Convivem com prédios a cair aos bocados (prédio sim, prédio não), passeios e esquinas repletos de lixo (não há meio deste povo ser civilizado), tubos de escape e buzinas (a circulação automóvel na R. do Arsenal continua a ser um pesadelo), etc. Não bastava isso para lhes testar a resiliência e uma vontade em quererem habitar a Lisboa histórica, para a CML insistir agora em fazer da zona um Bairro Alto II, promovendo mais bares abertos (sem licença), fontes de ruído e sujidade, e esquecendo-se de tudo o mais que fez do BA um dos maiores quebra-cabeças da capital: como compatibilizar um mínimo de qualidade de vida de quem nele mora com uma animação nocturna que lhe serve de ex-libris? Não se percebe, portanto, como é que a CML embarca na irresponsabilidade de promover um novo BA no Cais do Sodré, Corpo Santo e São Paulo, antes mesmo de resolver o problema grave daquele, que dura há mais de 10 anos, sem resultados positivos: tentou-se limitar a circulação automóvel, nada; limitar os horários dos bares, nada; acabar com os graffiti, nada; tenta-se agora, e bem, combater a insegurança pela colocação de videovigilância mas é preciso esperar para ver… Qual é a pressa em replicar o BA no Cais do Sodré? Há alguma razão por detrás ou simplesmente uma razão que a razão desconhece?
Se a CML quiser efectivamente melhorar a vida de quem habita e trabalha no Cais do Sodré, que promova a reabilitação do edificado respeitando a traça, coloque pilaretes, recupere os passeios, promova um verdadeiro urbanismo comercial, lave diariamente as ruas e o espaço público, recolha o lixo, discipline as esplanadas, pedonalize mais ruas, desvie o trânsito poluidor o mais possível da zona residencial, faça cumprir aos bares a Lei. Mas não venha com mais côr-de-rosa!
Paulo Ferrero (13.8.2013)
2 comentários:
O jornal atualis pode ser um orgão de comunicação ideal para este tipo de assuntos. Trata de Lisboa, dos seus defeitos e virtudes. Aproveitem.
dos Santos
Costumo ir ao Mercado da Ribeira e desde os ameaços da TimeOut nada de relevante lá se modificou, para além de as bancas a funcionar serem cada vez menos e o aspecto daquilo ser cada vez mais deprimente (e de haver aos sábados, julgo eu, umas vendas pindéricas de artesanato, algum de qualidade muito duvidosa (chinesa) - é muito raro ir lá nesse dia, foi o que constatei da última vez que vi tal coisa, e não comprei nada).
Também não atinjo a razão de o passeio da Rua do Arsenal, do lado das lojas (digamos assim , por simplicidade) se manter tão estreito, o que torna a circulação dos peões muito problemática.
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