terça-feira, agosto 18, 2020

A vida é também parte disto. A morte que nos acompanha, esperada ou inesperada.
A da Carmo era inesperadamente esperada. O cancer é, muitas vezes, maior que a vida.
Conheci a Carmo há alguns anos (talvez 15?) quando numa reunião associativa do lado do Rui d' Espiney  ela teve o condão de me fazer sair do sério, enquanto o Rui se intrigava a tentar localizar-me no tempo.
Diverti-me muito e embora nos tenhamos picado fiquei com aquela agradável sensação que era das minhas. O Rui já o conhecia....
Voltámos a conviver quando a descobri parceira do meu querido amigo Pedro Soares, e desde então trocámos simpatias.
Este ano tinha-me convidado para escrever uma prosa numa revista do Mundo Rural, e tínhamo-nos, pela última vez, encontrado numa área de serviço pouco antes da pandemia, onde a tinha deixado com umas críticas à ministra que encabularam um pouco a colega dela, não ela que se ria, com a disposição de sempre.
Tinha uma prenda para ela que certamente já não pode apreciar, um livro sobre a génese do sistema agro-rural francês.
A Carmo era uma militante da ruralidade e também uma alfacinha, era autarca em Lisboa e empenhava-se em criar uma alternativa ao descalabro desta gestão municipal.
Com o Pedro participou e partilhou a liderança da luta pelo encerramento de Almaraz, e com ela estive em diversas manifestações.
A Carmo vai fazer, faz muita falta. Aos amigos que a choram, também com a alegria imensa que ela carregava e que nos continuará a iluminar a memória.
Já num momento sem esperança dizia-me o Pedro que ela murmurava - vou ficar bem.
A honraremos.



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