A sério: o Jardim precisava só de limpeza e aprumo, e, aqui ou ali, de reforço da iluminação. Isto é, os canteiros precisavam de plantas viçosas e de flores, os percursos de serem repavimentados, e o “buraco” do lado nascente de mais árvores. Ponto. Em vez disso, a CML optou por desenvolver uma solução criativa num jardim de época, que o é. E, como já se sabe quão perigosa pode ser essa veia sempre que há intervenções no espaço público, o resultado não podia ser o mais desastrado e desastroso alguma vez feito no espaço público de Lisboa, se não mesmo do hemisfério Norte; se me é permitido abusar de frase recente já celebérrima.
Pois bem, o jardim da placa central da Praça de Londres deixou de ter canteiros e flores, ainda que murchas, para apenas ter relva às ondinhas -no topo norte a coisa mais parece um proa de um barco entrando Avenida de Roma acima, e o talude tão alto que sufoca, literalmente, em cerca de 1 metro algumas das árvores. Os percursos foram radicalmente alterados e emagrecidos, e se o intuito foi acabar com a presença dos sem-abrigo que por ali dormiam, terão conseguido também inviabilizar a feira de velharias que dava alguma vida ao jardim, duas vezes ao mês. Cereja no cimo do bolo: os candeeiros de “design” moderno em pleno jardim dos anos 50. Valeu que se esqueceram de mexer na estátua do autor de “A Velhice do Padre Eterno”. Dito de outro modo: Guerra Junqueiro continua virado para a Avenida homónima em vez de ficar voltado de costas para ela, como constava do projecto. Acresce que o mesmo ficou por completar (que tal refazer tudo?) porque por inaugurar (vergonha do resultado final?). Resumindo, não faço ideia quanto custou toda esta criatividade, mas que ficou uma borrada completa, lá isso ficou.
2 comentários:
«...ao mesmo tempo que cria, através de uma modelação no terreno, um efeito de interioridade, contribuindo também para diminuir assim os níveis de ruído no seu interior...»
Houve quem sempre pensasse que era para isso que serviam os arbustos, não fora aquilo dos perigosos faunos criminosos acoitados atrás das moitas (é sempre divertido quando uma anedota se transforma em política oficial).
Antes de começar, o orçamento era de 400 mil euros (li num boletim da Junta de Freguesia da época)
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