quinta-feira, outubro 04, 2018

OPINIÃO


O mundo poderá continuar

O nacionalismo, nazionalismo, é como que uma fé religiosa num absoluto inexistente.
A nação ou deus são construções mitológicas, em torno de um mito e tem funções específicas.
As divinas, respeitáveis desde que não infiram com o que é de César, mas infelizmente todas as religiões têm ambições, seja por assédio, poder, ideologia , economia, todas aspiram a benesses terrenas que nada tem que ver com o divino... mas as nazionalistas, bom essas são execráveis.
Claro que se pode separar a ideia de pátria, sociocultural e linguística da nação e articulá-la ou não num Estado, num quadro determinado, mas há que ter cuidados, porque a história pode ser uma grande mentira ou invenção (as fake news não nasceram ontem, algumas até ganham quilos de publicações, veja-se o suposto Viriato!), claro que nem todos os patriotas vibram com a dita nação, identidade sem sentido num mundo globalizado onde a circulação de pessoas e bens, como aliás sempre existiu na dita história, nós somos africanos, arménios, índios, visigodos, semitas, e até neardenthais... não há genes “limpos” como os nazis ( nazionalistas) imaginavam ( Hitler, individuo, é um caso exemplar de misturas raciais!), nem qualquer tipo de pureza, como também defendem os prosélitos do povo escolhido (por quem?).

Vivemos tempos de dúvida e de incerteza por isso os “messias”, nacionalistas ( Catalunha first! America first! Hungria first! Brasil acima de tudo!) ou populistas (o outro deve ser esmagado se não for macho, branco e hetero) vão ganhando terreno.
Fazem-me lembrar os negacionistas climáticos ( aliás estão interligados na maioria dos casos, pois se a nossa nação é épica como estaremos a mudar o clima!) não querem ver a realidade.
Na história dos homens, infelizmente já houve muitos, demasiados momentos assim.
O massacre de populações inteiras (vidé Bartolomeu de Las Casas), não é o primeiro para o exterminador dos homos anteriores e de tantas, tantas, tantas espécies.
Os muitos, muitos Holocaustos, arménios, judeus, ciganos, ruandeses, não nos podem fazer esquecer aqueles que quotidianamente continuamos a perpetrar, ontem, ontem mesmo me chega a notícia, no silêncio da “noite de cristal” de que mais uma tribo na amazónia foi exterminada, para sempre! Para os Bolsanaros e Trumps eram mais uns macacos...
Vivemos tempos difíceis, a verdade já pode não ser verdade, a realidade pode ser uma invenção, a demagogia ganha com a proliferação dos meios de difusão, cada vez menos escrutinado, como sabemos.
A falta de cultura, os problemas de literacia, ( 40% dos americanos acredita que o Sol... bom o Sol gira em torno da Terra, como os extintos ditos macacos...), a frase feita e o chavão vão ganhando.
Mas enquanto houver quem memorize um livro, enquanto houver quem levante a voz para defender um direito, enquanto na solidão podermos abrir janelas para o mundo e por essa espalhar uma semente, o mundo poderá continuar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei de ler a sua opinião, com a qual concordo quase na íntegra. Mas gostaria de saber que nome atribui a um conjunto de cidadãos ligados culturalmente que habita um determinado território. Não é isso uma nação?