nesta estas questões vão ser apresentadas, numa reunião aberta:
A
ideologia e a luta anti-nuclear, o caso português
Não há, temos que dizé-lo com toda a
clareza, ideologia nuclear. A nuclear é um resultado de desenvolvimentos
científicos, aplicados (a fissão do urânio!) para aquecer água e produzir
energia em alternador com tecnologia industrial.
Poluente para sempre e muito, muito
arriscado.
A nuclear tem inimigos, a democracia
política e a economia de mercado. E tem aliados, o comunismo ( a URSS e o seu
sucessor e a China) e o proteccionismo capitalista (o caso de França é o
paradigma, mas Espanha também ou hoje Inglaterra são exemplos).
A democracia é o maior inimigo da
nuclear, veja-se a Austria, Itália (e quero saudar especialmente a minha
estimada amiga Emma Bonino!) ou Portugal e as economias abertas, os E.U.A. até
Trump, a Inglaterra até Hickley, a
Espanha hoje (1), e claro também Portugal e países onde o nuclear Kaputt (como
na Alemanha que juntou as duas coisas! Democracia e economia).
A nuclear, como tecnologia é pois
neutra, e tem sido um erro, do meu ponto de vista, associá-la a ideologias,
todas as ideologias defendem essa tecnologia, algumas respeitam, também, a
sociedade aberta e outras não...
A ecologia é transversal, deve ser, a
todos os partidos e a defesa de sociedades conviviais é um desiderato que pode
enquadrar-se em todas as ideologias respeitadoras dos direitos.
Existem diversos modelos, esses sim
antagónicos de organização social e poder político, em relação aos quais se
estabelecem lógicas de confronto e aí sim as ideologias tem o seu papel.
A centralização ou descentralização, o
privilegiar um ou outro sistema urbano ou de transportes, o primado de um
modelo industrial ou determinado desenvolvimento agrícola, as determinantes da
construção do sistema de poder e eleitoral.
Não em relação à nuclear, que é energia
centralizada, capitalista ou comunista, mesmo modelo.
Já mencionei os sovietes mais electricidade,
nuclear, como me tentavam convencer os membros do Partido Comunista Português
que lhe chamavam revolução técnica e científica, que esbarrou em Chernobyl, que
nunca esqueceremos, ou os adeptos do apoio do Estado ( a pagar tudo...) na
lógica do “tout electrique (et la force de frappe!)” ou os monopólios que vivem
à conta das, ás costas do Estado ( Framatone, Areva, EdF).
E
todos, todos, os partidos políticos depois da revolução de Abril eram a
favor da nuclear, excepto o P.P.M. partido monárquico, democrático e centrista
e talvez os então quase inexistentes maoístas albaneses (UDP) , não havia
centrais na Albânia, senão.... No P.P.M. era figura de referência Gonçalo
Ribeiro Telles, que consideramos no coração dos ecologistas ainda hoje!
Como se ganhou a batalha da nuclear em
Portugal contra todas as ideologias? Formigando, na lógica de E.O. Wilson, em
todas elas e criando alianças com todas elas, sem excepção. Nunca fazendo
discursos de hostilização senão os necessários na coerência, e não entrando
noutras guerras senão as do direito e do ambiente.
Conseguimos, os ecologistas, unir a
direita à esquerda, alguma direita a alguma esquerda, juntámos interesses
capitalistas e desejos de autonomia, juntámos a economia a uma ideia social,
demos sempre lugar ao mais importante em cada momento. Criámos condições para
desenvolver renováveis e também lógicas de participação e envolvimento
(*). Colocámos o mercado a bombar e em
todos os partidos conquistámos aliados. Isto não é uma alteração do sistema, é
uma alteração do paradigma em que este se vive.
Em Portugal conseguimos ter connosco
(MIA) gente de direita e de esquerda, temos conflitos, temos contradições e até
discrepâncias. E embora não deixemos de reconhecer maiores empenhos de alguns
sectores temos que esses, por exemplo, em nome do tal capitalismo de estado ou
comunismo, são contra as renováveis, porque dão ...lucro.
Matéria para outro artigo.
(1) Se se der voz ao mercado e à
democracia as centrais espanholas... fecham.
(*) nada disto envolve todos os
ecologistas, alguns remaram, remam contra esta corrente...
Mas hoje, como habitualmente, quando continua a haver falsos amigos das renováveis que lhes dão machadadas...
A produção doméstica de electricidade
a partir de painéis fotovoltaicos correspondeu a 451,1 kWh, o que permitiu
abastecer todos os seus consumos, os pequenos electrodomésticos e a iluminação
do vizinho, e o aquecimento de águas a
partir de painéis solares térmicos em Lisboa permitiu a uma família poupar, por
exemplo, 12,40 m3 de gás natural, durante o último mês.
O sol começa, continua a romper espartilhos...
Que também não resistem aos ventos...
A produção de electricidade
de origem eólica no mês passado permitiu abastecer 24 % das habitações de
Lisboa.
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