Os processos pré-eleitorais para as eleições que se aproximam não são animadores. Indo ao mais importante: a recusa de partidos em participar em soluções transversais percebe-se numa lógica de puro eleitoralismo, mas não de interesse nacional. É evidente que admitir entendimentos com outra força política, mesmo em tese, traz implícita uma leitura de que se perdem esperanças de maiorias absolutas.
Mas traz mesmo? Não perceberia o eleitorado – não o exigiria – que para lá de maiorias ou minorias possa ser absolutamente necessário um entendimento mais alargado em nome do País? Sucede por quase toda a Europa e não me consta que em Países pior governados. Não querem os Portugueses ouvir um discurso mais virado para as graves dificuldades que estão aí, em conjugação de esforços? Por ora, de legislativas estamos falados.
As europeias já trouxeram o seu quê de inadmissível, entre insultos e murros (a historinha saberemos depois), ou mesmo inesperadas referências e comentários da Administração Pública e do Governo que estão obrigados a absoluta imparcialidade.
Quanto às autárquicas e para além do teste sobre a credibilidade, vai ser curioso o desfecho da predisposição do anterior Presidente da Câmara de Lisboa para se apresentar ao eleitorado: até às eleições vamos ouvir que avança e que não avança, o mesmo número de vezes.
Traiu Luís Marques Mendes – afirmou (é exactamente isso) não querer ficar por não ter condições, para depois faltar à palavra dada e ficar – e inviabilizou uma solução alternativa para Lisboa, entregando-a direitinha ao Partido Socialista (a coisa já tinha corrido mal quando quis fazer e desfazer um acordo com o CDS, no que foi em ambos os casos desaconselhado). É extraordinário como alguém sobre cuja (não) gestão se pode escrever um tratado, que se vitimiza quando foi carrasco – ao contrário do que afirma –, se propõe àquilo de que nunca foi capaz: governar a Cidade, com o eterno ar de grande seriedade, que jura publicamente.
A pequena história um dia dirá, até porque ninguém engana toda a gente todo o tempo. Mas na lista do Partido Socialista também podem aparecer aparentes surpresas de direita (ou talvez não, dada a dependência de cargos políticos), com um passado de gestão de apoio a situações que acabaram em casos de polícia. Aguardemos. O que se espera é que ninguém ponha diabos em casa, que a Cidade não aguenta mesmo. Isto começa mal.
1 comentário:
Isto começa mal e nada garante que não vai acabar pior porque os partidos são o espelho das pessoas, ou, como agora se diz, da sociedade civil, e as pessoas, não sei se é pela dimensão do país, continuam mesquinhas, tristes e incapazes de abraçar uma ideia e de tentar concretizá-la com honestidade e autenticidade.
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