Barracas no Vale Escuro, zona situada no final da Rua Castelo Branco Saraiva, hoje urbanizada, numa fotografia de Artur Goulart, do Arquivo Municipal.
Barracas do lado direito, ao pé de um carrossel, ainda na Av. General Roçadas, do lado fronteiro ao Caminho de Baixo da Penha., numa fotografia de eduardo Portugal, no Arquivo Municipal.
Um leitor não identificado mas que parece seguir as minhas entradas com atenção, informa os leitores deste blogue que perto da "minha" Lisboa havia muitas barracas, muita pobreza e muita e muita sujidade. É verdade. Havia muitas barracas, mas já não há. Algumas, ficavam na encosta entre a Avenida General Roçadas e o Alto da Eira, e eram como as da terceira fotografia a contar de cima. No local, encontram-se hoje duas horríveis torres avermelhadas, totalmente desenquadradas da paisagem urbana, feias, que são bem o símbolo da concepção de habitação social que vigorou em Portugal a seguir ao 25 de Abril: em vez de barracas, guetos de betão. Para satisfação desse militante leitor que eu tenho, comp razer aqui publico várias fotografias de barracas que existiam na zona onde moro.
Muita pobreza havia e há. A diferença essencial é que antigamente a pobreza era visível a olho nu e hoje é menos visível, mais escondida e muitas vezes envergonhada.
Já quanto à sujidade estamos exactamente na mesma. Ou seja: pior. A minha Lisboa é mais porca do que era antigamente, visto que a Camara Municipal de Lisboa deixou de lavar as ruas. Não é só a baixa pombalina, como diz António Costa, que precisa de ser desencardida. Toda a cidade está um nojo. Jorge Sampaio, João Soares, Santana Lopes e Carmona Rodrigues esqueceram-se da água e das agulhetas. Espero que a preocupação do actual Presidente da Camara seja para levar a sério.
E assim espero ter satisfeito a curiosidade do leitor.
3 comentários:
Caro Jorge Ferreira,
Curiosidade satisfeita, e não foi para fazer campeonatos do antes e do depois, apenas rever as duas faces deste passado.
Já agora mais uma sugestão: que mostre esta "sua" Lisboa com os olhos de hoje: o que resiste, o que morre, e a evolução da vida de locais da cidade que não aparecem habitualmente nos postais ilustrados, e que por isso mesmo são mais reais e verdadeiros.
Bem haja, e que possamos fazer estas leituras da cidade fora dos lugares comunus e da catalogação fácil e maniqueísta dos períodos bons e maus, não é?
João Dias
Sim, sim, esse malandro do 25 de Abril, que destruíu a romântica Lisboa das barracas e da pobreza exposta, vista do lado de dentro dos muros das vivendas, claro...
Se esta é a Lisboa de J. Ferreira, a minha deve ser a do extinto Bairro do Cambodja, não?...
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