Rapidamente, Estado (Governo), ESTAMO (empresa pública) e CML, i.e., Estado, formalizaram o ‘objectivo estratégico’ de desmantelamento dos hospitais da colina histórica, primeiro, Curry Cabral, Alfredo da Costa e Estefânia, depois. O Estado cedeu (por venda) à ESTAMO quase todos e quase todos passaram a pagar renda (‘compensação’) à ESTAMO, chama-se a isto: engenharia financeira. A partir daí o mote é deitar abaixo o mais que se possa para se construir o mais possível e vender ainda mais. O PDM ajuda à festa e os loteamentos viram ‘apólice’. Que se danem as volumetrias baixas e razoáveis, os solos permeáveis, o património edificado e protegido por ‘letra morta’. Que se danem as centenas de anos de História Hospitalar e de Cuidados de Saúde que a transformação radical daqueles hospitais irá implicar, mais apelo menos apelo; calado este, silenciado aqueloutro. Que se dane se ali pulsava Cidade.
Há casos escandalosos neste faz-de-conta geral, uns mais (Alfredo da Costa, Curry Cabral) do que outros (Estefânia, Santa Marta), mas o que querem fazer do antigo Hospital Miguel Bombarda, ignorando a memória e o local, raia a loucura: construírem-se 6 torres de 8-10 pisos acima do solo e mais 3 abaixo, dando como argumento que assim o morro de Rilhafoles será a San Gimignano alfacinha, um ‘miradouro habitado’ (arquitecto dixit) é de bradar aos céus e invocar a fúria divina e o internamento compulsivo e irrevogável no Panóptico. Não há ninguém que pare esta pouca vergonha?
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