quinta-feira, março 07, 2019

OPINIÃO


Silêncio, que vem aí o ano de todos os riscos.

2019 é um ano crucial para o futuro, o encerramento desde logo, que não é previsível do ponto de vista da economia outra hipótese, assim como do ponto de vista da transição energética não há volta a dar a esta tecnologia, perigosa  e  um pesadelo ambientalmente.
Estou a falar de Almaraz, das 2 centrais nucleares de Almaraz, que até Março terão a sua extrema unção, é esse o limite que o governo de Madrid deu às empresas titulares ( que não se entendem sobre a resposta) para pedirem o prolongamento. As outras nucleares irão em continuação e em escada fechar nas datas previstas.
Mas temos que explicar, e referir que faria todo o sentido o governo português manifestar alguma posição...
As empresas titulares Iberdrola, Endesa e Gás Natural, e as duas primeiras apresentam-se em Portugal, com total impunidade como vendendo energia verde, o que também fazem, mas amanhã poderão encher-nos de radiações....pois as empresas titulares tem que assumir, no processo de pedir a prologa o risco, enorme, que são os custos, os investimentos necessários para responder aos novos imperativos de segurança, e fazer substituições nos processos e materiais, muitos milhares, milhões de euros. E tem que apresentar garantias, e ficam com mais responsabilidades pelos resíduos.
Anuncia-se uma reunião da junta directiva  destas para decidir o futuro das centrais. E a “nossa” EDP também está ao barulho com os 17% de Trillo. ( A junta é da CNAT, Centrais Nucleares Almaraz e Trillo)
Números, investimentos, dividendos e passivos e mesmo prejuízos estarão em análise. O custo social e ambiental além do risco, pois esses não.
Mas após esse passo, que implica com a economia das empresas (que falam que só com um custo garantido que é mais cerca de 1/3 do actual é que uma, a Endesa continuaria. A Iberdrola parece que não em qualquer caso! As outras sopram para o ar ), pois mas depois desse investimento, não é certo que os mais dez anos (ou mais) estejam garantidos.
É que agora por imposição lá teremos a Avaliação de Impacto Ambiental, transfronteiriça claro, clarinho, que agora o sistema internacional obriga que seja, feita.
E com o renovado Consejo de Seguridad Nuclear a coisa fia mais fino...
As nucleares estão a rachar por todo o mundo, hoje mesmo quando escrevo em Inglaterra duas centrais tiveram que parar por rachas nas cubas, e conforme notícias que diariamente difundimos e comentamos do Observatório Ibérico de Energia (O.I.E), não passa um dia sem que aqui, ali ou acolá uma central, um depósito de resíduos uma mineração de urânio não seja noticia. E como sabemos as boas não o são.
O movimento ibérico dividiu-se e hoje falta uma estratégia clara, que em Espanha saia do pântano do anti-capitalismo. Em Portugal a nossa luta contra a nuclear superou sempre essa armadilha, que é como sabemos um maná celestial para aqueles que não querem perceber que as questões de civilização e de sustentabilidade são muito mais que um processo de organização do mercado e nesse temos que procurar  aliados.
A economia, e o capitalismo de Estado ou Comunismo ( também sob as suas novas formas) foram e são os grandes aliados da nuclear, a economia e o mercado sempre foram aliados nosso da luta contra estes disparates nucleares que são contra o mercado e defendem interesses parasitários, embora hoje é certo que muitos deles se mesclam com outros investimentos, nomeadamente em renováveis.
Há muito que as petrolíferas também investem nas renováveis....gato escaldado....
Infelizmente seja no âmbito do que resta do movimento, seja na sociedade em geral o espaço para difusão de notícias, os momentos para discussão das questões que nos afectam, e a articulação das nucleares com as alterações climáticas que é óbvia, mas necessita ser explicada e aqui não cabe, assim como a definição de lógicas de comunicação e de linhas estratégicas que fujam do imediatismo cavernícola das redes sociais, e que vá para além da palavra de ordem dos decibéis televisivos, sem pausa, tempo ou futuro estão muito dificultados.
Mas iremos continuar. Neste momento o O.I.E. já se coloca em linha com cerca de 200 responsáveis pelas áreas de energia e ambiente na península e estão já previstas acções de esclarecimento, divulgação e de silêncio, para pensar.
E haverá eleições....no dia 28 de abril
António Eloy
Coordenador do Observatório Ibérico Energia


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