Silêncio, que vem aí o ano de todos os riscos.
2019 é um ano crucial para o futuro, o
encerramento desde logo, que não é previsível do ponto de vista da economia
outra hipótese, assim como do ponto de vista da transição energética não há
volta a dar a esta tecnologia, perigosa
e um pesadelo ambientalmente.
Estou a falar de Almaraz, das 2 centrais
nucleares de Almaraz, que até Março terão a sua extrema unção, é esse o limite
que o governo de Madrid deu às empresas titulares ( que não se entendem sobre a
resposta) para pedirem o prolongamento. As outras nucleares irão em continuação
e em escada fechar nas datas previstas.
Mas temos que explicar, e referir que faria
todo o sentido o governo português manifestar alguma posição...
As empresas titulares Iberdrola, Endesa e Gás
Natural, e as duas primeiras apresentam-se em Portugal, com total impunidade
como vendendo energia verde, o que também fazem, mas amanhã poderão encher-nos
de radiações....pois as empresas titulares tem que assumir, no processo de pedir
a prologa o risco, enorme, que são os custos, os investimentos necessários para
responder aos novos imperativos de segurança, e fazer substituições nos
processos e materiais, muitos milhares, milhões de euros. E tem que apresentar
garantias, e ficam com mais responsabilidades pelos resíduos.
Anuncia-se uma reunião da junta directiva destas para decidir o futuro das centrais. E
a “nossa” EDP também está ao barulho com os 17% de Trillo. ( A junta é da CNAT,
Centrais Nucleares Almaraz e Trillo)
Números, investimentos, dividendos e passivos
e mesmo prejuízos estarão em análise. O custo social e ambiental além do risco,
pois esses não.
Mas após esse passo, que implica com a
economia das empresas (que falam que só com um custo garantido que é mais cerca
de 1/3 do actual é que uma, a Endesa continuaria. A Iberdrola parece que não em
qualquer caso! As outras sopram para o ar ), pois mas depois desse
investimento, não é certo que os mais dez anos (ou mais) estejam garantidos.
É que agora por imposição lá teremos a Avaliação
de Impacto Ambiental, transfronteiriça claro, clarinho, que agora o sistema
internacional obriga que seja, feita.
E com o renovado Consejo de Seguridad Nuclear
a coisa fia mais fino...
As nucleares estão a rachar por todo o mundo,
hoje mesmo quando escrevo em Inglaterra duas centrais tiveram que parar por
rachas nas cubas, e conforme notícias que diariamente difundimos e comentamos
do Observatório Ibérico de Energia (O.I.E), não passa um dia sem que aqui, ali
ou acolá uma central, um depósito de resíduos uma mineração de urânio não seja
noticia. E como sabemos as boas não o são.
O movimento ibérico dividiu-se e hoje falta
uma estratégia clara, que em Espanha saia do pântano do anti-capitalismo. Em
Portugal a nossa luta contra a nuclear superou sempre essa armadilha, que é
como sabemos um maná celestial para aqueles que não querem perceber que as
questões de civilização e de sustentabilidade são muito mais que um processo de
organização do mercado e nesse temos que procurar aliados.
A economia, e o capitalismo de Estado ou
Comunismo ( também sob as suas novas formas) foram e são os grandes aliados da
nuclear, a economia e o mercado sempre foram aliados nosso da luta contra estes
disparates nucleares que são contra o mercado e defendem interesses parasitários,
embora hoje é certo que muitos deles se mesclam com outros investimentos,
nomeadamente em renováveis.
Há muito que as petrolíferas também investem
nas renováveis....gato escaldado....
Infelizmente seja no âmbito do que resta do
movimento, seja na sociedade em geral o espaço para difusão de notícias, os
momentos para discussão das questões que nos afectam, e a articulação das
nucleares com as alterações climáticas que é óbvia, mas necessita ser explicada
e aqui não cabe, assim como a definição de lógicas de comunicação e de linhas
estratégicas que fujam do imediatismo cavernícola das redes sociais, e que vá
para além da palavra de ordem dos decibéis televisivos, sem pausa, tempo ou
futuro estão muito dificultados.
Mas iremos continuar. Neste momento o O.I.E. já
se coloca em linha com cerca de 200 responsáveis pelas áreas de energia e
ambiente na península e estão já previstas acções de esclarecimento, divulgação
e de silêncio, para pensar.
E haverá eleições....no dia 28 de abril
António Eloy
Coordenador do Observatório Ibérico Energia
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