sexta-feira, maio 07, 2010

Porquê?

Como explicar que o Governo de José Sócrates persista na intenção de grandes gastos, em empreendimentos vultuosos, que não só não contribuem para o nosso crescimento como nos vão endividar mais? Para além, claro, de aprofundar as desconfianças dos mercados sobre o País... que tanto continua a gastar e muito deve... Porquê?

Todos sabemos que o País não tem dinheiro, que está profundamente endividado, logo, há prioridades.

Qual a família que, estando endividada, continua a pedir mais e mais dinheiro emprestado para aquisições não prioritárias? Quais as famílias que compram produtos sumptuários, estando desempregadas ou com necessidades básicas por resolver?

Que gestão económica de um País é esta em que um Presidente da República – com a autoridade que lhe é reconhecida – e enquanto Professor de Economia avisa que é elementar, repito, elementar, reconhecer estes erros e se depara com a teimosia do Governo? Porquê?

Que gestão é esta que faz com que ex-ministros das Finanças de diferentes sensibilidades se inquietem com a pressa do Governo em assinar o contrato do TGV Poceirão--Caia e solicitem uma audiência ao Presidente da República, noutro grito de alerta, que recebeu do Governo (mais) uma resposta arrogante? Porquê?

É sempre bom ouvir a voz da experiência, do conhecimento, mas as decisões participadas não fazem o gosto ao Governo.

Nem mesmo os alertas dos presidentes do BES e do Santander Totta sobre a falta de crédito fazem Sócrates recuar e essas instituições teriam interesse em conceder crédito, se também se pudessem financiar. O Governo arrisca-se, ainda, a deixar projectos caros a meio... e, além do mais, vai diminuir o pouco crédito disponível para as pequenas e médias empresas e para as famílias que dele precisam. Porquê?

Após tudo isto, temos de nos interrogar: será que o primeiro-ministro é hoje um ser fora da realidade do País ou, noutra explicação, que interesses são superiores aos da ponderação dos interesses do País? Que gestão é esta, que pressa é esta?

E, obviamente, o argumento das indemnizações vultuosíssimas não colhe, pois não só ocorreu uma alteração de circunstâncias, como não se iniciaram obras e, finalmente, a prevalência do interesse público no regime da contratação pública limita-as.

Seja como for, José Sócrates empurra-nos teimosa e arrogantemente para um desastre anunciado até à náusea. Porquê?





In Correio da Manhã

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