Hoje o Teatro faz anos. Parabéns e longa vida ao que já foi o Teatro chique de Lisboa, inaugurado em 1867.
"Implantado no local onde, antes do grande terremoto de 1755, existira o Palácio dos Condes de Alva e funcionara a Academia da Trindade - a primeira tentativa conhecida de implantar um Teatro Popular de Ópera de Lisboa - o Teatro da Trindade deveu a sua existência à iniciativa do empresário, homem de letras e director teatral Francisco Palha. Foi ele que em 1866 constituiu uma Sociedade destinada à construção do novo teatro, que viria a ser desenhado pelo arquitecto Miguel Evaristo de Lima Pinto. No carnaval de 1867 abriu ao público o Salão da Trindade, uma sala de bailes, concertos e conferências anexa ao Teatro e, em 30 de Novembro de 1867 o Teatro da Trindade propriamente dito, numa estreia de gala a que esteve presente a família real para ver a nata dos actores da época representar um drama (A Mãe dos Pobres, de Ernesto Biester) e uma comédia (O Xerez da Viscondessa). Foi no Trindade, pela mão de Francisco Palha, que se impuseram entre nós os espectáculos de opereta e zarzuela que tanto se implantaram no gosto do nosso público oitocentista. A opereta francesa, a sensação do momento na Europa, aparece no Trindade em 1886, com O Barba Azul de Jacques Offenbach, e tanto agradou que o género dominou durante décadas, tornando-se a especialidade da nova sala. Esta apresentação foi de tal modo importante que Eça de Queirós começa a Tragédia da Rua das Flores com "Era no Teatro da Trindade, representava-se o Barba Azul". Sousa Bastos é outro nome de referência que foi empresário no Trindade e que traz para a companhia residente uma das maiores actrizes portuguesas Palmira Bastos. É com Sousa Bastos que o Trindade alarga o seu repertório. Desde a sua inauguração, a história do Teatro da Trindade está ligada a alguns dos acontecimentos culturais mais marcantes na cidade de Lisboa: foi no Salão da Trindade que, em 1879, foi apresentado aos lisboetas o fonógrafo de Edison ou o relato do explorador Serpa Pinto sobre a sua travessia de África, foi aqui que actuaram, anos mais tarde, intérpretes do calibre do violinista Sarrazate e do pianista Viana da Mota (que no Salão da Trindade deu o seu primeiro concerto público, com apenas 12 anos de idade). Em 1908, tenta-se no Trindade a criação de uma Companhia Lírica inteiramente constituída por cantores portugueses que funcionou até aos primeiros meses de 1909. A sua extinção deveu-se aos elevados custos financeiros que um projecto desta dimensão implicava pois, e apesar das enchentes, os custos não eram minimamente cobertos pelas receitas de bilheteira. Após esta tentativa, apostou-se forte na exibição de cinema no Salão da Trindade, sendo de registar, em 1914, a exibição da (à época) superprodução, Quo Vadis, de Enrico Guazzoni. "
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