quinta-feira, agosto 13, 2009
E agora, encalhados na Ribeira das Naus
Depois do Terreiro do Paço, eis novamente vários equívocos de base no estudo prévio da Frente Tejo para a Ribeira das Naus, que, a não serem corrigidos já, poderão descambar em custos elevados para a envolvente e para todos nós.
* Começa logo por tentar correr com a Marinha dali, o que, tendo em conta que sem ela aquilo nem existia é, no mínimo, ingrato e incompreensível (parece que MSalgado prestou até algum serviço militar na Marinha). Daí toca a ocupar todo o terreno defronte à Marinha. Ora a Frente Tejo e a CML deviam saber que as várias repartições e dependências têm porta para a rua e que não há comunicação interior em todo o edifício, por isso o logradouro é necessário e dá o perímetro de segurança indispensável a uma instalação cheia de portas e janelas para a via pública.
* Outra coisa esquisita é o "lago", que só pode ser de água doce, no lugar onde há muitos anos existiu a chamada Caldeirinha, uma doca que servia o tráfego com os navios surtos no Tejo. Um lago pífio que ficará cheio de lixo, não invocará de certeza uma memória que já só existe em velhos com mais de oitenta anos.
* Propõem ainda uma espécie de anfiteatro escavado na terra e em forma de barco, a evocar o antigo estaleiro que ali existiu na época dos Descobrimentos. Pura ignorância. Os navios eram construídos em carreiras à superfície e bem altas para os navios escorregarem para o rio. Para além de mais, os senhores arquitectos deviam saber o que se passa quando se escava numa zona sujeita à influência das marés. Curiosamente omitem a doca seca meio soterrada que ainda lá existe debaixo da avenida, essa sim, ainda activa até aos anos vinte do séc. XX quando o Arsenal era ali. Será uma memória que não interessa?
* Depois, prevêem a plantação de árvores ao longo da linha de água, que, sendo ali mais salgada que doce, rapidamente as matará se não forem de espécies adequadas.
* Finalmente, e pior, a escala do prolongamento da margem, defronte ao Corpo Santo, e defronte ao torreão poente do Terreiro do Paço, para criar a forma de "U", é tão grande que vai certamente tornar o Terreiro do Paço, desde o rio e desde o ar, num espaço acanhado, tímido e "entalado". Ora o que interessa ali é o Terreiro do Paço.
Mais uma vez são projectos desarticulados, sem preocupação de conjunto. E isso é preocupante, de tão inexplicável por se tratar da zona mais nobre da cidade.
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2 comentários:
Não me preocupam nada os defeitos do projecto porque tenho a certeza absoluta de que o Zé vai embargar aquilo. Então logo ali, numa zona sensível da cidade, ele é incapaz de deixar passar tamanhas asneiras.
Não sei a que Zé se refere... Se for aquele que eu estou a pensar, esse está numa boa,(na "Camarasinha" descansado).
E o resto, são cantigas...
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