Pensando como uma montanha *
1-Desmascarando os Pinóquios:
Vamos ser claros, NÃO VALEM DE NADA os
DISCURSOS CONTRA AS ALTERAÇÔES CLIMÁTICAS, dos nossos governantes quando não
põem em questão o modelo de desenvolvimento, a lógica produtivista, mais, mais,
mais minas aqui e acolá (e quanto mais cavam mais CO2 emitem!) e sobretudo sem
equacionarem uma alteração da estrutura e do volume do tráfego aéreo, sem
diminuir, diminuir mesmo o número de aviões nos ares, e desde logo reduzir as
aterragens. Logo mais aeroportos ou alargar os existentes, sem quaisquer
estudos de impacto ambiental como está a ser feito na Portela e sem uma
planeamento global, é incrementar as emissões e logo estar do lado dos
mentirosos descarados e dos palavrosos sem consistência.
E, será que ignoram que a curto prazo haverá
taxas, muitas!, sobre o transporte aéreo e é impossível que este continue
excluído dos cômputos de emissões. Essa questão não tem, infelizmente sido tida
em conta, porque o som de casino em que estamos mergulhados não deixa ouvir a
montanha.
2-De disparate em disparate:
Sobre o Montijo está tudo dito. Não haverá
aeroporto no Montijo. As razões ambientais são esmagadoras e só a construção
civil e sectores financistas é que continuam a alimentar essa ideia. Não haverá
por questões ambientais, de conservação da natureza e observância das leis
nacionais e internacionais, pelo ruído que deveria levar à deslocação do
Montijo e arredores, e porque (mas como é que ninguém se lembrou de tal?)
porque a aviação civil não tem condições de aterragem aí, e embora a hipótese
de hidro-aeroporto esteja na calha não há já aviões para ela adaptados.
Alcochete é um erro, igualmente, mas sobre
esse não nos vamos detalhar. Já sobre Alverca, invenção de um comentador
político, os problemas ambientais são
parecidos aos do Montijo, embora aí pudessem aterrar meia dúzia de aviões.
Nenhuma destas alternativas é solução.
3- E então quê?
Seria, segundo os nossos melhores
especialistas (porque raio estão calados?), a solução integrada do Poceirão/Rio
Frio, com um comboio em condições, seria a ideal. Mas não alteraria o
paradigma. Passamos adiante.
É necessário diminuir o tráfego aéreo, já.
Porque estamos a afogar-nos num turismo degradante e degradador da nossa
capital, causador de muitos problemas, seja na habitação, nos recursos e no bem
estar dos alfacinhas.
É necessário, desde já afastar da Portela o
alargamento e já, mas já mesmo, afastar desta os low-costs. Temos a solução
pronta em 4 meses. Monte Real, e um investimento na rede ferroviária, melhores
comboios e mais. Em Londres já aterrei a mais de três horas do centro. De Monte
Real a Lisboa talvez uma hora, ou menos.
Tal aliviaria desde já a pressão, que tem, tem
mesmo que diminuir, e criaria condições para planear um aeroporto para longo curso
(sendo que uma mini –Portela, com restrições de horário poderia manter-se para
voos na UE).
Essa já existe (e achámos que a sua construção
havia sido um elefante branco!). Em Beja temos já um aeroporto internacional
pronto, prontinho, faltam as ligações. Mas será que não temos políticos capazes
de articular outro desenvolvimento do nosso país que passe por uma ferrovia em
condições, Lisboa/ Madrid/ Beja/Sines/Badajoz, não esquecendo Monte Real e o
Porto, etc, pontos nevrálgicos para uma alternativa sustentável e essa sim em
linha com o que dizem e não fazem. Lutar contra as alterações climáticas,
pensar como uma montanha.
António Eloy
do Observatório Ibérico Energia
Florival Baiôa
do Movimento Beja Merece Mais.
* Título pirateado a uma obra fundamental de
Aldo Leopold
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