quinta-feira, novembro 05, 2009

Outono

As más notícias de pedidos de insolvência, de aumento do desemprego e do aumento do deficit continuam.

Sucedem-se igualmente as notícias de tráfico de influências, corrupção, estranhas participações em negócios e do muito deslumbramento que caracteriza um certo arrivismo. O País está muito pouco frequentável, convenhamos. Tudo parece enredar-se em todos, como se a normalidade podre fosse o estado normal da coisa e ante ela fosse possível apenas encolher os ombros, onde já nada espanta. Somos demasiado fatalistas.

Permito-me apenas uma pergunta (aparentemente ingénua): para quê? Alguém pensa no que restará deste País, sem rumo, empobrecido e cheio de vícios? E não são ‘apenas’ os que aqui se deixaram descritos, são também os vícios dos jogos políticos e das tácticas políticas, que não só nos impacientam – já não divertem nem têm qualquer aspecto lúdico – antes entristecem profundamente.

Além disso, são perceptíveis à primeira, o que significa que também não têm propriamente a qualidade que os seus fautores desejam e com que se parecem divertir.

Vivemos um duríssimo Outono político, económico e social, muito perto de se tornar um ‘Inverno Siberiano’.

Não por muito tempo, as poucas receitas da pouca produtividade e o endividamento estrangeiro vão permitir manter prestações sociais. E isso, numa sociedade desestruturada e sem iniciativa como a nossa (pouco empreendedora como agora se gosta de dizer), pode trazer, seguramente, convulsões sociais de uma dimensão próxima da, aqui sim, ‘tempestade perfeita’.

Ainda se tivéssemos um Governo que pudesse ser exemplo, com projectos de referência... mas não, salvo as honrosas excepções, que apesar de tudo existem, mas que provavelmente sofrerão na carne a recusa dos sonhos e daquilo em que acreditam.

É certo que ainda há ilhas de seriedade, de competência e até de excelência, mas são ilhas e não mais do que ilhas. De resto nem sempre bem-vistas, quando não castigadas.

Começa a ser muito estreita a porta da viabilização do País. O maior Partido da Oposição pode, por isso, vir a ser uma esperança ou mais do mesmo.

Esperamos que uma esperança, mas não uma esperança vazia e que se esgote nisso, antes uma esperança com soluções, muito para lá da busca e da conquista da mera titularidade do Poder.



In Correio da Manhã

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