Precisamos urgentemente de restaurar sectores produtivos e não apenas de estancar a actual situação. Para que existam objectivos de crescimento sustentado. Para que os sacrifícios que viermos a suportar não sejam em vão. Não vão ser anos fáceis.
O Governo está a revelar-se manifestamente incapaz de aceitar e compreender a extensão da crise económico-financeira, quanto mais de tomar as rédeas do País em tal situação. As declarações contraditórias de vários responsáveis governamentais só agravam o problema (por revelarem um desnorte evidente), e a maquilhagem posta nas contas públicas também não ajuda a credibilizar o País, para além de ter outras consequências a nível interno e externo.
Mas Sócrates parece viver num outro mundo.
A afirmação recente do Primeiro-Ministro de que não pede desculpas por cumprir o seu dever revela uma de duas coisas: ou a persistência na política de marketing que o tem caracterizado (e o Primeiro-Ministro tem grande capacidade de manipulação política), ou o Primeiro-Ministro não percebe mesmo que, justamente, não está a cumprir o seu dever, nem se responsabiliza pela forma como conduziu o País, podendo os sacrifícios que se anunciam terem sido evitados. Mas não: foram anos de puro despesismo inconsequente.
Alguns olham para as possíveis intervenções do FMI e da União Europeia como soluções – no limite – mas como soluções.
Mas se o FMI e a União Europeia recusarem ajuda a Portugal? Não é um cenário académico, com o recuo da Alemanha na criação dos meios financeiros para manter o euro, a reclamar o direito de veto nos resgates da Zona Euro e o direito de o Parlamento alemão rejeitar a ajuda a um Estado-membro. A isto junta-se o Senado americano a reclamar condições para as ajudas do FMI.
2 comentários:
Tem razão, só que lamentávelmente os sectores produtivos deviam ser aqueles que corresponde a investimentos nos recursos endogenos e criação de segmentos de mercado. Em vez de Quimonda agora estamos a Embraiar, noutra. A Auto-Europa apaga-se num aí e o país afunda-se nesse produção (o TGV e & é tudo importado, até a mão de obra...).
Novos segmentos agro-industriais, novas energias e valorizar o espaço e "clusters" de produção... mas talvez estejamos em alguma sintonia...
António Eloy
Não me parece que se trate de um pesadelo: é a mais crua realidade.
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