quarta-feira, maio 18, 2011

Mal e caramunha

Estamos a viver um filme de terror, em que o drácula culpa a vítima de lhe sugar o sangue." As palavras são de Campos e Cunha, ex-Ministro das Finanças de Sócrates, e são certeiras: Sócrates acusa os adversários daquilo que o próprio fez e faz.

Ao deixar o País na iminência de não poder pagar sequer os salários da função pública e as reformas, já em Junho, o actual Primeiro-Ministro deu a última de muitas machadadas no Estado Social que tanto diz defender: deixa o País sem dinheiro, sendo que sem dinheiro para redistribuir não há Estado soberano quanto mais Social.

Sócrates foi derrubando o Estado Social: na educação, encerrando escolas e humilhando os professores; na saúde, com o encerramento de centros de saúde, maternidades, hospitais; o desemprego bateu máximos, as desigualdades acentuaram-se como nunca (ao mesmo tempo que cinco milhões de euros iam para um administrador cujo único currículo era a proximidade a Sócrates e três milhões pagavam as aulas que um seu ex-Ministro ia dar a Nova Iorque). Ninguém combateu tanto o Estado Social e fomentou tanta clientela.

Sócrates faz o mal e a caramunha. Além de atacar o Estado Social e encher os seus próximos de privilégios – com tantas famílias a deixar de poder cumprir os seus compromissos financeiros (1 em 7) –, o actual Primeiro-Ministro também ataca a Democracia ao tentar condicionar os meios de comunicação social; funcionalizar a Justiça e perseguir quem, dentro ou fora do Estado, ouse discordar, instalando a cultura do medo. É o mesmo Primeiro-Ministro que apresentou o PEC IV a penalizar reformas de 200 euros.

A Comissão Europeia veio ontem desfazer dúvidas sobre a nossa situação, ao afirmar, pela voz do seu Presidente, que Portugal estava em pré-ruptura financeira. Numa publicação de referência, lia-se que a forma como Portugal tem gerido e continua a gerir a crise é assustadora, acusando o Primeiro-Ministro de ter adiado até ao último minuto o anúncio sobre o pedido de ajuda e de fazer um discurso enganador sobre o acordo. Mais, o colunista em causa afirma que "não se pode dirigir uma união monetária com pessoas como o Senhor Sócrates...".

José Sócrates não gosta do Estado Social e muito menos da Democracia. A qualificação da Democracia é um conceito que desconhece e à transparência é avesso. E o mesmo homem que afirmou não estar disponível para governar com o FMI transformou-se no homem que não só está disponível como até pretende voltar a estar.




In Correio da Manhã

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