«Caros Amigos / Caríssimas Amigas,
Na última sexta-feira estive em Guimarães, capital europeia da cultura.
Na companhia de amigos madeirenses e vimaranenses percorri demoradamente a mata e o jardim da Cerca Conventual da Pousada de Santa Marinha, visitei o Centro de Arte Contemporânea José de Guimarães, deambulei pelo centro histórico contemplando manifestações artísticas e observando intervenções urbanísticas. Ao passar pela Praça do Toural, considerada a sala de estar da cidade, prestei uma atenção especial às jovens árvores plantadas durante processo de requalificação concluído recentemente. Identifiquei uma a uma, observei-as de cima a baixo e fiquei chocado com o seu sofrimento.
Na Praça do Toural as árvores foram introduzidas como peças escultóricas e não como seres vivos, que necessitam de solo e espaço para crescer. Não foram feitas caldeiras e a calçada portuguesa roça os troncos. Dentro de dois a três anos o piso ficará levantado e a motosserra começará a mutilar as copas.
Na cidade capital da cultura, a Praça do Toural foi o palco escolhido para uma performance de incultura botânica!
Saudações ecológicas, Raimundo Quintal»
...
Sei que não é em Lisboa mas fizeram coisa semelhante no Passos Manuel, como se lembrarão os mais atentos...
3 comentários:
As ventanias invernais talvez levem à não necessidade das moto-serras...
tomara que sim e que caia em cima dos inteligentes que assim as propuseram e dos que assim as plantaram.
Este exemplo é o paradigma do universo das intervenções em espaços públicos portugueses.
Milhares de árvores são plantadas como se de objetos se tratassem.
O que é mais preocupante é que são definidas desta forma em projetos elaborados por arquitetos paisagistas com (de)formação superior e que leva à pergunta, o que é que se anda a ensinar nessas faculdades.
Enviar um comentário