sexta-feira, junho 12, 2009

Santo António


Já ouviu falar de Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo?

Não?

Mas Santo António, já!

Santo António nasceu em Lisboa, por volta do ano de 1195.

De sua graça de baptismo, Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo.

Acredita-se que fosse descendente de família nobre, oriunda de França, que no tempo das Cruzadas teria prestado grandes serviços a Afonso VI de Castela contra os mouros ou tomado parte activa na reconquista de Lisboa, em poder dos maometanos.

Em 1210, pediu ingresso no Mosteiro de São Vicente de Fora, dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho.

Em 1220, transferiu-se para a Ordem dos Frades Menores, com o nome de António (Santo Antão, em latim Antonius, padroeiro do convento dos frades de Coimbra, onde ingressou), influenciado pelo trabalho que São Francisco de Assis - eram contemporâneos - vinha desenvolvendo nessa ordem.

Em 1222, foi ordenado sacerdote, revelando-se um grande pregador contra as injustiças e as desordens sociais, a exploração dos pobres e a má vida de certos sectores do clero.

Uma vez descoberta a sua grande qualidade para a oratória e a sua aptidão para o ensino, São Francisco de Assis, em pessoa, vendo a necessidade de proporcionar aos futuros missionários uma instrução que os colocasse à altura do ministério sagrado, nomeou António para a tarefa.

Há que ter em conta que a sua ida para a Itália e a sua convivência com São Francisco foram motivadas por imensas razões.
A mais importante é de que o Fundador dos Franciscanos, São Francisco, viu em António a pessoa mais idónea e capaz para o papel de Mestre, nomeando-o “Lector” de Teologia.

Além de excelente pregador, eloquente e arrebatador, foi também óptimo professor e mestre de Teologia.

O santo tinha sido brindado por Deus com o dom de estar em dois locais ao mesmo tempo. Defendeu, como excelente advogado, o seu pai, injustamente condenado à morte, por enforcamento. Em outras ocasiões da sua vida, transportou-se de um local para outro, tendo sido visto nos dois locais.

O príncipe regente, Dom João, futuro rei Dom João VI, por Decreto de 13 de Setembro de 1810 e Carta Patente de 4 de Fevereiro de 1811 promove o santo ao posto de Sargento-mór, por atribuir à intercessão do santo a protecção celeste recebida, abençoando os seus esforços para “salvar a Monarchia da grande e difícil crise” a que esteve exposta, durante as invasões francesas em Portugal.

Finalmente, aos 25 de Dezembro de 1814, Dom João, ainda Príncipe Regente, assinou no Palácio da Real Fazenda de Santa Cruz (Rio de Janeiro) um decreto promovendo o Sargento-mór Santo António ao posto de Tenente-Coronel de Infantaria.

Em 22 de Outubro de 1816 é expedida a carta patente da promoção do Santo a tenente-coronel já assinada pelo Rei Dom João VI:

“Dom João por graça de Deos Rei do Reino Unido de Portugal e do Brazil, e Algarves d’aquem e d’alem Mar, em Africa Senhor de Guiné e da Conquista, Navegação, Commercio d’Ethiópia, Arabia, Persia e de Índia etc. “Faço Saber aos que esta Minha Carta Patente virem: Que tendo por Decreto de treze de setembro de mil oitocentos e dez concedido a patente de Sargento Mór ao Glorioso Santo António, que se venera na Cidade da Bahia, e a quem o Povo da mesma Cidade Consagra a mais viva Devoção: Sou ora servido elevá-lo ao Posto de Tenente Coronel de Infantaria, cujo soldo lhe será pago na mesma forma que até aqui o tem sido da anterior. Pelo Que mando ao Conde dos Arcos, Governador e Capitão General da dita Capitania, que assim o tenha entendido, e o soldo se lhe assentará nos Livros a que pertencer para lhe ser pago aos seus tempos devidos. Em firmeza do que lhe mandei passar a presente por mim Assignada e Sellada com o Sello Grande de Minhas Armas. Dada na Cidade do Rio de Janeiro aos vinte e dois dias do mez de Outubro do Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e dezasseis, (a) - El Rey João R.”.

Santo António faleceu em Arcella, nos arredores de Pádua - Itália - numa sexta-feira, dia 13 de junho de 1231.

A festa de Santo António é celebrada no dia 13 de Junho, data da sua morte.

1 - Mestre: foi exímio orador e pregador da palavra sagrada. Ensinava a doutrina cristã.

2 - Professor: foi “lector”, isto é, professor de Teologia.

3 - Advogado: actuando o dom que Deus lhe deu de se bilocar, defendeu convincentemente o próprio pai, inocente, que já tinha sido condenado à morte por enforcamento.

A sua fama como pregador e milagroso era tanta que, dez meses após sua morte - que segundo o Livro dos Milagres ocorreu no dia 13 de junho, em Pádua, devido a problemas decorrentes de asma e diabetes, quando contava 36 anos de idade - foi canonizado e recebeu o título de Doutor da Igreja.

A sua sepultura, na Basílica com o seu nome, em Pádua, é local de peregrinações.

A imagem de Santo António é a do protector dos pobres e necessitados, aquele que socorre as vítimas de injustiças e está sempre ao lado dos mais humildes. Mas há também um lado guerreiro do santo, que tornava a evocação do seu nome, uma arma contra os perigos em combate.

Para uns Santo António era designado de Lisboa, em referência ao local onde nasceu; para outros Santo António de Pádua, referindo-se ao lugar onde morreu e foi sepultado.

Ficou, contudo, mais conhecido como santo casamenteiro, porque segundo diz a lenda que - envolve partes da sua vida - quando ainda era estudante em Portugal, protegia as moças pobres que não tinham dinheiro para o dote.
Saía à rua pedindo esmolas, que eram dadas às famílias dessas moças e posteriormente convertiam-se no dote, que lhes garantia o casamento.

Tornou popular como santo padroeiro do amor, da fertilidade e das uniões.
A imaginação popular atribuía-lhe intervenção milagrosa capaz de aproximar os sexos, fecundar mulheres, proteger a maternidade.

Diz a crença que, se Santo António fôr "devidamente" invocado, perturbado com pedidos de todo tipo e até mesmo "torturado", arranja casamento, mesmo para a mais sem graça das raparigas. É a mais difundida e a mais prezada qualidade do santo durante as festas juninas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Na época em que viveu é absolutamente improvável que usasse esses apelidos todos. Isto para não ser chato e dizer que era absolutamente impossível que se chamasse Fernando de Bulhões de Taveira e Azevedo. São hábitos muito posteriores à idade média.

MP disse...

Quanto a isso, não posso afirmar taxativamente que assim é, mas posso dizer que estou a vender o peixe pelo mesmo preço que o comprei.