sexta-feira, setembro 19, 2008

Escolas públicas e privadas

No último sábado, o primeiro-ministro relembrou que a educação era a “a prioridade das prioridades”, acrescentando estar empenhado em “atingir maior igualdade social através da aposta no ensino”. Pode Sua Exª berrar à vontade contra os “bota abaixo” – nos quais me incluirá – mas os recentes exames do 12º ano estão aí para provar que as escolas públicas deixaram de premiar o esforço.

Se hoje tivesse filhos pequenos, não os matricularia numa escola pública: não porque os docentes sejam piores do que na privada, mas porque, devido aos programas, regras e cultura impostos pelo Ministério, o ensino está degradado. Há dias, o Diário de Notícias anunciava, como se fosse um milagre, que oito em cada dez alunos frequentam escolas públicas. Perguntem a estes pais se lá manteriam os filhos caso as privadas fossem igualmente gratuitas.

É por ter depositado esperança na educação pública que me sinto triste. Em 1974, matriculei os meus filhos na Escola Manuel da Maia e, terminado o Ciclo Preparatório, no Liceu Pedro Nunes. Apesar da turbulência da Revolução, pensei ser melhor tê-los ali,uma vez que, além da vantagem de não os enclausurar numa redoma social, o ensino era bom.

Actualmente, de tal forma estão as escolas públicas desorientadas que não sacrificaria o futuro dos meus filhos às minhas convicções. Provavelmente, optaria por uma privada, desde que não religiosa. Sei que a minha posição passou de moda, uma vez que todos os dias assisto a gente agnóstica, baptizando os descendentes, apenas porque tal permite enviá-los depois para colégios, mas isso não me comove, apenas me irrita.

Ao fim de trinta anos de democracia, o que vemos? Uma rede pública que se transformou num gueto para os filhos dos pobres, e uma rede privada, frequentada pelos filhos das classes médias. Há duas maneiras de se fazer com que uma sociedade se torne mais igual: através do sistema fiscal e da escola pública. Em Portugal, nenhuma delas funciona. Não admira que o nosso país seja aquele que, na Europa, possui o mais profundo fosso entre os ricos e os pobres.


Maria Filomena Mónica

In Meia-Hora

2 comentários:

Anónimo disse...

....e que futuro que nos espera, ui, ui. As sementes de hoje, a colheita de amanhã. Mas que se lixe.....vivemos todos no "curto prazo".

JA

Dinada disse...

Tenho 3 filhos, todos rapazes. Todos frequentam o ensino público. Nas supostas 'melhores' Escolas.

Pois, este ano, o mais velho chumbou o 12º ano com 8 a área Projecto, tendo nas outras disciplinas: filosofia, Francês, etc notas bem altas.

Chumbou pq a Prof. embirra com ele desde o 8º ano. Fiz um requerimento, na altura, para que a situação fosse reavaliada. A própria directora de Turma, em surdina, está completamente do lado dele. Não resultou. Vai mesmo estar um ano a fazer uma cadeira que, para a maioria dos anos 'serve' para subir a média, que nesta cadeira ronda os 18, 19 valores.

Este ano, e como é a Única Turma de Humanidades no Liceu, advinhem: calhou-lhe a mesma Prof. Comentário no 1º dia de Aulas: Ó B. o menino deve adorar o Liceu, nunca mais daqui sai.

É esta a qualdidade de alguns docentes que por aqui andam. Não se pode, de facto, tomar o todo pela parte...a menos que 'ESSA' parte prejudique, seriamnete, o futuro académimico dum filho NOSSO!!!

E desculpem o desabafo....