quarta-feira, julho 29, 2020

É preciso não ter nada na cabeça, ou não saber articular os neurónios para produzir pensamento, para não reconhecer que Portugal é um país racista, e que uma maioria de portugueses partilham esse odioso comportamento e tudo o que lhe está associado.
Não são discursos redondos a bater com a mão no peito de responsáveis políticos, sublinho responsáveis políticos que estou convencido que maioritariamente não partilham os sentimentos "nacionais", que alteram a realidade.
A nossa história o mostra à evidência. Há 60 anos exibíamos africanos em jaulas em feiras, tivemos um colonialismo execrávelmente racista e despótata, depois de termos sido o principal instrumento de transporte de escravos, e de mortes desses nesses. As sociedades que deixámos, seja o Brasil, seja os países africanos onde estivemos são dos mais racistas e a micegenação é um mito de origem nas pulsões sexuais dos colonos, que co-existiu com a mais depravada e boçal lógica de domínio.
Tivemos entre nós outros racismos, anti-judeu e menos porque se foram diluindo anti mouro ou berbere, e continuamos de vento em flor com um anti-ciganismo visceral.
Somos um povo intolerante, hoje disfarçado porque o racismo é "pecado"  de respeitador. Mas o respeito é, claramente, uma forma subtil de manter o racismo vivo.
Nunca esquecerei quando na própria Amnistia Internacional a responsável por um grupo local proclamava "não sou homofóbica, até temos um homosexual no nosso grupo" e só eu levantei a voz para a denunciar, é nessa mesma lógica que estamos com o respeitinho.  Até coexistimos com africanos, asiáticos, judeus (distinguem-se pelo nariz!, dizia-me um respeitador recentemente) e ciganos. O respeito é racismo. Somos todos iguais, todos diferentes.
Sabemos que não existem raças, somos todos da mesma espécie, mas nem todos temos as características de humanidade que nos fizeram emergir de alguns, poucos, muito poucos africanos de que herdamos e partilhamos todos os genes.
As doenças mentais vão aumentando e essas tem que ver com a incapacidade de empatia que vai aumentando.
Temos que erguer a voz, não nos podemos calar.

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