5 Junho. Dia Mundial do Ambiente
2019
# O homem é eterno na medida em que se
preocupa com a eternidade- se não se desvanecer nessa.#
ou será com, no, pelo clima?
in “ Livro contra a morte” de Elias Canetti
É, mais um dia ensombrado no desvanecimento.
Refiro-me ao clima, a que seguindo a estratégia dos Acordos de Paris, hoje até
questionada pelo Secretário Geral da O.N.U. , mas na altura só pelo
Observatório Ibérico Energia e organizações como os Friends Of the Earth
International e a Greenpeace, o clima
que continuamos (Onde estavam as metas verificáveis? Onde estavam as
medidas não facultativas? Onde estavam os objectivos sérios?) a degradar, sem que o movimento Emergência Climática e Ambiental
possa colocar um pauzinho na engrenagem do crescimento, aumento do PIB (
até onde? vamos?).
-Sem uma alteração do paradigma (por cá a
preocupação é com um sistema sócio-político da 2ª Vaga, a kakistocracia
em articulação com a oclocracia*, incapaz de dar respostas
à cidadania!) e da lógica de organização social para dar resposta a uma ruptura
necessária com o materialismo irracional das economias dominantes (todas
capitalistas, e irresponsáveis, o que não é necessário que seja cumulativo!) ;
-Sem uma visão global do sistema europeu e
mundial, que rompa com os nazionalismo, respeite os direitos humanos (sempre
traficados em nome de algo e esquecidos quando se trata de ganhócio), uma visão
federalista e humanista que desafie os poderes do “grande” (China, USA, Brasil,
India, ou os pequeninos Hungria, Itália, Polónia, Correia do Norte ou Cuba) em
nome da solidariedade também ambiental (como é possível que estejamos a
impedir + de 2/3 da humanidade de ter
uma vida digna e ainda por cima exportemos para lá o nosso lixo?)
-Sem o nosso pequeno empenho, nas muitas
tantas lutas locais, ou de âmbito nacional ou transnacional não poderemos
alcançar pequenas vitórias que se poderão transformar em alavancas para alterar
isto, este estado de coisas!.
Hoje a
luta contra a emergência climática por um novo modelo energético mobiliza a
juventude, cria empenhos nas empresas, mobiliza cidadania e tem que alterar as
condições como se faz política.
Temos continuado a seguir a situação da
nuclear, aliada das alterações
climáticas, aliás pesem vozes melífluas, um dos componentes destas ( emissões
da mineração e enriquecimento, investimentos brutais para a produção e resíduos
sem solução e com custos descomunais, além dos riscos sociais, ambientais e
psicológicos) nomeadamente o processo ligado à solicitação empresarial de
prolongar por alguns anos (7,5 e 8,5) a vidas das 2 centrais, sendo que teremos
que pressionar o Consejo de Seguridad
Nuclear para impor medidas de segurança, alterações de equipamentos e reforço
dos processos sem olhar, sem olhar aos custos e também pressionar sobretudo
a Iberdrola, que deve levar uma corrida das nossa casa quando anuncia que vende
electricidade verde!, mas também a Endesa,,,, e a EDP que está metida no
prejuízo ambiental.
Estamos vigilantes e atentos. Almaraz tem que fechar no fim do seu tempo
de vida contratado e nem um ano mais!
Mas também temos, além de continuarmos atentos
à mina de Retortillo, uma nova e
galvanizante luta:
No a la
Mina, sim a la vida, é o grito que percorre os povos
raianos extremenhos e alentejanos. Manifestações massivas da população das
terras potencialmente afectadas pela
mina de urânio de Zahinos, acções judiciais, empenhos cívicos aqui, ali e
acolá, e em breve ( dia 19) ouvidoria na comissão Ambiente do Parlamento
português, estão a transformar este empreendimento, a mineração de urânio
por uma, mais uma companhia anónima ligada a capitais especulativos, que surgiu
em segredo (e o Estado português?) e em segredo se procurou manter, num exemplo
de luta e envolvimento social e ambiental que ficará no registo como uma impressionante
vitória ambiental e para seguir, pois não vamos parar.
Que este dia do Ambiente seja mais um momento
para que a luz vença a sombra.
do Observatório Ibérico Energia
*A kakistocracia, o governo dos piores
é o sistema hoje dominante e que irá talvez em articulação com a oclocracia, o
governo da multidão, protagonizado pelo demagogo ( Trump, etc...) levam-nos à
destruição da própria sociedade em que vivemos.
1 comentário:
A degradação é visível, há muito menos pássaros e insetos que há 30 anos, pode-se fazer uma grande viagem mantendo o para-brisas limpo. Em parte, será por existirem mais carros, mas a grande razão é mesmo a falta de insetos, visível a olho nu. A razão é simples e estafada - quanto mais gente houver, menos bichos haverá. O mundo não aguenta (sem degradação) tanta gente a consumir tanto. É exatamente por ser isto uma verdade e realidade simples, que é tão difícil de mudá-la. Mas o autor do post, como muitos outros, parece simpatizar com uma das razões deste estado de coisas, a migração. A migração agrava cada um dos fatores do impacto ambiental, quer a contagem da população, ao anular o seu controle local e natural, quer o consumo da mesma população. Com este tipo de raciocínio, com o raciocino á economista, e a cultura NIMBY (Not In My BackYard), nada poderá ou será remediado. Só haverá truques: países pobres a vender emissões inexistentes, moratórias aos mais poluentes, etc.
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