Claro que todos temos apreciado o magnífico trabalho da EPAL (proprietária da maior parte desses monumentos à água) na última década e meia, recuperando e abrindo ao público locais pouco divulgados e a necessitarem de obras, ex. a Mãe d’Água nas Amoreiras, a estação elevatória dos Barbadinhos, o reservatório no Príncipe Real e respectivo ramal até S. Pedro de Alcântara, vulgo ‘Galeria do Loreto’, etc. Em algum desse trabalho emérito houve a colaboração e pró-actividade da CML, honra lhe seja feita. Trata-se de um trabalho que irá continuar e todos continuaremos a aplaudir. Contudo, falta o resto (e já nem falo do imenso potencial de um eventual relançamento das ‘Alcaçarias de Alfama’, a que CML, EPAL e o agora LNEG continuam avessos) e o resto é muito, talvez demasiado para tão poucos protagonistas, quem sabe.
Primeiro, falta o Aqueduto das Águas Livres. É verdade que ninguém conseguirá repor os pedaços dessa incrível Arquitectura que foram sendo destruídos desde Belas a Lisboa em anos que já foram, para a abertura de estradas e afins (é escusado falar dos aquedutos que o alimentavam…), e que doravante, felizmente, será impossível fazer-lhe mais crimes dessa natureza (basta recordar a vitória retumbante de há poucos anos sobre a CRIL). É verdade que as visitas que vão sendo promovidas a muitos dos seus troços, com especial destaque para o de Alcântara, dão a conhecer o aqueduto a quem dele se interessa. Mas falta ao Aqueduto a merecida notoriedade internacional. Por isso, há que aproveitar a ‘onda’ do Aqueduto da Amoreira, em Elvas, e avançar com a candidatura do Aqueduto das Águas Livres a Património da Humanidade. Uma candidatura sólida e fidedigna, com um plano de gestão à ‘prova de bala’, Material. Será que, finalmente, EPAL, CML e Governo se entendem e dão valor e andamento à causa?
Segundo, falta termos em condições os nossos chafarizes e fontes e tudo o mais que jorra água nesta cidade. A funcionar. Restaurados. Ou querem que os congressistas de 2014 sejam transportados de ‘olhos fechados’ entre o aeroporto e o hotel e este e o centro de congressos? Lisboa não é Roma. Mas se as poucas fontes que temos, que são belas e imponentes (Belém, Rossio e Fonte Luminosa), finalmente foram bem recuperadas pela CML e estão funcionar sem engulhos (é obra!), no capítulo dos chafarizes e bicas, o estado de coisas é deplorável, senão veja-se:
Passando ao lado dos chafarizes que passam despercebidos no espaço público, secos e cobertos de pichagens energúmenas (exemplos horripilantes no Arco de S. Mamede e nas escadinhas de Sto. Estêvão) que costumam estar, convém meter ombros à obra, desde já, e cuidar e restaurar os chafarizes monumentais e ímpares do Rato, da Esperança, das Janelas Verdes, do Lg. da Armada, da R. do Século, do Carmo, do Desterro, e o d’El-Rei, em Alfama. Não bastavam estar secos há décadas pelas mais variadas razões (o d’El-Rei foi seco porque se havia tornado poiso de lavagem de carros…) para agora os mutilarem e lhes roubarem as pedras, o bronze, a dignidade? Basta!
Se em Roma isso não acontece, como aceitarmos que em Lisboa tal aconteça? Se não há como engenhar sobre como vigiar e punir quem prevarique, então que ao menos as limpem e recuperem e assim as mantenham. Não há dinheiro? Não sei, há para outras coisas. Faltam mecenas? Faltam. Mas também falta, e muito, pró-actividade. E ‘coisas’ como os fundos dos EEAGrants (abençoados noruegueses!) poderão ajudar, é uma questão de trabalharem e se candidatarem oportunamente. Haja vontade e brio, nem que seja por uma vez e por causa dos ilustres visitantes de Setembro de 2014. Sei que há quem se gabe que Lisboa seja um destino turístico de referência low cost e de fim de semana, e há bem nisso, mas talvez fosse melhor subirmos um patamar... Fica o repto.
1 comentário:
Não só o aqueduto mas todas as obras relacionadas, Mãe-de-água. Chafarizes, ramais. reservatórios. Tida a espantosa obra de engenharia e arquitectura de finasi do século XVIII até ao XIX. Tudo isso deve ser referência para a candidatura dessa obra a Patrimónbio da Humanidade.
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