O mundo poderá continuar
O nacionalismo, nazionalismo, é como que uma
fé religiosa num absoluto inexistente.
A nação ou deus são construções mitológicas,
em torno de um mito e tem funções específicas.
As divinas, respeitáveis desde que não infiram
com o que é de César, mas infelizmente todas as religiões têm ambições, seja
por assédio, poder, ideologia , economia, todas aspiram a benesses terrenas que
nada tem que ver com o divino... mas as nazionalistas, bom essas são
execráveis.
Claro que se pode separar a ideia de pátria,
sociocultural e linguística da nação e articulá-la ou não num Estado, num
quadro determinado, mas há que ter cuidados, porque a história pode ser uma
grande mentira ou invenção (as fake news não nasceram ontem, algumas até ganham
quilos de publicações, veja-se o suposto Viriato!), claro que nem todos os
patriotas vibram com a dita nação, identidade sem sentido num mundo globalizado
onde a circulação de pessoas e bens, como aliás sempre existiu na dita
história, nós somos africanos, arménios, índios, visigodos, semitas, e até
neardenthais... não há genes “limpos” como os nazis ( nazionalistas) imaginavam
( Hitler, individuo, é um caso exemplar de misturas raciais!), nem qualquer
tipo de pureza, como também defendem os prosélitos do povo escolhido (por
quem?).
Vivemos tempos de dúvida e de incerteza por
isso os “messias”, nacionalistas ( Catalunha first! America first! Hungria
first! Brasil acima de tudo!) ou populistas (o outro deve ser esmagado se não
for macho, branco e hetero) vão ganhando terreno.
Fazem-me lembrar os negacionistas climáticos (
aliás estão interligados na maioria dos casos, pois se a nossa nação é épica
como estaremos a mudar o clima!) não querem ver a realidade.
Na história dos homens, infelizmente já houve
muitos, demasiados momentos assim.
O massacre de populações inteiras (vidé Bartolomeu
de Las Casas), não é o primeiro para o exterminador dos homos anteriores e de tantas, tantas, tantas espécies.
Os muitos, muitos Holocaustos, arménios,
judeus, ciganos, ruandeses, não nos podem fazer esquecer aqueles que
quotidianamente continuamos a perpetrar, ontem, ontem mesmo me chega a notícia,
no silêncio da “noite de cristal” de que mais uma tribo na amazónia foi exterminada,
para sempre! Para os Bolsanaros e Trumps eram mais uns macacos...
Vivemos tempos difíceis, a verdade já pode não
ser verdade, a realidade pode ser uma invenção, a demagogia ganha com a
proliferação dos meios de difusão, cada vez menos escrutinado, como sabemos.
A falta de cultura, os problemas de literacia,
( 40% dos americanos acredita que o Sol... bom o Sol gira em torno da Terra,
como os extintos ditos macacos...), a frase feita e o chavão vão ganhando.
Mas enquanto houver quem memorize um livro,
enquanto houver quem levante a voz para defender um direito, enquanto na
solidão podermos abrir janelas para o mundo e por essa espalhar uma semente, o
mundo poderá continuar.
1 comentário:
Gostei de ler a sua opinião, com a qual concordo quase na íntegra. Mas gostaria de saber que nome atribui a um conjunto de cidadãos ligados culturalmente que habita um determinado território. Não é isso uma nação?
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