quinta-feira, março 15, 2018


Quem te manda a ti sapateiro aprender a tocar rabecão...
Nada contra, mas...
Há que dizer que os investigadores, sobretudo em ciências humanas, desde logo inexactas, falíveis, pseudo objectivas, com objectos voláteis, métodos discutíveis, conclusões certas ou erradas, sendo, todavia, todas de grande utilidade para o conhecimento, que é sempre relativo, esses têm esse hábito.
Mas é um erro assumir autoridade, essa, para extrair conclusões “sócio-políticas”, quais Deus ex Machina, que estão fora do seu múnus.
Estive no interessante seminário sobre Fronteiras aqui referido, pena a sua organização ex-catedra não permitir um trabalho e discussão real, mas é assim...

Desde logo sobre a questão do conceito de fronteira, e tenho que manifestar o meu desagrado com uma das comunicações sobre essas.... As fronteiras e o Estado-Nação são do século XVIII ou XIX e surgem ligados aos mitos históricos de construção nacional e ao sistema de impostos do capitalismo e também à “unificação” linguística, essencial para esse.
As fronteiras são áreas de liberdade, terras de ninguém e de refúgio, de marginalidades ( à margem) . Aí se mantêm línguas antigas ( mirandês / leonês) ou falas de defesa, o barranquenho, o nizouco, a algarviada, e outras mencionadas, mas não enquadradas, em Espanha e por toda a raia.
 Cada zona, cada terra, mesmo, tem usos e falares que são defensivos e resultam de construção no espaço e no tempo (ou de reminiscências antigas). Engraçado e, isso foi referido en passant que haja 7 ou 8 versões e falas diferentes do catalão, que hoje o nazionalismo procura unificar...
O estudo das línguas é uma fonte de rendimento para os linguistas e filólogos, e muito bem, mas seria conveniente que não se fechassem em redomas e não se pusessem a tocar rabecão.
As propostas para o barranquenho não podem passar por um ensino escolar, e tenho sérias dúvidas em relação a uma criptografação, embora pense que é um trabalho válido.

Deveria ser introduzido, aliás acho que em todos os concelhos o deveria ser feito sobre a cultura local, uma cadeira sobre cultura de Barrancos na escola e essa ser sobre histórias, hábitos, civilidades, festas, gastronomias e claro sobre o processo de ocupação do território e como nesse a fala surge e se desenvolve, ao contrário da matriz, língua, a fala tem a ver com o tempo e o improviso, as relações e o espaço. Mas os linguistas metem a sua colher, em seara alheia.
O resultado é problemático.

Sem comentários: