terça-feira, abril 09, 2019

Nunca comi hachis, que deve, segundo este livro, ser uma experiência exponencial. Talvez como os cogumelos mágicos, que esses sim provei, ou as linhas de coca que snifei.
Hoje sou um simples usurário, ocasional, da Maria e tenho que dizer essa não provoca, talvez pelo ranço que já vai por aqui, qualquer efeito significativo...
Este livrinho do grande filosofo e critico social Walter Benjamin é, também, aconcelhável a todos  os puritanos e conservadores que não ousam libertar o espírito, as experiências com o haxe (que invocam de facto o ópio) são descritas e analisadas com enorme rigor. Outros houve que com outras drogas o fizeram, também. Aqui deixo algumas das pérolas deste livrinho, de sonho e realidades..

“Os acontecimentos produziam-se de tal maneira que o fenómeno me sensibilizava como uma varinha mágica e me mergulhava num sonho.”

“ o que dizes e um telhado de Magburgo é o mesmo”

“ como uma imagem assim é a língua”

“ Para os mexicanos ir ao bosque significa morrer. Por isso o bosque atraí.”

“O conhecimento do doce não é o doce.”

“Quando alguém fez algo de bom isso converter-se-á no olho de um pássaro”

“Todos os ruídos incham até se transformarem em paisagem”

“ As cortinas são as interpretes da linguagem do vento.”
e
“ Cada imagem em si mesma é um sonho.”

Como as Flores do Mal, de Baudelaire, os textos Rubáiyát de Khayyam, Confissões de um comedor de ópio de De Quincey ou As portas da percepção de Huxley, e tantos outros, este livro abre uma porta do conhecimento ou do desejo desse.
E porque não, este


Vendo o tumulto inconsciente em que anda
A humanidade de uma a outra banda,
Não te nasce a vontade de dormir?
Não te nasce o desprezo de quem manda?


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