quinta-feira, dezembro 13, 2007

Em Lisboa, junto do Cais do Sodré: péssima lição do Estado aos cidadãos


Gina Pereira fixou no «JN» de hoje a frase que melhor resume a situação, tanto mais séria quanto é certo que vem do próprio vereador do Urbanismo da CML, arq. Manuel Salgado. O que está em causa são os edifícios enormes implantados ali ao lado do Cais do Sodré, destinados a agências europeias (segurança marítima, um, e droga, outro). Segundo esse realato do jornal, «o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, considerou "caricato" o facto de, estando os dois edifícios praticamente concluídos, só agora ter sido feito o pedido de licenciamento das obras, o que significa que foram feitas sem licença da Câmara».
Isto tem sido um abuso difícil de entender. Tem sido um desplante do Estado central. Tem sido um despautério e um desrespeito. Mas também, verdade se diga, ninguém na autarquia (nem Santana nem Carmona) ôs os pontos nos is. Ninguém colocou o Estado central no seu lugar. Ninguém embargou. Ninguém mandou demolir. Ninguém actuou.
'Tá-se bem: eis a grande regra quando está envolvido o Estado central - mesmo quando preverica de formaostensiva, de forma escandalosa, de forma arrogante, à vista de toda a gente e com um enooooorme sentido de impunidade.
Isso, porque... 'tá-se bem...
«Caricato», disse Salgado.
Se você construir um prédio ou uma simples barraquinha ali na Ameixoeira, aqui d' El-Rey e ainda bem. Se a Câmara tivesse o desplante de implantar um simples pré-fabricado para um ATL ali no meio da Tapada das Necessidades (um exemplo bem na berra, pois está em vias de ser objecto de protocolo Estado-Autarquia, segundo tudo aponta) - aqui d' El-Rey e com toda a razão. Ficaríamos todos escandalizados e a dar razão ao Estado central - quer contra aquele cidadão prevaricador do primeiro exemplo, quer contra a autarquia abusadora da segunda hipótese.
E estaríamos certos em condenar as situações.
Mas então por que raio somos todos tão condescendentes para com o Estado central face a uma agressão destas contra a autonomia e os poderes do Poder Local?
Por menos do que isso, em stuações de antanho, houve guerras de fronteira ao longo da História, lembram-se?
... Fosse lá acontecer uma cena destas em alguns países em que a autonomia local e a dos estados federados é valorizada! Era uma guerra dos diabos.
Mas por cá, não. É uma paz santa: 'tá-se beeem. Muuuuuuito beeeeeem...

2 comentários:

Anónimo disse...

E, por tabela, a praça (ou lá o que aquilo é) do Cais do Sodré há muito que é um modelo de abandalhamento e desordenamento e eu, lisboeta muito mais desatento que os colaboradores deste blog, recordo-me muito bem de a sua requalificação ter sido prometida há que tempos.

Mas sou o primeiro a reconhecer que o assunto de que falo é muito menos importante (e mais remediável) que a inacreditável construção daqueles dois edifícios.

daniel costa-lourenço disse...

e eles fazem sempre uns modelitos em computador tão bonitos...

sempre com os espaços verdes numa perspectiva bem exagerada e com os edifícios muito pequenos...

sempre para demonstrar que a esclara é muito reduzida e que bla bla bla bla bla bla...

e depois vai-se a ver e é a história do costume...

é o caso...

a comparação entre esse modelo e a realidade é vergonhosa.

como são a maior parte dos projectos da APL para a frente ribeirinha de Lisboa