quinta-feira, setembro 30, 2010

Acto digno de ópera-bufa


Da opera-buffa em que vivemos, foi o de ontem, pelas 17h, era hasteada esta bandeira portuguesa (foto VB), do cimo do arco da Rua Augusta, com a presença de sec. estado e fanfarra da GNR. Hoje, os cabos rebentaram e a bandeira foi-se. Quantos € deitados à rua?

Truz, truz, Arquivo Histórico?

Reza a história que corria o 28º dia do mês décimo do ano de 2002 d.C., quando o Arquivo Histórico do Município de Lisboa, amuralhado até então em terras inóspitas do Alto da Eira, fechou portas. Isto é, há quase oito anos que está vedado o acesso, não aos Mouros de antanho mas a todos quantos, investigadores, especialistas e demais estudiosos nacionais e estrangeiros, e simples mortais interessados por saber mais alguma coisa sobre o passado de Lisboa, queiram consultar a vasta documentação arquivada ao longo de séculos, do XII ao passado há pouco mais que uma dezena de anos, e que vai de antigos forais ou do cartulário pombalino ao espólio de arquitectos famosos do “nosso” tempo, Cassiano e Keil do Amaral, por ex.

Mas, na verdade, também não é brilhante o estado dos dois arquivos que com o Histórico formam o todo do Arquivo Municipal de Lisboa, por sinal inexplicavelmente desagregado:

O Arquivo Intermédio encontra-se “temporariamente” nas caves de um edifício de habitação social no Bairro da Liberdade, destinadas originalmente a garagens e na periferia da cidade, de acesso difícil (apenas há duas carreiras de autocarro desde o centro de Lisboa: 702 e 713) e em que até há pouco tempo chovia na sala de leitura. O Arquivo do Arco Cego, esse é ridiculamente minúsculo e está claramente obsoleto.

Ora, há muito que a CML devia ter como prioridade das suas opções do plano e do orçamento dignificar, unificar e, essencial, instalar o Arquivo Municipal de Lisboa num local central, de fácil acesso e que as pessoas identifiquem e fixem de forma fácil. Contudo, tal não acontece nem parece que venha a acontecer. As “soluções” continuam a passar pelo provisório, quando não por um tonta babel até já projectada para o Vale de Chelas. É pena que seja assim.

Sobretudo quando assistimos à venda de imóveis do Estado que poderiam acolher perfeitamente o Arquivo, ainda que, naturalmente, para tal fossem precisas obras. Lisboa passar a dispor de um Arquivo em edifício digno e central, funcional e apetrechado ao “estado da arte”; não será esse argumento bastante para semelhante investimento, mais a mais no Centenário da República?

Até porque património valioso ao abandono, a precisar de recuperação e sem bom destino à vista é coisa que não falta em Lisboa, desde logo os antigos hospitais civis em processo de venda pelo Estado (Desterro, Miguel Bombarda) ou o privado ao antigo e escavacado Convento de Arroios, cujo promotor se vê impedido pelo PDM, e bem, de projectos megalómanos com caves para estacionamento, alterações e ampliações a seu bel-prazer. Aos primeiros, a CML teria que dialogar com o Governo. Ao terceiro haveria que negociar com o proprietário. E daí? Haverá melhor local para um Arquivo Municipal? Duvido que haja.



In Jornal de Notícias (30 Set.)

Recer debate reabilitação urbana em Lisboa


Chegado por e-mail:

«A Recer vai promover no próximo dia 26 de Outubro, terça-feira, um seminário dedicado ao tema da reabilitação e renovação urbana e do património edificado. O seminário vai decorrer no Centro Cultural de Belém e visa contribuir para “uma reflexão abrangente sobre a temática da reabilitação urbana nas suas diferentes perspectivas – económica, técnica e política”.»

domingo, setembro 26, 2010

AMOREIRAS

Amoreiras -DOSSIER PUBLICO

A polémica passou de moda, o shopping
subiu de estatuto
Faz amanhã 25 anos que foi inaugurado o primeiro grande shopping center digno desse nome em Portugal. Odiado por uns, admirado por outros, sobreviveu à polémica e à concorrência. Valeu a pena? Por Ana Henriques e Marisa Soares (texto) e Enric Vives-Rubio (foto
concorrência. Valeu a pena? Por Ana Henriques e Marisa Soares (texto) e Enric Vives-Rubio (foto)

Datas marcantes
Curiosidades
A vista é do melhor mas as torres já acusam o peso dos anos
Centro comercial reinventou-se para fazer frente à concorrência

Naquele final de tarde do Outono de 1985, Nuno Krus Abecasis andava em campanha para renovar mandato à frente da Câmara de
Lisboa. Uma mulher abordou-o quando distribuía propaganda no interior do recém-inaugurado centro comercial. Nunca mais votaria nele depois das Amoreiras, disse ela em tom acusador. Farto da polémica em torno do projecto de Tomás Taveira, que havia defendido com unhas e dentes contra tudo e todos, e que servia agora de arma de arremesso eleitoral, o presidente da Câmara de Lisboa soltou um impropério: "Meta o voto no..."
Contado por quem acompanhava na altura o carismático autarca do CDS, o episódio ilustra bem a virulência com que se travaram de razões os que acompanharam, há um quarto de século, o aparecimento em Lisboa do primeiro centro comercial digno desse nome. Que, apesar de fazer amanhã 25 anos de existência, não dá sinais de falta de vitalidade - como seria de esperar de um qualquer jovem dessa idade. Adaptou-se aos novos tempos, apostando em lojas de maior dimensão, e nas classes sociais com mais poder de compra (ver outro texto nestas páginas). De monstro megalómano passou a local onde vai às compras quem não quer andar aos encontrões. A polémica ligada às opções estéticas, essa passou de moda. Morreu? Nem tanto. "Aquilo é horroroso. Com o tempo ficou com ar de brinquedo velho que já ninguém quer. Era uma boa altura para ser demolido", opina o cronista Miguel Esteves Cardoso, concedendo, no entanto, que o centro comercial tem bom ambiente.
Portugal ainda não tinha entrado na CEE (Comunidade Económica Europeia) naqueles longínquos anos 80. Fá-lo-ia três meses depois da abertura das Amoreiras, num cenário de crise pouco propício a investimentos duvidosos como este. Presente na inauguração, o Presidente da República Ramalho Eanes não regateou elogios ao empreendimento, precisamente por causa da "ousadia" do investimento em tempos de crise. Ao todo, foram gastos 64 milhões de euros, suportados, entre outros, pela construtora Alves Ribeiro e pelas seguradoras Império e Mundial Confiança, que eram empresas públicas. Todos integravam a empresa proprietária das Amoreiras, a Mundicenter.
Só mais tarde veio o tempo das "vacas gordas", lembra o arquitecto José Manuel Fernandes, que considera os promotores uns "visionários", porque "sabiam que o sucesso viria pouco depois". E veio - como diz o historiador Paulo Varela Gomes, como "um sinal antecipado da prosperidade do cavaquismo". O país estava a mudar.

Um "par de bandarilhas"
O culto das marcas pelos consumidores era um fenómeno incipiente, até porque muitas delas não tinham sequer entrado em Portugal. Foi neste cenário que surgiram as grandes torres espelhadas de topos e base coloridas, simbolizando, segundo o seu autor, dois guerreiros defendendo a sua dama, numa alusão à Lisboa medieval.

Houve logo quem preferisse metáforas tauromáquicas: pareciam "um par de bandarilhas cravadas no dorso da cidade", observou o arquitecto Nuno Portas. O assunto "pôs os portugueses a falar de arquitectura como nunca tinha acontecido", lembra Varela Gomes quando fala desta "importação directa da típica arquitectura americana". Quer pela dimensão do empreendimento, considerada excessiva, quer pelo seu aspecto pouco convencional.

Entre as vozes críticas estava ainda a de Marcelo Rebelo de Sousa, que não era tanto contra o aspecto da obra, mas sim contra a "falta de planeamento urbanístico" durante os mandatos de Abecasis. E hoje? "O problema principal continua lá. Mantêm-se o congestionamento de trânsito e a entrada caótica em Lisboa", responde. Do lado oposto da barricada, dos que defendiam a liberdade criativa que inspirou as Amoreiras, estava o arquitecto Manuel Graça Dias, que ainda hoje continua a achar saudável que as cidades construam marcas de época como esta, neste caso "a marca de um movimento pop (popular) filiado no pós-modernismo".

Por outras palavras, é o que recorda também outro crítico de arquitectura, Jorge Figueira: "Os anos 80 não se podem pensar sem a movida do Bairro Alto, o Tal Canal do Herman, as músicas do Variações e o Amoreiras."

Data desta época o termo "taveirada", sinónimo não só dos trabalhos característicos deste autor como também de mamarracho. Graça Dias analisa o termo: "Surge num período em que ficam prontas não só esta como também outras obras de Taveira que o homem da rua considerava excessivas: o edifício do Banco Nacional Ultramarino, na Av. 5 de Outubro (Lisboa), o do Totobola, na Av. D. Carlos..."

Contestadas, as Amoreiras acabaram por fazer escola. "Hoje não há cidade de província que não tenha um pequeno edifício manhoso que não tente copiar alguns destes detalhes", observa. Um frontão aqui, uma coluna acolá... Para Graça Dias, ao serem amadas por uns e odiadas por outros, as Amoreiras "abriram uma brecha" que, mesmo muitos anos depois, permitiu maior tolerância para com edifícios considerados estranhos, como a Casa da Música, no Porto. Excessiva a meio dos anos 80 - o próprio Tomás Taveira sempre sublinhou não ser seu o plano que permitiu tamanha volumetria naquele local -, a escala veio, afinal, a revelar-se adequada, no entender deste arquitecto: "Não há a sensação de andarmos perdidos, existe um equilíbrio entre a escala e a decoração."

Uma teimosia
"As Amoreiras marcam uma ruptura na vida de Lisboa", diz Teresa Barata Salgueiro, investigadora do Centro de Estudos Geográficos da Faculdade de Letras de Lisboa. "E do país." O complexo beneficia da adesão à União Europeia, quer por via do dinheiro que ela traz, aumentando o nível de vida dos portugueses, quer por via da entrada de empresas estrangeiras em Portugal, várias das quais se instalam nas torres de escritórios. "À qualidade do espaço, maior do que nas galerias comerciais até aí existentes, junta-se a oferta de serviços e de lazer", nota Teresa Barata Salgueiro. "O centro comercial tem uma gestão profissional, já preocupada com o mix", a localização e a mistura de lojas. "Por outro lado, o complexo inclui, além do comércio, escritórios e habitação", algo também inovador para a época. Apesar das excursões ao shopping de gente vinda de todo o país, o sucesso do modelo não foi imediato, nota a investigadora. É então, três anos depois da abertura das Amoreiras, que as chamas devoram o Chiado. "As pessoas deixaram de ir à Baixa e precisavam de uma alternativa", recorda.

Antigo adjunto de Abecasis, Luís Duque lembra-se bem da teimosia do homem que ficava na câmara a despachar processos até às quatro ou cinco da matina. "Sem ele as Amoreiras não tinham sido feitas", garante, recordando a sua teimosia nas causas em que se empenhava. "Se fosse hoje, surgiriam contra o projecto 40 petições e 30 abaixo-assinados..." E há cinco anos, o próprio Taveira admitiu que é "um pouco surpreendente" que o tenham deixado construir "semelhante objecto".

Nem a Mundicenter nem o arquitecto Tomás Taveira quiseram prestar declarações sobre as Amoreiras. Paulo Varela Gomes, historiador

sábado, setembro 25, 2010

Na Terra das Leis da Treta

Av. Almirante Reis (num dos dias da Semana da Mobilidade)
Há aqui
uma coisa errada... Ou serão duas?

sexta-feira, setembro 24, 2010

Lisboa, Reino do Absurdo

Saída de emergência de obstruída - e por iniciativa de quem, hem?!
Mais fotos
[aqui]

quinta-feira, setembro 23, 2010

O meu "Barómetro da Mobilidade"

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O CENTRO
de Tratamentos existente na Av. dos EUA (junto à REN), tem um espaço reservado para estacionamento de ambulâncias que está sistematicamente ocupado por carros particulares, como já aqui se referiu por mais do que uma vez. A quem as conduz, resta entrar pelo passeio adentro ou estacionar numa faixa de rodagem.


Como passo no local com frequência, tenho falado com quem lá vai levar e buscar doentes, e o que me dizem é o que já se sabe: de nada adianta queixarem-se.

À esquerda, vê-se um fiscal da EMEL em acção (?).

Passei por lá uns 40 minutos depois de ter tirado as fotos de cima (e, novamente, 2 horas mais tarde), e tive curiosidade de ver se quem ocupava indevidamente o lugar da ambulância tinha sido multado.
Veja-se.

Já agora: do lado de baixo, a situação era esta (com outra ambulância).

Uma casa portuguesa com certeza

É decepcionante e triste o que se passa com a última morada de Júlio de Castilho, comummente reconhecido como o pai de todo e qualquer olisipógrafo que se preze. É sintomático da indiferença acumulada por quem tem tido responsabilidades ao comando da autarquia de Lisboa nas últimas décadas, pelo menos no que respeita à protecção e recuperação do património da cidade, e sobretudo no que à preservação da memória se lhe refere. É exemplificativo do desnorte e ineficácia das políticas cultural e de reabilitação urbana camarárias, comprovadamente ocas de directrizes pragmáticas que sejam devidamente assimiladas pelas estruturas operacionais. Mais, no que toca ao património abandonado ou em mau estado de conservação, a preocupação geral parece ser só uma, a de se colocar em local bem legível a placa: “vende-se”.

Excepção à regra, contudo, no caso da casa onde morreu o filho de Feliciano de Castilho, a qual, recorde-se, é propriedade da CML, fica à porta do que resta do antigo Paço do Lumiar, em pleno largo fronteiro ao Museu do Traje, e está emparedada há muitos anos, houve quem tivesse tido uma boa ideia há um ano, que se traduziu no seguinte:

A CML, por proposta do Pelouro do Património Imobiliário, aprovou em Setembro do ano passado a cedência do imóvel, em regime de direito de superfície, a favor do Grupo de Amigos de Lisboa, emérita instituição fundada em 1936, que ficaria assim incumbida de recuperar a casa. Acontece, porém, que os Amigos de Lisboa não terão capacidade financeira para, por si sós, assegurarem tal incumbência. Daí a situação porventura caricata de serem agora os Amigos a solicitar à CML que revogue a aprovação da ingrata proposta.

Compreendo que umas obras de reabilitação, mesmo que as de uma pequena e singela casa como esta onde Castilho faleceu, custem muito para lá das receitas de uma instituição como os Amigos de Lisboa, assentes no pagamento de quotas pelos sócios e em eventuais subsídios que lhe atribuam aqui e ali. Mais compreendo a irritação de que terão padecido no momento, perante a hipocrisia da CML ao “passar a bola” e demitir-se da responsabilidade em reabilitar um edifício emblemático, sua propriedade. Simplesmente, não haverá aqui hipocrisia de ambos?

Não será, porventura, esta proposta uma oportunidade para os Amigos de Lisboa “meterem mãos à obra”? Se a CML não tem capacidade para ela própria efectuar as obras, encontrar parceiros ou mecenas para as mesmas, muito menos imaginação para encontrar soluções viáveis para a casa, lucrativas inclusive sob vários pontos de vista, não será obrigação dos Amigos assumirem a tarefa de se substituírem à CML e, por força da sua paixão por Lisboa, conseguirem que a casa seja reabilitada e honrada a memória de Castilho? Parece-me que sim.




In Jornal de Notícias (23.09.2010)

Ameaças

Este Outono não promete nada de bom. Em particular, os economistas e analistas económicos são unânimes no tremendo cenário que desenham para Portugal, nos próximos anos.

As gerações que nos seguem vão ser as grandes prejudicadas com a situação a que chegámos. Será porventura a primeira vez, de há muito, que uma geração legará à seguinte uma brutal hipoteca geracional.

O despesismo, a impreparação, a partidarização, a falta de ética conduziram-nos onde estamos. Não é mesmo tempo para continuar a virar as costas à realidade; não é tempo para contemporizar com o irrealismo dos que apenas pretendem manter o poder seja ele de que natureza for. Portugal está cheio de pequenos e grandes poderes que apenas servem para delapidar o País. O fenómeno não é de hoje, a sua dimensão é que nunca foi tão monstruosa e imoral.

À nossa volta, por toda a Europa, perpassa um movimento em que o racismo, a xenofobia, a intolerância para com a diferença crescem (14 países europeus têm já movimentos e/ou partidos que o assumem claramente), com inegável expressão eleitoral. Sabemos que as crises agravam estes fenómenos e há que ter coragem para lhes dar combate, por muito impopular que a atitude se venha a revelar. Mas nos princípios não pode haver transigência. Também esses princípios podem vir a ser testados entre nós. Teremos de recuperar a grandeza dos que estão prontos a sacrifícios em nome de um futuro melhor, mas também há que recuperar a verdade e o exemplo de quem nos governa.

Teremos de recuperar a cultura da exigência e da solidariedade. Em suma, teremos de recuperar Valores, pois sem eles nenhuma sociedade se reestrutura, seja qual for o sector em causa. É isso, valores, a base de toda a actividade humana justa.

Ponhamos de parte o nosso tradicional individualismo e exerçamos o nosso direito de cidadania que é mais necessário do que nunca. Com as ameaças que pairam sobre Portugal, temos que começar por exigir a verdade, já no próximo Orçamento de Estado, sob pena de o Governo se transformar no mais imediato carrasco do País. Não vale a pena acusar as oposições de não viabilizarem instrumentos que só servirão para nos precipitar mais depressa no abismo. Mal andaríamos se, sob a ameaça de uma crise, corrêssemos para uma crise maior. Se fizer mal o seu trabalho, só ao Governo pode ser imputada a culpa de o ver reprovado.




In Correio da Manhã

Anos e anos de maus tratos

Ruas sujas, trânsito caótico e habitação cara são as maiores preocupações dos lisboetas
Por Victor Ferreira

Instituto de Ciências Sociais questionou 1504 residentes na capital sobre aspectos positivos e negativos da cidade. Diagnóstico está nas mãos da autarquia desde Dezembro de 2009

Uma cidade presa no trânsito, mas que não larga o carro próprio porque entende que o transporte público é mau. Uma cidade preocupada com as ruas sujas, a insegurança e com a oferta de habitação. Elites insatisfeitas com quase tudo menos no que toca à actividade cultural. Uma cidade cara, com construção a mais e sem condições para as pessoas com mobilidade reduzida. Bem-vindos à Lisboa do século XXI.

A fazer fé nos 1504 lisboetas ouvidos num inquérito realizado pelo Instituto de Ciências Sociais de Lisboa, esta é a percepção que os residentes da capital têm sobre a sua cidade. Os resultados desse inquérito sugerem que, globalmente, a qualidade de vida de Lisboa é razoável, apesar das inúmeras preocupações e aspectos negativos que tiram brilho à percepção da realidade urbana.
O inquérito, cujos resultados o PÚBLICO divulga em primeira mão, foi realizado entre Maio e Julho do ano passado. Destinava-se a elucidar a Câmara de Lisboa sobre o diagnóstico que os lisboetas fazem da sua cidade. O relatório final, entregue em Dezembro de 2009 ao executivo de António Costa, é uma das partes do extenso dossier que a maioria socialista tem em mãos e do qual sobressai a proposta de um novo mapa de freguesias. Ao olharem para o futuro, a câmara quis saber o que pensam os eleitores sobre o presente. E a resposta, em muitos casos, não traz novidades.

Todos ou só os inquiridos?
Um dos problemas dos inquéritos é a extrapolação dos dados, só possível quando a amostra é representativa. A equipa que realizou o estudo sustenta que "houve evidentemente a preocupação de garantir" a representatividade da amostra e, como tal, alegam que há uma "considerável confiança" na extrapolação dos resultados para toda a cidade.
Ao avaliarem o grau de satisfação relativamente a aspectos da qualidade de vida em Lisboa, os inquiridos manifestaram a sua percepção face a 17 aspectos. Em nove dessas categorias, as opiniões negativas superam as positivas: preço e disponibilidade de habitação; estado do trânsito; oportunidades de emprego; estacionamento; qualidade do ar; ruído; segurança e policiamento; e, finalmente, a limpeza urbana. Pelo contrário, a existência de cafés/restaurantes/esplanadas, comércio e serviços são os únicos itens em que há uma maioria de gente satisfeita ou muito satisfeita.

Portagens para a cidade
Outros aspectos como transportes públicos, serviços de saúde, espaços verdes e locais para a prática desportiva acumularam mais respostas neutras, isto é, pessoas que disseram estar nem muito nem pouco satisfeitas, ou respostas de "não sabe/não responde".
O que fariam os lisboetas se houvesse uma taxa de cinco euros para andar na cidade? Mais de metade (52,9 por cento) dos 1504 residentes inquiridos respondeu que passaria a usar o transporte público. Porém, são poucos os que acreditam que a solução do tráfego passa por uma portagem urbana: apenas um em cada três acredita que uma taxa seja uma medida eficaz. A maioria defende, antes, três medidas: estacionamento gratuito na periferia; investimento nos transportes públicos na cidade e nos dos subúrbios. Contudo, 39,2 por cento destes residentes continuam a deslocar-se em viatura própria e boa parte destes até trabalham em Lisboa. A razão para apostar no carro é a má articulação da rede e os horários dos transportes públicos, resposta dada por 40,2 por cento. Além disso, consideram o transporte público lento (13,1 por cento) e sem conforto (12,5 por cento).

Este diagnóstico também tenta avaliar a cultura política e o envolvimento cívico. Do relatório emerge uma população alheada do associativismo, que se informa sobretudo pela televisão, pouco interessada em partidos e uma participação residual nas reuniões de órgãos autárquicos.

Micro versus macro
Bairros merecem melhor nota que a cidade
A maioria dos inquiridos faz uma avaliação mais positiva do seu bairro do que da cidade como um todo. Porém, quando se questiona a percepção sobre a evolução da qualidade de vida, tudo se torna mais negativo. Cerca de 25 por cento dos inquiridos consideram que a qualidade de vida no bairro piorou nos últimos anos e "para uma grande parte dos residentes" essa qualidade manteve-se (40 por cento), o que, segundo os responsáveis do inquérito do Instituto de Ciências Sociais, "indicia uma certa negatividade". "A sensação de que [a qualidade de vida] piorou supera assim a de que melhorou", concluem. Em relação à cidade, "a evolução da qualidade de vida nos últimos anos recolhe uma avaliação essencialmente negativa", lê-se no relatório, que está nas mãos da autarquia desde Dezembro do ano passado. A maioria (40 por cento) dos que responderam entende que a situação piorou, cerca de 30 por cento entendem que a qualidade se manteve e menos de 20 por cento dizem que Lisboa melhorou. V.F
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quarta-feira, setembro 22, 2010

Sábado é dia de Jardim Botânico!


Preocupação

Protesto -
PSP não pode danificar pavimento
Governo Civil de Lisboa alerta sindicato para a concentração de polícias não afectar piso do Terreiro do Paço - Artigo no Diário de Notícias

"Aquilo que me pareceu é que há mais preocupação com o pavimento da Praça do Comércio, criado para receber o Papa, do que com os polícias." Foi assim que Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), reagiu após o Governo Civil de Lisboa ter manifestado preocupação com a danificação do pavimento do local onde será feita amanhã a concentração dos agentes da PSP. Ontem, a GNR fez saber que pondera juntar-se à PSP, em frente ao Ministério da Administração Interna (MAI).
(...)
No que respeita à preocupação revelada com uma possível destruição do pavimento da Praça do Comércio - colocado para a recepção do Papa, quando este visitou Portugal -, o presidente da ASPP diz ter descansado o Governo Civil de Lisboa, garantindo que nada será feito contra a requalificação que fora levada a cabo no local. No despacho do Governo Civil salienta-se "o esforço de requalificação da Praça do Comércio (...), concluída por ocasião da visita oficial do Papa Bento XVI a Lisboa, com colocação de um novo piso nesse território nobre da capital do País", para justificar que "a utilização desse espaço com estruturas invasivas" se torna "preocupante e lesiva."

No entanto, o dirigente disse não estar à espera de que esse ponto fosse um problema. "Bem sei que o pavimento foi muito caro. Mas aquilo que me deixou espantado foi o facto de, num momento de descontentamento da minha classe, haver tanta preocupação com o chão de uma praça", disse.
(...)

A minha "semana da mobilidade"


PARECE que está a decorrer uma coisa que dá pelo curioso nome de "semana da mobilidade". E escrevo "parece" porque, nos sítios por onde ando, não se nota nada.
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REPARE-SE: nesta esquina, e ao fim de anos e anos de protestos, "quem de direito" montou uns pilaretes. Teve, no entanto, o cuidado salomónico de não pôr nenhum que impedisse o acesso dos carros ao passeio... E mesmo esses poucos foram sendo derrubados e roubados.

Há dias, apareceu um operário a fazer o que se vê na 3ª imagem. Interpelei-o, para saber se, dessa vez, ia colocar mais 2 ou 3 pilaretes, e respondeu-me que tinha ordem para só pôr dois... O resultado viu-se de imediato - está na foto de baixo.

NOTA: o facto de a camioneta e a carrinha amarela estarem em contra-mão (a rua é de sentido único...) acaba por ser apenas um pormenor no meio do caos que parece não preocupar ninguém (a começar por aqueles cujos ordenados pagamos para o combater).

terça-feira, setembro 21, 2010

Entrecampos, infracções sem remédio

De um e mail de um leitor do Cidadania LX, uma situação que envergonha a cidade e a qual presencio diariamente.
Confirmo: só vi aquilo sem carros no dia em que o Papa esteve na cidade. É possível cumprir a lei, não me lixem!
Mas deve ser tudo normal. Já não digo nada.
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"Venho pela presente expor uma situação irregular de trânsito rodoviário que se prolonga no tempo desde há largos anos sem que nenhuma entidade competente ponha cobro à mesma (CMLx/Polícia de Trânsito/Polícia Municipal /EMEL?)
Por certo que não a ignoram – é por demais visível:Diz respeito à utilização de parte da faixa de rodagem da rotunda de Entrecampos como parque de estacionamento, de facto, de serventia ao supermercado Modelo.
É uma situação que compromete a circulação e segurança rodoviária em alguns dos principais e mais concorridos eixos viários de Lisboa (Av. Das Forças armadas, Av. Da República e Av. Dos E.U.A.), durante a totalidade do período de funcionamento deste estabelecimento.
Esta ocorrência perfeitamente absurda, para além de irregular e ilegal acarreta custos significativos para a economia local e bem-estar da população. De facto, muitos são os minutos, horas e dias que, cumulativamente, se perdem pelos milhares de automobilistas que diariamente utilizam estas estradas.
A aceitação tácita deste estado de coisas consubstancia uma manifesta falta de sentido de dever para com o público e um profundo desleixo que deveriam envergonhar as autoridades. Quiçá porque interfere directamente com os interesses de um poderoso grupo económico a habitual inércia Portuguesa assume neste caso contornos especialmente insuportáveis.
Um dos aspectos paradoxais da questão prende-se com o facto de haver um polícia à entrada do supermercado, em regime de quase permanência e pago pela Sonae.O agente de autoridade de turno quando confrontado com a ilegalidade óbvia e palpável dos factos limita-se a encolher os ombros e abdica de assumir quaisquer responsabilidades, numa atitude de resignação, tão confrangedora quanto inadmissível.
Esta atitude demissionária e subserviente envergonha-me enquanto Português.Nesta como em muitas outras situações dá-se primazia a uma ínfima minoria (clientes auto mobilizados do supermercado) em detrimento dos muitos milhares de automobilistas que cruzam estas artérias. Estranhamente, aquando da visita do Papa, foi criada, especificamente nesse local, uma faixa de protecção/inibição de estacionamento; milagrosamente, por um dia, a legalidade foi imposta e a lei respeitada. Amén!
(...)"

O caso do portão lateral da Sé

Está quase a fazer um ano sobre o grave atentado ao património que ocorreu no portão lateral da Sé de Lisboa, por obra e graça não do divino Espírito Santo, mas dos senhores cónegos (graça) e de uma empresa de construção civil (obra). Motivo invocado: o portão estava preso de forma periclitante e como há que dar uso àquela entrada lateral da Sé em futuras celebrações de pompa, contratou-se uma rebarbadora eléctrica com ponta de diamante, como se de uma empreitada de vão de escada e do foro privado se tratasse.

O atentado foi presenciado por acaso por pessoas interessadas nesta coisa da defesa do património, e logo denunciado publicamente, anexando-se várias fotografias dando conta do corte da pedra antiga que suportava o ancião e maciço portão, e da sua substituição por “material de 2ª”. Tal foi denunciado às entidades que tutelam os Monumentos Nacionais, categoria que, só por si, devia obrigar a que sempre que haja que fazer obras na Sé, por mais simples e necessária que elas sejam, devem as mesmas ser previamente caucionadas pelo Ministério da Cultura, nas pessoas do IGESPAR, que é quem tem a seu cargo os M.N., e da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, por razões territoriais. Caucionada e acompanhada por técnicos especializados, para que sejam usadas técnicas e materiais apropriados. Como nada disso aconteceu, o acto haveria de ser imediatamente repreendido pelas instâncias agora alerta.

Mas, ao invés do que seria de esperar (em causa está a preservação da genuinidade da Sé) essa repreensão não haveria de ter efeito prático imediato diferente ao que teria um raspanete dado a meninos que se comportaram mal e a quem se avisa para que não voltarem a fazer das suas sob pena de não comerem guloseimas tão cedo. Foi então prometido pelo MC que a situação seria provisória e que o atentado à Sé seria corrigido mal houvesse oportunidade, engenho e verba para tal. Só que, passados quase 12 meses, ainda não o foi, o que é não menos grave.

Convenhamos: não estamos a falar dos viadutos para automóveis como o do sopé da Av. Infante Santo, o junto à estação de Alcântara-Mar ou aquele de frente a Pedrouços, feitos como “provisórios”, mas que, em bom rigor, já aí estão há dezenas de anos, e outras mais hão-de estar. Quem diz viadutos diz outra coisa qualquer, pois não faltam por aí exemplos de provisórios que viram definitivos. Mas a Sé é a Sé!

É óbvio que face ao estado deprimente do claustro e ao risco físico dos torreões da Sé, cuja recuperação exige milhões e “cheques obra” com fartura, uma acção correctiva ao portão lateral passará por secundária em termos mediáticos. Mas será sempre um acto pedagógico e um exemplo de boas práticas. E do “lado de cá” será tido como digno e de aplaudir. Aguardemos.



In Jornal de Notícias (16.09.2010)

quinta-feira, setembro 16, 2010

O Princípio

Quero crer que agora ficará claro para os Portugueses que as propostas de alteração constantes do projecto de revisão constitucional do PSD sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) visam introduzir uma maior justiça no Sistema. A meu ver, a principal medida a sublinhar é a consagração da promoção do princípio da livre escolha.

A nenhum cidadão será retirado o que já tem. O Sistema continuará a ser universal, geral e, ao contrário do que sucede hoje, tendencialmente gratuito. Recorde-se que 40% dos cuidados são prestados por privados e 20% da população já recorre aos seguros de saúde, dada a falta de resposta dos serviços públicos. Há, assim, que reconhecer no projecto uma forte inovação: a previsão de um Sistema no qual cada cidadão poderá escolher o médico e a instituição de saúde nos quais tiver mais confiança!

No fundo, trata-se de impedir, como hoje sucede de forma manifesta, que haja cidadãos de primeira e cidadãos de segunda. Trata-se da evolução para um sistema de liberdade de escolha.

É permitir que o cidadão seja o centro e o decisor do Sistema.

É permitir que um milhão de Portugueses que hoje não têm médico de família possam recorrer a qualquer médico em quem confiem. É permitir que em situações de doença o cidadão possa ser visto por esse médico que escolheu, sem ter de recorrer a Serviços de Urgência superlotados e onde espera horas.

É, no futuro, permitir que haja mais apoio médico e de enfermeiros no domicílio, contrariamente à desertificação que hoje se está a aprofundar no País, com o encerramento de centros de saúde e serviços de urgência e por contraponto com concentração de megaparcerias.

Trata-se, em suma, de uma maior aproximação dos profissionais às populações que deles necessitam.

O cidadão escolhe. Por exemplo, paga a taxa moderadora (como hoje já a paga) e o Estado o remanescente, acordado com as organizações profissionais respectivas.

Se isto não é o Estado Social, o que é o Estado Social?

Como e quem pode não aceitar os princípios descritos e em nome de que interesses? De resto, o sistema proposto é o sistema em vigor nos Serviços de Saúde mais qualificados na Europa. E não, não é menos sustentável financeiramente, o que aliás não seria possível no nosso contexto económico. É comparar dados e sistemas.

Como poderão agora os dirigentes partidários ou as corporações negar aos outros o que já escolhem para si e para os seus?



In Correio de Manhã

Fotografia, Projecto e Arte Contemporânea / Pós-Graduação 1ª Edição 2010/11



Chegado por e-mail:

«Vimos por este meio solicitar apoio na divulgação da Pós-Graduação: Fotografia, Projecto e Arte Contemporânea.

Desde já agradecemos a sua colaboração.

Inscrições abertas – até 20 de Setembro

Docentes: Ana Janeiro, Bruno Pelletier Sequeira, Bruno Santos, Cláudia Fisher, Daniel Blaufuks, Delfim Sardo, Filipa Oliveira, Filipa Valladares, João Paulo Serafim, João Seguro, José Luís Neto, José Pedro Cortes, Luís Serpa, Luísa Costa Dias, Márcio Vilela, Mariana Viegas, Mário Teixeira da Silva, Paulo Mendes,
Rui Prata, Sandra Vieira Jürgens e Sérgio Gomes .

Datas de Início e conclusão do curso: 8 Outubro 2010 a 18 Junho 2011

Informações sobre inscrições, matriculas e propinas: Serviços Académicos IPA – Mário Carvalho – 218610360

Organização: Atelier de Lisboa e IPA – Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos

Mais informações em: www.atelierdelisboa.pt www.ipa.univ.pt»

terça-feira, setembro 14, 2010

CONVITE para o Lançamento do livro The Walker and the City

CONVITE
Lançamento do livro

The Walker and the City

Coordenação de Manuel João Ramos e Mário J. Alves

16 de Setembro, 17h30, CES Lisboa

(Picoas Plaza, Rua Tomás Ribeiro, n.º 65, 1º andar, Lisboa – Estação de metro: Picoas)


Assinalando a Semana Europeia da Mobilidade (16 a 22 de Setembro de 2010), a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) e o Centro de Estudos Sociais (CES Lisboa) têm o prazer de convidar V. EXa. para o lançamento da mais recente publicação da ACA-M - The Walker and the City(actas do Colóquio Internacional O Peão e a Cidade – The Walker and the City, 12 de Novembro de 2008).

Este livro propõe uma reflexão colectiva sobre a importância crescente dos direitos dos peões e a necessidade de atender às suas necessidades qualitativas no interior dos sistemas urbanos europeus. Conta com a colaboração de importantes especialistas internacionais na área dos estudos da pedonalidade, e constitui um contributo português para a Acção 358 do Conselho de Ciência e Tecnologia da Fundação Europeia de Ciência e para as actividades do Walk21.

The Walker and the City é o 3º volume da colecção de Estudos Pedonais da ACA-M.

Com a presença de Reinhard Naumann (FES Portugal), Mário Alves e Manuel João Ramos (ACA-M) e Isabel Seabra (IMTT).

Publicado com o apoio da Fundação Friedrich Ebbert e do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres.

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Membro da FEVR - European Federation of Road Victims

Membro da ">ICART-International Coalition Against Road Trauma


Membro da IFP - International Federation of Pedestrians


Na sequência da apresentação à imprensa do projecto, a Quercus, o Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico (GECoRPA) e a Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) disponibilizam mais informação sobre o "Encontro Património Natural e Cultural: Construção e Sustentabilidade", que se realizará a 18 de Outubro de 2010, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Transparência e Integridade Associação Cívica


segunda-feira, setembro 13, 2010

Todos os radares em Lisboa estão a funcionar, mas com falhas nos painéis - Vereador da mobilidade

Lisboa, 10 set (lusa) -- O vereador da mobilidade na Câmara de Lisboa disse hoje que todos os radares de controlo de velocidade funcionam, mas com algumas falhas nos painéis, e admitiu a colocação de radares falsos para reforçar o efeito dissuasor, em 2011.

 "Os radares estão todos a funcionar, mas há ainda algumas falhas em alguns painéis avisadores", ou seja não são disparadas as informações quando os condutores circulam em excesso de velocidade naquelas zonas.

SERÁ MESMO?

O radar colocado na Segunda Circular ao pé do Fonte Nova (sentido contrário) tem uns belos e frondosos arbustos à frente! Funciona mesmo?

CRISE? QUAL CRISE?

Numa altura de crise e com défices na C.M.L. sempre a aumentar, seria de esperar algum recato no esbanjamento de dinheiros públicos...

Qual será a explicação para passado apenas cerca de um ano sobre a construção da ciclovia de Telheiras ao pé do Parque dos Príncipes, esta já estar a ser alvo de obras? Não há coisas mais prioritárias?

domingo, setembro 12, 2010

O meu "barómetro da mobilidade"

DEPOIS de gastos uns tostões para recuperar a Praça de Touros do Campo Pequeno (incluindo a construção de um simpático Centro Comercial, no subsolo, e todo o arranjo em volta), a zona pedonal à superfície continua a exibir chagas como esta.

POR iniciativa de um colaborador deste blogue, este assunto chegou a ser referido - já lá vai um par de anos... - no programa «Nós por cá», da Sic. Alguém se lembra do que estava em causa e de como o problema foi inteligentemente "resolvido"?

sábado, setembro 11, 2010

CONVITE

Lançamento do livro

The Walker and the City

Coordenação de Manuel João Ramos e Mário J. Alves


16 de Setembro, 17h30, CES Lisboa

(Picoas Plaza, Rua Tomás Ribeiro, n.º 65, Lisboa – Estação de metro: Picoas
)


A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) e o Centro de Estudos Sociais (CES Lisboa) têm o prazer de o/a convidar para o lançamento da mais recente publicação da ACA-M - The Walker and the City (actas do Colóquio Internacional O Peão e a Cidade – The Walker and the City, 12 de Novembro de 2008).

Este livro propõe uma reflexão colectiva sobre a importância crescente dos direitos dos peões e a necessidade de atender às suas necessidades qualitativas no interior dos sistemas urbanos europeus. Conta com a colaboração de importantes especialistas internacionais na área dos estudos da pedonalidade, e constitui um contributo português para a Acção 358 do Conselho de Ciência e Tecnologia da Fundação Europeia de Ciência e para as actividades do Walk21.

The Walker and the City é o 3º volume da colecção de Estudos Pedonais da ACA-M.

Com a presença de Reinhard Naumann (FES Portugal), Mário Alves e Manuel João Ramos (ACA-M).

Publicado com o apoio da Fundação Friedrich Ebbert e do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Criativos, somos todos!

Ainda que se trate de assunto porventura esquecido de muitos, ele sempre foi óbvio para todos os outros, ainda que não gurus na matéria. Convenhamos que se tem falado muito em indústrias criativas, mesmo que recentemente o tema pareça estar finalmente a passar de moda. Há quem as confunda com indústrias culturais, quando umas não passam sem as outras, bem entendido. Há também quem pense, e bem, que aquelas, ambas, até, são fundamentais na tal “alavancagem” (será que passou no acordo ortográfico?) de auto-estima e “empreendedorismo” (idem) de que o país precisa e que permitirá, espera-se, por exemplo, a verdadeira reabilitação urbana, uma maior oferta e um comércio forte às nossas cidades, a começar pela Baixa Pombalina. Resumindo, foram-nos apresentadas como a “pólvora”.

Infelizmente, contudo, não houve ainda meio de as fazer passar do “powerpoint” das parangonas de conferências, palestras e seminários mais diversos (propagadas por gurus e políticos, e absorvidas pela retina de plateias deslumbradas com os bonecos e as cores projectadas), à realidade. Infelizmente, também, não faltam criativos incapazes de enxergar para além do que o computador lhes providencia e permite manietar, esquecendo-se do essencial: sempre tivemos indústrias criativas e todos somos criativos, só falta o resto.

Ora, não serão exemplos criativos maiores e de cadeia de valor, económica, social e cultural, a actividade de encadernar e dourar livros, com tudo o que ela acarreta de produção de ferros de douramento, ouro fino, fornecedor de pele de muitas coisas a começar da borracha dos pneus deitados ao lixo; papéis e telas de várias cores e usos? Ou a ilustre profissão de alfaiate que vai desaparecendo à medida que vai encarecendo compreensivelmente o produto final, porque não há onde procurar tecidos, botões, pesos para a abertura de trás de um “blazer”, ou giz para provas, porque já não há fabricantes em Portugal?

Indústrias criativas podem ser, entre outras: arquitectura, turismo, publicidade, design, “multimédia”, mas também gastronomia, joalharia, marcenaria, relojoaria, encadernação, carpintaria, etc. Artes e ofícios do antigamente, actualizadas aos tempos modernos. Se com elas se potenciar a criatividade individual de cada qual, a propriedade intelectual, contributos decisivos para o desenvolvimento económico, social e cultural de todos. Universidade e escola são vitais para o “input”. Só que a realidade é bem diferente, mais uma vez. Num tempo em que relógios da moda, coleccionáveis, quando avariam são para deitar para o lixo pois não se pode “violar o seu invólucro”, e os altares das igrejas são pintados a Robbialac (passe a publicidade), lá virá guru dizer, com razão, “impossible to make omeletes without eggs”.




In Jornall de Notícias (9/9/2010)

Drogaria Oliveirense, R.I.P.













De que serviu ter andado meia-dúzia de entusiastas a tirar fotos e a escrever sugestões, dar alertas, etc., para que de ontem à tarde para a manhã de hoje o proprietário do prédio sito na Rua da Lapa, Nº 14-18, ter começado a destruir o interior da mais bonita drogaria de Lisboa, de seu nome "Oliveirense"?

Com efeito, de que serviu a esta loja ter sido objecto de abertura de processo de classificação como IIM, em consequência da aprovação em reunião de CML da Proposta Cidadãos por Lisboa (Prop. 815/2008)? De nada.

Não só o processo de classificação, que se saiba, nunca chegou sequer ao fim, nem a ela valeu o interesse dos media e dos moradores da Lapa.

Neste momento, estão polícias municipais no local, porque a obra é totalmente ILEGAL, uma vez que não deu entrada na CML nenhum projecto seja do que for. Como ilegal é a presença do contentor junto à loja (pelos vistos, também já desapareceu). O proprietário está em parte incerta. Os operários fecharam a porta e fugiram. Há quem garanta que parte do recheio já foi vendido a antiquários. Pessoalmente, creio que apenas o tecto ainda se manterá.

Trata-se de uma ilegalidade que devia ser punida severamente e de forma exemplar. Proprietário, empresa que colocou o contentor, empresa que faz a obra. Será?

Estava-se a ver que uma vez desaparecido o senhor de idade, que até há poucos meses era o anfitrião daquela drogaria que existe desde 1895, logo haveria quem despachasse a actividade e quem estropiasse o interior para arrecadar uns patacos. Assim foi e assim vai a cidade.




Fotos: FJ

quinta-feira, setembro 09, 2010

Quem não se governa

Vivemos tempos de desigualdade, autoritarismo e populismo. Não faltam autores a caracterizar estes tempos como o Inverno da Democracia ou o post Democracia. Há uma normalidade anormal que se vai instalando, quase sem que estejamos realmente a compreender a extensão destes fenómenos.

Como se sobre nós, não só a economia mas grande parte das instituições tivessem iniciado um processo diabólico de desconstrução, com o seu cortejo de desemprego e um futuro carregado.

O risco da dívida soberana portuguesa bateu terça-feira passada todos os recordes e foi considerado o maior do mundo e por isso as emissões de dívida saíram ontem muito mais caras, ou seja, se o País quer mais dinheiro, paga-o mais caro.

A condução da política portuguesa está a suscitar as maiores dúvidas nos mercados e nas instituições internacionais.

É que, ao contrário da nossa vizinha Espanha, Portugal não reduziu a despesa pública, e quanto mais cobra mais gasta, como ficou claro no primeiro semestre deste ano. Merece, pois, pouca confiança dos credores.

É sabido que quem muito gasta e muito pede emprestado acaba às mãos dos seus credores. É o que sucede a quem não se sabe governar. Mais, quem não se governa acaba quase sempre a ser governado por outros.

No que respeita a Portugal, também é o que se aplica.

No contexto descrito, a União Europeia acaba de instituir um mecanismo de coordenação e de vigilância mútua dos orçamentos nacionais (esperemos que seja apenas isso, pois os recortes dessa decisão não são ainda conhecidos em toda a sua extensão, o que para já me permite suscitar reservas) e tomou a decisão de que as novas autoridades europeias de regulação financeira sobre a banca, valores mobiliários e seguros possam intervir directamente junto das empresas dos Estados--membros, sobrepondo-se às nacionais.

É óbvio que estes anúncios não deixam de preocupar aqueles que pensam que a própria União Europeia está a precisar de reformas profundas, a começar pela legitimação democrática e o combate à eurocracia.

É manifesto que a União também não goza de boa saúde e decisões sobre instrumentos e instituições dos Estados-membros têm de ser muito claras, fundamentadas e transparentes, mas sobretudo justas, para que não se instale sequer a dúvida de que se institui um Governo europeu e, para mais, dos mais fortes sobre os mais fracos.

Certo é que aos poucos vamos perdendo autonomia enquanto País.





In Correio de Manhã

quarta-feira, setembro 08, 2010

Barómetro ACA-M da Mobilidade em Lisboa-SETEMBRO


Barómetro ACA-M da Mobilidade em Lisboa

POSITIVO
Menos Poluição
O vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, citado pelo Dn, informou que serão introduzidas na Baixa medidas para reduzir os níveis de poluição do ar e do ruído, nomeadamente, novos autocarros menos poluidores, pavimentação que absorve o ruído e um sistema de semaforização que permita uma condução mais ecológica, impondo uma velocidade constante até aos 40 qulómetros/hora.
Enquanto aguarda a concretização das medidas anunciadas, o Barómetro da Mobilidade aplaude a boa nova.
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NEGATIVO
Esplanadas sem regulamentação
A falta de fiscalização e de regulamentos adequados obre esplanadas tem vindo a criar mais dificuldades aos peões. A acrescentar aos buracos na calçada, à publicidade desnorteada, às viaturas nos passeios e aos diversos obstáculos que vai encontrando na passagem, o caos no ordenamento das esplanadas tornou-se outro empecilho para quem anda a pé. E os mais frágeis, senhores?

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Parceria Jornal de Lisboa e ACA-M (Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados)
.JORNAL DE LISBOA SETEMBRO AQUI:






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JdL#32

segunda-feira, setembro 06, 2010

Brincando às multas

CERTOS da impunidade a ponto de fazerem gala dela, muitos condutores de Lisboa atiram para o chão, ostensivamente, as multas que a EMEL lhes aplica. Há dias, um varredor da CML, ao ver-me apanhar uma, perguntou-me se eu fazia colecção, pois arranjava-me quantas eu quisesse!

Repare-se, também, que enquanto a SPARK (empresa privada ao serviço da EMEL) permite pagamentos por ATM (ver imagem de baixo), a EMEL obriga os infractores a deslocarem-se à sua sede, onde faz o favor de receber o valor da multa - mas apenas no horário de expediente, claro (imagem do meio). Não é genial?

sábado, setembro 04, 2010

No rápido do Cais do Sodré (2)

Deixada a Fundição de Oeiras, e o pesadelo de poder vir a ser transformada em várias torres para habitação, o viajante que saiu às 8h do Sodré dá por si a contemplar as belas árvores da mata que ainda subsiste (sabe-se lá até quando) na antiga Quinta dos Inglesinhos, paredes-meias com a NATO, Forte de São Julião da Barra, Marginal e a estapafúrdia (vanguardista?) estação de uma Carcavelos, seca para sempre do seu vinho, por mais marketing em contrário que por aí haja, e que nunca teve que ver com o clube Carcavelinhos, infelizmente. Paragem seguinte: Parede.

Não é muro nem muralha mas uma zona de bonitas moradias que se estende até à Marginal, e em que o ar cheira a iodo e é impossível não o querer inalar. Do comboio não se consegue avistar, por mais que se queira, a Casa da Pedra, muito menos as rochas espalmadas ou os ouriços traiçoeiros da pacata Praia das Avencas. Dá apenas para ver algumas casas “à antiga portuguesa”, inventadas, ou não, por Arq. Lino, pouco importa. Muitas (surpresa!) em bom estado. Outras noutros estilos e em estilo nenhum. Quase todas com jardim incólume, sem anexos por cima ou por baixo. É de facto uma zona habitacional consolidada. Que assim se mantenha, que vem aí a barbárie do lado direito, o betão e o asfalto da “aldeia A. Santo”, na Bafureira, e a escandalosa “reconstrução” do Chalé da Condessa, por quem não deve saber quem foi Fernando de Saxe-Coburgo, quanto mais Elise Ensler. Zás! Vire-se a cara para o mar. Azar, atenção, em vez do mar uma rotunda, uma gasolineira, o entulho nas traseiras da Colónia Balnear d’ O Século. «É favor fechar os olhos até S. Pedro», parece dizer o maquinista, via intercomunicador. Tarde demais.

O mar volta rumo a São João, à amalfitana Azarujinha e aos magníficos chalés e palacetes, os que restam, claro: vai da casa assombrada junto à Marginal, segue pelos fortes de Santo António (o da “mãe de todas as quedas”, e que devia abrir ao público), da Cadaveira e o Velho, agora discoteca. A Poça. De olhos para o mar, sempre, até que finalmente a recompensa pelas mazelas nos músculos do pescoço, quiçá numa cervical: o Estoril!

Da janela do lado direito o minimalista jardim do casino, as elegantes Arcadas, ansiando por outra oferta. Os Salesianos. Os espiões do Palácio e do Atlântico. O bucólico apeadeiro do Monte, esse refúgio revivalista cuja beleza resiste estoicamente à firma “Demolições, Construções e Loteamentos, Lda.”. Fileiras de vivendas nobres, do lado de cá e de lá do carril. Mas daqui até ao fim da linha só dá mar. Parece uma tela de Edward Hopper, até porque entrando em Cascais, a depressão está do lado direito: Miragem, novel Estoril-Sol, Jumbo, C.C. e, à saída da estação, um imenso “esqueleto” que é preciso demolir. «Rume ao Paredão, S.F.F!».




In Jornal de Notícias (3.9.2010)

sexta-feira, setembro 03, 2010

Pode ser que melhore alguma coisa:

Chegado por e-mail:


«Pode ser que melhore alguma coisa e a partir de agora não há desculpa
Lei n.º 41/2010 - de 3 de Setembro -, relativa a crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos ou de altos cargos públicos cometam no exercício das suas funções, bemcomo as sanções que lhes são aplicáveis e os respectivosefeitos Recebimento indevido de vantagem, Corrupção passiva, Violação de regras urbanísticas

Lei n.º 41/2010 - de 3 de Setembro - Procede à terceira alteração à Lei n.º 34/87, de 16 de Julho, relativa a crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos

A presente lei determina os crimes da responsabilidade que titulares de cargos políticos ou de altos cargos públicos cometam no exercício das suas funções, bem como as sanções que lhes são aplicáveis e os respectivos efeitos

Corrupção passiva, Violação de regras urbanísticas.

quinta-feira, setembro 02, 2010

No rápido do Cais do Sodré

O trajecto de comboio entre Lisboa e Cascais -o inverso não conta porque o gosto em se chegar à segunda é infinitamente superior ao dela partir -pode ser um passeio lindíssimo se cumpridas duas condições “sine qua non”:

A partida deve rondar as 8h da manhã, altura em que ainda não há cheiro a frango assado e engarrafamento na bilheteira da casa da partida, nem ruído ou axila nas composições, e no destino as esplanadas ainda estão por montar, a venda ambulante dorme e ainda se inspira iodo. E o passageiro deve sentar-se do lado esquerdo, virado de frente para o mar, até porque assim evitará torcicolos.

Arrancado o trem à plataforma, até Alcântara não há quase vislumbre do Tejo por causa dos pavilhões e dos contentores que o esmagam. É altura de cerrar os olhos, reabrindo-os apenas aquando da passagem pelo lindo ecossistema que ainda é o Jardim de Santos, para os voltar a fechar até que estejam passadas as ruínas industriais das demolições extemporâneas de certo edil lisboeta; isso já só entre um pilar e outro da ponte, por baixo daquela ridícula pala que ninguém percebe o que ainda faz ali. Agora, sim, só dá margem e rio, com uma frente ribeirinha, toda ela espaço público reconfortante, com boas áreas de serviços, árvores e passeios pedonais. Museu da Electricidade, estação fluvial de Belém, mastros a abarrotar nas sucessivas docas, o Padrão, e aquela luminosidade matinal, monopolizam o olhar do viajante até à Torre de Belém, mau grado aqueles 100m em que Praça do Império, Jerónimos, CCB e Capela de S. Jerónimo o podem transformar num espectador de ténis, cabeça oscilando entre cá e lá.

Depois disso o sistema de vistas é violentamente interrompido pelo novo “paquete” fundeado à Docapesca e até Algés o melhor, mesmo, é fechar a vista, até porque o comboio costuma ir a 9. Entrados e/ou saídos os passageiros, já se não volta a apitar senão junto às memórias da antiga Fundição de Oeiras. Em Caxias o ainda estuário volta a ser tudo: o horizonte assume cada vez mais um não sei quê de idílico, o mar, chão. Mas o verde de terra também começa a ganhar força, tentando contrariar o omnipresente Bugio que, em semi-derrocada, lá vai comandando a linha de magníficos faróis e venerandas fortalezas, que só acaba no Cabo da Roca, para lá das cascas de marisco. Avistáveis da janela, são o esguio farol da Gibalta e os fortes em miniatura da Restauração: São Bruno e Giribita. Aproveite-se a vista que volta a ser altura de cerrar olhos: vem aí a selva de betão em que transformaram Paço d’Arcos! Passou rápido, tal qual entre Sto. Amaro e Oeiras, por teleférico, melhor, por viaduto sobre um dos vales mais bonitos do país, sobre copas de árvores gigantescas e telhados de moradias antigas, gizados a partir do palácio do Conde de Oeiras. (cont.)



In Jornal de Notícias (2/9/2010)

REPORTAJE: una gran ciudad europea en declive
Lisboa, la capital del vacío

La degradación de los edificios y el elevado coste del suelo expulsan a los habitantes jóvenes y convierten la capital portuguesa en una ciudad cada vez más despoblada
FRANCESC RELEA 01/08/2010 EL PAIS


Lisboa y Oporto encabezan las ciudades de la UE con el mayor índice (24%) de habitantes mayores de 65 años

El corazón de Lisboa está envejecido. Este es el diagnóstico de Helena Roseta, concejal de vivienda, al describir el despoblamiento de la capital portuguesa y el abandono de muchos edificios. Las casas desocupadas abundan en el centro histórico, en barrios tan conocidos como Chiado, Baixa, Alfama, Graça o Alcántara. Es una imagen que se repite hasta en las zonas más cotizadas. Entre tiendas de lujo, hoteles, bancos y empresas multinacionales asoman edificios en avanzado estado de degradación. El Ayuntamiento contabiliza una quincena en la Avenida da Liberdade, la principal arteria lisboeta, comparable con el paseo de la Castellana de Madrid o el paseo de Gracia barcelonés. Lisboa y Oporto se encuentran a la cabeza de las ciudades de la UE que más se han vaciado desde 1999 y con el mayor índice (24%) de habitantes de más de 65 años.

Helena Roseta, arquitecta de profesión, trabaja desde hace años a favor de una política de vivienda decente y fue reelegida en octubre pasado como concejal independiente en la lista del Partido Socialista. Roseta menciona tres elementos comunes del panorama urbanístico de ciudades como Lisboa, Oporto y Braga: el elevado número de pisos desocupados, el declive demográfico y el envejecimiento de la población.

Según un recuento de 2008, en Lisboa hay 4.000 edificios abandonados, de un total de 55.000. "Una parte ya tienen programas de rehabilitación aprobados por el Ayuntamiento, otros no pueden ser recuperados y tendrán que ser demolidos", explica el también arquitecto Manuel Salgado, teniente de alcalde y responsable de Urbanismo. De su estudio salieron proyectos urbanísticos como el Centro Cultural de Belem, los espacios públicos de la Expo de Lisboa, el estadio de Oporto y el paseo marítimo de San Miguel (Azores). En 2007 cambió la arquitectura por la política activa, y de momento no parece desencantado en su papel de brazo derecho del alcalde socialista António Costa.

En los últimos 30 años, Lisboa perdió unos 100.000 habitantes por década, y pasó de 800.000 habitantes al medio millón actual. Salgado dice tener "perfectamente identificadas" las causas del despoblamiento: "La mala calidad de los equipamientos de proximidad: guarderías, escuelas, centros de salud; la búsqueda de viviendas unifamiliares; y, la más importante, el coste del metro cuadrado, que en Lisboa es dos o tres veces más caro que en los municipios limítrofes".

Una cuarta parte de la población de la ciudad vive en el umbral de pobreza, según cálculos del Ayuntamiento. Jubilados, desempleados, gente que vive del subsidio mínimo, en un extremo. En el otro, quienes tienen más recursos y pueden acceder sin problemas al mercado de la vivienda en Lisboa. En muchos casos tienen casa en las zonas más exclusivas de los alrededores, como Estoril y Cascais. "Queremos acabar con la brecha enorme que existe en Lisboa entre los muy ricos y los muy pobres, y para ello es muy importante que la clase media y los jóvenes sean parte importante de la población de la ciudad", señala Manuel Salgado.

La ciudad tiene 650.000 puestos de trabajo, pero solo 500.000 residentes, de los que una cuarta parte son activos, explica el teniente de alcalde. "Esto significa que cada día entra y sale de Lisboa más de medio millón de personas. Es una situación prácticamente única en Europa, solo comparable con Oslo, que tiene más puntos en común con las ciudades estadounidenses". El geógrafo João Seixas, profesor de la Universidad de Lisboa, define el fenómeno como "una enorme fragmentación de residencia".

Las consecuencias de este trasiego diario son dramáticas para una ciudad que se llena y vacía como un pulmón. Desequilibrio, congestión de la vía pública, contaminación y ruido. "Hay 162.000 vehículos registrados en Lisboa y entran cada día unos 400.000, que suponen un gran desgaste para la ciudad y no aportan ingreso alguno a las arcas del Ayuntamiento porque pagan sus impuestos en otros municipios", explica Salgado.

Las noches y los fines de semana, Lisboa se vacía y hay zonas que adquieren un aire fantasmagórico. Algunos barrios más céntricos, donde abundan edificios abandonados, tienen notables carencias de servicios. Ante la falta de demanda hay poca oferta de tiendas, bares o taxis, lo que ahuyenta a los moradores jóvenes, que optan por vivir en barrios más lejanos pero con más vida.

Propietarios, inquilinos y autoridades municipales se acusan mutuamente del deterioro del parque inmobiliario. Los primeros se quejan de la ley de arrendamientos urbanos, que se remonta a los años cincuenta, en plena dictadura salazarista, y mantiene congelados alquileres irrisorios que no permiten afrontar obras de rehabilitación. "La propiedad se ha convertido en Portugal en una asistencia social privada al inquilino", dice Monteiro de Barros, de la Asociación Lisboeta de Propietarios.

Los contratos firmados desde 1990 son libres y el nuevo régimen de arrendamiento de 2006 permite aumentar los alquileres si la casa está en condiciones de habitabilidad, lo que no ocurre en bastantes barrios. Pero no se han tocado las rentas antiguas porque, según Manuel Salgado, "provocaría un choque social muy serio". Romão Lavadinho, presidente de la Asociación de Inquilinos Lisboetas, reconoce que "hay muchos pisos en mal estado, por los que el inquilino paga unos 70 euros al mes". "Pero no es menos cierto", añade, "que muchos propietarios dejan que las casas estén al borde de la ruina, para lograr su demolición y construir un inmueble con más pisos y más rentable". Lavadinho también acusa a los ayuntamientos de ciudades como Lisboa y Oporto: "Son los mayores propietarios y los que tienen el patrimonio más deteriorado".

A pesar de la decadencia de la Lisboa antigua y señorial, la belleza de la ciudad, con sus siete colinas y el río Tajo omnipresente, sigue siendo un poderoso imán para el visitante extranjero. Consciente de ello, el Ayuntamiento ha encontrado un instrumento para recuperar la vitalidad de la ciudad: el programa Erasmus, que facilita la movilidad académica de los estudiantes dentro de la Unión Europea. "Nuestro objetivo es transformar Lisboa en una ciudad Erasmus", asegura Manuel Salgado. Según los indicadores municipales, los 3.000 estudiantes extranjeros que llegan por año están contribuyendo a dinamizar el mercado de vivienda de alquiler
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Expulsões

Quando surge uma reconhecida incapacidade dos governos para, só por si, darem resposta eficaz aos anseios dos cidadãos, surgem sempre novos pretextos para o aparecimento de populismos de sinal diverso (tantas vezes com origem nos próprios governos) e de movimentos contestatários extremistas ou simplesmente demagógicos

A expulsão e perseguição a que se assiste no Mundo Ocidental (que reclama como património os Direitos Humanos) de cidadãos vindos de outros países é um retrocesso civilizacional. Trata-se do mesmo Mundo Ocidental que assiste a tantos dos seus migrarem para países emergentes em função da crise.

Tudo isto é tanto mais chocante quanto se impõe a reinvenção de uma sociedade mais equitativa e solidária, mais baseada em valores éticos, mais frugal nos consumos materiais. Em suma, muito mais centrada no outro.

Como teremos mesmo de mudar de paradigma, este é o momento certo para fazer o que é certo, mas isso seria provavelmente esperar muito da natureza humana, no geral.

Acresce que as crises relegam sempre estas questões – que são afinal estruturais – para segundo plano.

Não esquecendo a existência de situações problemáticas a requererem respostas estruturadas em valores, o que está em causa é o que é ser humanista nos dias de hoje. Estão inequivocamente em causa valores da dignidade Humana, e a verdade é que se assiste a uma inversão desses valores, sendo os seres humanos vistos como um recurso a gerir num contexto de organização económica desregulada, encarada como um fim em si próprio.

O horror e o sofrimento de quem é obrigado a partir – de novo – apenas porque não é ‘útil’, designadamente como força de trabalho, deviam suscitar, pelo menos, um agitar da nossa responsabilidade colectiva, quando não dos nossos deveres humanitários, que os temos.

É tão mais fácil ser intolerante ou indiferente, mas como a História demonstra, a intolerância e a indiferença pagam-se muito caras (cedo ou tarde) e, sendo um lugar comum, é verdade que a violência tem, em regra, como resposta, maior violência.

Agora, aceitar o ser humano reduzido à condição de matéria-prima ou fazer depender o seu estatuto da sua utilidade, é aceitar que o Estado de Direito está mortalmente atingido. O Estado de Direito, na sua verdadeira acepção, só pode assumir certos valores como absolutos ‘sacralizando’ os Direitos Humanos.

O problema é que, no fundo, parece que não aprendemos nada.




In Correio de Manhã