domingo, abril 21, 2019

“O gastrónomo tem os seus deuses. O templo é mesa, e a sacristia a cozinha.”
Carlos Drummond de Andrade

Estive pelo litoral. Figueira da Foz e Buarcos, onde recordo sempre os "Sinais de Fogo", de Jorge Sena, livro poderoso sobre a vida.
E na Figueira comi um arroz de congro como nunca. Uma delícia, no Picadeiro de Isabel João, local onde a amizade se prosseguiu numa longa conversa cheia de ternura e memórias.
No dia seguinte fomos a Buarcos à Cantarinha, onde o Jorge fez as honras de casa, com uma espectacular tibornada de polvo.
Nos dois locais entradas e sobremesas de perder a memória também estiveram.
Dois excelentes poisos numa terra onde o passado se articula em futuro. 
No regresso lembrámo-nos, para isso serve o palato e o seu registo do Lagar, no Cadaval/Bombarral.
Aí o Bruno e o pai, com a mãe na cozinha servem opíparos repastos, ontem um arroz de cabrito depois de uns chocos à algarvia.
Bebemos um Quinta das Cerejeiras, reserva, néctar dos deuses que nos levou ao verdadeiro paraíso, que é feito com os sentidos e os prazeres dos mesmos.
Três locais onde comer é um prazer, pelo ambiente, pela qualidade da confecção e pela amabilidade do serviço.
Três templos onde o usufruto do prazer é demais.
E tenho que referir, que na Figueira, no antigo Nicola, está hoje um rodízio brasileiro, com uns empregados muito atenciosos onde a carne é servida ao ritmo certo e de qualidade.
Hoje quando os rodízios brasileiros invadem o nosso território dá gosto encontrar um, dos raros, onde se sabe servir.
Comer é frequentar o templo! E neste partilhar o pão e o vinho, ou seja o corpo e o sangue que nos faz.
Boas Páscoas.

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