quarta-feira, junho 30, 2010

Saramago contra o caos

O BIZARRO anúncio que em cima se vê mereceu uma crónica do MEC no dia seguinte e, em poucas horas, mais de 100 comentários no blogue Passeio Livre, como se pode ver [aqui].

terça-feira, junho 29, 2010

Um caso perdido? (Continuação)

Rua Oliveira Martins, hoje, 48 horas depois da foto aqui afixada.
Mudanças... só se for na publicidade da camioneta...

segunda-feira, junho 28, 2010

Um caso perdido?

Rua Oliveira Martins (traseiras do C. C. Acqua)
e Av. Roma
(paragem do lado oposto ao McDonalds)
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O QUE FAZER com uma cidade onde uma grande percentagem das pessoas que por lá andam não tem um pingo de estima por ela?
No caso das cenas que estas imagens documentam, não se pode culpar os serviços de limpeza da autarquia, pois as fotos são de ontem - domingo - de manhã.

sábado, junho 26, 2010

As SCUT na Alemanha

UM LEITOR português, actualmente a residir na Alemanha, dá um interessante contributo para este assunto, mostrando como já está tudo inventado:

«Para os ligeiros, não há portagens em nenhuma autoestrada alemã. Os pesados (exceptuam-se os autocarros) precisam de pagar, desde 1 Jan 09, uma taxa de circulação por km - ver [aqui] ou [aqui]. O essencial, em português, pode ser lido [aqui].
O financiamento das estradas vem especialmente do financiamento do imposto de circulação. P. ex., um Ford Focus 1.6 Diesel paga 247 Euros por ano»

sexta-feira, junho 25, 2010

Quando eles querem...!


ERA ASSIM que estava hoje, pelas 14h30m, o lado nascente da Av. dos EUA, que sempre conheci pejada de carros em estacionamento selvagem. Até a ambulância tinha o seu lugar devidamente disponível!
Em parte, talvez a limpeza se devesse ao jogo Portugal-Brasil (que começava meia-hora depois) mas, pelo que vim a saber, a EMEL tinha andado por ali, a fazer a sua obrigação.
Bem... na realidade, ainda havia alguns carros em cima de alguns passeios, nomeadamente do lado norte e junto ao restaurante BrasilAmérica. Mas, para animar, vamos esquecer isso - e festejar!

quinta-feira, junho 24, 2010

Esperança

O País está mergulhado em semidepressão colectiva: instalou-se a ideia do empobrecimento fatal e cresce o sentimento de que o pouco que há é objecto de saque por poucos. Estão longe os ensinamentos de Séneca em ‘Cartas a Lucílio’: "Um homem que entender o dever como limite rigoroso ao poder, pode exercer o poder sem perigo para os demais..." No último inquérito Eurostat, a maior preocupação dos Portugueses é a Pobreza e a segunda é o receio de serem pobres na velhice, por diminuição das reformas, referindo ainda que a grande maioria dos Portugueses paga as suas contas mensalmente, mas com dificuldade: qualquer oscilação para pior leva-os à insolvência.

Vale a pena meditar nesta situação e não ignorá-la, como o fez a Ministra do Trabalho no Parlamento, insinuando que este estudo é sobre o que os Portugueses sentem e não sobre o que realmente se passa (pergunto-me se quando a Senhora Ministra tem uma dor, se dói mesmo ou se apenas pensa que dói).

Como sair desta situação?

As soluções passam em primeiro lugar por colocar à frente do Governo do País das múltiplas direcções de todos os organismos públicos e empresas públicas nomeados, directa ou indirectamente, pelo Governo, pessoas para Servir e não para se servirem. Acabar com a lógica de colocar os amigos em lugares de Poder para depois daí tirar os proveitos que esses cargos permitem.

Já todos percebemos que com o actual Governo os amigos dos actuais governantes, os dirigentes nomeados pelos actuais governantes e os amigos dos dirigentes dos actuais governantes, ou de outros que se sigam, não chegamos lá! Só com uma nova classe dirigente se afastará, por boa gestão, a Pobreza do horizonte.

Depois, temos de saber o que produzir, onde, o que incentivar, fiscalizar os incentivos e punir quem os use abusivamente.

Temos a agricultura por reconstruir, indústrias para instalar e tecnologia de excelência. O sistema de comprar o cão com o pelo do cão (refiro-me a certas alavancagens financeiras) está esgotado.

E se transitoriamente foi preciso um aumento de impostos, é preciso compreender que a solução estrutural não é taxar e taxar e taxar: é criar riqueza e diminuir a despesa pública, redesenhando o Estado, extinguindo uma parte substancial de instituições (da administração indirecta ao sector empresarial estadual e municipal), fundindo outras. E ter em quem nos governe um referencial, não uma fonte de desconfiança permanente.




In Correio da Manhã

quarta-feira, junho 23, 2010

Mais um ex. de "excelência" de planeamento:


Petição "Contra o encerramento da Biblioteca Nacional" ...«por um período de dez meses durante o próximo ano, situação que comprometerá profundamente a vida profissional de muita gente [...]».



Fonte: S.O.S. Lisboa

Estamos bem entregues...

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Praça da Figueira - Lado Sul
Duas destas fotos foram tiradas em Março; outras tantas foram-no há poucos dias...

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NO SEGUIMENTO do que aqui se vê, consultei um advogado para saber se era possível processar quem, por manifesta incúria, é responsável por esta vergonha. Disse-me que sim - as acções populares existem para isso, e não é preciso que alguém parta ali uma perna.
Por mim, tudo bem. Vamos nessa?
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(Do blogue No Reino do Absurdo)

terça-feira, junho 22, 2010

No Reino da Impunidade

22 Jun 10 - Av. Roma
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Em cima: um motociclista despreza o estacionamento gratuito que tem ali ao pé, e ocupa o lugar de um carro. Tê-lo-á pago?

Ao meio e em baixo: situação habitual na paragem da Carris junto à Rua Edison: um condutor liga os 4 piscas e vai às compras.
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O que é comum a estas cenas (e a inúmeras outras, semelhantes) é a impunidade garantida - os condutores estão a fazer compras em lojas ali ao pé e, se a polícia ou a EMEL aparecem, vêm dizer que foi só um minutinho...

No fundo, não sei quem é mais genial - se quem faz, se quem deixa fazer!
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(Do blogue No Reino do Absurdo).

No Reino do Absurdo

22 Jun 10
Av. de Roma, à porta da Assembleia Municipal
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AO CENTRO (em 2.º plano) e à direita: carros bloqueiam saídas de estacionamentos privativos.
Ao fundo (parcialmente encobertos pela carrinha da Polícia Municipal): uma fiada de carros estacionados em local de paragem proibida.
À esquerda: a entrada para o parque subterrâneo, com 3 pisos e 636 lugares - às moscas, evidentemente.
Quanto à carrinha das autoridades, não é preciso dizer nada - está estacionada no seu local habitual... e até se pode ver no Google Street View.
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(Do blogue No Reino do Absurdo, especialmente dedicado a Lisboa).

E ainda não conseguiu tirar os carros dos passeios nem da 2ª fila...mas quem sou eu para criticar a marcha deste progresso?

Investimento de 7,7 milhões de euros da EMEL dominado por novos parques e parquímetros
Por Inês Boaventura


A empresa quer estrear "uma nova filosofia" no parque do Chão do Loureiro, juntando no mesmo espaço estacionamento e "produtos complementares"
Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL) prevê realizar este ano um investimento de quase 7,75 milhões de euros, mais de metade do qual na construção dos parques de estacionamento do Chão do Loureiro e da Rua Sousa Lopes e no desenvolvimento de estudos e financiamento do arranque de vários outros parques.

No plano de actividades e orçamento para 2010 da EMEL, que vai ser discutido amanhã na Câmara de Lisboa, destaca-se que este é "o início de um ciclo de forte investimento, para cuja execução a empresa se encontra tecnológica e financeiramente preparada". Em 2009, segundo o relatório e contas que vai ser sujeito a aprovação na mesma reunião, o investimento realizado foi de pouco mais de 744 mil euros.

A construção dos parques do Chão do Loureiro e da Rua Sousa Lopes, com um total previsto de 392 lugares, deverá custar cerca de 4,2 milhões de euros. No primeiro destes equipamentos a EMEL quer estrear "uma nova filosofia", com a oferta aos seus utilizadores de "um conjunto de produtos complementares" - um supermercado e um espaço de restauração - que o transformarão numa infra-estrutura "multiusos ao serviço de uma comunidade urbana". Nesta linha, a empresa municipal quer também instalar nos seus parques pontos de carregamento de carros eléctricos.

Ao longo de 2010 a EMEL propõe-se ainda dar continuidade aos projectos de criação de parques em Campo de Ourique, Corpo Santo e Belém, no sentido de cumprir a intenção da Câmara de Lisboa de disponibilizar cinco mil novos lugares em quatro anos.

Uma significativa fatia do investimento a realizar pela empresa este ano, no valor de mais de 1,7 milhões de euros, será consagrada à aquisição de parquímetros. A renovação destes equipamentos, "determinada em primeiro lugar pelo seu elevado desgaste derivado da idade média e das acções de vandalismo a que durante anos foram em grande parte sujeitos, e justificada, em segundo lugar, pela necessidade de dispor de equipamentos mais robustos e tecnologicamente mais evoluídos", deverá estar concluída em 2012.

No ano passado, segundo o relatório e contas a discutir amanhã, a EMEL teve um resultado positivo de cerca de 180 mil euros, contra os 46 mil de 2008. Igualmente notado no documento é o aumento da fiscalização, tendo os bloqueamentos de viaturas subido 28,2 por cento entre 2008 e 2009 e os autos de notícia aumentado mais de 18 por cento no mesmo período.

Os proveitos directamente provenientes do estacionamento na via pública, através dos parquímetros, atingiram 12,1 milhões de euros. Já os parques de estacionamento foram a segunda maior fonte de proveitos, tendo rendido cerca de 2,5 milhões de euros à EMEL em 2009. PUBLICO
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E já agora, esta situação encontra-se regularizada? Convinha saber. Aliás, é um direito que nos assiste:
Funcionários não pagam multas (Ler notícia)
Funcionários Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa acumulam dívidas de milhares de euros em multas por estacionamento irregular em zonas geridas pela própria empresa

segunda-feira, junho 21, 2010

6 meses depois, tudo na mesma: ZERO.

"Esta vida, para quem lida ...". Pois é, 6 meses passados sobre a criação do Grupo de Amigos da Igreja de São José dos Carpinteiros e da Casa dos 24, que é como quem diz, 6 meses passados de promessas, etc. e tal, tudo na mesma. Zero. Tanta trabalheira para nada?! Nem algerozes limpos nem telhas remendadas, nem andaime sequer montado, nem conta aberta no banco para a tal de subscrição pública. Que anedota e que desespero! Que venham chuvas diluvianas, pois só assim há reacção de quem de direito!

Scut (2)

No dia 1 de Julho está previsto iniciar-se o pagamento de portagens em 3 scuts.Os condutores de veículos de matricula estrangeiras estão igualmente obrigados a tal. Mas de que forma, uma vez que não existem portagens físicas?
Muito simples:
1. são obrigados a ter um cartão de crédito «com conta bancária válida associada» e adquirir um sistema tipo via verde;
2. Mas se tal «não for possível», devem comprar um sistema/cartão de pré-carregamento;
3. A aquisição de tal sistema/cartão implica um pré-carregamento no valor mínimo de 50 euros para veículos ligeiros e de 100 para veículos pesados;
4. A tal valor será acrescida ainda uma caução para garantir a devolução do sistema à saída do país;
5. No momento da devolução, podem solicitar o reembolso da quantia não despendida e o valor da caução.6. Todo este este sistema será objecto de regulamentação pela entidade
SIEV S.A. O que até ao momento ainda sucedeu.
7. «A implementação técnica dos mecanismos» aguarda igualmente a publicação dos respectivos «regulamentos técnicos e de segurança necessários».
8. Actualmente, desconhece-se a existência de quaisquer dispositivos pré-pagos, apenas existe a via verde (o que obriga ao dito em 1).
9. Tais informações deveriam constar do site da SIEV, do qual se ignora a existência até ao momento;
Faltam 10 dias


O Sec. de Estado Paulo Campos é o responsável por tudo isto.
NO BLASFEMIAS

domingo, junho 20, 2010

Genial!

Rua do Ouro - faixa BUS
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RECENTEMENTE, deparei-me, na Rua do Ouro e na Av. da Liberdade, com o que se vê: nas imagens de cima: 'alguém' deve ter resolvido poupar dinheiro na reparação dos pisos das ruas e autorizou a empresa responsável por esse trabalho a afixar anúncios seus no pavimento! E como os buracos eram muitos, os anúncios também não são poucos...

Tudo bem... Mas gostaria de saber quanto é que contribuem, para essas reparações, os que lá circulam indevidamente - é que são incontáveis (em todas as faixas BUS de Lisboa), e nunca vi um único a ser interpelado, quanto mais 'convidado' a contribuir para os cofres públicos!
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A propósito: já que tanto se fala em cortes de despesas, não é possível despedir os funcionários que são pagos para reprimir estes condutores - e não o fazem?

sábado, junho 19, 2010

«Não têm vergonha?» - Que raio de pergunta!

A explicação deste bizarro anúncio (saído nos 'classificados' do Público de hoje) pode ser vista [aqui], onde também se documenta (como se tal ainda fosse necessário!) a forma como, em Lisboa, são acarinhados os transportes públicos por aqueles a quem pagamos o ordenado para o fazerem.
A propósito: não se pode privatizar a EMEL?

sexta-feira, junho 18, 2010

No Reino dos Gestores-da-Treta

Paragem da Carris na Av. João XXI, em Lisboa
Ala N.O. da Alameda D. Afonso Henriques, idem
QUANDO se esperaria que, num período de crise, se incentivassem os transportes públicos e lhes facilitassem a vida (e se fizesse o inverso ao individual, especialmente no coração das cidades), os sinais que são dados à sociedade são estes: aumentos de preços, faixas BUS e paragens da Carris atafulhadas de carros (repare-se, em cima, no agente da PSP que não pode fazer nada porque está de serviço a um estabelecimento...), e tolerância máxima para o estacionamento selvagem.

NOTA: ao contrário do que se possa depreender do que acima se lê, os carros que, na imagem inferior, se vêem a ocupar - e a destruir... - o passeio não estão em estacionamento ilegal: aquele aborto é um parque da EMEL, com parquímetros, risquinhos no chão e tudo!


Mais pormenores sobre este e outros temas no blogue-arquivo No Reino do Absurdo [aqui], que acaba de abrir as portas.

quinta-feira, junho 17, 2010

S.O.S. Azulejo

À distância de um “click”, em qualquer dos sítios virtuais dedicados aos “Portuguese tiles”, constata-se o regabofe que grassa pelo património azulejar português, por aquele que não está classificado e que continua a saque, tal a profusão de azulejos à venda: painéis e frisos, cimalhas e rodapés, a cores e a preto e branco, assinados por autor ou filhos das tristes ervas, vindos de igrejas e quintas, frontarias e fachadas, muros e lagos, simples átrios de entrada e lancis de escadaria, viadutos e cafés. Do séc. XVII ao que há dez anos se findou. De tudo um pouco: réplicas, crendo-se ingenuamente de genuínos; genuínos, aparentando-se convenientemente de réplicas.

E à distância de um passeio público, o que se vai perdendo, diariamente, à custa de alterações e demolições de prédios, não acompanhadas por técnicos com sensibilidade e bom senso. À custa de proprietários culturalmente acéfalos que mandam destruir um painel porque “sim”, ou dos que, bem intencionados, resolvem desmontar azulejos para os restaurar acabando ingloriamente por os destruir.

Contudo, trata-se de um problema que extravasa o azulejo porque é o próprio urbanismo português que é delapidado, já que se há elemento comum a um urbanismo fabricado em Portugal, ele é o azulejo. São conhecidas as suas origens e os motivos de inspiração. É conhecido o «élan» do Marquês ao mandar executar milhões de azulejos como forma de, afeiçoando uma nova baixa lisboeta, dar ímpeto industrial e ânimo a todo um país. Desleixando-nos com o azulejo, desleixamos o ADN urbanístico do país.

O problema tem várias causas e ainda mais protagonistas. Aparenta ser de cura difícil: joga com uma inércia de quem de direito e a generalizada falta de meios e discernimento dos «bons», a argúcia dos prevaricadores e a mão leve da Lei. Há que mudar antes que seja tarde demais. Logo agora em que as novas tecnologias podem mover montanhas. Não pode haver desculpas. Mas deve-se atacar o problema sob três perspectivas: lei, prática, efeito demonstração.

Uma lei clara, abrangente, com mão pesada. Que regulamente o mercado de antiguidades (quiçá uma simples obrigação de emitir recibo, como em Espanha, não resolveria o grosso dos azulejos desaparecidos?). Uma lei que saiba engajar as autarquias na inventariação e criação de bancos de azulejos, e faça cumprir critérios de remoção e restauro dos azulejos.

Depois, ou antes, não sei, há que mudar a prática. Arregimentem-se sábios, comissões inter-departamentais, inter-governamentais, o que for, mas siga-se para o terreno. Inventariar, é preciso. Fachada a fachada. Interior a interior. Já agora, comece-se em Lisboa, que há muito para preservar e recuperar, e roubar. É inadmissível que o Plano de Pormenor e Salvaguarda da Baixa Pombalina não dedique nem uma frase que seja ao azulejo.





In Jornal de Notícias (17 de Junho)

Salvação?!

O Governo económico da Europa é só o que reclama agora a Comissão. É extraordinário quando se olha para a Europa e para o resultado das suas políticas. E claro que a situação frágil em que se encontram os Estados da União é terreno fértil para que a Comissão revele agora novos intentos: governar economicamente a Europa.

O difícil é encontrar alguém que acredite num Governo económico Europeu justo, equitativo, eficaz e sujeito ao escrutínio das populações, sendo certo que os Estados Euro já não têm políticas cambial e monetária e a coisa não está a correr propriamente bem.

Entre nós, o Primeiro-ministro tem razões para acreditar e desejar ardentemente que a Comissão governe economicamente a Europa, em particular Portugal. Sempre serve de desculpa e alija responsabilidades, para não falar em total desresponsabilização. O Primeiro-ministro pode acreditar no reclamado governo económico europeu como hipótese de salvação.

Curiosamente, a Comissão está sediada na capital de um país ele próprio em aparente desconstrução. Mesmo para os mais cépticos como eu, ele há sinais que nos abanam: Bruxelas, feita capital da União, sede da Comissão, é também a capital de um país cuja unidade está posta em causa. E coincidência ou não, a verdade é que a própria Europa se divide entre as políticas de incentivo à economia com aumento da despesa proposto por Sarkozy e a redução da despesa proposta por Merkel.

Bruxelas está, aliás, florentina. O Comissário para os Assuntos Económicos já parece ter interiorizado que há "verdades que não se dizem" e adoptou um discurso tão interessante quanto trágico: agora todas as medidas apresentadas pelos países são consistentes e adequadas... mas são sempre precisas mais. O elogio vem sempre acompanhado de novas exigências. Compreende-se. Já chega de alarme social e o factor psicológico, na Economia, como comanda...

O problema da Europa não é só económico – o que em si já tem gravidade suficiente para disparar o alarme máximo – mas é também absolutamente político. Se todas as instituições comunitárias tivessem legitimidade política própria, as coisas seriam certamente diferentes e ainda aí com cautela.

Mas não, o Tratado de Lisboa cimentou uma Europa burocrática, contra a vontade dos cidadãos que se puderam exprimir ou alcançado sob ameaça de sanções. Apregoaram-lhe todas as virtudes que não se lhe conhecem. Que mais querem os seus fautores?





In Correio da Manhã

terça-feira, junho 15, 2010

As micromaravilhas

Foi bom saber, pelo PÚBLICO de ontem, que Pedro Quartin Graça organizou um site (http://www.7exmaravilhas.net/) em que se pode votar nas nossas maravilhas naturais que foram destruídas ou prejudicadas pela acção humana: as ex-maravilhas. Já foram eleitas três: a Linha do Tua, a Encosta de São Julião e o rio Sabor. Algumas ainda são maravilhas (como o rio Sabor), outras são reversíveis e muitas estão perdidas para sempre. É difícil fazer a distinção mas, sem ela, nada feito. Comecemos pelas mais facilmente salváveis e guardemos as maravilhas perdidas para as nossas próprias saudades.

A atitude nostálgica ("antigamente é que era bonito"), quando se junta à conspirativa ("eles estão a dar cabo de tudo") gera, no português, uma passividade monumental. Cada um de nós deveria deixar de participar em todas as iniciativas benignas que nos aparecem à frente e eleger uma - e só uma - a que possamos dedicar o tempo bastante para fazer uma diferença. A participação, tal como a amizade, não se pode dispersar muito.

Todos os dias tropeçamos em ex-maravilhas que podemos salvar. Eu apanho o lixo das ruas e das praias, por exemplo. Faço as compras nas lojas mais castiças e familiares. Elogio e admiro as pessoas que limpam as ruas e tratam das plantas. Agradeço-lhes. São coisas muito pequenas mas são fáceis de fazer, ficam logo feitas e dão satisfação imediata. São pequenas maravilhas.
Por Miguel Esteves Cardoso

segunda-feira, junho 14, 2010

É bom observador?

Entre o que se vê em 1.º plano e o que se vê um pouco mais atrás (em 2.º plano, digamos) parece haver uma certa contradição. O que é?
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A resposta já pode ser vista [aqui]

Falar para contentores

Em finais de Outubro de 2008, foi lançado o movimento de contestação, traduzido em petição à Assembleia da República, “Lisboa é das pessoas. Mais contentores, não!”. Com muita razão. Estava em causa a descarada decisão de o Governo prorrogar até 2042 a concessão de algo consensualizado até então, e desde meados dos anos 80, como provisório: o terminal de contentores de Alcântara (TCA). Triplamente descarada porque o fez sem concurso público, e porque tal decisão veio numa altura em que, segundo notícias insuspeitas vindas a público, a capacidade dos terminais de contentores dos portos nacionais era já o dobro da necessária face à procura existente.

Mais, a triplicação da área física atribuída aos contentores (comprimento x altura), subjacente à prorrogação da dita concessão, ampliando a já de si inaceitável “muralha de aço” existente entre os terminais de cruzeiros da Rocha Conde d’Óbidos e de Alcântara, decidiu-se quase simultaneamente com declarações do então administrador do Porto de Lisboa assegurando que Alcântara estará saturada em alguns anos, mesmo depois de ampliado o TCA, e que a melhor solução para os contentores seria a margem esquerda do Tejo, Golada fechada. Ou seja, Alcântara não serve mas faz-se de conta que serve. O país que pague.

À petição já referida haveria de se contrapor uma outra, quase de imediato, mal se tornou evidente a adesão em massa à primeira de milhares e milhares de cidadãos, semana a semana, mês e mês. Declaradamente masoquista, a petição antagonista reclamava, pasme-se, a prorrogação decretada. Caricaturalmente, ambas seguiram até à AR, mas só na passada semana, finalmente, ano e meio passado, e graças ao novo equilíbrio partidário existente no Parlamento, foi confirmada, preto no branco: a aprovação por decreto-lei da revogação da prorrogação da concessão do TCA.

É uma vitória da Democracia e da cidadania (resta a saber como seria se a representação partidária na AR não tivesse mudado). Falta agora que esta vitória se traduza numa vitória da Lei, i.e., que seja acatada por quem deve ser. E numa vitória para Lisboa, ou seja, que as entidades oficiais (Governo, APL, CML e autarquias vizinhas) aproveitem esta decisão para, até 2015, altura em que terminará a actual concessão do TCA, decidirem acertadamente sobre o que entendem como Porto de Lisboa e qual a melhor localização dos contentores a longo prazo, tendo como preocupação maior não o facilitismo do provisório e o imobilismo contentor, ou o “amiguismo” encapotado e a promiscuidade suspeita, mas os superiores interesses do país em termos de ordenamento do território. A ver.




In Jornal de Notícias (10.6.2010)

sexta-feira, junho 11, 2010

Inaceitável: Deltatejo estropia Monsanto anualmente














... e nem paga taxas à CML, que aliás serão insuficientes para o estropiamento que provoca naquele que pomposamente é apelidado de Parque Florestal de Monsanto. Não bastavam as vias rápidas em que se transformaram as estradas que por lá há, não bastava o chumbo do campo de tiro, não bastavam as construções e o banco de terrenos em que o parque se transformou, para agora ainda haver uma marca de cafés a estropiá-lo à custa de um festival de música, que pode ser muito interessante mas que devia ser feito noutro local. Ninguém trava isto?



Fotos: AL

Querem abater 100 tílias e plátanos no Liceu Camões?!


Chegado por e-mail:


«ASSUNTO URGENTE - Corte massivo de árvores numa escola


Querem abater 100 tílias e plátanos no Liceu Camões?!
Caros colegas,


Venho desta forma pedir a quem tiver, o contacto directo (telefone, email, ou outro) do arquitecto Ribeiro Teles.

Isto é urgente porque tem a ver com a questão de que o Ministério da Educação e a entidade empresarial "Parque Escolar" responsável pelo projecto (ver link abaixo indicado), pretendem cortar todas as mais de 100 árvores existentes no Liceu Camões (perto de Picoas, em Lisboa), na sua maioria Tílias e Plátanos, algumas árvores muito raras como Coralina e Jacarandá, e quase todas com mais de 80 anos.

Através da minha pessoa, o núcleo de Lisboa está a acompanhar esta situação urgente. Já estive na escola, tirei fotografias, fiz um pequeno relatório e tive uma reunião com os alunos da Associação de Estudantes que me explicaram melhor todo o contexto. Em breve irei ter outra reunião com a direção da escola.

Nesta sexta-feira irá haver um debate na escola acerca deste assunto e com os responsáveis pelo projecto, no qual irei participar, e era importante que mais pessoas da Quercus e outras associações, principalmente especialistas nesta matérias, pudessem participar para fazer pressão.

Podem saber mais informações vendo o blog da Associação de Estudantes da escola:
http://xcamoes.blogspot.com/

Cumprimentos
Paulo Daniel
»

Desnorte

O Governo de José Sócrates é um barco à deriva num mar da tempestade perfeita em que se conjugam a crise interna e a internacional. Os media anunciam a situação complexa do sistema bancário nacional, suportado em horizontes semanais pelo Presidente do Banco Central Europeu. Enquanto isso, o Governo paga a factura pesada de muitos milhões de euros diários pelas aposentações que, nos seus anos de governação, fomentou, em grande parte para "desorçamentar" os ordenados da Função Pública, agravando a sustentabilidade da Segurança Social.

Pese o aumento do desemprego e da insolvência das empresas, Sócrates afirma que o desemprego vai diminuir nos próximos meses, sabendo que é uma situação que todos os anos sucede, dado o aumento de postos de trabalho sazonal.

A Saúde atinge níveis escandalosos de doentes sem médico de família, de listas de espera de meses para consultas hospitalares. Os hospitais estão submersos em dívidas, evidenciando que a nomeação de gestores por critérios partidários, gerindo dinheiro dos contribuintes com pouco controlo, não é solução. Ao mesmo tempo, o Governo tenta iludir os Portugueses com um diploma que permite aos médicos com aposentação antecipada que voltem a trabalhar no SNS, de onde saíram, em grande parte fartos de uma gestão sem valores. O que vai suceder é a contratação dos mesmos médicos que já estão nas urgências através de empresas onde trabalham: saem por uma porta e entram por outra. Grande solução. Destrói-se, paulatinamente, o SNS, ao mesmo tempo que a Ministra afirma que é a proposta efectuada por largos sectores da sociedade, de os doentes terem livre escolha, que sepultará o SNS. Ignorância ou algo mais? A Senhora Ministra não pode deixar de saber que, nos países mais avançados da Europa, é esta a regra, mantendo a universalidade e gratuidade dos serviços, com menos gastos.

Na Educação, opta-se pela extinção de 900 escolas do Ensino Básico quando, ainda há pouco, se tinha encerrado várias, colocando as crianças longe das famílias e liquidando a política de proximidade.

Na diplomacia assiste-se à articulação, quase embevecida, com Hugo Chávez (provavelmente um referencial a silenciar órgãos de comunicação social). Em termos de confiança política, uma sucessão de casos duvidosos determina que se atinja o grau zero. Numa conjuntura que desaconselha a crise política, só resta uma via: demita-se Senhor Primeiro-ministro, para ser parte da solução e não do problema.




In Correio da Manhã

quarta-feira, junho 09, 2010

Quem nos livra desta gente?! - Passatempo com prémio

Pergunta: quem é "esta gente" a que se refere o título do 'post'?
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A resposta pode ser vista [aqui].

terça-feira, junho 08, 2010

Vem aí um Inglesinhos - Parte II?



Este é o antigo Convento/Prisão das Mónicas.

Neste momento existe um pedido de Informação Prévia (Proc. Nº 1198/EDI/2008) para alteração de uso para condomínio e serviços, apresentado à CML em nome da empresa pública Estamo e aprovado em reunião de executivo de 14 de Abril deste ano, com os votos a favor apenas dos eleitos do PS, tendo havido abstenções dos do PSD, Independentes e PCP.

Trata-se de uma aprovação com condicionantes (remetidas para sede de posterior licenciamento), é certo, mas também a dos Inglesinhos foi ao seu tempo, e agora vê-se o que ali nasceu.

As minhas preocupações são:

1. O imenso logradouro que irá ser previsivelmente ocupado por um punhado de caves para estacionamento automóvel (72), a menos que haja um mágico que as consiga construir sem beliscar árvores e respectivas raízes.

2. O património ainda existente, designadamente o antigo claustro, a antiga igreja (púlpito em madeira e lavabo em cantaria) e a antiga portaria (azulejos), propriamente dito.

3. A vista que se avista desde São Vicente de Fora, que mudará radicalmente por força da resma de volumes acoplados, com desenho "contemporâneo", que serão construídos em cima dos corpos existenes do convento.

4. A previsível valia arqueológica do lote, e já se sabe como os vestígios arqueológicos costumam ser tratados pelos promotores / construtores civis, mais a mais grandes imobiliárias.

5. O muro ao longo da Travessa das Mónicas, em como o cunhal com a Rua de São Vicente, cuja altura pretendem reduzir, e que são característicos do convento.

A ver com atenção...



Foto: LMS

domingo, junho 06, 2010

Boa pergunta!

«Onde pára a polícia?!»
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Uma parte da resposta pode ser vista no blogue Passeio Livre - [aqui].