sexta-feira, abril 08, 2011

Por uma vez

O tacticismo e a necessidade de sobrevivência política de José Sócrates estão a conduzir-nos ao abismo: todo o interesse nacional está hoje subordinado aos interesses políticos de um só homem e do seu séquito. Não só Sócrates nos conduziu à situação desastrosa em que estamos como a sua estratégia pessoal de manutenção do poder não toma em consideração os Portugueses.

Contra todas as vozes, contra todas as evidências, a cada dia que passa Sócrates agrava a insustentável dívida portuguesa, omite a verdadeira situação das contas públicas e compromete as instituições (estamos num ponto em que até as seguradoras da Caixa, ao que se noticia, compram a nossa dívida). Com toda esta actuação, Sócrates vem comprometendo a vida de todos nós, por muitos, mas mesmo muitos anos (basta pensar no exemplo do TGV, neste condicionalismo). É arrepiante a recusa de Sócrates em reconhecer os erros cometidos.

A cada dia que passa, Portugal piora (apesar de Sócrates se refugiar no orgulhosamente sós) e todas as análises convergem nesse sentido. Mesmo um insuspeito Augusto Mateus fala em irresponsabilidade e "loucura" do Governo, bem como no adiamento de medidas absolutamente fundamentais. Como já referiu a imprensa internacional, Sócrates parece um condutor que avança a toda a velocidade numa auto-estrada, em direcção contrária, convicto de que são os outros automobilistas que estão enganados. A Espanha aprovou um PEC – insisto um – e tem-no cumprido; ora se as nossas contas fossem verdadeiras, as declaradas e conhecidas, se o Governo tivesse falado verdade e se tivéssemos cumprido o primeiro PEC, não teriam sido necessários mais.

Com ou sem crise política, sempre teríamos a seguir ao PEC IV, o V, o VI e por aí adiante, pois o ponto é a incapacidade de o actual Governo deixar de gastar todo o dinheiro que arrecada aos Portugueses ou que lhe é emprestado e gasta-o muito mal, como se vê pela situação a que chegámos. Nunca chega. A apresentação de sucessivos PEC mais não revela do que incapacidade para gerir Portugal.

Sócrates devia, humildemente, recordar-se de uma resposta que deu numa entrevista publicada em Setembro de 2000, na revista ‘DNA’, do ‘Diário de Notícias’. Perguntado sobre se iríamos vê-lo um dia como Primeiro-ministro, respondeu: "Não! Primeiro porque não tenho o talento e as qualidades que um Primeiro-ministro deve ter." Por uma vez tinha razão.



In Correio da Manhã

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