quarta-feira, outubro 31, 2007

«Rock-in-Rio 2008 em Lisboa», como disse?


A propósito de um post, ali ao lado, acho que já é tempo de esclarecer junto da CML o seguinte:

1. Que se saiba, a edição do RinR 2008 não está «protocolizada». Sendo assim, estão a impingir-nos um facto consumado.

2. O que é feito da Comissão de Acompanhamento CML/RinR?

3. As verbas provenientes do acordo com o Creamfields, já foram cobradas?

Foto: SIC

Publicidade (ilegal?) nos limpa pára-brisas (4)

Agora é a vez dos papelinhos laranja do Health Club Gemini estragarem os limpa pára-brisas de tudo quanto é carro ali em baixo. Ainda por cima oferecem «Livre Trânsito, desde 25€ mensais, sem obrigatoriedade de 12 meses». E esta, hein?

Gostam de eléctricos?


Então, é favor subscrever a petição 'Lisboa precisa da carreira de eléctrico nº 24. Por favor, reabram-na!'.

E, já agora, podem ler o documento anexo.

terça-feira, outubro 30, 2007

Para os amantes de Lisboa

O habitual passatempo «ACONTECE...» das terças-feiras é esta semana dedicado a este ultra-famoso monumento lisboeta. Como nota curiosa, se o vencedor for leitor de «O Carmo e a Trindade», terá direito a um prémio suplementar.
Actualização: o passatempo terminou às 20h de quarta-feira.

Desculpem a ausência ...

Mas há prédios para tentar salvar, amanhã: aqui e ali. Amanhã? Porque é dia de sessão pública da CML e porque ambos os casos vão ser decididos lá.

A Carris o Metro e a gamela do porco

Na discussão sobre o financiamento da Carris há duas coisas que aparecem confundidas:

A primeira é a necessidade do financiamento público dos transportes colectivos (chamemos-lhe subsídio ou indemnização compensatória que é o mesmo) a outra é a questão de saber quem deverá pagar.

Quanto à necessidade de financiamento público não tenho dúvidas: nas cidades de hoje são tantas as externalidades positivas do uso do transporte público em relação ao privado que os transportes públicos poderiam ser gratuitos. E se uma portagem reduzir a congestão das vias de Lisboa acho que todos ganhamos mesmo os que vão pagar.

Outra é a questão de saber quem suporta o financiamento: sem que haja uma ligação imediata e directa entre despesa municipal e imposto municipal haverá sempre excesso de despesas, corrupção e desperdício.

Por isso os transportes colectivos de Lisboa devem ser pagos por Lisboa os transportes colectivos do Porto devem ser pagos pelo Porto.

Serão sempre pagos pelos contribuintes: mas se forem pagos de forma indirecta vamos ter sempre a pork barrel. A despesa inteiramente inútil, obtida pelo eleito local no pressuposto que sua circunscrição ganha alguma coisa (ainda que pouco) e que ainda que seja pouco produtiva não faz mal porque quem vai suportar os custos são os outros contribuintes.

J.L. Saldanha Sanches

Um "número" de António Costa

Na semana que passou, “fonte da presidência” da Câmara Municipal de Lisboa anunciou que foram autuados 5.024 veículos, 1534 foram bloqueados e 277 rebocados.

Esta foi a informação fornecida pela “fonte da presidência” à comunicação social em jeito de balanço do primeiro mês da operação de “tolerância zero” ao estacionamento ilegal em Lisboa.

Esta foi a notícia de vários órgãos de comunicação social. Assim mesmo. Sem questões, sem interpretações, sem dúvidas!

Ficámos assim a saber, de “fonte da presidência”, através da comunicação social, que foram autuados 5.024 veículos, 1534 foram bloqueados e 277 rebocados.

Mas não sabemos o que estes números significam. E isso é que seria relevante. Há alguma estimativa sobre quantos veículos por mês cometem infracções de estacionamento em Lisboa? E que valores foram os verificados no mês anterior? E no ano anterior? Essas eram as questões que deveriam ter sido respondidas (talvez não tenham sequer sido colocadas) pela “fonte da presidência”. Com estes dados poderíamos avaliar o trabalho desenvolvido. Sem eles são apenas números sem significado.

A notícia, dada como foi pela comunicação social, não informa coisa nenhuma. A “fonte da presidência” foi bem sucedida. Disse o que quis. Divulgou o número redondo “5.000” que enche o olho mas que não significa nada. O que ficou foi o “número” e era isso que importava…


António Prôa

segunda-feira, outubro 29, 2007

Troca de cromos






Estes Holandeses devem estar loucos. Não estão em consonância com as práticas do estacionamento em 2ª fila... tantos passeios desaproveitados... humpffff.... deviam levar umas valentes apitadelas!

Da série 82 fotografias de bicicletas tiradas em 73 minutos, em Amesterdão

NOTA: Já agora, uma especial atenção para os passeios de meio metro com pilarete a meio. Que me dizem desta ideia?

(Isabel G)

TIME OUT

Abril 2008. Gabinete de Crise da revista Time Out. Segue-se o diálogo imaginário.

- Como não há tema de capa?
- Não há temas, esgotámos tudo, a cidade não pode dar mais.
- Nada sobre o Porto de Lisboa?
- Nada, a não ser que queiras entrevistar contentores.
- Um destaque sobre os cemitérios mais giros de Lisboa?...
- Fizemos um no dia-de-todos-os-santos. Não te lembras do vagabundo a expulsar-nos à pedrada dos Prazeres?
- Já dissemos mal de todos os restaurantes?
- Todos. Só somos benvindos no McDonald’s e na Sopa dos Pobres.
- Nem um filmezinho americano para arrasar?
- O Sérgio já não tem tempo, está a trabalhar com os Gato Fedorento.

A Time Out é a maior razão de júbilo na cidade desde a saída de Santana Lopes da Câmara de Lisboa (e da frente das câmaras da SIC). Os mais cépticos receiam o momento inevitável em que a revista semanal (sai às quartas) deixe de ter assunto central, o chamado tema de capa. Realmente, foi inteligente lançar uma revista nova na rentrée, quando acontece a Festa do Cinema Francês, a Moda LX, o DocLisboa, a Mostra de Cinema Brasileiro e até a Parada da SIC. Mas, ao contrário dos cépticos, eu acho que a Time Out vai continuar a dar conta do recado. Quando não houver temas, inventam-se.

A Time Out é a prova de que nem tudo o que é bom se obtém através de download. O problema é que, se eu decidir ler a revista de fio a pavio (já lá vão cinco números para além do número zero, que também li), deixo de ter tempo para sair. Mas será que preciso? A Time Out está exactamente a descrever aquilo que eu penso sobre as experiências (boas e más) por que todos nós habitualmente passamos nesta cidade popular e polarizada. Exemplos: os preços exorbitantes do restaurante Sul, a refulgência dos croissants na Bénard, a idiotia do Dia Europeu Sem Carros, a má qualidade do café na cidade (incluíndo A Brasileira). Até se percebe aquela reacção um pouco tacanha da revista contra o facto de a Moda LX não ser aberta ao público. Estando a Time Out assumidamente ao lado do hoi polloi, dos lisboetas e das tascas, é natural que se indigne quando a imprensa destaca uma atracção e um espectáculo que não seja público. É como as revistas de viagens mostrarem hotéis de seis estrelas no Dubai que nunca iremos visitar.

Outra coisa que admiro na Time Out: a sua “lisboacidade”, para referir uma personalidade singular alfacinha, quase impede a tradução da revista para uma língua estrangeira. Ou seja, enquanto o forte das restantes Time Outs europeias é o facto de disponibilizarem versões em inglês para turistas, a Time Out Lisboa não é para inglês ver, bem pelo contrário: a sua vocação, para não dizer provocação, é lisboeta marialva (no elogio) e esperteza saloia (no seu pior). Os leitores globais queixam-se de que a revista não tem distribuição nacional; eu queixo-me (e ao mesmo tempo congratulo-me) ao pensar que a Time Out é, nesta sua primeira infância, uma reacção exemplar ao status quo, da mesma forma leviana que era O Independente nos anos 90. Com impertinência ou sem ela, a Time Out será durante muito tempo a melhor forma de estar por dentro.

Miguel Somsen

In Metro

Novo slogan da EMEL



Luís Coimbra

domingo, outubro 28, 2007

Rua [e largo] de Sapadores, Lisboa, 1969.Fotografia de Artur Inácio Bastos, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Martim Moniz, Lisboa, 1961.Fotografia de Artur Goulart in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
(ISABEL G)

Arquivo e biblioteca central municipais

"Um arquivo único - PUBLICO - 28.10.2007, José António Cerejo
Utilizadores apenas têm acesso a alguns documentos microfilmados. Complexo previsto para o Vale de Santo António está a ser reavaliado e poderá não ir por diante
O Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Lisboa integra alguns dos mais importantes e antigos documentos da história da cidade. De acordo com o site do Arquivo Municipal de Lisboa, destacam-se no arquivo histórico "o traslado [cópia] do Foral de 1179, o Foral Manuelino, o Cartulário Pombalino e os valiosos espólios de Neves Águas, José Luís Monteiro e dos arquitectos Cassiano Branco, Keil do Amaral e Ruy Athouguia". Desde 2001 apenas está acessível a documentação que se encontra microfilmada.
O Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Lisboa está encerrado e inacessível aos investigadores e cidadãos em geral há precisamente cinco anos. A braços com as dificuldades financeiras que se conhecem, o executivo municipal está, entretanto, a reavaliar a decisão de construir um vasto complexo destinado a acolher os arquivos camarários e a biblioteca central da autarquia, mas tudo indica que esse projecto venha a ser abandonado.
Há muito instalado na Praça do Município, o arquivo histórico foi transferido para as caves de dois edifícios de habitação social no Alto da Eira, em Sapadores, na sequência do incêndio registado nos Paços do Concelho em 1996. No local já funcionava o arquivo intermédio, constituído essencialmente por processos de obras e outra documentação de que os serviços camarários ainda necessitam com alguma frequência. Provisórias e precárias desde o início, as instalações do Alto da Eira acabaram por ser fechadas em 28 de Outubro de 2001, depois de o Instituto Ricardo Jorge as considerar impróprias em termos ambientais e de saúde pública.
(...) Passados três anos, no Verão de 2004, uma parte do problema foi provisoriamente resolvido, mais uma vez, com a instalação do arquivo (...)A documentação permaneceu no Alto da Eira, onde foi sujeita a tratamentos de desinfestação, e deveria ter seguido igualmente para as garagens do bairro da Liberdade. Só que as obras necessárias à adaptação do espaço nunca foram terminadas e a situação de inacessibilidade dos fundos mantém-se nas caves de Sapadores. Acresce que todo o trabalho inerente ao tratamento e manutenção do arquivo histórico, bem como a integração nele de novos documentos, se encontra suspenso desde 2001.
A questão tem sido objecto dos protestos de utilizadores e da preocupação de alguns técnicos, mas a solução parece cada vez mais longínqua. Para complicar o caso, o actual executivo municipal tem dado sinais - embora ainda o não tenha dito publicamente - de que não vai dar seguimento à construção do centro cívico do Vale de Santo António, o complexo que deveria receber a totalidade dos arquivos camarários, incluindo um outro que funciona no Arco do Cego, e a Biblioteca Central. A primeira pedra deste empreendimento chegou a ser lançada por Santana Lopes, mas as obras ficaram-se pelos muros de contenção.
Contactado pelo PÚBLICO, o gabinete do presidente da Câmara Municipal de Lisboa nada disse sobre uma eventual solução provisória para o arquivo histórico, nem sobre o futuro do projecto do Vale de Santo António. Ambos os assuntos "estão a ser alvo de análise e de uma reavaliação", limitou-se a responder o assessor de imprensa de António Costa. "
(ISABEL G)

Era urgente que alguém organizasse a guerra contra a degradação

CML, EPAL e EDP deviam juntar-se nesta guerra
contra a degradação de Lisboa





Lembram-se de, há uns três ou quatro anos, um autocarro ter caído num buraco em Campolide, junto da estação de comboios? Foi um aluimento no Caneiro de Alcântara.
Agora foi este camião, na Infante D. Henrique. Foi uma (mais uma) conduta da EPAL que ruiu. Há dias, o presidente da junta de Alcântara, o meu amigo José Godinho, chamou a atenção dos poderes públicos para o perifo de inundações prováveis no próximo inverno, porque não se fazem os investimentos que deviam, quer nas condutas da água, quer nos colectores do saneamento.
Um dia destes, cai mais um bocado de Lisboa ao Tejo e ninguém dá por ela...
A CML e os grandes operadores de subsolo deviam entender-se de imediato para obviar esta contínua progressão do perigo.
A questão, acho eu, tem a ver com a falta de manutenção sistemática destes equipamentos. E o espaço público, de modo geral, está mal tratado. Há vários anos. E a coisa vai-se degradando também.
Mas aconteceu o imprevisível, para mim, na CML: à apresentação de uma proposta dos vereadores do PCP (veja-a aqui), um responsável não identificado do PS reagiu muito mal (ler aqui), o que originou uma resposta dura do PCP a essa «fonte do PS», como se diz na nota (pode aceder a ela aqui). É um cenário pouco recomendável. Lisboa precisa de mais do que isto: precisa que as pessoas se entendam no essencial, que as entidades se entrosem em programas de manutenção e que avida dos lisboetas e de quem aqui trabalha seja um pouco melhor em cada dia.
Mas assim não vamos lá.
É a minha modesta opoinião. Registo-a exactamente para ajudar como posso: escrevendo...

28 DE OUTUBRO DE 1856


Era inaugurado o primeiro troço de caminho-de-ferro entre Lisboa e o Carregado.

Os nossos velhos

Sei que não se trata de nenhuma causa fracturante, não proporciona discussões acaloradas, nem petições, nem indignações públicas, nem controvérsia. Provavelmente pode criar algum desconforto ou mesmo, vá lá, alguma pena para uns e compaixão para outros. São os nossos velhos, os que não vemos porque fechados em suas casas, isolados na sua solidão, indesejados porque inúteis, ignorados porque dependentes, pobres porque sem dinheiro.
Hoje lembram-se deles. Hoje dão-lhes rancho melhorado, um bailarico para quem se pode mexer e vai uma apostinha, hão-de receber a visita de políticos. Amanhã voltam a estar esquecidos, abandonados pelas famílias, pelo Estado e por todos nós. Sempre acreditei que o carácter de um indíviduo e a consistência de um Estado também se mede pela forma como tratam os seus velhos. Talvez por isso não me orgulho do que vejo.
"Hoje, Dia Mundial da Terceira Idade, 65 portugueses com idades a partir dos 65 anos, na sua esmagadora maioria reformados (aqui referidos com as profissões que exerceram), dão conta do que gostariam de ver acontecer nas suas vidas. Uns mais do que outros, são todos idosos. O mundo é cada vez mais deles. E, se eles mandassem, o mundo que os rodeia seria assim:

3. "Multas - e pesadinhas - para quem deixa os cães sujar os passeios" Amoroso Ferreira, 78 anos, trabalhador portuário

5. "Eu gostaria que houvesse um espaço reservado, com um tracejado, à entrada do centro de dia, para a nossa carrinha poder estacionar e os outros carros não" Lurdes Santos, 74 anos, costureira

8. "Era bom que não pagássemos alguns medicamentos, pelo menos os da diabetes. Metade do ordenado do meu marido vai para medicamentos para os dois" Martinha Brito, 73 anos, doméstica

10. "Gostava de ver a cidade mais limpa, pelo menos no meu bairro. É só lixo, passeios com buracos, folhas no chão... Quando chove e passa um carro, molhamo-nos todos" Júlia Maria Cândida, 77 anos, empregada doméstica

11. "O que faz falta é um lar para a terceira idade. Moro sozinha. Quando estiver doente, não tenho quem trate de mim" Isaltina Félix, 77 anos, empregada de biblioteca

17. "Mudaria a educação das crianças e dos jovens no sentido de nos transportes e lugares públicos darem o seu lugar; numa porta, ou passagem estreita, deixarem a outra pessoa passar primeiro" Maria da Conceição Affonceca, 72 anos, tradutora

18. "Moro num quatro andar. O prédio não tem elevador. Vou pelas escadas e nem corrimão para me agarrar tenho" Palmira de Carvalho, 83 anos, mulher-a-dias

21. "Eu já não espero grande coisa, mas ainda queria ver a estrada para a minha terra arranjada. Como está, nem passam dois carros ao mesmo tempo" Fernando Moura, 67 anos, agricultor

22. "Os autocarros deviam ter um acesso para os deficientes, porque às vezes há uma grande dificuldade em entrar" Maria Helena Salvador, 85 anos, ex-bilheteira da CP

24. "Precisava de ter uma pessoa que me limpasse a casa, desse cera, tratasse da roupa e a quem eu não pagasse nada ou pagasse muito pouco. É que já não posso fazer essas coisas..." Albertina Segundo, 86 anos, dona de casa

28. "Adoro a minha casa, está é quase toda a cair. A senhoria quer vender o prédio, mas ninguém lhe pega. Queria ao menos que me deixassem lá estar até morrer" Maria da Piedade, 84 anos, operária da indústria de lanifícios

29. "Ter divertimentos, para sairmos de manhã e só voltarmos para casa à tardinha. Não temos distracção nenhuma" Maria Alice Firmino, 84 anos, costureira

30. "Gostava de recuperar a vista para fazer tudo aquilo que fazia. Não havia nada que eu não fosse capaz de resolver. Ler e escrever faz-me muita falta, também" Augusto de Alcobia, 85 anos, funcionário da Carris

31. "Começava por acabar com o isolamento de quem não tem um carrito. Temos de nos sujeitar ao autocarro e à nossa terra ele só vai uma vez por semana. Se precisarmos de vir à cidade [Bragança], temos de recorrer ao carro de praça" Maria Rodrigues, 66 anos, doméstica

33. "Uma pessoa que me fizesse companhia, porque eu sou sozinha dia e noite" Idalina M, 86 anos, cabeleireira

35. "Há muito velhinho que não tem ninguém. Gostava que houvesse uma quota que pudessem pagar todos os meses para um dia, se precisassem, terem a ajuda dessa quota [para pagar a quem cuidasse deles]" Emília de Oliveira Fernandes, 78 anos, dona de casa

37. "Quando tenho de ir a algum lado, tenho de chamar o meu sobrinho. Devia haver transportes reservados aos mais velhos" Deolinda Gomes Lopes, 84 anos, mulher-a-dias

38. "Receber uma melhor reforma que os 14 contos que recebo" Almerinda Cordeiro, 69 anos, camponesa

41. "Gostava que me arranjassem a rua, que está indecente. Até aqueles que andam bem têm medo de cair, quanto mais eu" Dinah Baptista, 92 anos, doméstica

43. "Há poucos lugares de lazer e de encontro para os idosos, as pessoas acabam por se isolar e a solidão é terrível. Depois não posso admitir que os mais velhos sejam deslocados das aldeias onde sempre viveram para a cidade; os filhos vão trabalhar e eles acabam por ficar sozinhos. Devia haver uma boa rede de apoio para acompanhar essas pessoas nas suas casas" Julieta Régua, 65 anos, professora primária

44. "Punha na linha alguns funcionários públicos que são pequenos ditadores: tratam da vida deles, maquilham-se, saem para o café ou para fumar o cigarro e os utentes dos serviços ficam à espera" Leonel G, 73 anos, militar

45. "Queria que arranjassem a minha escada. Os carros estão em cima do passeio, a carroça do lixo tem de passar e dá cabo da escada. Está toda escavacada" Rita Vieira Caridade, 92 anos, empregada numa papelaria

46. "Alguém que fizesse as compras ou pudesse ajudar os mais velhos a fazer as compras. Gratuitamente ou mesmo pagando. Isso era fantástico, porque os sacos são uma coisa muito pesada" Maria da Conceição Moita, 70 anos, professora

47. "A cidade devia ter mais casas de banho públicas. Já houve, mas fecharam" José Pedro Valente, 77 anos, fiel de armazém

48. "Há idosos que não saem de casa, nem de cadeira de rodas, porque não há uma rampa no bairro" Etelvina Sampainho, 81 anos, empregada comercial

49. "Companhia. Era isso que eu desejava: não sobrecarregar os filhos e saber que estava acompanhada" Maria Rosa Silva, 78 anos, mulher-a-dias

50. "O meu posto médico é num descampado e a paragem do autocarro fica longe. Quando está calor ou chuva, é um martírio lá chegar" -Etelvina Silva, 71 anos, costureira

53. "Mais arranjo nas ruas e não andarem aí tantos animais abandonados. Até para ser cão tem de se ter sorte" , Maria de Lurdes Rodrigues, 78 anos, operária fabril

56. "O meu desejo era conseguir ainda uma casa nova. Os quartos e a casa de banho são no primeiro andar e tenho muito medo de cair", Isabel Maria Lopes, 76 anos, ajudante de lar e centro de dia

57. "Nas cidades as pessoas estão muito afastadas umas das outras. Gostava que os vizinhos e as famílias fossem mais unidos e ajudassem mais os mais velhos" , Olinda Marçal Silva, 72 anos, dona de casa

60. "Que cuidassem mais das pessoas de idade. A atravessar a rua, numas escadas, a entrar num transporte - ninguém ajuda, ninguém dá uma mãozinha" , Leonor Serafim, 79 anos-costureira de calças

61. "Se pudesse, trocava o quinto andar onde moro por um rés-do-chão. Custa-me muito subir e não posso levar pesos" -Emília da Conceição, 85 anos, mulher-a-dias

65. "Uma pessoa que me desse apoio em casa. Sou viúvo há 17 anos. Já viu o que é não ter ninguém que diga assim: deixa lá ver se esta alma está morta... ou se precisa de uma camisa lavada?" - Abílio Augusto Moiço, 86 anos, trabalhador do tráfego de Lisboa "

ARTIGO "65" 28.10.2007, Bárbara Simões -JORNAL PÚBLICO

(Isabel G)

sexta-feira, outubro 26, 2007

Putin visita a exposição dos czares no Palácio da Ajuda


In Diário Digital

«Os presidentes de Portugal e da Rússia visitaram hoje, no Palácio da Ajuda, uma exposição com cerca de 600 peças do museu Hermitage que apresenta a história da corte russa ao longo de dois séculos, um dia antes de ser aberta ao público...»

Uma pergunta, que são duas:

- Estará o tesouro russo tão bem seguro quanto o nosso estava naquela exposição na Holanda?

- Se em português se escreve Ermitage, porque haverá o ministério da cultura em publicitar a mostra em inglês?

quinta-feira, outubro 25, 2007

Ainda a tomada de Lisboa

«O CERCO DE LISBOA (...) conforme os documentos coevos»
Dr. José Augusto de Oliveira

A LER

Lisboa a saque, por Filipe Santos Costa, no Jornalismo de Sarjeta.
O Hermitage de Monsanto, por Eduardo Pitta, no Da Literatura.

25 DE OUTUBRO DE 1147

(O cerco de Lisboa)

Lisboa é conquistada aos mouros.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Herança Gabriela Seara (3)


No dia 15 de Fevereiro passado, começou a ser demolida uma moradia no nº 14 da Av.António José de Almeida, moradia de risco de Cassiano Branco, inserida em conjunto - Bairro do Arco do Cego - em classificação pelo IGESPAR, como conjunto de interess público.


Hoje, do que resta daquela casa modernista é esta uma fachadita, entretanto colada, como pele de cara, em imenso edifício de betão, agora em construção, que além de ter feito desaparecer 99,9% da antiga moradia esventrou o subsolo para imenso parque de estacionamento subterrâneo nas traseiras, com igual construção no logradouro.



Fotos: Arquivo CML e FJ

O PORTO DE LISBOA HÁ 2800 ANOS

Padrão dos Descobrimentos recebe debate sobre porto de há 2.800 anos. Foram descobertos vestígios de uma estrutura portuária na zona ribeirinha de Lisboa que, segundo a especialista Maria Luísa Blot, datam de há 2.800 anos. ‘Lisboa: Arqueologia de uma cidade marítima plurimilenar’ é o título da conferência que Blot proferirá sábado de manhã no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, integrada no ciclo ‘Memórias do Mar - Aventuras Transoceânicas’.

24 DE OUTUBRO E 1789

(Basílica da Estrela)

Era inaugurada a Basílica da Estrela.

Não é em Lisboa, mas é perto, e é escandaloso. Fica feito o convite!

Olímpicos fora de Lisboa?

Jogos Olímpicos: António Costa afasta candidatura de Lisboa à organização do evento - Fonte: RTP - Publicado há 61 minutos - ...Oficial Portuguesa, visitou Pequim a convite do governo municipal da cidade, tendo assinado com o executivo da capital...organização aos Jogos Olímpicos é algo que a Câmara Municipal de Lisboa nem sequer está a equacionar, disse António Costa...

terça-feira, outubro 23, 2007

Seriedade política, precisa-se

Já escrevi sobre este assunto no LisboaLisboa. A questão é muito séria, não pelas pessoas que envolve, mas pelo que representa de falta de princípios. É o reino do vale tudo. Escrevi e reafirmo: «Há uns dias, por causa do Clube de Tiro, houve uma inusitada batalha em torno do protagonismo e do mérito do despacho que o Presidente da CML e o Vereador dos Espaços Verdes produziram. Começo por dizer que concordo a 100% com a saída do Clube de Tiro de Monsanto, como já tantas vezes aqui se escreveu.
Neste momento, estou a escrever sobre outra diferente coisa: política, lisura, seriedade.
Injustificadamente, há quem esteja a querer os louros deste despacho exclusivamente para Sá Fernandes. Isso mesmo verifiquei num blog de apoio a Sá Fernandes, sem pudor. Abusando ao mesmo tempo de um texto da Plataforma por Monsanto. E em vários «fogachos:
1º fogacho: pólvora seca
Leio no tal blog de apoio a Sá Fernandes: «Comunicado da Plataforma por Monsanto apoia decisão do Vereador José Sá Fernandes». Mas isso é mentira. A Plataforma em lado nenhum atribui o despacho a Sá Fernandes. Nem podia fazê-lo. Eis o que a Plataforma escreveu: «A decisão tomada…» (claro que não a atribui apenas a SF, nem podia). E mais adiante: «Saudamos esta a decisão justa…» (o mesmo: não isolam o mérito, nem podiam). Tirei tudo isto do mesmo blog: ou seja: está lá tudo. De um lado, o que a Plataforma disse, do outro, as conclusões que o blog retira e que são completamente falsas. Em lado algum vejo o tal «apoio à decisão do Vereador tal ou tal». Nem podia ser. A Plataforma sabe muito bem que o despacho é conjunto: António Costa mais Sá Fernandes. Não faria qualquer sentido outro formulário para lá daquele que a Plataforma utilizou. Claro. O resto são fogachos de pólvora seca dos assessores de Sá Fernandes.
2º fogacho: segunda mentira, segundo abuso
Leio no mesmo blog: «A Plataforma por Monsanto saudou a rejeição do projecto apresentado pelo Clube de Tiro, e a coragem e dignidade da decisão do Vereador José Sá Fernandes.» Mas não é verdade: o que a Plataforma elogiou foi outra coisa, um pouco ao lado: o despacho conjunto do presidente da CML e do citado vereador. De ambos, repito; não de um determinado vereador. De facto, leio no mesmíssimo blog: «A Plataforma elogiou a "dignidade e a coragem" da decisão tomada, por despacho, pelo presidente da Câmara, e pelo vereador Sá Fernandes.»
É tudo muito abusado.
Pressinto que os assessores de António Costa (e se calhar não só eles) não devem estar a gostar nada disto.
Conclusão
É muita sede de ribalta. Isto não passa de sede de elogio público. Mas por maus caminhos, porque estão a envolver na sua trafulhice uma organização de cidadãos. É sede de reconhecimento popular. Mas essa manifestação de público aplauso individual e de protagonismo pessoal, aqui, não existe. Tudo foi forjado. É muita boa vontade, mas sem bases. Com pés de barro. Isto é de meninos aprendizes de feiticeiro (de aprendizes de como fazer política). Mas que não vão longe. Acho que não podem ir longe. Pelo menos, não por este caminho.
Seriedade política, procura-se!

Multas: cinco mil carros em segunda fila

Multas: cinco mil carros em segunda fila -2007/10/22 18:17
Fluência do trânsito em Lisboa aumentou no primeiro mês da operação «tolerância zero»
Mais de 5000 viaturas foram multadas por estacionamento ilegal em segunda fila em Lisboa durante o primeiro mês da operação de «tolerância zero» àquela infracção promovida pela autarquia da capital, revelou à Lusa fonte da presidência.
Na operação, uma promessa eleitoral do presidente, António Costa (PS), foram autuados 5.024 veículos, 1534 foram bloqueados e 277 rebocados.
Os dados referem-se ao período entre 12 de Setembro e 12 de Outubro, o primeiro mês daquela operação que implicou o reforço do policiamento nas zonas abrangidas.

Significa que há mais fluência, maior ganho na velocidade», afirmou a mesma fonte da presidência da autarquia.
Este aumento da intensidade média do trânsito foi detectado pelos «contadores» da autarquia instalados nas zonas do Marquês de Pombal, Saldanha e Campo Pequeno.
As faixas «bus» foram onde se registou maior aumento da fluência do trânsito.
Na faixa «bus» da avenida Braancamp para o Marquês de Pombal registou-se um aumento de 22 por cento de manhã e de 12 por cento à tarde.
(cont.)
São boas notícias.
E já agora, uma pergunta:
E quanto ao trajecto Avenida da Liberdade-Marquês de Pombal?
E já agora,outra:
E como vamos de carros em cima dos passeios?
(Isabel G)

segunda-feira, outubro 22, 2007

A Carris, Lisboa e os subsídios

A Carris tal como o Metro são empresas que fornecem transportes na área de Lisboa e que têm os seus défices cobertos por transferências do Orçamento do Estado. Concretizando: são pagas pelos contribuintes de todo o país e não, como seria mais acertado, apenas pelos contribuintes que residem em Lisboa.

A situação, como se compreende, não é pacífica: Vital Moreira já escreveu por várias vezes que não faz sentido que seja o país inteiro a pagar os défices de exploração de empresas que prestam serviços em Lisboa.

Vital Moreira tem razão.

Mas vamos ver a questão no seu todo: em nome da regionalização, da desconcentração, descentralização e de outras coisas acabadas em ão criou-se um monstruoso mecanismo de redistribuição de fundos entre municípios e regiões que permite os mais variados jogos e esquemas na afectação de fundos públicos.

As regiões mais desfavorecidas ocuparam o lugar dos cidadãos mais desfavorecidos que quer morem em Mértola ou na Cova da Mouro devem ser tratados da mesma forma; e que têm um direito constitucional a prestações públicas que funcionam como redistribuição de rendimentos.

Por isso o munícipes de Lisboa devem pagar o défice do Metro e da Carris e tal como os de Alguidares de Baixo devem pagar o pavilhão multi-usos que depois ninguém usa construído pelo seu dinâmico Presidente da Câmara. Simplificando, responsabilizando e passando da redistribuição entre regiões pela redistribuição entre cidadãos

J.L.Saldanha Sanches

domingo, outubro 21, 2007

21 DE OUTUBRO DE 1917

(Grande Português!)

Vasco Santana, apenas com 19 anos, estreava-se no Teatro Avenida, em Lisboa.

21 DE OUTUBRO DE 1147

(Porta de Martim Moniz, no Castelo de São Jorge)

Segundo a lenda, o fidalgo português Martim Moniz morria entalado numa das portas do Castelo de Lisboa, permitindo a entrada na fortaleza e a conquista da cidade. A notícia aparece no "nobiliário de D. Pedro".

sábado, outubro 20, 2007

A propósito do título do "post" anterior...

«La Nature» - 1880

sexta-feira, outubro 19, 2007

Ser pequeno


A “América” pode ter os defeitos todos. Mas às vezes era bom que não teimássemos em ser diferentes deles só para o sermos.

Quero com isto dizer que melhor teria sido que o nosso presidente da república e o nosso primeiro-ministro tivessem o desassombro de ter recebido Dalai Lama aquando da sua recente visita a Portugal.

Enquanto nos vergarmos aos “interesses” e às conveniências seremos sempre pequenos.


António Prôa

Herança Gabriela Seara (2)

Na Rua de Entrecampos, Nº 25, ao Bairro de São Miguel, nas traseiras de mais um empreendimento da «quota BES» (desta vez na Av. República) e onde antes esteve uma linda moradia rosa, com imenso jardim, anos a fio abandonada por todos, que não um punhado de gatos vadios, está agora em construção um mamarracho, mais um a juntar ao lote que polui visualmente aquela artéria escondida de Lisboa. Processo Nº 127/CE/2006. Data de autorização: 20 de Dezembro de 2006.

quinta-feira, outubro 18, 2007

A vergonha das demolições e das alterações continua em Lisboa. Quando é que isto pára?


(gaveto Av. Almirante Reis / Pç.João do Rio
autoria: Cassiano Branco
- demolição)



(gaveto Rua Castilho / Rua Rosa Araújo
- ampliação)



(gaveto Av.Casal Ribeiro / R.Almirante Barroso
- demolição)




(Rua Rosa Araújo, Nº 49
- alterações
autoria: Niccola Bigaglia=



(Rua Praia do Bom Sucesso
Antiga residência do Governador do Forte do Bom Sucesso / edif.protegido
- suspeita de fogo posto/incumprimento de obras coercivas
- alterações)



(Gaveto Av.República / Av.Miguel Bombarda
-ampliação)



(Rua António Cândido, Nº 12
- demolição)




(Gaveto Av.Almirante Reis / Rua Febo Moniz
- demolição -
Edif. com interiores magníficos)


Fotos: FJ, MAM, ex-DGEMN e Arquivo CML

Justificação de falta


Desculpem a ausência, mas tenho andado noutra ... e eu que pensava que Gondomar ou Felgueiras fossem longe daqui. Afinal estão a menos de 30km de distância ... bom, pensando bem, Oeiras é já ali ao lado. Serão os ventos culpados do contágio? O modus operandi é o mesmo, só mudam os protagonistas. Pobre Monte Estoril.


Foto: TS

terça-feira, outubro 16, 2007

Nogueira Pinto não vai estar à frente do projecto de recuperação da Baixa


Soube-se esta tarde. António Costa falou aos jornalistas e já está on line por tudo o que é sítio. Maria José Nogueira Pinto não quis ficar na equipa que vai requalificar a Baixa. A sua desistência acontece com muito ruído outra vez. Como se fosse questão de primeiro plano da vida da Cidade: ou Nogueira Pinto ou o deserto. Mas claro que não é nada disso: se houver bom senso, pode estar-se à beira de uma reviravolta.
Nogueira Pinto esteve ligada à Baixa enquanto vereadora. Uns meses. Esteve à frente de uma equipa de que fazia parte Manuel Salgado.
Acho que houve muito ruído em torno da sua nomeação possível, agora. Isso correu mal. Deu bota por várias razões, em meu entender. O presidente da CML não gostou de tanto sururu, parece. Hoje, falou do problema e deu a entender o seu desagrado: «a questão foi suscitada de forma prematura, porque a prioridade é a reapreciação do plano». Pode ler isso aqui.
É por tudo isso que penso que este episódio foi uma lição para muita gente, a vários carrinhos. Deram-se aqui vários passos em falso, penso. Acabo de expô-los aqui.

Vem aí mais uma inundação?

Como sei que todos estão com saudades da novela da Av.E.U.A., e das peripécias à volta da conduta da EPAL, eis que há novidades:

Assim, alguns metros acima dos buracos anteriores, ontem e hoje tem sido um corropio de água, devagarinho, mas de forma persistente, saindo de um rotura, algures no passeio ou na torneira de segurança. Waiting for the big one?

E pensar que bastava um pilarete para evitar isto!

Já deixei de gastar tempo e bits a tirar fotografias junto ao Frutalmeidas, na Av. de Roma, pois as imagens são sempre deste género - e isso dia após dia, seja qual for a versão do Código da Estrada que esteja em vigor, seja qual for o partido que tenha a maioria na CML, e sejam quais forem as competências da EMEL.
Por isso, quando o assunto vem à baila (v. post anterior), apenas tenho de ir ao arquivo do computador e fazer Copy/Paste...

segunda-feira, outubro 15, 2007

Sobre peões e pilaretes: o relatório (2)

Com todo o respeito que o relatório me merece (notícia abaixo) , é preocupante, do ponto de vista da ACA-M, que o mesmo sugira "(...) a instalação de pilaretes para evitar estacionamento (...)".
Este é um dos problemas da cidade e do país: instalar pilaretes para impedir o estacionamento, em vez de instalar guarda-corpos para disciplinar percursos pedonais e canalizar os peões para zonas específicas de atravessamento.
Talvez sem se aperceber, colocou a tónica sobre o veículo quando é o peão que está exposto a atropelamentos na cidade. É a favor do peão que se deve agir e não sobre o veículo. Os pilaretes nas travessias de peões constituem mais um obstáculo sobretudo para invisuais, pessoas em cadeiras de rodas, pessoas com carrinhos de criança ou com sacos de compra ou malas de viagem com rodas. A largura de toda a travessia deve, assim, estar desimpedida de quaisquer obstáculos físicos, além de que muitos deles são de baixa altura, o que podem motivar inclusivé tombo do peão.
(Isabel G)

Recomendações do Provedor de Justiça sobre segurança pedonal(1)

A propósito da notícia:
Provedor faz recomendações à Câmara de Lisboa sobre as passadeiras de peões
PÚBLICO de 09.10.2007

"O provedor de Justiça chamou ontem a atenção da Câmara de Lisboa para a necessidade de proceder regularmente à repintura das passadeiras de peões, independentemente do prazo de garantia das tintas. Esta e outras recomendações contam do relatório preliminar de um estudo sobre a segurança da circulação pedonal de crianças e jovens dentro da cidade de Lisboa, mandado elaborar por Nascimento Rodrigues em 2004 e agora enviado a António Costa.
De acordo com a provedoria, o relatório conclui que as intervenções nas passadeiras não se podem limitar à "colocação da tinta", devendo incluir, se for caso disso, o arranjo dos passeios e a instalação de pilaretes para evitar o estacionamento nesses locais. Tendo em conta que o "empalidecimento" das passadeiras depende de muitos factores e não apenas do prazo de garantia da tinta, o documento propõe que a fiscalização camarária seja feita independentemente daquele prazo.
O documento refere um relatório da Direcção-Geral de Viação para recordar que "grande parte da sinalização vertical não cumpre o Regulamento de Sinalização de Trânsito, o que é especialmente relevante no caso das passagens para peões ou da pré-sinalização de travessia de crianças". J.A.C"
(Bolds da minha responsabilidade)
Isabel G.

Conferência amanhã, Terça-Feira

A Secção Profissional de Estudos do Património da Sociedade de Geografia de Lisboa convida:

Conferência do Ciclo Memória e Valor: Patrimónios Há Muitos

Na sede de Sociedade de Geografia de Lisboa, 18 horas
(Rua das Portas de Santo Antão, 100)

16 de Outubro de 2007
A Propósito da Patrimonialização da Baixa Pombalina”
Profª. Joana Cunha Leal

(Continua até 11 de Março de 2008)
(Isabel G.)

sexta-feira, outubro 12, 2007

LIBERDADE

Deus criou o Homem, o homem inventou a roda, e daí foi um instante até se fazerem automóveis, asfaltarem estradas e os portugueses inaugurarem a) o túnel do Marquês, b) o Eixo Norte-Sul, e c) a extensão de metropolitano até Santa Apolónia em menos de um ano. Esta coincidência salomónica surpreende-me, parece Sócrates a jogar ao Monopólio: “O Carmona fica com o túnel, António Costa leva com o eixo, e logo se vê se o Terreiro do Paço não mete água”. Só não consigo perceber por que raio a Avenida da Liberdade está sistematicamente fechada ao trânsito. Será porque ninguém a quer ou porque todos querem?

Gostaria de recorrer a um inventário mais rigoroso para apoiar a tese sobre a paralisia da Avenida da Liberdade e da Baixa, mas, dadas as circunstâncias, vou ter de enumerar de memória. Em 2006, Gala do 14º aniversário da SIC. Em Abril, filmagem de um anúncio do BES com Cristiano Ronaldo. Em Junho, Festas de Lisboa. Dispenso o calendário litúrgico-protocolar para assumir todas as outras propostas como políticas e assertivas. O fecho da Praça do Comércio aos domingos, risível. O Dia Europeu Sem Carros, patético. Ou a gala de 15º aniversário da SIC, uma alegria. Só falta ler nos classificados: “Aluga-se Liberdade. Casamentos, Baptizados e Galas da SIC”. Eu não tenho nada contra a Gala da SIC, fenómeno esporádico que tende a realizar-se todos os anos por esta altura do campeonato (é como as monções: ainda que previsível, incomoda). Chateia-me no entanto que um local público (a Avenida da Liberdade é extensão do antigo Passeio Público, que terminava nos Restauradores) possa ser assim privado das suas liberdades por causa de uma entidade privada. Eu, se trabalhasse na SIC, também atirava o barro à parede. E na improvável eventualidade de ver deferida a minha solicitação, começaria a olhar para o calendário com outros olhos. Revéillon no aeroporto?

A única operação que não faz condicionar o trânsito na Liberdade são as obras que nunca se realizam para melhorar o trânsito na cidade. Tudo o resto é um sucesso, com maior ou menor perversão. O trânsito limitado pela Gala da SIC obrigou toda a gente a ficar em casa e ver a Gala da SIC, que este ano teve elefantes (brilhante metáfora sobre o pé-pesado dos automobilistas da avenida). No Dia Europeu Sem Carros, houve corridas de macas (metáfora tão subtil como um elefante na avenida). Esta é a altura em que o professor escreve no quadro: “Ruas=Carros. Passeio=Pessoas”. Claro que nada é assim tão linear: se toda a gente estaciona em cima do passeio, por que não hão-de as pessoas invadir a estrada?

Claro que, para um país de pernas para o ar, muito contribuem as acções dos seus ilustres. O Mourinho, por exemplo. Depois de sair de Londres com indemnização faraónica, Mourinho podia ter ido dar uma volta ao mundo, visitar as ruínas de Petra, o império de Timbuktu, o Mar dos Sargaços ou a plataforma Larsen C na Antártida. Pelo contrário, Mourinho voltou para Setúbal, para comer choco frito. Uns dias depois, estava no Campo Pequeno a apadrinhar uma campanha de sensibilização rodoviária com crianças. Que género de conselho poderá oferecer um treinador de futebol que viveu três anos em Londres e agora regressa a Setúbal? Imagino o soundbite: “Conduzam do lado direito da estrada!”. Ficou por confirmar a suspeita de Mourinho ter sido visto a entrar num comboio de Entrecampos em direcção ao Fogueteiro...

Miguel Somsen

(In Metro)

quinta-feira, outubro 11, 2007

Conferência “Gaudí, Guilhermina e a Música”


«A Associação Guilhermina Suggia e a Escola de Música do Conservatório Nacional convidam-no a assistir/participar na Conferência “Gaudí, Guilhermina e a Música" a realizar no dia 11 de Outubro de 2007 pelas 19,00 horas no Salão Nobre do Conservatório Nacional de Lisboa, 29 (ao Bairro Alto) Lisboa.

Serão conferencistas:
TERESA CASCUDO – musicóloga e crítica musical
ANA MARIA FÉRRIN – jornalista e escritora (biógrafa de Gaudí)

Música ao vivo com:
JOSÉ CARLOS ARAÚJO – Órgão
PAULO GAIO LIMA – Violoncelista
PAULO PACHECO – Pianista

Apoio da ANTENA 2 e Instituto CERVANTES
Entrada livre

(Em virtude do deficiente estado em que se encontra o SALÃO NOBRE que há 62 anos não tem tido quaisquer obras de conservação, por iniciativa do Movimento Fórum Cidadania Lx encontra-se a circular na Internet uma petição dirigida aos Senhores: Presidente da República Portuguesa, Presidente da Assembleia da República, Primeiro-Ministro, Ministra da Educação, Ministra da Cultura e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, pedindo a urgente intervenção a fim de evitar a sua perda total. Pode subscrever a petição

quarta-feira, outubro 10, 2007

Publicidade (ilegal?) nos limpa pára-brisas (3)


Em Domus Varius, em vez de se darem ares de artistas, mais valia dizerem aos meninos e meninas que distribuem a respectiva publicidade para não colocarem papéis presos nos limpa pára-brisas. Obrigado!

terça-feira, outubro 09, 2007

Esta RTP não tem cura?

A propósito do triste desaparecimento de Raúl Durão, não pude deixar de pensar na imensa injustiça, falta de senso e de tino que tem tido a nossa RTP, serviço público, ao longo das últimas décadas, em despachar para a reforma e tratar a pontapé alguns dos seus mais briosos e carismáticos profissionais ... só porque são velhos.

Tal como em muitas outras matérias, basta olhar para o lado para se ver a diferença: RAI, TF1. BBC, CNN, etc., não se cansam dos seus mais velhos, antes pelo contrário. Por cá, infelizmente, o lote não tem fim, como todos sabem ... mesmo no 2º canal a coisa tem sido funesta (ex. mal me vejo a mirar e a ouvir aquela menina do ex-Sábado Desportivo apresentando o Jornal da 2 dá-me vontade imediata de mudar de canal).

Dito isto, para acrescentar que, desde que vejo TV, sempre me habituei à voz soberba de Raúl Durão, à sua sobriedade e à sua simpatia. Depois de Gomes Ferreira, é a voz de que mais me recordo na TV. Outras, mais longínquas, já se foram, umas por esta, outras por aquela razão: José Mensurado, Jorge Alves, Maria João Aguiar, Isabel Wolmar, Cordeiro do Vale, Adriano Cerqueira, Eládio Clímaco, Maria Margarida, Ana Zanatti, Garcia Alvarez, Alves dos Santos, Manuel Magno, Sousa Veloso, etc., etc.

Herança Gabriela Seara (1)

Na Rua do Vale do Pereiro, pequena transversal da Rua do Salitre, nas traseiras do prédio nº 136 desta última (onde por sinal reside a Casa do Ribatejo) e no lugar onde até há pouco mais de um ano existia um magnífico e frondoso logradouro, eis que aparece agora um prédio, meio pastiche do vizinho, meio modernice manhosa (tem até um corpo lateral transparente!), cujo promotor se chama Casinhas & Antunes e exibe a seguinte licença de construção: «Alvará Nº 65/CE/2006, aprovado pela Srª Vereadoa Gabriela Seara em 13/4/2006». E vai um.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Publicidade (ilegal?) nos limpa pára-brisas (2)

Depois deste post, cá ficam mais dois agentes de poluição e estrago de limpa pára-brisas:

- Restaurante Italiano "Ciao Milano", cujo papelinho imundo diz assim: "Aceitamos grupos até 120 pessoas. Faça aqui as suas festas", i.e., no Largo Frei Heitor Pinto, Nº 4 A/B, em Alvalade.

- Estrelas do Areeiro, da Reyal Urbis.

Este tipo de publicidade tem que acabar, s.f.f.

Contested Streets: Breaking NYC Gridlock
Contested Streets is a Transportation Alternatives co-produced documentary film that chronicles how New York City was overwhelmed by vehicular traffic and explores how, by learning from recent innovations in London, Paris and Copenhagen, New York City can reclaim its public spaces, boost street performance and secure its place at the forefront of the global economy.
http://www.contestedstreets.com

ISABEL G

domingo, outubro 07, 2007

A MINHA LISBOA (40)

Terrenos existentes entre o viaduto da avenida General Roçadas e o prolongamento da avenida Mouzinho de Albuquerque, numa fotografia de Artur Goulart, que está no Arquivo Municipal.

A MINHA LISBOA (39)

Terrenos entre a Avenida General Roçadas, a avenida Mouzinho de Albuquerque e o Bairro Lopes, numa fotografia de Artur Goulart, no Arquivo Municipal.

A MINHA LISBOA (38)

Terrenos adjacentes à escola primária do Vale Escuro na rua Particular à avenida General Roçadas. A fotografia é de Artur Goulart, do Arquivo Municipal.

A MINHA LISBOA (37)

Terrenos junto à rua Particular, próximo à avenida General Roçadas, vendo-se as traseiras dos prédios da avenida Mouzinho de Albuquerque, isto em 1961, ano em que eu nasci. A fotografia é de Artur Goulart e está no Arquivo Municipal.

A MINHA LISBOA (36)

Terrenos baldios situados entre as traseiras da avenida Mouzinho de Albuquerque e a rua Particular, próximo do viaduto à avenida General Roçadas, numa fotografia de Artur Goulart, do Arquivo Municipal.

A MINHA LISBOA (35)

Terrenos da Quinta da Letrada, à parada do Alto de São João, vendo-se ao fundo a Avenida General Roçadas, numa fotografia de Artur Goulart, do Arquivo Municipal.

A MINHA LISBOA (34)


Barracas de madeira na passagem da rua da Penha de França para a avenida General Roçadas, numa fotografia de Judah Benoliel, do Arquivo Municipal.

sábado, outubro 06, 2007

A propósito do discurso do PR sobre o papel dos pais no ensino

Atento ao apelo feito por Sua Excelência o Presidente da República na data das comemorações da dita aos pais portugueses "interessados" em matéria de colaboração na educação escolar, passo a relatar-vos extractos de "As três cidras do amor" ("Contos Tradicionais Portugueses" do republicaníssimo Consiglieri Pedroso, 1851-1910):

"- Hortelão da minha horta, como passa o príncipe com a sua preta, negra, cachorra e torta? (...) O príncipe mandou matar a preta, e da pele fazer um tambor, e dos ossos uma escada para a menina subir para a cama". Depois, casou com a menina (Nota: a tal que subiu a escada e que não era a preta), e foram muitos felizes".

Quanto a "actividades" sobre este "conto", pede-se no livro a um aluno do 8º ano (12/13 anos de idade) respostas sobre "Compreensão" (do texto), "Funcionamento da Língua" ("relembra os tipos e formas de frases que estudaste (...) Era uma vez um Rei (...) não vos posso mostrar a minha gratidão de outra maneira (...) dá-me água senão morro (...) o que quer vossa alteza que eu responda àquela pomba? (...) coitadinha de mim que ando aqui perdida...".

Ainda no "Funcionamento da língua" (Ponto 6 - "A preta feia e suja" ) - perguntam os autores do livro oficial que fui obrigado a comprar à minha filha: "Partindo desta frase, cria outras colocando os adjectivos nos graus indicados e fazendo as alterações necessárias: a) Superlativo absoluto sintético, b) Comparativo de superioridade e c) Superlativo relativo de inferioridade".

Finalmente (!!!), surge a "Expressão escrita" (Ponto 8) onde se considera que "A problemática do racismo está bem presente no conto em estudo". E assim (Ponto 8.1) pede-se ao aluno que "...num texto pessoal, exprime a tua posição face ao racismo, indicando situações vividas por ti ou pelos teus colegas" - sendo que aos eruditos autores do livro (Ana Cristina Pala e Ida Lisa Ferreira) ninguém lhes terá ensinado que para existir um ponto 8.1, deveria pelo menos aparecer um 8.2, o que não é o caso.

Acontece que do ponto de vista pedagógico e dada a presença de uma rapariga "de côr" na aula - por sinal grande amiga da minha filha - todos os alunos se sentiram embaraçados com o texto que foram obrigados a ler na aula e em voz alta para depois o estudar.

Senhor Presidente da República, que me aconselha a fazer?

Requerer uma providência cautelar junto dos Tribunais a fim de que a venda deste livro seja suspensa e recolhidos os livros vendidos?

Pedir à Ministra da Educação que despeça os analfabéticos funcionários do Ministério que consideraram este livro como "oficial" para o 8º ano?

Alertar a Polícia Judiciária para que investigue todas as denuncias feitas pelos alunos (de 12/13 anos, recordo) de situações de racismo que tenham testemunhado (solicitação dos autores do livro)?

Valha-nos Santo António de Lisboa!

Luís Coimbra

sexta-feira, outubro 05, 2007

Distrital de Lisboa do PSD já mexe para novas eleições...

... Mas, tanto quanto amigos que conhecem os Estatutos me alertam, isso só poderá acontecer em caso de renúncia de Paula Teixeira da Cruz que, nesse caso, deverá marcar eleições antecipadas e anunciar se se candidata ou não. Considero, de qualquer modo, pouco provável que PTC queira ou mesmo tenha condições para continuar à frente da Distrital, depois da avaliação e balanço que fez e que registei também: «Esta derrota foi a derrota dos valores, dos princípios e das causas». Mais clara, não era possível. Aliás, inferiu-se desse mesmo comentário que PTC iria convocar eleições antecipadas para a Distrital a que ainda preside. Então, se PTC renuncia, aí sim, avançam Carlos Carreiras, da câmara de Cascais, e Helena Lopes da Costa.
.
(Tinha esta nota pronta quando, à noite, me informam de que na imprensa de hoje ia haver notícias fresquinhas quanto a eleições na Distrital de Lisboa do PSD. Aqui ficam também: confirma-se: PTC marcou novas eleições e nada nos diz que se recandidate - o que, repito, é pouco provável.)

Última hora
Vitória de Menezes provoca eleições em várias distritais - Diário de Notícias - Lisboa - Paula Teixeira da Cruz decidiu marcar para 8 de Novembro as eleições antecipadas para a distrital do PSD de Lisboa. A actual líder da distrital cumpre a promessa feita na sequência da derrota das eleições intercalares para a autarquia de Lisboa. ...
Ou seja: PTC deve abandonar pelo menos por um tempo. Isto, mesmo que se saiba que Menezes está a trabalhar na criação de um grupo de estratégia do qual poderá vir a fazer parte o marido de PTC, Paulo Teixeira Pinto (ver 'Expresso' de hoje).

Assembleia Municipal de Lisboa
Tudo isto tem especial relevância pelo facto de PTC ser a actual presidente da AML, órgão onde o PSD... ou melhor: os vários PSDs somados detêm a maioria absoluta, num Município em que, na câmara, o PS detém uma maioria relativa - o que, até agora, ainda não trouxe qualquer especial dificuldade à Praça do Município. Ver-se-á com Helena Lopes da Costa - que é quem, julgo, tem melhores condições à partida. Salvo se Menezes quiser mesmo arredar os santanistas, táctica de que deu um sinal agora mesmo, não convidando Santana (que bem se fez à coisa) para liderar uma bancada parlamentar que está cheia de santanistas (era ele o Presidente do PSD aquando das eleições legislativas de 2005). E Menezes quer arredar os santanistas porquê? Segundo uns, para credibilizar o partido. Segundo outros, porque teme que lhe ofusquem o brilho.

Ver-se-á como param as modas daqui em diante. ver-se-á, designadamente, se PTC vai aguentar a pressão e resiste à tentação de renunciar também ao seu lugar de deputada municipal ou, pelo menos, ao seu cargo de presidente do órgão.

Os sinais não tardarão.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Indignação

Desculpem mas não resisto a chamar a atenção para este conjunto de coisas incríveis que agora soubemos no ‘Sol’ de sábado passado. Respiguei para aqui, aqui e aqui três ou quatro casos mais intrigantes e chocantes. Ainda temos o direito à indignação ou já todos atingimos o tal estádio de generalizada indiferença?

Peões com direitos

Sinal de estrada partilhada (não consta do Código da Estrada)

CARTA DE DIREITOS DOS PEÕES (iniciativa da
ACA-M - Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados e
APSI-Associação para a Promoção da Segurança Infantil

PREÂMBULO
Ao contrário de um automobilista ou motociclista, um peão não precisa de passar um exame para ter o direito a deslocar-se. Por isso, os seus deveres, direitos e responsabilidades não são comparáveis aos de quem conduz veículos. Ao contrário de um condutor, a condição de cego, de deficiente motor ou mental, de criança ou idoso, de alcoólico, não é impedimento legal ou ético do direito a ser peão. Por isso, a um peão não são exigíveis os mesmos deveres e responsabilidades que a um automobilista ou motociclista, mas são atribuíveis mais direitos, designadamente aqueles que permitem salvaguardar a sua integridade física e psíquica, susceptível de ser posta em causa pelo potencial agressor dos veículos automóveis.
O peão tem também mais direitos perante o Estado e a sociedade em função do seu estatuto de:
a) Universalidade – todos os cidadãos o são.
b) Fragilidade – ser fisicamente desprotegido no meio potencialmente hostil, que é o das relações rodoviárias
.
(...)
1. Direito aos passeios: os passeios são para os peões, não para os carros. Cf. Art.º 49 n.º1 al.g) do Código de Estrada.
2. Direito à segurança.
3. Direito à acessibilidade: bermas rebaixadas, passadeiras claramente indicadas, correctamente dispostas e localizadas.
4. Direito à sociabilidade, a sossego, a usufruto do espaço público. Cf. Artigos 79º e 80º do Código de Estrada.
5. Direito a uma fiscalização eficaz, sobretudo casos em que haja obstrução das vias pedonais ou redução da visibilidade nas zonas de travessia e desrespeito pelos limites de velocidade.
6. Direito ao planeamento do estacionamento sem prejuízo das zonas pedonais.
(...)
A Carta dos Direitos de Peões foi aprovada na 6ª reunião ordinária da CML (3-10-07), proposta pelos Cidadãos por Lisboa
ISABEL G

quarta-feira, outubro 03, 2007

«Sempre OK, Remodelações, Edificios e Habitações»

Pode ler-se em letrinha preta escrita sobre folhinha de papel branco, deixada em tudo quanto é pára-brisas dos carros junto a minha casa. Mais à frente, o texto segue: «Sempre OK, Lda., Travessa Henrique Cardoso, 51-A, 1700-178 Lisboa, Telf. 210136190. sempreok-construcoes.blogspot.com.» Bom, daqui peço para nos deixarem em paz, deixarem de dar cabo das borrachas dos limpa pára-brisas, e deixarem de contribuiur para a papelada que voa por tudo quanto é rua. OK?

Ainda o defundo terminal de cruzeiros

Lisboa parece estar no bom caminho. Mas, não acho que haja necessidade de um novo terminal de cruzeiros, muito menos entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia, não só porque a haver um novo, nada melhor que o construir a montante de Santa Apolónia, como pelo facto de já existirem em Lisboa duas gares marítimas (Alcântara e Rocha de Conde d'Óbidos - pretende-se que Alcântara-Mar se transforme num mega-armazém de contentores a céu aberto? ), bonitas, bem localizadas e passíveis de serem adaptadas aos paquetes de grande dimensão. Porquê e para quê um novo terminal?

Por outro lado, convém não esquecer a «lição do modelo Expo», ou seja, é bom para a cidade que a CML passe a deter jurisdição da frente rio, mas não pode ceder à urbanização desenfreada. A frente rio é para estar livre, permitindo o seu acesso e fruição pelas pessoas, e não para ser objecto de construções que atentem contra esse acesso, interfiram com o sistema de vistas da cidade e do rio, ou desvirtuem a malha urbana daquela zona da cidade.

terça-feira, outubro 02, 2007

Terminal de Cruzeiros já era!

Aquela parede que a APL queria construir ali em frente a Santa Apolónia que dava pelo nome de Terminal de Cruzeiros, esfumou-se nas brumas da prolongadíssima campanha eleitoral que António Costa está a fazer até Outubro de 2009. E era de esperar, como observadores previram. E fica provado que esta coisa das campanhas não tem só pontos maus: desta vez, foi bom. António Costa confirmou-o aos jornalistas durante a sessão da Assembleia Municipal, sendo certo que nada disse aos deputados municipais - mas também nada tinha que dizer-lhes, uma vez que o terminal era um não-ente (ou seja: não tinha existência formal). Sabia-se dele pelos jornais, pelos bonecos que foram exibidos por todo o lado. Mas, só para dar um exemplo, Helena Roseta disse também hoje e também aos jornalistas que nunca tomou conhecimento oficial da coisa enquanto vereadora; Ruben de Carvalho disse que o fim do terminal era uma boa notícia; Carmona disse que não conhecia qualquer projecto; Negrão falou de boa notícia mas disse que devia ser o governo a dá-la. Fico na dúvida se quis defender mais ou menos Frasquilho, o que não estranharia. Mas ainda há dias se tinha manifestado contra o terminal também.
O que é facto é que acabou o pesadelo. E há duas entidades que estão de parabéns porque se bateram por este fim anunciado: o Forum Cidadania LX e a Associação do Património de Alfama. Parabéns aos seus mais activos activistas.

Cinema sem os cinemas tradicionais

Faz agora uma semana, houve na Cinemateca uma sessão comemorativa dos 80 anos da inauguração do Cinema Odeon, a 21 de Setembro de 1927. Passou-se A Viúva Alegre, o filme mudo de Erich von Stroheim, o mesmo que abriu a sala há 8 décadas atrás.

Pode parecer estranho comemorar-se a abertura de um cinema que está fechado há alguns anos, mas faz todo o sentido se pensarmos que o Odeon, apesar de encerrado e bastante degradado, ainda pode ser salvo e recuperado para a cidade - como se fez ao São Jorge. Ao contrário de quase todos os outros cinemas monumentais, históricos e de bairro de Lisboa, que ficaram ao abandono, foram demolidos, reconvertidos para outros negócios ou então partidos em várias salas pequenas para continuarem a passar filmes.

É impressionante. Em poucos anos, mudou tudo. Vetustos, velhos ou não tão antigos como isso, os cinemas tradicionais da capital desapareceram quase todos, e foram substituídos pelos multiplexes dos centros comerciais. Os relativamente recentes Nimas e o Quarteto - este o primeiro dos multiplexes portugueses, ainda sem shopping à volta - já são chamados de "sobreviventes".

A experiência de ir ao cinema alterou-se por completo. Ir ao Monumental não era o mesmo que ir ao Odeon, como ir ao Star não era igual a ir ao Lys. Agora, é tudo a mesma coisa. Há uma geração que já não sabe - nunca chegou a saber - o que é entrar num cinema a sério, num "mastodonte" como o Império ou o Eden, num estúdio como o 444, o Satélite ou o Apolo 70, numa sala de bairro como o Berna, o Alvalade, o Europa, ou o Royal, ou num "piolho" popular como o Salão Lisboa (este o original), o Max ou o Olympia, o do tempo das sessões duplas em que no intervalo se guardava o lugar com um lenço atado ao assento, porque senão voltávamos e estava lá um castiço sentado a beber vinho por uma garrafa sem rótulo, e tínhamos que mudar de lugar para ver, de seguida, Hércules Contra os Mongóis e Cava a Tua Sepultura, Sartana Está a Chegar.

Não contando com o remodelado São Jorge, o cinema mais antigo de Lisboa, se ainda está em actividade e a passar filmes hardcore, deve ser o Cinema Paraíso, que viu a luz do dia em 1904 com o nome de Salão Ideal. O Ideal até teve som antes do cinema começar a falar, como recorda Marina Tavares Dias no volume 7 de Lisboa Desaparecida, porque um dos dois fundadores se lembrou de pagar a pessoas para se porem por trás do ecrã, e fazerem barulhos sincronizados com o que ia acontecendo nos filmes mudos exibidos.

Será assim tão caro e complicado recuperar o bom e velho Odeon, por onde passaram desde realizações de von Stroheim, Capra, Lang e Eisenstein, a musicais com António Calvário e Madalena Iglésias, encharca-lenços espanhóis e mexicanos e as primeiras produções de Hong Kong vistas em Portugal, mais o inenarrável fenómeno espanhol O Delicadinho do 5º, durante o caetanismo, e do qual se dizia que anunciava a queda do regime? Há mais histórico do que isto, caramba?

Eurico de Barros (in DN)

Lisboa, capital de turismo?

Sábado passado, às 14h30, enquanto turistas e alfacinhas saboreavam a comidinha boa de conhecida pizzaria na respectiva esplanada da Rua do Jardim do Regedor (aos Restauradores), um carro do lixo recolhia o dito cujo como se o fizesse de madrugada (que devia fazer!), ou seja:

Enquanto um homem pegava nos caixotes deixados na rua e os rebocava, deixando cair aparas de lixo, aqui e ali, o carrão do lixo aguardava-o, estacionado na boca da rua, junto àquele edifício da CGD que une o Rossio aos Restauradores (e que irá ser transformado em hotel...), com o motor ligado e respectivos escapes voltados para ... a esplanada. Como se isso não bastasse, o motorista do carro e um outro homem da CML discutiam, alegremente e em voz alta, a antecipação da jornada futebolística desse dia. Lisboa, capital de turismo? LOL.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Dia Mundial da Música (2)


Em breve, à Lapa, uma nova religião e um novo pastor. Aleluia!



Foto: Litoral Centro

Dia Mundial da Música (1)

Já arrancou mais uma edição do Festival de Órgão de Lisboa, em boa hora organizado pela Juventude Musical Portuguesa, iniciativa da batuta do já desaparecido organista João Simões da Hora. Todos os anos por esta altura, os canos dos órgãos de Lisboa voltam a soar. Ainda bem. Faz bem ouvir música para órgão.