas suas casas sem culpa formada. Timidamente alguns ofereceram o seu trabalho em plataformas digitais. Mas quase  sem qualquer benefício. Continuaram abaixo do limiar da sobrevivência.  Apesar dos milhões de euros anunciados pelo Ministério da Cultura para os profissionais das artes, até hoje só ouvimos histórias de fome. 
A Fábrica do Braço de Prata sente-se particularmente  implicada no destino daqueles artistas que vivem da venda dos seus concertos. Na confusão das medidas de desconfinamento, ficamos sem compreender  que, ao mesmo tempo que se realizam homenagens à música Pimba no Campo Pequeno, com a presença do Primeiro Ministro, continuem a ser proibidos os espectáculos de música ao vivo fora dos auditórios. As recentes declarações da Dra Graça Freitas sobre o baixo perigo de contágio nos arraiais , e respectivo desmentido 3 horas depois, agravam os sinais de desrespeito do Governo e da Direcção Geral de Saúde pelo mundo dos concertos em pequenas salas e em colectividades. Não percebem que um simples grelhador com sardinhas - num espaço ao ar livre  com um pequeno palco  - vale muito mais do que 100 salas do Campo Pequeno quando se trata de celebrar colectivamente a experiência da música. Cresce a suspeita de que o Governo só aceita que músicos venham apresentar o seu trabalho quando agenciados pelos grandes empresários, por esses Covões e Malteses da vida, que controlam as grandes salas e todos os festivais de verão. 
No próximo sábado, dia 13 de Junho, dia de aniversário da Fábrica, queremos organizar um protesto colectivo contra o abuso de critérios sanitários para proibir pequenos espectáculos de música ao vivo. Respeitaremos todas as medidas de protecção do público e dos músicos.  Serviremos sardinhas e sangria na tenda da esplanada Espinosa, controlando a lotação e a distância entre mesas, fornecendo desinfectante e apelando ao uso de máscaras.  Mostraremos que é possível libertar os músicos da sua prisão securitária  sem comprometer o combate à pandemia.
 Manifest@: libertem os músicos! será a festa de celebração dos mais de 1.000 músicos que nas nossas 4 pequenas salas de concerto criaram, ao longo dos últimos 13 anos,  o mais extraordinário movimento musical deste país. Graças a uma bilheteira que revertia a 100% para os músicos, conseguimos que eles recebessem no total desses 13 anos mais de 2 milhões de euros, independentes de subsídios, de empresários,  de patrocínios. Vamos ter que esperar muitos meses até recuperar essa vitalidade radicalmente informal. Mas não podemos esperar mais pela libertação dos nossos músicos. No dia 13 de Junho, algumas dezenas dos músicos que fizeram a história da Fábrica, vão subir ao palco num gigantesco festival de celebração e de protesto. As sardinhas irão para a grelha às 18h. Os concertos, num palco recheado de manjericos, terão início às 19h. E continuarão até que as forças policiais anti-arraial nos venham prender. 
A entrada é livre
 
Texto, que me chega de Nuno Nabais e que merece o meu total, total apoio.

A propósito de tudo o vento ter levado...leni Riefenstahl, Eisenstein, D. W Griffith e tantos outros deveriam na mesma ordem de ideias ser proibidos, ou Neruda ou Celine, ou Aragon, e também Picasso, e muitos mais ou por terem em ideias ou obras defendido as piores ditaduras.
Tudo tem que ser enquadrado e temos que valorizar o génio, a arte, as palavras e os actos num contexto.
Nos anos 60 encontrei na biblioteca do meu avô o Mein Kempf, que li, teria talvez 10/12 anos e encontrei particularmente mau, o meu enquadramento era adequado. Imagine-se que era um Ventura teria ficado a pensar com o  seu único neurónio e teria dado no que ele deu.
Lamento que estejamos a viver tempos de grande insanidade, onde as turbas voltam a tomar espaço e tempo.
Num tempo em que proliferam os racismos, os fascismos, os populismos e a intolerância (de que este movimento rasca faz parte) que se retro-alimentam uns aos outros temos que levantar a voz e dizer basta.

 este é um filme brutal, colossal. Claro que reflecte os valores dominantes, ainda no tempo em que foi filmado, mas sobretudo reflecte o dos tempos da guerra civil americana.
A ideologia dominante é a ideologia da classe dominante e é um instrumento do seu domínio.
Mas se não a conhecermos, se não percebermos porque e onde a podemos contestar caímos no ciclo vicioso dos domínios sem controle.
Nada contra e sim a favor de um enquadramento, socio-temporal. 
Mas nunca, nunca o Fahrenheit 451, ou melhor sempre esse para o contrariar.

quinta-feira, junho 11, 2020

É um livro que os anos não beneficiaram, tem todavia algumas pérolas, como por exemplo a identificação de todos os "mestres pensadores" Fichte, Hegel, Marx (e Engels) e Nietzsche, como anti-semitas, o que não admira,  mas mesmo assim surpreendeu-me a radicalidade quase nazi do pensamento de todos eles nessa matéria.
Outros momentos interessantes que articulam o pensamento dogmático e o crente ( tantos que ontem eram devotos de Stalin e hoje do piorio, mas do piorio mesmo, de alguma igreja,,,,) e a desconstrução do pensamento teórico e hermenêutico de tantos dos personagens (os 4 mais um ou outro).
Interessante, embora muito pela rama, a análise das revoluções, mais detalhada a francesa, e muitas leituras com citações sugestivas.
Retive esta, que dá a temperatura dos, destes mestres pensadores  como todos os que pensam sobre o pensamento, sobre o pensamento, sem deixar vapor....


quarta-feira, junho 10, 2020

Ainda me lembro da leiteira que vinha, todos os dias, vender-nos o leite que trazia em duas enormes bilhas que carregavam o burro, ao Saldanha, no inicio dos anos 60. A minha avô tinha púcaros de litro, meio litro que ela enchia conforme os dias.


 esta foto do D.N. lembrou-me essas e outras estórias. Despejávamos o lixo, sem qualquer sacos, que eram raros, de todo o prédio do nosso caixote do lixo para um caixote maior, que muitas vezes vertia e alimentava matilhas de cães vadios, que eram caçados por equipas municipais diariamente.
O padeiro ia todos os dias deixar-nos o pão à porta antes das 7 da manhã.
Ovelhas vinham pastar até ás Avenidas Novas e ao Saldanha e no Natal bandos de perus visitavam a cidade. Iamos até ao Jardim Zoologico ou ao Estádio de eléctrico, que já não chegava ao Rossio, talvez culpa do metro, ou melhor do milimetro, onde as sardinhas em lata pareciam à larga.
Não havia covid mas as doenças mortais exterminavam centenas, milhares de pessoas. As vacinas tinham chegado à pouco, muito pouco tempo....
Este burrinho trouxe-me memórias....

terça-feira, junho 09, 2020

Não considero que tenha sido um exemplo de coerência, nem de incoerência, mas um personagem que percorreu caminhos desgraçados....
mas marcou um tempo....e este é um dos seus livros que registo, e que depois de um denso de Agamben, irei terminar nos próximos dias.
ofertado pelo Nuno Nabais! Um forte abraço.

segunda-feira, junho 08, 2020

Só hoje dei conta do passamento do José Barrias:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Barrias
estive em sua casa em Milão alguns dias, quando percorria a Europa à boleia, julgo quem em 1978 ou 79. Tinha-o conhecido no jantar dos "veteranos" de Maio de 68, embora eu fosse um simples entusiasta.
Recebeu-me com grande afecto, com a sua namorada.
Voltei a estar com ele em Lisboa no ano seguinte (?).
In memorium o meu carinho:

Mr. Natural meditando,,,, no deserto:

domingo, junho 07, 2020

Além de ter terminado a leitura da Ecologia Profunda, que comento noutro blog, 
hoje li este livrinho, muito caro para as 103 páginas e uma estória demasiado conhecida, para mim. Um ou outro arrebique que fica no ar, deixa lastro sem consequências....
Não gostei, particularmente, do tipo de desenho, todo ele muito igualmente tétrico.
Um bom registo bibliográfico, sendo que fiquei curioso sobre o livro de P.P.Pasolini, sobre um dos arrebiques.
Artigos interessantes na Rolling Stone, de que destaco este:
https://www.rollingstone.com/culture/culture-news/why-america-cant-quit-the-drug-war-47203/
não há volta a dar.
Legalizem, todas, todas as drogas!

sexta-feira, junho 05, 2020

A educação vence a violência.
de Gerhard Haderer

quinta-feira, junho 04, 2020


I can’t breathe


Sempre articulei a defesa do ambiente com os direitos, todos os direitos. E a intransigência com os totalitarismos de qualquer espécie, e o combate frontal ao pensamento único, ao racismo, ao sexismo ou machismo e homofobia.
E se bem que me tenha articulado muitas vezes com defensores de barbáries, em situações tácticas  e de junção de objectivos, sempre estimei limitar a essas situações em concreto.
Na Amnistia Internacional (secção portuguesa) tive que enfrentar diversos sectores homofóbicos, que acabaram por se afastar dado esta ter assumido e bem o direito ao casamento de todos e a adopção a ele inerente.
Em grupos ecologistas, em vários, tive que enfrentar defensores da U.R.S.S. e dos seus crimes ambientais e atropelos dos direitos humanos.
Em reuniões de movimentos pela paz (soviética) fui agredido e expulso dessas por denunciar que não há paz sem direitos, todos.
Tive que defender o direito á contracepção e ao aborto, não só na Amnistia, quando esta ainda não reivindicava ainda “o meu corpo os meus direitos”, mas em partidos políticos, até de esquerda, que achavam essa questão insignificante, e nos movimentos ecologistas achavam que tal lhes era exterior, e recordo polémicas com alguns dos elementos fundadores da ecologia política em Portugal, como Afonso Cautela, sobre tal.
Defendi e defendo a legalização da “maria” e de todas, todas as drogas e a criação de um quadro legal para seu usufruto, quebrando assim com as lógicas de marginalização, prisão e morte de toxicodependentes e também com as mafias, muitas vezes articuladas com sectores na polícia, bem assim como dando expressão a culturas e lógicas de produção das plantas “proibidas” em formas ambientalmente sustentáveis.
Não há nenhuma dessas lutas em que, sempre com o mesmo grupo de amigos ou variando-os, não tenha estado envolvido.
Assim como em todos os momentos das lutas e muitas vitórias anti-nucleares em Portugal e noutros países, seja contra estruturas de produção, mineira ou de energia industrial e as suas sequelas, as armas nucleares ou  essas com resíduos enriquecidos. Sem esquecer  os resíduos nucleares da produção.
Antes de tempo defendi as renováveis (nos anos 70), quando estas não entravam nos programas, e a sustentabilidade quando esta não era usada por políticos que fazem o contrário do que dizem.
Alimentei abutres, dos verdadeiros, defendi lobos a sério e enterrei-me em zonas húmidas para protege-las, assim como defendi culturas ameaçadas por intolerâncias urbanitas e animalistas e  ainda tive tempo para sentar-me no chão várias vezes, algumas fui detido.
Estamos a viver tempos estranhos, a todos os níveis.
Corremos o enorme risco de perdermos todas as conquistas de direitos humanos, sociais, económicos e ambientais, se não nos empenharmos em alterar os paradigmas, as referências  que nos governam, por todo o lado.
Este é o maior desafio que temos pela frente. Temos que colocar o joelho no chão e levantar a cabeça.
E não hesitar em andar, andar mão na mão.  

quarta-feira, junho 03, 2020


segunda-feira, junho 01, 2020

Este era o último de uma enorme pilha de livros, a ler ou um pouco lidos (este mais ou menos pela metade!) que se acumulavam, pilha essa que tinha quase meio metro....
Nestes dias, que prosseguem, animados por telefonemas para marcar reencontros, sujeitos às anormalidades do tempo, dos vírus reais ou imaginários em que andamos atolados volto a esta leitura.
Julgo que este livro de 2004 andou comigo quando percorri o país em sessões de militância ambiental e foi ficando, iluminando algumas conversas.
Hoje tenho um maior encaixe e consigo empatizar mais com algumas formulações que então me pareceram muito irrealistas e fora do senso comum, na linha místico profunda.
Sabe-me bem, agora que também estou fora e à frente de muitas das actuais lutas perceber a importância do cultivo do eu e de como esse é tudo, a natureza, a terra viva.
vamos seguir caminhando, e que o céu não nos caía na cabeça.
Hoje trago aqui um artigo importante!
https://theecologist.org/2020/may/05/mourning
sobre a situação actual e as tarefas que temos pela frente!!!!