Mas, na verdade, também não é brilhante o estado dos dois arquivos que com o Histórico formam o todo do Arquivo Municipal de Lisboa, por sinal inexplicavelmente desagregado:
O Arquivo Intermédio encontra-se “temporariamente” nas caves de um edifício de habitação social no Bairro da Liberdade, destinadas originalmente a garagens e na periferia da cidade, de acesso difícil (apenas há duas carreiras de autocarro desde o centro de Lisboa: 702 e 713) e em que até há pouco tempo chovia na sala de leitura. O Arquivo do Arco Cego, esse é ridiculamente minúsculo e está claramente obsoleto.
Ora, há muito que a CML devia ter como prioridade das suas opções do plano e do orçamento dignificar, unificar e, essencial, instalar o Arquivo Municipal de Lisboa num local central, de fácil acesso e que as pessoas identifiquem e fixem de forma fácil. Contudo, tal não acontece nem parece que venha a acontecer. As “soluções” continuam a passar pelo provisório, quando não por um tonta babel até já projectada para o Vale de Chelas. É pena que seja assim.
Sobretudo quando assistimos à venda de imóveis do Estado que poderiam acolher perfeitamente o Arquivo, ainda que, naturalmente, para tal fossem precisas obras. Lisboa passar a dispor de um Arquivo em edifício digno e central, funcional e apetrechado ao “estado da arte”; não será esse argumento bastante para semelhante investimento, mais a mais no Centenário da República?
Até porque património valioso ao abandono, a precisar de recuperação e sem bom destino à vista é coisa que não falta em Lisboa, desde logo os antigos hospitais civis em processo de venda pelo Estado (Desterro, Miguel Bombarda) ou o privado ao antigo e escavacado Convento de Arroios, cujo promotor se vê impedido pelo PDM, e bem, de projectos megalómanos com caves para estacionamento, alterações e ampliações a seu bel-prazer. Aos primeiros, a CML teria que dialogar com o Governo. Ao terceiro haveria que negociar com o proprietário. E daí? Haverá melhor local para um Arquivo Municipal? Duvido que haja.
1 comentário:
Isto é indigno mas revelador do valor que se atribui ao património documental, muito dele insbstituivel.
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