Quem te manda a ti sapateiro aprender a tocar
rabecão...
Nada contra, mas...
Há que dizer que os investigadores, sobretudo
em ciências humanas, desde logo inexactas, falíveis, pseudo objectivas, com
objectos voláteis, métodos discutíveis, conclusões certas ou erradas, sendo,
todavia, todas de grande utilidade para o conhecimento, que é sempre relativo, esses têm esse hábito.
Mas é um erro assumir autoridade, essa, para
extrair conclusões “sócio-políticas”, quais Deus ex Machina, que estão fora do seu múnus.
Estive no interessante seminário sobre
Fronteiras aqui referido, pena a sua organização ex-catedra não permitir um
trabalho e discussão real, mas é assim...
Desde logo sobre a questão do conceito de
fronteira, e tenho que manifestar o meu desagrado com uma das comunicações
sobre essas.... As fronteiras e o Estado-Nação são do século XVIII ou XIX e
surgem ligados aos mitos históricos de construção nacional e ao sistema de
impostos do capitalismo e também à “unificação” linguística, essencial para esse.
As fronteiras são áreas de liberdade, terras
de ninguém e de refúgio, de marginalidades ( à margem) . Aí se mantêm línguas
antigas ( mirandês / leonês) ou falas de defesa, o barranquenho, o nizouco, a
algarviada, e outras mencionadas, mas não enquadradas, em Espanha e por toda a
raia.
Cada
zona, cada terra, mesmo, tem usos e falares que são defensivos e resultam de construção
no espaço e no tempo (ou de reminiscências antigas). Engraçado e, isso foi
referido en passant que haja 7 ou 8 versões e falas diferentes do catalão, que
hoje o nazionalismo procura unificar...
O estudo das línguas é uma fonte de rendimento
para os linguistas e filólogos, e muito bem, mas seria conveniente que não se fechassem em
redomas e não se pusessem a tocar rabecão.
As propostas para o barranquenho não podem
passar por um ensino escolar, e tenho sérias dúvidas em relação a uma
criptografação, embora pense que é um trabalho válido.
Deveria ser introduzido, aliás acho que em
todos os concelhos o deveria ser feito sobre a cultura local, uma cadeira sobre
cultura de Barrancos na escola e essa ser sobre histórias, hábitos,
civilidades, festas, gastronomias e claro sobre o processo de ocupação do
território e como nesse a fala surge e se desenvolve, ao contrário da matriz,
língua, a fala tem a ver com o tempo e o improviso, as relações e o espaço. Mas
os linguistas metem a sua colher, em seara alheia.
O resultado é problemático.
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