https://www.publico.pt/2020/05/10/opiniao/opiniao/almaraz-oito-anos-ate-encerramento-nao-191
Almaraz mais 8 anos até ao seu encerramento,
ou não....
Cumpre-se o calendário, previsto pelo acordo
celebrado entre o ministério da Transição Energética e as empresas monopolistas
ENDESA, IBERDROLA E NATURGYS, que em Portugal se anunciam, com descaramento,
renováveis, este calendário que não ouviu a sociedade civil, nem teve a
participação democrática da cidadania, ou, e nem sequer, ligou peva, mesmo peva
a Portugal e aos acordos ibéricos na matéria.
Com o A.T.I., que denunciámos só servia para
dar cobertura a este desenlace, vamos ter mais 8 anos de funcionamento e
produção de resíduos e um travão ao desenvolvimento de alternativas locais de
emprego no quadro do desmantelamento das duas unidades de produção, que hoje é
absolutamente desnecessária.
Para estes 8 anos o Conselho de Segurança
Nuclear (C.S.N.) estabeleceu condições técnicas e de segurança reforçadas (dado
o risco ser maior), que deverão ser fiscalizadas todos os anos, para certificar
do seu cumprimento.
8 anos em que se vai parar o desenvolvimento
de renováveis, também na base do sistema eléctrico, e 8 anos mais em que
Portugal continuará a ser um verbo de encher dado o menosprezo com que somos
considerados, sem articulação sequer dos planos de emergência entre os dois
países, e 8 anos mais em que resíduos radioactivos continuarão a ser
armazenados nos locais de produção que contestámos por não obedecerem ás
exigências e qualificação adequadas face a riscos sismológicos ou de outro
tipo, naturais ou de origem antrópica (atentados, por ex.).
Foram feitas demasiadas concessões a estes
reactores que continuarão em funcionamento com enormes carências de segurança,
pela deterioração, pelo envelhecimento de partes fundamentais para o
funcionamento como os geradores a vapor e as bombas de refrigeração, que
desafiamos um C.S.N., hoje mais transparente e idóneo, inspeccione e controle,
de todas, por todas as formas.
Temos, além disso, a bacia, a barragem de
refrigeração já quase repleta de resíduos sólidos o que em caso de necessidade
não poderá cumprir as funções que lhe estão cometidas ao ver diminuída a
quantidade de água disponível.
As actuais canículas, que levam ao
encerramento, arriscado por vezes, de dezenas de centrais em todo o mundo no
período extremo, a que se junta a diminuição dos trabalhadores em efectividade
nestes tempos de pandemia, com problemas na estrutura de funcionamento, são
outros dos muitos, muitos motivos de preocupação.
Por isso o Observatório Ibérico de
Energia e a ADENEX, também exigimos que
se realize, quanto antes, um simulacro de emergência nuclear que tenha em conta
não só os 10 kms do seu entorno mas um
raio de 100 kms, muito menos do que a área afectada pelo acidente de Chernobyl,
que obviamente envolva as autoridades portuguesas e que consciencialize as populações para o que
fazer em caso desse.
É que em caso de acidente nuclear não há
mascarilha que pare as radiações.
António Eloy
Do Observatório Ibérico Energia (O.I.E.)
José Mazon (Chema)
Da ADENEX
1 comentário:
É fundamental mostrar que a sociedade civil está preocupada, alerta e que merece ser ouvida. Se não há nada a esconder não há receio da discussão aberta.
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